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Alguns fatores de risco a saúde e doenças crônicas não-transmissíveis

 

Graduado em Educação Física pela

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, UESB

Técnico Nível Superior. Secretaria Nacional de

Esporte de Alto Rendimento, SNEAR, ME

Wagner Barbosa Matias

wagneruesb@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo versa sobre alguns fatores de risco a saúde: sedentarismo e tabagismo e algumas doenças crônicas não degenerativas – obesidade, hipertensão arterial e diabetes. Ao final percebe-se o quanto a manutenção de um estilo de vida saudável é importante para a melhoria da qualidade de vida e conseqüentemente a longevidade dos indivíduos.

          Unitermos: Saúde. Fatores de risco. Doenças crônicas.

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 146 - Julio de 2010

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Sedentarismo

    O sedentarismo tem se destacado nos últimos anos como o mais prevalente fator de risco para o desenvolvimento das DCNT’s. Apesar de não haver documentado, mas parece óbvio que com o avanço tecnológico o ser humano passou a gastar bem menos energia nas atividades diárias do que gastavam os nossos bisavôs e bisavós.

    CDC apud MATSUDO et al (2002) aponta que “mais de 2 milhões de mortes por ano podem ser atribuídas a inatividade física, em função da sua repercussão no incremento de doenças crônico não transmissíveis”. Percebe-se que apesar de estarmos vivendo um momento de acréscimo na expectativa de vida, encontra-se nos bastidores um aumento das DCNT’s e outras doenças vindas das condutas nocivas a saúde.

    Considera-se um indivíduo sedentário aquele que tenha um estilo de vida com um mínimo de atividade física, equivalente a um gasto energético inferior a 500 kcal por semana (NAHAS, 2003: 34). Somente nestas ultimas décadas que estudos epidemiológicos vêm confirmando a associação benéfica entre um estilo de vida ativo e um melhor padrão de saúde, tanto para o ser individual como para o social- isso porque a pratica da atividade física pode representar investimentos do Estado em outros setores deficitários.

Tabagismo

    O tabaco é uma droga lícita largamente utilizada em todo o mundo. Atualmente, nos países desenvolvidos, é a principal causa de enfermidades evitáveis e de mortes prematuras (MALCON, 2003). Considera-se que a nicotina, substância própria do cigarro, causa adição e tabaco-dependência favorecendo o índice de outras drogas, pois, 50% das pessoas que fazem o uso de drogas ilícitas iniciaram se com o cigarro.

    A proporção de fumantes em nosso país é de aproximadamente 24%, sendo que os indivíduos de nível sócio-econômico mais baixo fumam mais. Paralelamente ao aumento no consumo de cigarros observado nos últimos anos, detecta-se também uma elevação da mortalidade por doenças crônico-degenerativas (câncer, hipertensão e diabetes) (FARINATTI, 2005).

    Além de promover aproximadamente quatro milhões de óbitos por ano no mundo, o tabagismo vem causando inúmeras condições crônicas. Varias doenças tem sido associada ao seu uso como a doença cerebrovascular (25%), doença coronariana (25%), doença pulmonar obstrutiva crônica - DPOC (85%), e Câncer (30%). (OMS, 2002)

Obesidade

    Há um aumento da população obesa no mundo. Evidências epidemiológicas indicam que 1,4 bilhões de pessoas no mundo estão com excesso de peso e no Brasil 40% da população está com quilos a mais do que deveria (Pitanga, 2004). Tal realidade expõe a população ao surgimento de várias doenças sendo a obesidade é fator de risco à: hipertensão arterial, distúrbios orgânicos, doenças cardiovasculares, complicações osteo-articulares e renais, diabetes, cálculos biliares entre outras (LEITE, 2000).

    A obesidade é uma condição de origem multifatorial com fatores genéticos, metabólicos, psicológicos, endocrinológicos e comportamentais interligados e atuando sobre bioenergética humana causando um desequilíbrio entre o consumo e o gasto de energia pelo organismo (Leite, 2000).

