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A preparação física no atletismo nas provas de corridas

de meio fundo e de fundo na cidade de Curitiba, Paraná

La preparación física del atletismo en las pruebas de carreras de medio fondo y de fondo en la ciudad de Curitiba, Paraná

 

Universidade Federal do Paraná

Pontificia Universidade Católica do Paraná

(Brasil)

Dr. Valdomiro de Oliveira | Esp. Edson Bortaloci

Dr. Antonio Carlos Gomes | Dr. Paulo Roberto de Oliveira

Ms. Gislaine Cristina Vagetti | Esp. Aguinaldo Souza dos Santos

voliveira@ufpr.br

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo, de cunho descritivo, teve como objetivo investigar e analisar como ocorreu o treinamento na infância e na adolescência de ex atletas e atualmente professores de Educação Física (técnicos) que atuam no atletismo nas modalidades de corridas. Fizeram parte do estudo, 10 técnicos que atuam na preparação física nas modalidades de corridas. A coleta de dados foi realizada onde e durante aconteciam os treinamentos de seus atletas. Como instrumento de medida utilizou-se questionário semi-estruturado, aprovado pelo de Comitê Permanente Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos. Os dados foram coletados no mês de agosto de 2009, com a autorização de todos os técnicos por meio do termo de consentimento. Foram investigadas as fases de atividades que foram praticadas durante a infância e idade escolar de cada Professor de Educação Física (técnico), para isso foram divididas em duas fases: A iniciação e especialização na modalidade. Nos resultados observamos que na etapa de iniciação 100% dos professores já praticaram o atletismo na etapa de iniciação e a que mais praticava 50% citou novamente a modalidade, e que estas foram aprendidas e orientadas por professores de educação física na escola. Os tipos de provas que os professores praticam atualmente são as provas de meio fundo e fundo, sendo a primeira provas de 800m, 1,5k e 3k, já a segunda são provas de 5k, 10k, meia maratona e maratona. Do ponto de vista da preparação física os professores citaram aspectos relevantes para este contexto demonstrando o interesse por atuarem nas provas de corridas na atualidade. No que diz respeito a preparação física treinaram com mais ênfase a Resistência e força de resistência que são capacidades físicas decisivas em provas de corridas de meio fundo e de fundo.

          Unitermos: Preparação física. Atletismo. Corridas.

 

Abstract

          This study was a descriptive, aimed to investigate and analyze how teachers of physical education in athletics began working in the kind of races. Study participants, 10 technicians who work in the fitness mode races. Data collection was performed and where the training took place during their athletes. The measurement instrument was used questionnaire, approved by the Standing Committee of Ethics in Research Involving Human Subjects. Data were collected in August 2009, with the consent of all the specialists through the consent form. We investigated the phases of activities that were practiced during childhood and school of each physical education teacher, for this was divided into two phases: Initiation and expertise in the sport. In the results show that the initiation step 100% of teachers have practiced the sport in the stage of initiation and that 50% practiced more he returned to the sport, and that they learned and were guided by physical education teachers at the school. The types of evidence that teachers currently practicing evidence middle bottom and bottom, the first evidence of 800, 1.5 k and 3k, while the latter is proof of 5k, 10k, half marathon and marathon. From the standpoint of fitness teachers mentioned aspects in this context, so the physical preparation for the resistance and drag.

          Keyword: Physical preparation. Athletics. Racing.

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 146 - Julio de 2010

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Introdução

    O atletismo segundo Fernandes (1998), não se limita somente à resistência física, mas integra essa resistência à habilidade física, ele dividido em três tipos de provas, onde são disputadas individualmente que são as corridas, os saltos e os lançamentos, podemos verificar ainda que as provas de atletismo são atividades naturais do homem: o andar, o correr, o saltar e o arremessar, por esta razão, é considerado o atletismo o “esporte base”.

