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Os benefícios da atividade física para hipertensos

Los beneficios de la actividad física para hipertensos

 

*Aluna do curso de Educação Física da ULBRA Carazinho

**Docente da ULBRA Carazinho. Coordenadora do Curso

de Especialização em Envelhecimento Humano e Qualidade de Vida

(Brasil)

Jaciele Friguetto Borth*

chele_borth@hotmail.com

Leidimara Inês Mariani Sartori*

leidi.sartori@yahoo.com.br

Patrícia Carlesso Marcelino Siqueira**

patriciacarlessosiqueira@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O presente artigo tem como principal objetivo realizar um estudo sobre a hipertensão arterial. Suas características, sua etiologia, seus tratamentos e os principais benefícios que a atividade física pode trazer para os hipertensos. A hipertensão arterial é um dos fatores de maior risco das doenças cardiovasculares, aumentando a probabilidade de desfechos circulatórios que podem ser fatais como não-fatais, especialmente em indivíduos idosos.

          Unitermos: Hipertensão arterial. Atividade física. Idosos.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 147, Agosto de 2010

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Introdução

    O aumento da longevidade da população mundial, fenômeno que vem ocorrendo nos países em desenvolvimento, implica em um aumento progressivo da prevalência das doenças crônicas não transmissíveis especialmente as cardiovasculares (MILÃO; LOPES; MARTINS; ROCHA, 2008, p.111).

    A hipertensão arterial é um dos fatores de maior risco de doenças cardiovasculares, aumento da probabilidade de desfechos circulatórios que podem ser fatais como não fatais. Outro aspecto que leva a hipertensão arterial são os hábitos alimentares, a grande quantidade de alimentos ingeridos, o sal que é um dos fatores que auxilia muito para o aumento da pressão alta. Sedentarismo também é um grande problema que contribui na alteração da hipertensão arterial, indica uma exposição cada vez mais intensa a riscos cardiovasculares.

    Para Milão; Lopes; Martins; Rocha (2008, p.111), a hipertensão arterial (HAS) é uma doença crônica não transmissível, de natureza multifatorial, assintomática, na grade maioria dos casos, que compromete fundamentalmente o equilíbrio dos mecanismos vasodilatadores e vasoconstritores, levando a um aumento da tensão sanguínea nos vasos, capaz de comprometer a irrigação tecidual e provocar danos aos órgãos por eles irrigados.

    De acordo com Robbins & Cotran (2006, p. 552), a hipertensão é um problema de saúde comum que pode ter conseqüência devastadora, freqüentemente permanecendo as sintomáticas até uma fase tardia de sua evolução. A hipertensão é um dos fatores de risco mais importantes tanto para a doença arterial coronariana quanto para acidentes vasculares cerebrais; a hipertensão pode provocar hipertrofia cardíaca e insuficiência cardíaca potencial, dissecção aórtica e insuficiência renal.

    Segundo Brasileiro Filho (2006, p. 496), a pressão arterial é produto de dois componentes hemodinâmicos: debito cardíaco e resistência vascular periférica. O debito cardíaco depende do volume circulante, o qual possui estreita relação com a homestase do Na+. A resistência vascular periférica depende da tonicidade arteriolar, influenciada pelo equilíbrio entre substâncias circulantes vaso-constritoras e vasodilatoras.

    Sendo assim podemos entender que para Brasileiro Filho (2006), hipertensão arterial é a pressão exercida pelo sangue em movimento na parede das artérias, com muita força ficando acima dos valores normais.

    O sangue é transportado do coração para todos os tecidos do corpo e órgãos pelos vasos denominados artérias. A pressão arterial é a força do sangue forçando contra as paredes destas artérias. O coração bate cerca de 60 a 75 vezes por minuto e a pressão arterial é maior quando o coração se contrai, bombeando o sangue para as artérias. Essa pressão é denominada depressão arterial sistólica. Quando o coração repousa breviamente entre as batidas, a pressão arterial cai para um nível inferior e é denominada a pressão arterial diastólica. (NIEMAN ,1999, p. 193).

    Para Mazo; Lopes; Benedetti (2001, p 77), hipertensão arterial, ou “pressão alta”, conhecida como “doença silenciosa”, é a elevação da pressão arterial pra números acima dos valores considerados normais, ou seja, a pressão sistólica acima e 140 mm Hg e diastólica acima de 90 mm Hg.

    Segundo Milão; Lopes; Martins; Rocha, (2008, p.111, 112), a hipertensão é um dos fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e renais, sendo responsável por pelo menos 40% das mortes por acidente vascular cerebral (AVC) e 25% das mortes por doença arterial coronariana.

    Quando hipertensão não é detectada e tratada, ela pode: acarretar aumento do coração, podendo levar à insuficiência cardíaca; produzir a formação de pequenas ampolas (aneurismas) nos vasos cerebrais, podendo acarreta um acidente vascular cerebral; acarretar estreitamento dos vasos sanguíneos dos rins, podendo levar a insuficiência renal; e acarretar um “endurecimento” mais rápido das artérias do organismo, especialmente no coração, cérebro e rins, podendo levar o ataque cardíaco, ao acidente vascular cerebral ou à insuficiência renal. (NIEMAN ,1999, p.195).

