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Níveis de composição corporal e características 

somatotípicas de atletas profissionais de futsal

Nivel de composición corporal y características somatotípicas de jugadores profesionales de fútbol sala

 

*Curso de Tecnologia em Gestão Desportiva e de Lazer

do Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará

**Mestrando em Ciências do Movimento Humano

Universidade do Estado de Santa Catarina, UDESC

***Doutorando em Ciências do Movimento Humano

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, URGS

(Brasil)

Vicente Alves Moreira Junior*

Luciano Carvalho das Neves*

Francisco Salviano Sales Nobre***

Glauber Carvalho Nobre**

Patrik Felipe Nazario**

patrik_fn@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo é analisar os níveis de composição corporal e características somatotípicas de jogadores profissionais de futsal de um clube da cidade de Natal. esta pesquisa tem um caráter descritivo, transversal, quantitativo e de campo, composta por 14 jogadores com média de idade de 20,93 + 3,41 anos, selecionados de forma intencional, que atuam na equipe profissional de futsal do clube ABC de Natal, da cidade de Natal, Rio Grande do Norte, submetidos a medidas de massa corporal, estatura, dobras cutâneas para equacionamento de percentual de gordura, perimetrias corporais e diâmetros ósseos. Utilizou-se pacote estatístico SPSS para estatística descritiva. Os resultados demonstram que a media da massa corporal foi de 68,65+5,47 kg, o percentual de gordura foi de 11,12+ 2,03 e peso de massa magra de 60,95+4,26. Já a predominância Somatotípica apresentou um percentual de 20% o individuo mesomorfo endomórfico e mosomorfo ectomórfico. Em relação a posição do jogo encontrou-se medias de mesomorfia: goleiro 4,46; fixo 2,48; ala 3,41 e pivô 3,07. Concluímos com base na amostra que os níveis de composição corporal do grupo estudado estão em padrões considerados aceitáveis. As características somatotípicas demonstraram um grupo em que há a predominância do componente mesomorfia.

          Unitermos: Composição corporal. Características somatotipicas. Futsal.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 147, Agosto de 2010

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Introdução

    A evolução no esporte em todo o mundo direciona um modelo de atleta que tem como característica não apenas a performance das características técnicas, táticas, e psicológicas em relação ao esporte praticado, mas também, que traga consigo características antropométricas que são herdadas e que lhes permitem alcançar maiores níveis de desempenho desportivo em relação a atletas que não possuem tais características. Segundo Fernandes (1994), o futebol se caracteriza por uma alta exigência física, psicológica, tática e técnica, sendo estes fatores que podem determinar a obtenção do sucesso de uma equipe.

    A identificação de habilidades esportivas peculiares pode ser detectadas por meios da utilização de instrumentos científicos específicos, que através de procedimentos de fácil aplicabilidade fornecem informações imprescindíveis sobre um possível perfil de um atleta em potencial e suas qualidades para determinado esporte. Dentre esses recursos, a antropometria é um instrumento que possui grande validade científica na análise do biótipo corporal dos atletas, pois define o tipo físico do mesmo, dando a oportunidade dele ser selecionado para o esporte e posição dentro de um sistema técnico e tático recomendado (CARTER; HEATH, 1990, p.197).

    Alguns estudos apontam que identificar as características antropométricas, somatotípicas e morfológicas são importantes para o sucesso do atleta que busca o alto nível (BANDYOPADHAY, 2007; BAYIOS et. al, 2006).

    Um fator que deve ser abordado é que no Brasil a prática empírica de critérios de seleção é aplicada não só em equipes amadoras, mas também em equipes profissionais. As escolhas de atletas são realizadas sem nenhuma aplicação cientifica, baseando-se apenas na “intuição” dos treinadores ou técnicos. Em alguns casos esses resultados são positivos, e as escolhas são acertadas. Porém com esse método de seleção o aproveitamento de possíveis talentos esportivos pode se tornar reduzidos.

    Hebbelinck (1989) defende que na atuação prática, ainda é comum que nos processos de seleção desportiva haja um norteamento a partir da própria experiência e intuição dos técnicos esportivos. Massa (2006) afirma que desta forma cria-se um referencial de escolha que pode estar conectado somente à consciência empírica individual dos técnicos, excluindo qualquer procedimento fundamentado e sujeito a interpretação equivocados com fins meramente pessoais.