    Além disso, o desenvolvimento dessas habilidades é necessário à prática de outras modalidades esportivas, por exemplo, podemos observar um jogador em atividade numa partida de futebol, basquetebol ou voleibol, durante o jogo, ele anda, corre, salta e pratica arremessos. Por isso, um jogador de futebol, basquetebol ou voleibol procura sempre desenvolver essas habilidades que são “base” dos conjuntos de atividade física do praticante dessas modalidades.

    A história desta modalidade inicia com a própria evolução da humanidade, quando o homem primitivo praticava suas atividades naturais para sobrevivência. Já no Brasil está modalidade se inicia segundo Matthiensen (2007), em 1910 foram registradas as primeiras competições da modalidade no nosso pais, a qual a entidade responsável era CBD (Confederação Brasileira de Desportos). Em 1912 foi criada a IIAF (International Amateur Athletic Federation), Federação Internacional de Atletismo Amador, sendo esta sigla modificada no ano 2001, passando a se chamar (International Association Athetics Federations), ou seja Associação Internacional das federações de atletismo. Atualmente a entidade que é representa o atletismo no pais é a CBAT (Confederação Brasileira de Atletismo), a sendo fundada em 1977. Este esporte está tornando cada vez mais popular, devido à grande procura por corridas de rua, e foi o que mais cresceu nos últimos anos, porém chega a reunir em uma única prova 25 mil pessoas. (EVANGELISTA, 2009).

    Porém são organizadas por secretárias de esporte de cidades ou entidades particulares, o grande detalhe é que todos podem participar desde crianças autorizadas pelos seus pais até idosos, desde que gozem de uma boa saúde, utilizar indumentárias corretas está pessoa pode desfrutar desta prática. Outros fatores importantes devem ser destacados, é os Professores de Educação Física que incentivam na escola estas crianças, tornando assim a facilidade de ascensão a este esporte. A modalidade Atletismo está próxima a todos nós, pois dependemos da corrida, saltar e arremessar ou lançar, um gesto natural do corpo que involuntariamente ele realizado, e com isso surgiu à possibilidade de investigar com treinadores e/ou técnicos que trabalham com está modalidade na sua magnitude, contando assim minha experiência como professor da rede estadual de ensino e atleta da modalidade de corridas de fundo a mais de dez anos.

    A partir desta prática tornou-se de grande relevância evidenciar quais são as preocupações dos técnicos e professores quanto ao condicionamento físico de seus atletas dentro de suas categorias, e de que forma estão sendo planejados e aplicados estes treinamentos.

    A participação de crianças e jovens em atividades esportivas vem crescendo cada vez mais, o que impõe mudanças na vida das mesmas. Assim o presente estudo tem por finalidade de obter maiores informações referentes à criança e jovens. A pratica esportiva e às condições e efeitos que estes implicam sobre as mesmas e a relação que estes fatores possibilitam e influenciam a descoberta de novos talentos esportivos dentro das perspectivas dos modelos teóricos estabelecidos por investigadores esportivos. Este estudo busca enriquecer o campo científico, no que se refere a estes tema.

    Segundo Weineck (2003), o desempenho esportivo só pode ser atingido, se houver uma base necessária durante a infância e a juventude, isso requer um planejamento minucioso e prolongado. O atletismo não foge desta regra se houver um bom planejamento, respeitando as fases deste individuo, ele obterá resultados a curto,médio e a longo prazo. A partir desta problemática questiona-se como aconteceu a desenvolvimento de ex atletas que atualmente são professores e técnicos de relevância estadual, especificamente no planejamento e aplicação dos treinamentos físico na modalidade de atletismo corridas de meio fundo e de fundo.

    Diante a esta questão problema procurou-se verificar as competências técnicas físicas dos profissionais responsáveis por treinamentos nestas Categorias? Como os professores técnicos percebiam a organização de seus treinamentos em diferentes faixas etárias em suas trajetórias de vida desportiva? Investigar como ocorreu o desenvolvimento do treinamento físico de ex atletas que atualmente são professores de Educação Física (Técnicos) na cidade de Curitiba Paraná

  • Verificar como foi a preparação física dos professores (técnicos) na etapa de iniciação desportiva e suas fases de desenvolvimento

  • Identificar como ocorreu a preparação física dos professores (técnicos) na etapa de especialização desportiva e suas fases de desenvolvimento

  • Diagnosticar a relação profissional dos professores técnicos na atualidade com suas trajetórias de vida desportiva no atletismo

Material e métodos

Tipo de pesquisa

    O presente estudo adota uma metodologia de natureza quantitativa/descritiva que segundo Thomas e Nelson (2002) é um estudo de status e é amplamente utilizada na educação e nas ciências comportamentais. O seu valor está baseado na premissa de que seus problemas podem ser resolvidos e as práticas melhoradas por meio de observação análise e descrições objetivas e completas.

