efdeportes.com

As contribuições do exercício físico para a minimização

dos sintomas impostos pela doença de Alzheimer 

em pessoas idosas: algumas reflexões

Las contribuciones del ejercicio físico para minimizar los síntomas impuestos 

por la enfermedad de Alzheimer en las personas mayores: algunas reflexiones

 

*Licenciada em Educação Física pela ULBRA Carazinho, RS

**Acadêmica do curso de Educação Física da ULBRA Carazinho, RS

***Mestre em Educação

Docente do curso de Educação Física da ULBRA Carazinho, RS

Coordenadora do curso de especialização em envelhecimento humano

e qualidade de vida (ULBRA). Orientadora

Daiane Tais Muhl*

Carla Fiedler**

Patricia Carlesso Marcelino Siqueira***

patriciacarlessosiqueira@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente trabalho aborda a doença de Alzheimer (DA) e a contribuição da atividade física para minimizar e retardar o avanço da doença. Explanam-se por meio de uma visão teórica, utilizando os diferentes autores para a contextualização características da doença, etiologia, patogenia da doença, sintomas, tratamentos e os benefícios dos exercícios físicos para a minimização dos sintomas impostos pela doença de Alzheimer.

          Unitermos: Alzheimer. Exercício físico. Qualidade de vida. Idoso.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 147, Agosto de 2010

1 / 1

Introdução

    Na sociedade é notado o aumento na expectativa de vida e o resultado disso é o aumento da população idosa. A previsão no Brasil segundo estimativa do (IBGE, Censo 2000), é de que teremos até 2025, mais de 32 milhões de pessoas com mais de 60 anos.

    A longevidade deixou de ser um desafio para a população, pois atingimos a expectativa de vida com 74 anos. Agora, o grande desafio é viver bem, ou seja, chegar à velhice com qualidade de vida. A partir dessa nova realidade, começarão a surgir maiores preocupações por parte dos gestores públicos e privados, para ajustar os serviços na área da saúde, educação, lazer, política, lazer, entre outros, para adequar os serviços de acordo com a necessidade desta população.

    Conforme Verderi (2004), nos séculos passados os indivíduos tinham como meta alcançar a longevidade, porém hoje os cientistas perceberam que não basta ter somente uma expectativa de vida maior. É essencial verificar os desequilíbrios que possam dificultar o envelhecimento, pois deste modo os idosos podem usufruir da velhice com todo o encanto.

    O desgaste do corpo no decorrer dos anos é inevitável. Sendo assim começam a surgir às doenças causando um desequilíbrio neste idoso. O geronte deve estar orientado para que seja capaz de adicionar “mais vida aos seus anos” e para que “não deixe a vida passar, mas sim, saiba passar pela vida”, essa é a meta mais importante. Quando deixamos a vida passar, muitas vezes não vemos tudo, nem sentimos tudo o que passa ao nosso redor, mas quando passamos pela vida, ah... conseguimos desfrutar de tudo que ela tem a nos oferecer. (VERDERI, 2004, p 29).

    Dentre as doenças encontradas no processo do envelhecimento humano, destaca-se o Alzheimer, aonde é encontrado com facilidade nesta população, sendo que estimativas demonstram que 50% da população idosa apresenta esta patologia.

    Diante disso, pretende-se identificar, nesse estudo: as características desta patologia, etiologia, patogenia da doença, sintomas, tratamentos e os benefícios da atividade física para os portadores de Alzheimer.

Conhecendo a Doença de Alzheimer

    Segundo Papalia & Olds (2001), é uma doença degenerativa progressiva que compromete o cérebro diminuindo a memória, raciocínio, além de alterações comportamentais. Esta patologia acomete geralmente os indivíduos após os 65 anos de idade. Trata-se de uma doença neurológica e irreversível, porém não é encontrada exclusivamente em idosos, ou seja, pode ocorrer também na meia idade, denominado demência de início precoce. As mulheres tendem a desenvolver mais a doença do que os homens em virtude de apresentar maior longevidade.

    As causas são desconhecidas, conforme Mazo, Lopes & Benedetti (2001), porém evidências demonstram que podem estar relacionadas à mutação dos cromossomos 1,14 e 21.

    Smeltzer & Bore (2001), considera que a história familiar e a idade são fatores propícios para a doença de Alzheimer. Quando a família apresenta uma pessoa portadora dessa patologia é classificada como familial, ou seja, deflagradores ambientais e determinantes genéticos contribuem para o desenvolvimento da doença. Com tudo é importante ressaltar que a doença pode ocorrer em família sem nenhum histórico denominada esporádica.