    Segundo Faria, (1999, p. 87), as principais causas da hipertensão são: Hereditariedade: até o presente momento não foi identificado o gene responsável pela hipertensão arterial essencial. É muito provável que não se trate de um único gene, e sim que essa doença seja poligênica. No entanto, o seu caráter familiar está bem caracterizado. Por exemplo, é freqüente a ocorrência de hipertensão arterial em filhos de pais hipertensos assim como concordância dos níveis tencionais entre gêmeos univitelinos (2,5).

    Fatores Ambientais: fatores ambientais influenciam o desenvolvimento da hipertensão arterial. Isso pode ser ilustrado pela maior prevalência dessa moléstia na população urbana que na rural ou de populações que mudam para áreas industrializadas. Por exemplo, os chineses que vivem nos EUA apresentam níveis pressóricos elevados que os chineses que vivem na China. É muito provável que a causa para essas diferenças nos níveis pressóricos seja multifuncional, visto que com a “urbanização” existe tendência à maior ingestão de sal, maior exposição ao estresse, vida sedentária e muitas vezes vícios como álcool e fumo, todos os fatores reconhecidamente associados à hipertensão arterial (4). A obesidade associa-se também ao aumento dos níveis tencionais. É possível que a hiperinsulinemia devida à resistência insulínica, presente nesses indivíduos, seja um dos mecanismos responsáveis pela hipertensão (6).

    Fatores Hemodinâmicos: a magnitude da pressão arterial depende do debito cardíaco (DC) e da resistência periférica total (RPT), podendo ser expressa pela equação: pressão arterial média = DC x RPT. A resistência periférica total é dada principalmente pelas arteríolas e é diretamente proporcional à relação parede/luz arteriolar, aos efeitos neural e hormonal, que contraem ou dilatam esses vasos, e à auto-regulação.

    Esta última consiste em um ajuste do tônus arteriolar a variações da pressão arterial, em que o aumento nos níveis pressóricos leva a vasodilatação, e a sua diminuição, a vasoconstrição (7). Também o debito cardíaco influi na pressão arterial e ele depende da freqüência cardíaca e do volume sanguíneo. Logo, a fim de entender os mecanismos que alteram a pressão arterial, precisaremos raciocinar com as variáveis anteriormente mencionadas.

    Alguns estudos mostraram, no individuo com HAE recém-diagnosticada, aumento do debito e da freqüência cardíacas, venoconstrição e resistência periférica total normal ou diminuída. Já na hipertensão arterial de longa duração, o debito cardíaco costuma estar normal ou diminuído, e a resistência periférica total aumentada, esses achados sugerem que o aumento do debito cardíaco possa ser importante para iniciar o processo hipertensivo, havendo a seguir, por mecanismo de auto-regulação, aumento da resistência vascular periférica e manutenção da hipertensão arterial.

A prevenção da hipertensão

    Dentre todos os tratamentos e prevenções que podemos citar está acima de tudo o exercício físico.

    Segundo Nieman (1999, p.198), o exercício físico exerce um efeito importante no tratamento da hipertensão arterial. O American Colleg of Sports Medicine (ACSM) e outros revisores comcluiram que as pessoas com hipertensão discreta podem esperar uma queda media das pressões arteriais sistólica e diastólica de 8 a 10mmHg e 6 a 10mmHg, respectivamente, em resposta ao exercício aeróbico regular. Esse beneficio é independente das alterações do peso corporal e da dieta( que podem acarretar reduções maiores). Mesmo para as pessoas com pressões arteriais de repouso normal, espera-se que a pratica de exercícios diminua a pressão arterial sistólica e a diastólica numa media de 4mmhg e 3mmHg, respectivamente.

    A atividade física pode favorecer nos seguintes aspectos:

    Reduz os sintomas de angina; Melhora a falta de ar em pessoas com insuficiência cardíaca; Reduz a intensidade da dor ao caminhar em pessoas que têm obstrução nos vasos das pernas; Melhora a qualidade de vida; Ajuda no controle da pressão arterial das gorduras sanguíneas em pacientes com doenças nas coronárias; Reduz em um quarto a mortalidade em pessoas que apresentam infarto do miocárdio. Exercícios de resistência melhoram a força física e a capacidade de realizar as atividades do dia-a-dia.

