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Contribuição do programa multidisciplinar de atendimento á 

saúde do idoso na melhora do estilo de vida: um estudo de caso

Aportes del programa multidisciplinar de atención a la salud de la

persona mayor a la mejora del estilo de vida: un estudio de caso

 

*Bolsista do Grupo de Extensão e Pesquisa em Exercício e Saúde – GEPES / Unesc

**Professor coordenador do Grupo de Extensão e Pesquisa em Exercício e Saúde – GEPES / Unesc
(Brasil)

Maiara da Silva Joaquim*

Joni Márcio de Farias**

jmf@unesc.net

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo tem como objetivo verificar a contribuição de um programa de exercício físico na melhora do estilo de vida de idosos, na perspectiva de avaliar se um programa que realiza somente uma seção de exercício semanal melhora aspectos de saúde e estilo de vida de idosos? A população do estudo foi composta por 27 idosos de ambos os sexos, com faixa de idade de 60 a 75 anos, 21 idosos do sexo feminino e 6 do sexo masculino, dividido em três grupos (GD praticava a atividade de dança, o GM musculação e o GH hidroginástica). Os aspectos físicos avaliados (pré e pós-teste) foram peso corporal, estatura, dobras cutâneas, força e resistência de membro superior, abdominal, e flexibilidade de quadril. Para os aspectos de saúde foi utilizado o questionário de risco coronariano, e para os aspectos emocionais foram avaliadas a auto-imagem, auto-estima e a qualidade de vida. Os resultados encontrados demonstram que a intervenção do programa não foi suficiente para apresentar melhoras significativas na composição corporal (> 2,2%) e que apresentou reduções nos níveis de flexibilidade (< 11%) de idosos de ambos os sexos. Porém, demonstrou ser relevante para as capacidades físicas de força e resistência de membro superior (< 87,5%) e abdominal (> 13%), para a auto-imagem (< 6%) e auto-estima (< 9%), proporcionando também efeitos positivos no estado geral de saúde e na qualidade de vida (melhora de < 19% em cada uma destas variáveis). Comparando os grupos, a Dança foi à atividade que proporcionou alterações expressivas na composição corporal, nas capacidades físicas e no estado geral de saúde, a Musculação proporcionou alterações relevantes apenas na composição corporal e nas capacidades físicas e a Hidroginástica foi à atividade que proporcionou alterações importantes nos aspectos emocionais de auto-imagem e auto-estima e qualidade de vida. Conclui-se que o programa não apresentou melhoras significativas estatisticamente na saúde e no estilo de vida de idosos, mas extremamente importante e expressiva do ponto de vista emocional e social, pois contribuiu para a melhora de certos aspectos do estilo de vida não avaliados, mas relevantes para o desenvolvimento da própria valorização, do bem estar geral, de novas amizades e experiências e a conscientização dos benefícios de se manter um estilo de vida ativo e saudável. No entanto ressalta-se a necessidade de programas que proporcione uma periodicidade maior do que a apresentada para que todos os possíveis benefícios sejam alcançados.

          Unitermos: Envelhecimento saudável. Programas multidisciplinares. Estilo de vida. Exercício físico.

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 145 - Junio de 2010

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Introdução

    O envelhecimento mundial é um fenômeno que tem sido muito discutido nas últimas décadas, iniciando no final do século XIX em alguns países e se espalhando no mundo todo, inclusive no Brasil, justificados pela transição demográfica. Dados confirmam que a população mundial com idade igual ou superior a 60 anos compreende cerca de 11% da população geral, com expectativa de aumento nas próximas décadas. No Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístico - IBGE, a população de idosos em 1991 era de 7,3%, e em 2010 deverá chegar por volta de 10%. (SOUZA e IGLESIAS, 2002).

    O processo natural de envelhecimento tem sido associado a um conjunto de modificações estruturais e funcionais em diversos sistemas orgânicos, resultando na diminuição da habilidade individual, na realização de inúmeras atividades da vida diária, limitando a qualidade de vida do idoso e predispondo-o a inúmeras doenças. (KRAUSE, 2006). Essas doenças, diagnosticadas no idoso, tendem a apresentar complicações e seqüelas que comprometem a independência e a autonomia do idoso. Desta forma há um aumento da prevalência de doenças crônicas e incapacidades, necessitando assim uma mudança dos padrões na saúde pública. (RAMOS, 2003).