    Como aponta Smeltzer & Bore (2001), a doença pode ser diagnosticada através de testes laboratoriais, eletroencefalografia, tomografia computadorizada, imagens por ressonância magnética e exame de sangue do líquido cerebrorraquidiano. Pesquisas demonstram que a depressão pode desencadear o Alzheimer.

    Nos estágios iniciais da doença de Alzheimer ocorrem o esquecimento e uma sutil perda da memória. Pode haver pequenas dificuldades no trabalho e nas atividades sociais, mas o paciente apresenta função cognitiva suficiente para esconder a perda e conseguir funcionar independentemente. Pode ocorrer depressão no momento da enfermidade. Com maior processo da doença, o déficit não mais pode ser oculto, o emagrecimento manifesta-se em muitas ações diárias. Esses pacientes podem a capacidade de reconhecer fisionomias, lugares e objetos familiares, podendo se perder num ambiente familiar. Eles podem repetir as mesmas histórias, pois esquecem as que contaram (SMELTZER e BORE, 1998, p. 136).

    O mesmo autor ainda argumenta que o diálogo torna-se complicado, pois o paciente esquece as palavras, pensamentos e conceitos tornam-se mais difícil de serem estruturadas, não conseguem avaliar os resultados de seus atos, pois fazem as coisas sem pensar, além de se tornarem deprimidos, desconfiados, hostil, bem como ocorre um aumento da agitação, transtorno no apetite, transtorno do sono à noite, dificuldade de engolir, incontinência urinária entre outros.

    No que se refere ao tratamento Mazo, Lopes & Benedetti (2001), afirma que não há tratamento até o momento e nem formas de preveni-la. Os laboratórios estão disponibilizando medicamentos que induz efeitos positivos, porém não há cura desta patologia.

    Mazo, Lopes & Benedetti (2001), afirma que a doença de Alzheimer divide se em fases: a fase inicial com duração de dois a quatro anos, com perdas de memória recentes, dificuldades para memorizar informações e aprender, dificuldades para falar e também dificuldades nas atividades diárias (AVD). Já a segunda fase que é o intermediário de duração de 3 a 5 anos, manifesta-se pela perda da fala e escrita e também dificuldades de compreender a fala ou a escrita, incapacidade de executar alguns movimentos, esta fase o paciente encontra-se e total dependência.

    Na fase final a memória está muito afetada, ocorre incapacidade de se expressar, incontinência urinária, fecal e muitas vezes a pessoa está confinada ao leito. E por último a fase terminal com duração de um ano que o paciente se torna vegetativo e total incapacidade motora e intelectual, podem surgir lesões nas palmas das mãos e escaras (MAZO, LOPES & BENEDETTI, 2001).

    Smeltzer & Bore (1998) enfatiza que à medida que o paciente declina em suas funções cognitivas é imprescindível proporcionar a ele um ambientes calmos, maneiras simples e claras de falar, alem de possibilitar a ele materiais que contribuam para a memória, assim ajudando na sua orientação, bem como portas devem ser trancadas, ambientes livres para a locomoção, evitando assim lesões, luzes noturnas e campainhas devem ser dispostas para que o paciente. Na alimentação os pratos devem ser oferecidos um por vez, os alimentos devem ser cortados em pedaços pequenos, as bebidas e os alimentos devem ser mornos evitando queimaduras, os alimentos precisam ser apetitosos

    Devido também ao declínio na coordenação motora que acaba gerando dificuldades nos movimentos para a alimentação e muitas vezes à medida que piora esta coordenação, pode haver a necessidade de outra pessoa auxiliar nesta alimentação. (SMELTZER & BORE, 1998)

    Os autores ainda ressaltam que o indivíduo portador do Alzheimer apresenta profundas perdas cognitivas. Ressaltan que os mesmos percebem em alguns momentos que estão perdendo suas capacidades. Portanto, necessitará de apoio emocional para suportar. Então, é possível contribuir neste apoio com pequenos gestos. Deve-se possibilitar ao indivíduo portador de Alzheimer momentos de socialização, ou seja, encontrar com velhos amigos de cartas, dar telefonemas, também é indicado contato com animais, pois os mesmos se caracterizem por amizades espontâneas que podem oferecer momentos de “escape da doença”.

A doença de Alzheimer e os exercícios físicos

    O exercício físico é primordial para todas as patologias, inclusive para o Mal de Alzheimer. Verderi (2001) ressalta que a mesmo, produz um efeito benéfico na capacidade funcional do praticante, deste modo contribuindo para a minimização do declínio das capacidades cognitivas e motoras.