    Ela pode ser classificada segundo vários parâmetros ou critérios. Esses critérios são: (1) causas etiológicas; (2) características anatômicas do tecido gorduroso; (3) época de inicio; (4) quantidade de gordura em excesso.

Classificação etiológica

    Tal classificação é baseada na origem desta doença sendo que apenas 5% dos casos de obesidade têm origem em razão de problemas de causas endógenas como alteração no metabolismo tireoidiano, gonodal, hipotálamo-hipofisário entre outros e provavelmente em 95% dos casos têm sua causa marcada pelo desequilíbrio positivo entre consumo e demanda de energia sendo também denominada de simples ou exógena (Soares & Petroski, 2003).

Classificação anatômica

    Tal classificação diferencia os tipos obesidade em hiperplásica e hipertrófica. A obesidade tipo hiperplásica é caracterizada pelo aumento do número de adipócitos corporais contendo períodos críticos de surgimento, a exemplo como os primeiros 12 meses de vida, a fase pré-escolar e a puberdade (Guedes, 1998) o que requer uma maior atenção e realização de ações preventivas contra a obesidade especialmente nestes períodos.

    A obesidade hipertrófica é caracterizada pelo aumento de volume dos adipócitos corporais (Guedes, 1998) e apesar de não possuir um período crítico de surgimento de hiperplasia adipócrita tal feito pode acontecer, em menor intensidade, em qualquer fase da vida.

Classificação segundo a época de início

    É enfatizada nessa classificação a época do surgimento da obesidade. Os primeiros 12 meses de vida é um desses períodos e juntamente com a fase pré-escolar e a puberdade formam um conjunto de épocas críticas principalmente sujeitos ao desenvolvimento da obesidade do tipo hiperplásica (Guedes, 1998). Sendo este tipo de obesidade a que mais dificulta a manutenção do peso corporal adequado posteriormente na idade adulta em virtude de que uma vez aumentado o número de adipócitos corporais esses não mais retomam ao número original.

Classificação segundo a quantidade de gordura

    Esta classificação se torna necessária quando a quantidade de gordura se encontra acima do ideal. O diagnóstico é feito através do IMC (índice de Massa Corporal) que é obtido se dividindo o peso corporal (kg) pela estatura em metros elevado ao quadrado (m2). Tal índice pode variar desde normal (IMC até 25) até obesidade grau I (IMC de 25 a 29,9); obesidade grau II (IMC de 30 a 40); obesidade grau II (IMC acima de 40), (Pitanga, 2004).

Hipertensão Arterial Sistêmica

    A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é o aumento dos valores de repouso da pressão arterial sistólica e diastólica com valores acima de 140 mmHg de pressão sistólica e 90 mmHg de pressão diastólica. No Brasil, a hipertensão arterial é o fator de risco mais importante para doenças cérebro-vasculares, cuja estimativa de prevalência está em torno de 11% a 20% acima de 20 anos e 35% acima de 50 anos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2002).

    A estimativa de prevalência de Hipertensão Arterial na população adulta do Brasil, baseada nos dados estatísticos de 1995, estima que existiam 13 milhões de brasileiros hipertensos com cifras de Pressão Arterial acima de 160 e/ou 95 mmHg. Se considerarmos as cifras entre 140-159 e/ou 90-94 estima-se 30 milhões de hipertensos no Brasil em 1995. Provavelmente 50% destes (aproximadamente 15 milhões) desconhecem ser hipertensos. 

    Apesar do reconhecimento da hipertensão como uma entidade de prevalência elevada, seu tratamento continua inadequado. Estudos Americanos demonstram que apenas 27% dos hipertensos mantêm um controle satisfatório da PA (< 140/90 mmHg). Apesar de devidamente diagnosticados, apenas 50% dos pacientes utilizam medicação de forma regular. Isto se deve principalmente ao caráter assintomático da hipertensão durante seus 15 a 20 primeiros anos de evolução, sendo difícil convencer um paciente do perigo em potencial que corre e da necessidade de mudar seu estilo de vida e principalmente da necessidade de utilizar as medicações (OMS, 2002).