População amostra

    A população do presente estudo foi formada por professores de atletismo na modalidade de corridas, sendo todos com formação na área de educação física e que atuam na preparação física de crianças e adolescente. A amostra do presente estudo será constituída de 10 professores de ambos o sexo masculino e feminino. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, comprovado pelo Termo de Consentimento Livre e Esclarecido fornecido numero - FR-290691. As entrevistas, depois de gravadas, foram transcritas na íntegra para posterior análise.

Cálculos para tamanho da amostra

    A amostra deste estudo será calculada a partir das diretrizes para determinação do tamanho da amostra de Tritschler (2003) que explana que para pesquisas descritivas a amostra deveria ser maior ou igual a 10% da população, perfazendo assim de acordo com a população, um mínimo de sujeitos, que foram escolhidos levando-se em consideração os critérios a seguir relacionados.

Critérios de inclusão

  • Ser um Profissional Formado na área de Educação Física;

  • Estar atuando como treinador ou técnico de atletismo na modalidade de corridas;

Critérios de exclusão

  • Profissional de outra área; 

  • Estagiário de Educação Física 

  • Atuar em outra modalidade de treinamento

Instrumentos de coleta de dados

  • Foi utilizado questionário com perguntas e com respostas Descritivas abertas e fechadas de acordo com Nelson e Thomas (2002).

Procedimentos de coleta de dados

  • Os Profissionais de Educação Física, receberão os questionários pelo próprio pesquisador nos locais e horários dos treinamentos e serão orientados com relação ao preenchimento do mesmo.

Análises de dados

  • Para o tratamento estatístico dos dados será utilizada a estatística descritiva, com apresentação de média e desvio padrão dos dados coletados.

Riscos e benefícios

  • Benefícios: O Objetivo também da pesquisa é obter conhecimentos relevantes às necessidades dos treinadores e dificuldades caso exista com a preparação física das crianças e adolescentes.

  • Riscos: O Avaliador poderá suspender a pesquisa, quando um avaliado vir a sofrer algum tipo de falta em quaisquer datas do treinamento de seus atletas.

Resultados e discussão

Análise e discussão dos resultados

    Os dados coletados são apresentados em quadros e gráficos. Posteriormente, apresentamos a discussão dos resultados em cada etapa. Em seguida, discorremos sobre os resultados da primeira etapa – etapa de iniciação desportiva. Na segunda parte, apresentamos os resultados da etapa de especialização desportiva – Atletismo

O processo de iniciação e especialização dos Professores de Educação Física na modalidade de corrida do atletismo

    Para discutir como ocorreu o processo de ensino das competências técnicas e no desenvolvimento das capacidades físicas dos professores que trabalham com a modalidade, foram agrupados, tendo como referências categorias comuns, em duas etapas no período de desenvolvimento: a primeira etapa, iniciação desportiva, corresponde ao período completo do desenvolvimento dos professores na iniciação ao desporto, a qual é dividida em três fases; vivência de atividades variadas, aprendizagem diversificada de modalidades coletivas, e prática automatizada e refinada – aprendizagem inicial em uma ou mais modalidades. A segunda etapa é a especialização desportiva, a qual mostra o treinamento especializado no Atletismo em 2 níveis: dedicação exclusiva no atletismo, aprofundamento e aproximação ao treinamento adulto.Etapa de Iniciação Desportiva dos Professores de Educação Física na Modalidade de Corridas do Atletismo

    No período da infância, compreendida, pela literatura especializada, como sendo até os 10 anos de idade, questionou-se os professores de educação física sobre quais atividades motoras foram praticadas por eles. O quadro abaixo apresenta participação dos profissionais nas diversas atividades motoras praticadas durante a infância.