    Neste sentido, o objetivo deste estudo é analisar os níveis de composição corporal e características somatotípicas de jogadores profissionais de futsal de um clube da cidade de Natal, identificando os níveis de percentual de gordura, massa magra e massa gorda e analisar a predominância somatotipica de acordo com cada posição de jogo.

Material e método

Amostra

    A população foi de jogadores profissionais de futsal. A amostra foi composta por 14 jogadores com média de idade de 20,93+3,41 anos, selecionados de forma intencional, que atuam na equipe profissional de futsal do clube ABC de Natal, da cidade de Natal, Rio Grande do Norte.

Medidas antropométricas

    Os instrumentos utilizados para coleta de dados foram: balança antropométrica digital da marca More Fitness Mf - 7657, com precisão em quilogramas, para obtenção da massa corporal; Estadiometro Cardiomedâ com precisão em centímetros para a obtenção da estatura; fita antropométrica da marca Sanny com precisão de 0,1 centímetros para a medição das circunferências de braço relaxado e braço contraído, tórax, abdômen, cintura, cintura de risco, coxa medial, e perna. Para marcação dos pontos de dobras cutâneas utilizou-se de lápis dermatográfico Dixon Phanoâ. Para a mensuração dos pontos de dobras cutâneas utilizou-se adipometro da marca Sanny medicalâ com precisão em milímetros. Para verificação dos diâmetros biepicôndilos de úmero e fêmur utilizou-se de paquímetro ósseo da marca Cescorf com presição em milimetros

Procedimentos

    Foi realizado contato com os administradores do setor de Futsal masculino do clube ABC de Natal da cidade de Natal, RN, para explicação dos objetivos do estudo e consentimento sobre a participação dos atletas pertencentes a equipe realização. A partir do consentimento destes, reuniu-se o grupo de atletas e explicou-se sobre os intuitos da pesquisa e procedimentos a serem realizados. Logo após, foi entregue aos atletas o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para assinarem. No dia marcado para a coleta, os indivíduos foram medidos respeitando a seguinte ordem: circunferências de tórax, braço direito relaxado, braço direito contraído, antebraço direito, braço esquerdo relaxado, braço esquerdo contraído, antebraço esquerdo, cintura de risco, coxa medial direita, perna medial direita, coxa medial esquerda e perna medial esquerda, diâmetros ósseos biepicondiliano de úmero e biepicondiliano de fêmur, dobras cutâneas de subescapular (SB), triceps (TR), suprailiaca (SI) e abdome (ABD), para equacionamento de estimativa de percentual de gordura de acordo com protocolo de Faulkner (1968): %G = (SB+TR+SI+ABD)*0,153+5,783.

Análise estatística

    Os dados foram analisados por meio do software SPSS 15.0. A estatística descritiva foi utilizada para estabelecer as médias (X), desvio padrão (SD), freqüências (%).

Resultados e discussão

    Com a busca de encontrar um atleta ideal para o seu esporte especifico a ciência estuda alguns meios para facilitar essa descoberta e tenta aplicar cada vez mais cedo. Algumas destas características já são trabalhadas por algum tempo como a antropometria, enquanto outros são novos como é o caso da somatotipia. Com essa união é possível encontrar esses indivíduos e poder oferecer o treinamento esportivo adequado e a apresentar um grande atleta.

    A tabela 01 demonstra a análise descritiva das variáveis antropométricas e de composição corporal do grupo. Encontrou-se média de 68,9 kg para massa corporal, peso de massa magra de 60,95 kg, peso de gordura armazenada de 7,69 kg, percentual de gordura de 11,12%.

