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A seqüência pedagógica para ensinar os quatro nados

Una secuencia pedagógica para la enseñanza de las cuatro técnicas de nado

 

*Licenciada em Educação Física pela Universidade Nove de Julho.

Docente pela Fit Sport Cultura e Lazer em Natação.

**Mestre em Biodinâmica do movimento Humano pela USP.

Docente na Universidade Nove de Julho e Centro universitário Ítalo brasileiro

(Brasil)

Professora Taiz Regina Lopes Macieira*

taiz_regina@yahoo.com.br

Professor Ms. Caio Graco Simoni da Silva**

caio.simoni@globo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          A natação surgiu pela necessidade de sobrevivência do homem primitivo e atualmente é bem vista pela comunidade e por diversos profissionais. Com sua evolução trouxe os diferentes estilos de nadar que são o Borboleta, Costas, Crawl e Peito, conhecidos como os quatro nados. Também na escola ela traz inúmeros benefícios para os alunos desenvolvendo as áreas motora, social, afetiva e cognitiva. Mas, hoje ainda há divergências entre os educadores no que diz respeito à seqüência pedagógica para ensinar os quatro nados. Estas surgem nas diferenças literárias e na falta de inovação por parte dos profissionais assim acarretando a igualdade de ensino, onde os novos professores seguem o modelo que já vem sendo ensinado. Com isso o presente estudo pretende mostrar os pontos prós e contra de determinadas seqüências, para isso será aplicado um questionário a ser respondido por alguns professores da região leste da cidade de São Paulo, sobre suas aulas de natação e o seu método de ensino. Visando trazer a reflexão dos professores de Educação Física para melhorarem o aprendizado de seus alunos, levando em consideração a complexidade e as diferentes faixas etárias.

          Unitermos: Natação. Seqüência pedagógica. Escola.

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 146 - Julio de 2010

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Introdução

    A natação é sempre recomendada para as pessoas, principalmente crianças, por trazer inúmeros benefícios, como a melhoria da capacidade cardiorespiratória, fortalecimento das estruturas corporais, melhoria das capacidades físicas, bem estar físico e mental, melhora nas condições de saúde e diminuição da gordura corporal.

    Nada-se por: saúde, lazer, necessidade e esporte (VELASCO, 1994). Para a criança a natação além de trazer estes benefícios, ajuda a construir um ser humano melhor, que saiba lidar em sociedade com suas dificuldades e habilidades, com educação e respeito por todos.

    Dentro deste âmbito escolar é importante saber qual a melhor seqüência pedagógica para ensinar os quatro nados e mapear o trabalho feito atualmente nas escolas, mesmo não sendo todas, ou a minoria, a terem este ambiente aquático. Este projeto parte de que a metodologia mais adequada para a aprendizagem na escola é o Crawl, Costas, Borboleta e Peito. Pois segundo Mansoldo (1996), esta seqüência é a mais apropriada para as crianças, pois se inicia com os nados Crawl e Costas, sendo semelhantes às habilidades básicas do andar e correr deitados na água.

    Em seguida parte do simples para o complexo, trazendo transferência de aprendizagem dos nados anteriores para o nado Borboleta e o nado Peito. Mesmo que o nado Borboleta exija mais força, o nado Peito é mais complexo, pois exige maior coordenação entre braços e pernas, por sua posição ser tão diferente do natural.

    Segundo Catteau e Garoff (1990), para este nado é necessário potência excepcional. Assim o nado Peito deve ser ensinado por último, pois o aluno já possui um desenvolvimento físico, motor e cognitivo decorrente do aprendizado dos outros nados (MANSOLDO, 1996).

    Portanto, o objetivo do estudo é verificar qual a melhor seqüência pedagógica para aprendizagem dos quatro nados. Esse estudo se faz necessário para conhecer o método utilizado pelos professores ao ensinarem seus alunos a nadar e verificar qual desses métodos é o melhor para a aprendizagem na área escolar.

2.     Metodologia

    Participaram do estudo onze professores de Educação Física, com idade entre 22 e 44 anos, de seis colégios particulares e dois C.E.U.s (Centros Educacionais Unificados), todos localizados na zona leste da cidade de São Paulo. Dos professores que fizeram parte deste estudo quatro são do sexo masculino e sete do sexo feminino. Todos professores são graduados, sendo que quatro deles tem especialização: dois em treinamento esportivo, um em Educação Física escolar e um em Educação Física Adaptada.