    Devido estas perdas é importante incluir o exercício em sua rotina diária para dar suporte e amenizar o sofrimento deste indivíduo, pois o exercício influi em aspectos funcionais internos e externos.

    De acordo com Buchner, Wagner & Elward (1992); ASM (2000) apud Mazo, Lopes & Benedetti (2001, p. 106), o exercício pode contribuir para o aumento da longevidade, para a redução das taxas de morbidade e mortalidade, redução do número de medicamentos prescritos, melhoria da capacidade fisiológica e portadores de doenças crônicas, prevenção do declínio cognitivo, manutenção de “status” funcional elevado, redução da freqüência de quedas e fraturas, manutenção da independência e autonomia e benefícios psicológicos, como, por exemplo, melhoria da auto-imagem, da auto-estima, do contato social e prazer pela vida.

    Smeltzer & Bore (1998), destaca que a pessoa portadora de Alzheimer apresenta distúrbios no sono. Portanto, o exercício torna-se um aliado, no qual contribui sobre a tensão emocional, desta forma melhorando a qualidade do sono.

    Conforme Verderi (2004), o exercício é um recurso utilizado para diminuir o processo de degeneração, ou minimizar as perdas cognitivas e também as limitações físicas. Tem como objetivo reduzir a tensão emocional, angustia, depressão. E o mesmo desperta sensação de bem - estar, produzindo uma melhora na auto-estima.

    O exercício contribui para o sistema cardiovascular, devido à melhora no débito cardíaco e sanguíneo. Outro aspecto que sofre mudanças com o exercício é o aumento da massa muscular, força, melhora na flexibilidade, previne doenças reumáticas, melhora a postura, melhora o condicionamento físico, além de contribuir para a socialização. (VERDERI, 2004).

    Os exercícios para os indivíduos portadores de Alzheimer devem ser de simples execução, e que segundo Verderi (2004), que trabalhem o cognitivo, através de atividades de memória, raciocínio e concentração, bem como exercícios motores, que mantêm ou retarde as perdas. O indicado é realizar exercícios não muito complexos como a caminhadas, na qual é uma prática simples com resultados satisfatórios ou de recreação, que ajudam uma maior socialização, desta forma despertando o prazer pelo o exercício e contribuindo na minimização dos sintomas impostos pela doença.

Considerações finais

    Com base nesse estudo, percebe-se que a doença de Alzheimer é uma demência degenerativa, progressiva irreversível com perdas das capacidades cognitivas e motoras que atinge a população a partir da meia idade e principalmente os idosos.

    Conforme Mazo, Lopes & Benedetti (2001) o exercício físico é considerado um meio importante e fundamental para o indivíduo portador de Alzheimer, pois minimiza os efeitos retarda o declínio da aptidão motora e cognitiva além de ser um dos fatores que viabiliza a socialização e esta forma diminuindo os efeitos e o processo da doença.

    Portanto se torna necessário o desenvolvimento e a pratica de medidas preventivas, atividades físicas, exercícios terapêuticos e de reabilitação, tendo como objetivo evitar ou minimizar os efeitos sentidos por esta patologia.

    Porém, é necessário que profissionais da saúde, especialmente os profissionais de Educação Física estejam preparados para trabalhar com essas e outras doenças crônicas relacionadas ao envelhecimento humano, aprimorando seus estudos e especializando-se em todas as questões referentes ao cuidado, saúde e qualidade de vida para a população idosa, bem como preparar-se adequadamente para suprir as demandas necessárias do processo de envelhecimento populacional a nível mundial, que consideramos emergentes, intervindo a nível multidisciplinar com as áreas biopsicossociais, a fim de contemplar novas ações e inovar na prestação de serviços em favor das pessoas idosas. Esse é o nosso desejo.

Referências

  • IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censos Demográficos, 2000. Disponível em: http;//www.ibege.gov.br/estatística/população. Acesso em: 21 jun. 2007.

  • PAPALIA, Diane E; OLDS, Sally W. Desenvolvimento humano. Porto Alegre: ARTMED, 7.ed, 2000.

  • SMELTZER, Suzanne C; BARE, Brenda G. Tratado de enfermagem médico-cirúrgica. Rio de Janeiro, 8º ed.: Guanabara Koogan, 1998.

  • VERDERI, Érica. O corpo não tem idade: educação física gerontológica. Jundiaí: Fontoura, 2004.

  • ZARPELLON, Giovana; LOPES, Marize A; BENEDETTI, Tânia B. Atividade física e o idoso: concepção gerontológica. Porto Alegre : Sulina, 2001.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

revista digital · Año 15 · N° 147 | Buenos Aires, Agosto de 2010  
© 1997-2010 Derechos reservados