Quadro 1. Atividades motoras vivenciadas pelos Professores de Educação Física durante a infância

Corria, saltava, pulava, trepava, rolamentos, arremessavam, jogos e brincadeiras, andavam de bicicleta, subiam em arvores, atividades com bolas, joguinho de futebol na rua.

    De acordo com os depoimentos dos professores, essa fase – infância – foi repleta de brincadeiras, as atividades eram livres, recreativas, a prática de desportes não o objetivo; as brincadeiras eram relacionadas aos padrões motores, correr, saltar e arremessar, predominantes do Atletismo. Essa fase propiciou, aos professores, uma infância rica em movimentos, segundo Pini e Carazzatto (1983), na idade pré - escolar (3-7 anos), a criança deve participar de atividades naturais como andar, saltar, correr, estando habilitado para realização de uma diversa gama de exercícios elementares, pois encontra-se com disposição e maturação suficientes.(Weineck, 1991).

    Gallahue e Osmun (1995) defendem o desenvolvimento de movimentos fundamentais por intermédio das atividades motoras variadas, objetivando o prazer, a alegria, a interação, sempre aprendendo novos movimentos básicos.

    A partir deste contexto reafirmamos de como é importante o papel da educação física no processo de desenvolvimento e na aquisição de habilidades, por meio das atividades motoras, brincadeiras e pequenos jogos, em uma quantidade e qualidade ótima para contribuir com o desenvolvimento motor, intelectual e social das crianças. Porém defendemos que os conteúdos da educação física, no âmbito formal do ensino, sejam aplicados também fora dele, no ensino não formal, uma vez que os mesmos contribuem diretamente para a formação, educação e gosto das crianças pelo desporto, parece-nos que as atividades praticadas pelos atletas na infância, em forma de brincadeiras e jogos, serviram como suporte para seu interesse em iniciar a aprendizagem dos desportos individuais. Podemos constatar essa afirmação quando os inquirimos sobre quais modalidades desportivas eles aprenderam.

Quadro 2. Modalidades desportivas aprendidas pelos Professores de Educação Física, durante a etapa de iniciação desportiva

Modalidade

Quantidade

%

Atletismo

10

100%

Voleibol

8

80%

Futebol

8

80%

Basquetebol

6

60%

Handebol

5

50%

Natação

2

20%

Punhobol

1

10%

Ciclismo

1

10%

    O quadro demonstra as modalidades desportivas que os professores de educação física aprenderam nesta fase, em sua totalidade 100% citaram o atletismo a qual foi praticado durante este período, na seqüência o voleibol e o futebol com 80% de citação dentre todas as outras modalidades.

    Os profissionais demonstraram grande interesse, nessa fase, em conhecer e aprender várias modalidades desportivas além das Corridas praticavam também voleibol, basquete, handebol, natação, atletismo, futebol e punhobol, afirmando com que a literatura citada por autores, os quais relatam que é de grande importância para aumentar o repertório motor dos praticantes antes da especialização (Kreb’s, 1992; Gallahue e Osmun, 1995).

    Weineck (1991) ressalta que a capacidade motora assume um importante papel para o processo de interação social, possui alta consideração, no qual quem consegue correr mais rápido, pegar uma bola bem ou subir com agilidade, passa a ser “um conhecedor motor e é cobiçado como parceiro de jogo”

    Diante desses resultados, podemos dizer as modalidades praticadas pelos profissionais fez com que os mesmos além do atletismo na modalidade de corridas ser também praticantes da área conseguissem ser treinadores da mesma modalidade.

    A idade ideal de estimulo da capacidade aeróbia nas crianças é em trono dos 12 e 13 anos para as meninas e dos 13 e 14 anos para os meninos, porém nesta fase a ênfase do treinamento deverá ser de caráter geral, e não especifico tais como os jogos lúdicos devem ser estimulados e as distancias variam entre 600 e 1200m as quais são as mais indicadas para um inicio de trabalho (EVANGELISTA, 2009).