Diabetes Mellitus

    O diabetes mellitus (DM) é considerada um dos grandes problemas de saúde pública; sua incidência e prevalência estão aumentado em proporções epidêmicas e segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD, 2006) esta patologia está associada às complicações que comprometem a qualidade de vida do indivíduo, demandando um alto custo tanto econômico quanto social.

    A SBD (2006) define o diabetes como uma alteração metabólica com conseqüente hiperglicemia, sendo também conhecida como uma síndrome metabólica na qual o organismo perde o poder de metabolizar a glicose.

    O DM é dividido em 2 grupos, o tipo 1 causado pela falta de insulina, e o tipo 2 com resistência a ela. O diabetes mellitus tipo 2 tem uma propensão duas a quatro vezes maior de causar morte por doença cardíaca e quatro vezes mais chances de desenvolver doença vascular periférica e acidente vascular encefálico.

    Esta patologia tende a desenvolver em pessoas com idade acima de 45 anos, principalmente indivíduos com casos de hereditariedade, excesso de peso, gordura abdominal, sedentarismo, doenças coronarianas, colesterol HDL baixo ou triglicérides elevados, hipertensão arterial e o uso de medicamentos hiperglicemiantes. O diabetes também é assintomático, por isso, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (2002) as pessoas que estão propensas a esses fatores de risco devem tomar conhecimento e consciência para modificar o seu estilo de vida.

Considerações finais

    O sedentarismo e o tabagismo são fatores de risco para diversas doenças na atualidade. O primeiro é caracterizado por índices baixos de atividade física diária, sendo considerado pela literatura como principal comportamento negativo a saúde. O tabagismo presente principalmente entre os homens também está associado as principais doenças que vem atingindo o ser humano.

    Doenças como a obesidade, hipertensão e diabetes atingem cada vez mais a população mundial. Causada principalmente por hábitos inadequados. A mudança de estilo de vida, com adoção de uma boa alimentação, prática regular de exercícios físicos, associados ao não consumo de bebidas alcoólicas e ao consumo de tabaco podem ser prevenidas, tratadas ou mesmo amenizadas.

Referências bibliográficas

  • FARINATTI, Paulo de Tarso Veras. OLIVEIRA, Ricardo Brandão. Programa Domiciliar de Exercícios? Efeitos de curto prazo sobre a Aptidão Física e pressão arterial em indivíduos hipertensos. Arq Bras Cardiol. 2005, v.84, n.6. pág. 473-479.

  • GUEDES, D.P.; GUEDES, J.E.R.P. Controle do peso corporal: composição corporal, atividade física e nutrição. Londrina: Midiograf, 1998.

  • LEITE, P.F. Aptidão física, esporte e saúde. 3ª ed. São Paulo: Robe, 2000.

  • MALCON, Maura C. MENEZES,Ana Maria .et al. Prevalência e Fatores de Risco para tabagismo em adolescentes na América do Sul :uma revisão sistemática da literatura. Rev Panamerica de Saúde Publica. v.13, n.4, 2003, pág. 222-228.

  • MATSUDO, Sandra Mahecha et al. Nível de atividade Física da População do Estado de São Paulo: Analise de acordo com gênero, idade, nível socioeconômico, distribuição geográfica e de conhecimento. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. V.10, nº 4, outubro, 2001.

  • PITANGA, F.J.G. Teste, medidas e avaliações em educação física e esportes. 3ª ed. São Paulo: Phorte, 2004.

  • SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA.III Diretrizes brasileira da dislipidemia. Arq Bras Cardiol, 2001, pag. 4-48 .

  • SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Consenso Brasileiro sobre Diabetes. Diagnostico e Classificação do Diabetes Mellitus e Tratamento do Diabetes Mellitus tipo 2.2002.

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