Tabela 01. Estatísticas Descritiva de média, massa corporal, estatura, percentual de gordura, peso de massa magra, peso de massa gorda

Variáveis

Estatística Descritiva

Média

Desvio padrão

Mínimo

Máximo

Idade (anos)

20,93

3,41

18,00

30,00

Massa Corporal (kg)

68,65

5,47

60,30

77,80

Estatura (m)

1,71

0,06

1,56

1,79

Percentual de gordura (%)

11,12

2,03

8,81

15,15

Peso de massa magra (kg)

60,95

4,26

54,89

69,46

Peso de gordura armazenada (kg)

7,69

1,83

5,41

11,03

    Na análise da predominância somatotípica (tabela 02), os resultados obtidos demonstraram que 20% do grupo se apresentam como sendo de característica mesomorfo endomórfico e mesomorfo ectomórfico, 13,3% ectomorfo mesomorfo e 13,3% endomorfo mesomórfico. Com essas características os atletas estudados apresentaram uma predominância do componente mesomorfia, este componente que está relacionado aos tecidos de massa muscular e massa óssea, o que é interessante para atletas que em seus esportes necessitam principalmente das valências velocidade e força explosiva. Desta forma o grupo estudado encontra-se em uma concordância somatotípica com a modalidade esportiva especifica praticada.

Tabela 02. Distribuição de freqüência, percentual valido e percentual acumulado da predominância Somatotípica do grupo (N=15)

Predominância Somatotípica

Freqüência

Percentual Válido

Percentual Cumulado

Mesomorfo endomórfico

03

20,0

20,0

Mesomorfo ectomórfico

03

20,0

40,0

Ectomorfo mesomorfo

02

13,3

53,3

Mesomorfo-ectomorfo

01

6,7

60,0

Endomorfo mesomórfico

01

6,7

66,7

Central

01

6,7

73,3

Ectomorfo endomórfico

01

6,7

80,0

Endomorfo mesomórfico

02

13,3

93,3

Mesomorfo equilibrado

01

6,7

100,0

Total

15

100,0

 

    Na análise sobre a média encontrada para cada componente do somatotipo divididos por posição de jogo, apresentada na tabela 3, verificou-se que as medias de mesomorfia encontradas foram de 4,46 para o goleiro, 2,48 para o fixo, 3,41 para o ala e 3,07 para o pivô.

Tabela 03. Média dos componentes do Somatotipo divididos por posição de jogo

Posições por Jogo

Média dos competentes do somatotipo

Endo

Meso

Ecto

Goleiros

2,11

4,46

1,46

Fixo

2,93

2,48

2,09

Ala

2,22

3,41

2,22

Pivô

2,20

3,07

2,69

    Em estudo realizado por Pitanga (2005) com atletas de futsal campeões brasileiros encontrou-se que a média do componente mesomorfia de 3,67 para a posição goleiro, 2,65 para os fixos, 3,40 para os alas e 3,41 para os pivôs. No estudo ora realizado o componente de mesomorfia apresentou-se em níveis equilibrados em relação ao estudo de Pitanga (2005), exceto para a posição goleiro, que no presente estudo apresentou-se em níveis mais elevados.

Conclusão

    Em síntese, o estudo com base na amostra permitiu concluir que os níveis de composição corporal no grupo estudado estão de acordo com os padrões considerados aceitáveis. As características somatotípicas demonstraram um grupo em que há a predominância do componente mesomorfia.

Referências

  • BANDYOPADHYAY, A. Anthropometry and body composition in soccer and volleyball players in West Bengal, India. J Physiol Anthropol. 2007 Jun;26(4):501-5.

  • BAYIOS, I.A. et al. Anthropometric, body composition and somatotype differences of Greek elite female basketball, volleyball and handball players. J Sports Med Phys Fitness. 2006 Jun; 46(2):271-80.

  • CARTER, JEL, HEATH, BH. Sports and physical performance. In: Lasker GW, Macie-Taylor CGN, Roberts DF, editors. Somatotyping: development and applications. Cambrigie studies in biological anthropology. Cambridge (Cambrigie): University Press, 1990;198-290.

  • FERNANDES, J. L. Futebol ciência ou arte. EPU. 1994.

  • HEBBELINCK, M. Identificação e desenvolvimento de talentos no esporte: relatos cineantropométricos. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v.4, n.1, p.46-62, 1989.

  • MASSA, M. Desenvolvimento de judocas brasileiros talentosos. Tese de doutorado apresentada à escola de educação física e esporte da universidade de São Paulo. São Paulo 2006.

  • PITANGA, FJG. Testes, medidas e avaliação em educação física e esportes. 4ª ed. São Paulo. Phorte, 2005.

Outros artigos em Portugués

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