    A tarefa solicitada foi a de responderem um questionário que corresponde as suas aulas de natação e o seu método de ensino. Este contém doze perguntas, sendo sete delas fechadas e cinco abertas, relativas ao método utilizado por eles e o da instituição, a seqüência pedagógica que utilizam a divisão dos alunos em aula, ao recurso lúdico pedagógico no meio liquido, a reuniões pedagógicas e a faixa etária dos alunos que trabalham.

3.     Ordem em que os nados devem ser ensinados

    Segundo Mansoldo (1996), deve-se levar em consideração o grau de dificuldade e a faixa etária que será trabalhada, para assim definir a ordem pedagógica que será utilizada.

    Para criança o interessante é que se comesse com o nado Crawl, pois este é semelhante às habilidades básicas do correr e andar, deitado na água. “A coordenação geral seria obviamente a do caminhar ou correr deitados na água, traduzindo-se no nadar ou ‘rastejar’ (que, aliás, é a tradução da palavra crawl)” (MANSOLDO, 1996, p.16).

    O nado Crawl e Costas têm suas movimentações alternadas, como já citado parecidas com o andar, diferente dos outros dois nados, Peito e Borboleta, que ocorrem de forma simultânea e exigem maior técnica, portanto não é aconselhável iniciar a aprendizagem por eles (PEREIRA, 2007; MANSOLDO, 1996).

    Os estudos de Maglischo (1999) e Makarenko (2001), relatam que a ordem a ensinar deve ser dos nados Crawl, Borboleta, Costas e Peito. Onde já que existe uma certa dificuldade em estar na posição de decúbito dorsal, o nado Borboleta seria melhor aprendido como segundo nado, pois tem sua movimentação parecida com a do nado Crawl mas de forma simultânea.

    Outra seqüência pedagógica ilustrada é de ensinar o nado Crawl, Costas, Peito e por último o Borboleta. Pois acreditam que este último nado exige muita força do aprendiz (PALMER, 1990; VELASCO, 1994).

    Mansoldo (1996), Catteau e Garoff (1990) e Silva (2007), concordam com a sequência de ensinar os nados Crawl, Costas, Borboleta e Peito. Sendo que o terceiro nado a ensinar seja o nado Borboleta como um nado que exige potência e empenho. Como já dito, nada mais é que á braçada e pernada simultânea do nado Crawl, acrescentando a golfinhada. Também se utilizando a transferência de aprendizagem dos nados anteriores. E por fim o nado Peito sendo de alta complexidade e coordenação. Complexidade principalmente no que diz respeito a sua pernada, pois é o movimento mais antinatural se comparado aos quatro nados. Exige do nadador um grande aprendizado, adaptação e força onde pode sobrecarregar os joelhos. Quanto à coordenação essa dificuldade se dá, pois as ações motoras são alternadas entre braços e pernas. Portanto o nado Peito sugere-se a ser ensinado por último, pois o aluno já possui um desenvolvimento físico, motor e cognitivo, resultado do aprendizado dos outros nados (MANSOLDO, 1996).

4.     Resultados e discussões

    Os onze professores que participaram da pesquisa atuam com natação em toda a Educação Básica, ou seja, desde o ensino infantil até o ensino médio, dos dois aos dezoito anos.

    De acordo com a seqüência pedagógica utilizada pelo professor para ensinar os quatro nados, 91% dos professores que responderam à pesquisa, utilizam-se da seqüência Crawl, Costas, Peito e Borboleta. Assim indo de acordo com a proposta de Palmer (1990) e Velasco (1994). E somente 9% dos professores responderam ser outra e quando questionado por qual, a resposta foi a de trabalhar com uma variação na seqüência, o que pode ser bem interessante, desde que leve em consideração o grau de dificuldade de cada aluno (MANSOLDO, 1996).

    Após saber quais seqüências utilizadas por eles, foram questionados os porquês se utilizam dela. Estes 9% que respondeu utilizar-se de uma seqüência variada justificou que assim ela é menos cansativa e que existe uma participação mais efetiva de todos com um aumento na qualidade do movimento. Baseado nesta reposta entende-se que ele quer a participação dos alunos variando a aprendizagem dos nados durante as aulas dele, o que não quer dizer que seja pedagógico, pois é necessário saber um determinado movimento ou técnica para poder aprender movimentos novos com o intuito de que eles aprendam e participem e não só a participação.