    Outros fatores para prevenção de acordo com Nieman (1999, p. 196), são: Se obeso perder peso; estudos identificaram uma forte ralação entre o peso corporal e a pressão arterial. A obesidade mais do que triplica o risco de desenvolvimento de hipertensão, com o risco aumentando fortemente com o aumento do peso corporal. Reduzir a ingestão de sal a menos de 2.300mg (uma colher de chá) por dia; a maioria das sociedades ocidentais consome uma dieta que contem cerca de uma a duas colheres de chá de sal por dia, com aproximadamente 80 por cento provenientes de alimentos processados, não de saleiros. Isso ultrapassa excessivamente a necessidade orgânica (que é de um quinto de uma colher de chá) e é muito superior ao que nossos ancestrais consumiam. Acredita-se que quando a ingestão elevada de sal é prolongada durante a vida de uma população, a maioria eventualmente apresentara hipertensão arterial. Manter a ingestão dietética e adequada de potássio (frutas e vegetais); o potássio, comum nas frutas e vegetais frescos, parece auxiliar na redução da pressão pela promoção do aumento da quantidade de sal e excretado pela urina. Pelo menos cinco a nove porções de frutas diárias são recomendadas para manter a ingestão de potássio em níveis ideais. Limitar a ingestão alcoólica; uma grande quantidade de estudos demonstrou que o consumo exagerado de álcool (três ou mais doses por dia em media) causa um aumento na pressão arterial. Entre os consumidores de álcool inveterados, a hipertensão e quatro vezes mais comum do que entre as pessoas que evitam o álcool. E quando as pessoas hipertensas que bebem exageradamente interrompem o habito, a pressão arterial cai. A maioria dos especialistas recomenda menos de duas doses diárias para evitar o risco de desenvolver hipertensão.

    Já para os tratamentos existem dois aspectos: o tratamento farmacológico e os não farmacológicos.

    Para Milão; Lopes; Martins; Rocha, (2008, p.112), em razão da multiplicidade o tratamento da HAS abrange dois aspectos não excludentes: o farmacológico e o não farmacológico. O tratamento farmacológico é administrado de fármacos anti-hipertensivas visando diminuir os valores pressóricos. O tratamento não farmacológico visa o controle de peso, adoção de hábitos saudáveis, redução do consumo de álcool e tabaco e pratica regular de atividades física regular.

    Sendo assim citaremos abaixo alguns benefícios que atividades físicas (caminhadas, atividades aeróbicas) proporcionam aos hipertensos:

    Reduz os sintomas de angina; Melhora a falta de ar em pessoas com insuficiência cardíaca; Reduz a intensidade da dor ao caminhar em pessoas que têm obstrução nos vasos das pernas; Melhora a qualidade de vida; Ajuda no controle da pressão arterial das gorduras sanguíneas em pacientes com doenças nas coronárias; Reduz em um quarto a mortalidade em pessoas que apresentam infarto do miocárdio.

    Os exercícios de resistência melhoram a força física e a capacidade de realizar as atividades do dia-a-dia.

    Segundo Mazo; Lopes; Benedetti (2001, p. 79), as atividades físicas para cardiopatas e hipertensos, devem ser aeróbicas, de leve a moderada intensidade com 60 a 80% da FC máxima, de três a sete vezes por semana e com duração de 20 a 60 minutos. Podem ser realizados exercícios com pesos, trabalhando em grupos musculares alternados e principalmente prevalecendo o componente aeróbico.

Considerações finais

    Com o estudo aprofundado sobre Hipertensão arterial percebe-se que apesar de todos saberem que a atividade física é muito eficaz na prevenção, tratamento e reabilitação das doenças cardiovasculares. Com base no estudo percebe-se que a inatividade está associada a um aumento de quase duas vezes no risco de desenvolver doenças cardiovasculares, como a hipertensão arterial.

    Por ser uma doença também muitas vezes silenciosa, está matando milhares de pessoas, e cabe a nos profissionais da área da saúde alertarmos as pessoas e de certa forma ajudá-los na prevenção e no tratamento.

    A atividade física é recomendada para todas as faixas etárias e deve ser praticada sempre, e não somente quando a presença de patologias. É um hábito que deve ser incorporado durante toda a vida.

Referências

  • FARIA, José Lopes, Patologia Especial, com Aplicações Clinicas, Rio de Janeiro, Ed. Guanabara, 1999.

  • MAZO, Giovana Zarpellon; LOPES; Marize Amorim; BENEDETTI, Tânia Beroldo; Atividade Física e o Idoso. Porto Alegre: Ed. Sulina, 2001.

  • MILÃO, Luzia Fernandes; LOPES, Paulo Tadeu Campos; MARTINS, Isabel Amaral; ROCHA, Anneliese Schonhorst. Prevalência de Hipertensão Arterial em um Grupo de Idosos Praticantes de Atividade Física. IN; Estudos Multidisciplinares do Envelhecimento Humano, TEIXEIRA, Adriane Ribeiro, BECKER, Júnior Benno, FREITAS, Cíntia de L Rocha. Porto Alegre:Nova Prova, 2008.

  • NIEMAN, David C. Dr. PH, Exercício e Saúde. Como se prevenir de doenças usando o exercício como seu medicamento. São Paulo: Ed. Manole Ltda, 1999.

  • ROBBINS & COTRAN, Patologia, Bases Patológicas das Doenças. São Paulo: Ed. Saunders, 2006.

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