    O autor cita ainda que as crianças maiores possuem vantagens mecânicas em relação as menores, e não se deve exigir desempenho similar nesse caso, sendo a resistência aeróbica deve ser trabalhado nesta faixa de idade, uma vez que esta capacidade fornece a base para a velocidade, força rápida, resistência de força e habilidade geral.

    Após a aprendizagem de várias modalidades desportivas caracterizadas nos depoimentos dos professores de Educação Física, apresentamos as modalidades mais praticadas pelos profissionais durante a etapa de iniciação desportiva.

Quadro 3. Modalidades desportivas mais praticadas pelos professores de educação física na etapa de iniciação desportiva

Atletismo

5

50%

Futebol

4

40%

Voleibol

2

20%

Basquetebol

1

10%

Natação

1

10%

    O Atletismo nesta fase, predominou com maior interesse pelos profissionais de Educação Física, sendo assim 50% do total citaram a modalidade que mais praticou na fase de iniciação, relataram que essas atividades eram praticadas em pistas, ruas, parques, estradas de terra e no colégio, já o futebol foi citado por 40%, este fato é interessante pois no Brasil, nossa cultura propicia a prática do futebol em todas as camadas sociais e regiões.

    Os Professores citaram ainda que seus professores foram os maiores incentivadores para a prática da modalidade do atletismo, conseqüentemente da forma que foi ensinado, do ponto de vista pedagógico foi absorvido pelos profissionais e assim pegando gosto pela modalidade em destaque, as idades que estes profissionais começaram a praticar com maior ênfase foi dos 13 aos 15 anos.

    De acordo com Vieira e Vieira (2001) é importante não somente para manter o jovem talento na área, mas para aumentar a intensidade do tempo gasto com atividades no processo de aprendizagem específicas na sua área de maestria. Outros talentos que não iniciavam sua participação esportiva na escola receberam convites dos professores de Educação Física ou dos técnicos, em competições ou na rua, porém isso ocorreu devido às características corporais, tais como: forma, tamanho de corpo e aparência física.

    Ressalta-se, nessa etapa da detecção do talento o papel importante do professor de Educação Física como uma das pessoas que auxilia o processo de desenvolvimento dos talentos conseqüentemente esse contato com outros adultos que não os pais, fora de casa, a partir da infância,

    Cratty (1984) afirma que, nesse período do desenvolvimento, os adolescentes atribuem ao desporto importância à percepção de competência em uma ou outra modalidade.

    Paes (1989) assinala que busca-se, nessa fase, a aquisição básica ao lado de um desenvolvimento psicomotor integral, para possibilitar a execução de tarefas mais complexas; no entanto, isso não significa que essa fase deva ocorrer para a formação obrigatória de atletas. Essa fase deve compreender, na escola, as 7ª e 8.ª séries, e 13 a 14 anos na idade cronológica.

Quadro 4. Especialização desportiva dos professores de educação física no atletismo

Corridas de Meio Fundo

5

50%

Corridas de Fundo

10

100%

    A etapa de especialização desportiva pode ser definida pela passagem pelas experiências da etapa de iniciação desportiva, generalizada e diversificada, para o treinamento especializado, específico e próprio de uma modalidade desportiva.

    De acordo com Bronfenbrenner (1996), aumentam as possibilidades de desenvolvimento da criança, na medida em que as atividades sejam responsáveis e orientadas para a tarefa, gradativamente os talentos buscam por atividades esportivas, em que se evidencia o terceiro atributo da pessoa é o grau pelo qual as crianças são dispostas a procurar atividades mais complexas acabam reestruturando o seu ambiente.

    Discutiremos a seguir os dados coletados na etapa de especialização desportiva no Atletismo no que refere-se, a de dedicação Exclusiva na Modalidade e Aspectos físicos e técnicos.