    Dos demais, que se utilizam a mesma seqüência (Crawl, Costas, Peito e Borboleta), existe uma certa divergência entre suas justificativas; 36% dos professores nas suas respostas afirmam que esta seqüência é um processo pedagógico que parte do simples para o complexo, pensando e respeitando o devido grau de dificuldade dos alunos, divergindo com Mansoldo (1996), Catteau e Garoff (1990) e Silva (2007), que colocam o nado Peito como mais complexo.

    Outros 36% acreditam que esta seqüência é de maior facilidade para o aprendizado, indo de encontro às propostas de Palmer (1990) e Velasco (1994) que acreditam que o nado Borboleta exige muita força. Entende-se que mais simples é diferente de mais fácil e 9% dos professores justificou sua resposta para a seqüência que utiliza dizendo que cada aluno apresenta um desenvolvimento.

    A seqüência dos nados Crawl, Costas, Peito e Borboleta é a mais utilizada pelos professores, de acordo com os resultados desta pesquisa. Porém não fica comprovado de que ela é a melhor para que as crianças na escola aprendam a nadar. É evidente a individualidade de cada aluno e o professor deve perceber suas limitações para programar suas atividades, mas em uma turma com trinta alunos é necessário ter uma metodologia plausível pelo menos por turmas, para otimizar e melhorar o aprendizado desta modalidade tão importante segundo seus benefícios ao corpo e mente.

    O que fica claro é que os nados Crawl e Costas sejam ensinados primeiro por serem parecidos com o andar e correr deitados na água. Mas fica a sugestão de iniciar pelos nados Borboleta ou Peito, e outra sugestão seria a do professor aprender cada vez mais através da convivência com seus alunos, respeitando suas fases de aprendizagem, maturação e vivência no meio líquido.

5.     Considerações finais

    Através deste estudo pode-se perceber que atualmente não existe uma inovação no que diz respeito à seqüência pedagógica para ensinar os quatro nados. É utilizado um método que todos seguem por tradição ou por cópia, sem realmente refletir ou inovar sobre diversas possibilidades de ensinar.

    Esta pesquisa foi realizada através de um questionário, respondido pelos professores de Educação Física que ministram aulas de natação. Não foi acompanhada as aulas destes, portanto não seria preciso afirmar qual, única seqüência é mais eficiente para ensinar as crianças a nadar. Seria interessante uma nova pesquisa com um acompanhamento das aulas e das crianças através de diferentes seqüências, para uma melhor conclusão.

    O presente estudo teve o propósito de ajudar os professores de natação a primeiro avaliarem as dificuldades e características de seus alunos, para depois decidirem a melhor maneira de ensinar, através de literaturas e experiências que defendem seqüências diferentes.

    O professor deve “gostar do que esta fazendo e fazê-lo bem” (TURCHIARI, 1996, p.28). Para que assim conquiste o mesmo gosto dos alunos, que irão se beneficiar através da natação.

Referências bibliográficas

  • CATTEAU, R.; GAROFF, G. O ensino da natação. 3º edição. São Paulo. Manole, 1990.

  • CARVALHO, J. A Natação. Agrupamento de escolas de freixo. 2007.

  • MAGLISCHO, E. W. Nadando ainda mais rápido. São Paulo. Manole, 1ºed, 1999.

  • MANSOLDO, A. C. A iniciação dos 4 nados. São Paulo. Ícone, 1996.

  • MAKARENKO, L. P. Natação; Seleção de talentos e iniciação desportiva. Porto Alegre. ArtMed, 2001.

  • PALMER, M.L. A ciência do ensino da natação. São Paulo. Manole, 1990.

  • PEREIRA, R. S. Contribuição da prática de natação no desenvolvimento cognitivo de crianças na terceira infância. Trabalho de Conclusão de Curso. Centro Universitário Nove de Julho. São Paulo, 2007.

  • SILVA, C. G. S. Apostila da disciplina de Atividades Aquáticas. Centro Universitário Nove de Julho, 2007.

  • TAHARA, A.K.; SANTOS, D. R. P. As atividades aquáticas associadas ao processo de bem-estar e qualidade de vida. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 103. http://www.efdeportes.com/efd103/atividades-aquaticas.htm

  • TURCHIARI, A. C. Pré-escola de natação. São Paulo. Ícone, 1996.

  • VELASCO, C.G. Natação segundo a psicomotricidade. Rio de Janeiro. Sprint, 1994.

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