Etapa de Dedicação Exclusiva dos Profissionais de Educação Física no Atletismo

    Para falar sobre a dedicação Exclusiva dos professores no atletismo na modalidade de corridas, foi questionado que tipos de provas eles praticavam, no quadro acima mostra que100% participam de provas de fundo e que 50% destes também fazem provas de meio fundo, porem estas provas podem ser praticadas em ruas, estradas ou pistas, sendo afirmados pelos próprios profissionais, conforme afirma Pastre et al (2007) e Evangelista (2009), entendem como provas de meio fundo corridas de 800 m, 1,5k e 3k, já as Corridas de Fundo variam entre 5k, 10k, meia maratona e maratona.

    Segundo Bompa (1995) a especialização é inevitável. Sendo assim, para alcançar a alta performance, os gestos próprios e específicos do basquetebol tomam grande parte do treinamento e das competições. Para Filin (1996) essa fase é a do aperfeiçoamento desportivo, e dá-se início à preparação especial, física, técnica e tática, voltada para a especificidade do basquetebol. Dessa forma, busca-se apresentar e discutir como ocorreu o treinamento dos atletas em relação à quantidade de horas de treinamento e idade de dedicação exclusiva no basquetebol. No gráfico 1, mostramos como se deu esses fatores na etapa de especialização em basquetebol para os atletas da seleção brasileira de basquetebol.

Quadro 5. Perfil dos conteúdos aprendidos e praticados pelos professores de educação física na etapa de especialização de corridas

Sujeito

Físico

Técnico

P1

Percursos contínuos, tiros médios e longos

Educativos e de Coordenação

P2

Fortalecimento e Musculação

Coordenação

P3

Treinamento aeróbico de 5 a 8 vezes por semana, fortalecimento muscular

Aspecto técnico da corrida aeróbica de longa distancia

P4

Corrida de Resistência e Velocidade

Coordenação motora especifica de corrida e de ritmo

P5

Resistência, resistência de velocidade, velocidade, musculação

Coordenação especifica

P6

Corrida de resistência e Velocidade

Coordenação especifica de corrida

P7

Corridas intervaladas e Resistência

Coordenação especifica

P8

Corridas e Velocidade

Especifico da modalidade e Alongamento

P9

Resistência

Coordenação de passada

P10

Resistência e Velocidade

Coordenação de Ritmos da Modalidade

    O quadro 5 mostra a fase de treinamento especializado dos professores de educação física na modalidade de corridas do atletismo em relação aos conteúdos do treinamento físico, técnico. Constatamos nos resultados diagnosticados com os profissionais que o treinamento das capacidades físicas foram evidenciados tais como: Resistência e a força.

    Evangelista (2009) cita que o desenvolvimento da resistência é uma tarefa complexa devido ao fato de, na maior parte das modalidades desportivas, existirem diferentes combinações dos componentes aeróbicos e anaeróbicos presente no desempenho, esta característica do ponto de vista do treinamento ela é a base para se obter um ganho nesta capacidade física.

    Segundo Platonov (2004) define a resistência como a capacidade psicofísica do desportista em resistir e superar a fadiga, desta forma um atleta com boa resistência é aquele que não se cansa facilmente ou que é capaz de prolongar o exercício em estado de fadiga.

    Já a força é uma característica para melhorar a força de resistência de um atleta durante as fases da corrida entende por esta condição física como a capacidade de manter um nível constante de força durante um tempo de uma atividade ou gesto desportivo (MANSO, 1999) e que pode ainda ser aeróbia ou anaeróbia.

    Em corridas de longa distância se utiliza a resistência de força aeróbia onde os músculos resistem a fadiga com uma provisão suficiente de oxigênio (Barbanti,1997 citado por GUILHERME, et al). As distâncias empregadas nos treinos de rampas dependem de vários fatores como a fase de preparação do atleta ou sua especialidade (MANSO, 1999).

    Muitos são os meios para se desenvolver a resistência de força, alguns são referencialmente utilizados devido sua facilidade de aplicação. Entre estes podemos mencionar o circuito ou a corrida em rampas.

    Nos resultados obtidos o treinamento intervalado é de grande importância, como cita Evangelista (2009), que o atleta melhora sua capacidade aeróbica por meio da hipertrofia cardíaca este seria as fases do estimulo, aumentando assim a cavidade cardíaca durante a fase de recuperação, este método comparado aos métodos contínuos, permite ainda a aplicação de um maior volume de carga para intensidades mais elevadas durante um treinamento aeróbico.

    No aspecto técnico os professores de educação física citaram na sua grande maioria os aspectos de coordenação especifica da corrida, ou seja os educativos específicos, Evangelista (2009) cita que os exercícios de educativos são usados para melhorar a economia da corrida do praticante, porém estes devem ser enfatizados no inicio de um treino e aplicados regularmente durante as etapas de um planejamento, estes também servem para melhorar a coordenação de movimentos.

    Segue exemplos de alguns educativos:

  • Skiping Alto: é a elevação alternada dos joelhos até a altura do abdômen correndo no lugar;

  • Skiping baixo: é a elevação alternada dos joelhos até a altura dos quadris, correndo no lugar;

  • Anfersen: é correr no lugar ou em locomoção tocando os calcanhares;

  • Haupserlaufen: é a corrida alternada por saltos, com elevação dos joelhos e o conseqüente trabalho de braços;

  • Dribling: é a corrida rápida no lugar elevando minimamente os pés, comtrabalho de braços rápidos.

Considerações finais

    Ao finalizar as idéias propostas inicialmente, as quais espera-se que abra mais caminhos e alternativas para novas discussões no campo de treinamento físico dentro do atletismo na modalidade de corridas, o professor de Educação Física, quando praticante da modalidade e treinador de futuros praticantes na modalidade conseguirá refinar e potencializar a qualidade do trabalho para os seus alunos de forma gradual, onde haja um trabalho de forma aplicada e controlada das capacidades físicas e respeitando suas limitações.

    Observamos na literatura que muitas vezes o Professor de Educação Física descobre na escola um futuro talento nesta modalidade apenas pelo gesto motor, consequentemente este deverá orientar para que este talento seja trabalhado de forma gradual e que não se fruste com o tempo. Nosso pais é tão carente de atletas que não conseguem seguir este caminho, talvez ele até mesmo tenha boa vontade, mas por falta de incentivos financeiros não conseguem pagar um vale transporte para deslocamento aos seus treinos e com isso acaba desistindo.

    Observamos nos resultados que os Professores de Educação Física que hoje são treinadores da modalidade de corridas, seus principais incentivadores na infância, foram seus próprios professores da mesma profissão que os seguem; sendo assim com o aumento das corridas de rua em todo Brasil, venha surgir mais profissionais desta área dentro do contexto da corrida, sendo assim serão os multiplicadores nas escolas de ensino básico de forma correta respeitando suas idades e suas limitações.

    Os profissionais que participaram da pesquisa, diante dos resultados 50% tiveram afinidade com a modalidade do atletismo já na fase de iniciação, fez com que procurassem a se desenvolver com mais dedicação na fase adulta.

    Estes professores diante dos resultados obtidos na pesquisa mantevem um entendimento com a literatura no que diz respeito a seus tipos de treinamentos individuais, levando em consideração as valências físicas predominantes com mais exclusividade da corrida as quais são resistência e a força de resistência, sendo características das provas de meio fundo e fundo modalidades que os profissionais destaque.

    Pelo que foi observado no decorrer desse trabalho a preparação física apesar, de constituir-se num fator de extrema importância na formação de um atleta, do ponto de vista do treinamento ele foi absorvido e evidenciado pelos profissionais de educação Física durante uma preparação física, fato leva crer que seus alunos são e serão treinados por profissionais competentes que conhecem a modalidade na teoria e a prática, e com as quais serão bem orientados e fundamentados do ponto de vista da preparação física. Dessa forma pode-se afirmar inicialmente a importância das experiências praticas como atletas para a formação de futuros técnicos de atletismo, porém sabe-se que esse fator não se limita nessas condições, ou seja nem sempre bons atletas são bons técnicos.

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