    Com o processo de envelhecimento, temos um aumento da prevalência de doenças crônicas e incapacidades, necessitando uma mudança de paradigma na saúde pública. As doenças diagnosticadas num indivíduo idoso geralmente são crônicas, e se não forem devidamente tratadas e acompanhadas ao longo dos anos, tendem a apresentar complicações e seqüelas que comprometem a independência e a autonomia do paciente. Conforme Ramos (2003), embora a grande maioria dos idosos seja portador de pelo menos uma doença crônica, nem todos ficam limitados por elas, e muitos levam vida perfeitamente normal, com as suas enfermidades controladas e expressa satisfação na vida.


    Por ser um segmento com grandes progressões e por apresentar características complexas frente á saúde, um dos desafios atuais refere-se a atendimentos cada vez mais especializados na área da geriatria e gerontologia. Estes atendimentos possibilitam ao idoso maior segurança quando acometido a certas doenças e complicações. Tais aspectos auxiliariam nos problemas de saúde pública, onde idosos acabam consumindo mais serviços de saúde, as internações hospitalares são mais freqüentes e o tempo de ocupação do leito é maior quando comparado a outras faixas etárias, justificado pelas doenças crônicas e múltiplas desencadeadas pelos idosos, onde perduram por vários anos e exigem acompanhamentos constantes, medicação continua e exames periódicos. (JORGE, 2008).

    Para Carvalho (1996) os governos devem considerar a atividade física como questão fundamental de saúde pública, divulgando as informações relevantes ao seu respeito e implementando programas para uma prática orientada. As entidades profissionais, científicas, os meios de comunicação e as forças organizadas da sociedade devem contribuir para a redução da incidência da inatividade física e a massificação da prática orientada de exercícios físicos.

    Dentro da perspectiva de implementação de programas voltados para a saúde do idoso, as universidades se mostram grandes precursoras deste segmento. Segundo Veras e Caldas (2004) este segmento vem recebendo ampliação desde os anos 70, disseminando conceitos e experiências práticas que representam uma forma de promover a saúde a partir de ações de diversas áreas empenhadas com a inclusão do idoso como sujeito ativo na sociedade. Segundo o mesmo autor, investigações vêm mostrando que cada vez mais se investigam maneiras de melhorar a qualidade de vida desta população, e uma das formas que mais estão em evidencia são os programas para a promoção da saúde.

    O envelhecer com saúde se da pela resposta da participação em exercícios físicos regulares, que acabam por fornecer um número de respostas benéficas ao processo de envelhecimento (ACSM, 2009). O exercício físico contribui em diversos aspectos da vida cotidiana (sociais, psicológicos e biológicos), ajudando na melhoria do seu bem-estar geral, melhorando sua saúde, qualidade de vida através de um estilo de vida mais ativo e conseqüentemente na reintegração destes na sociedade.

    A relação entre exercício físico, saúde, qualidade de vida e envelhecimento vem sendo cada vez mais discutida e analisada cientificamente, como forma de deter ou retardar o processo do envelhecimento para garantir a autonomia e independência dos idosos. As complicações e os tratamentos gerados pelo processo de envelhecimento podem ser evitados através da prática de exercício físico, pois, além de combater a inatividade física contribui de maneira significativa para a manutenção da aptidão física do idoso, tanto para sua saúde como para suas capacidades funcionais.

    Assim sendo, a presente pesquisa teve por objetivo verificar a contribuição de um programa de exercício físico na melhora do estilo de vida de idosos, avaliando os aspectos do estilo de vida, verificando os aspectos do nível de aptidão física e estado atual de saúde e como também correlacionar diferentes tipos de atividades com os possíveis benefícios.

Metodologia

Amostra

    A amostra da pesquisa foi intencional, não probabilística, constituída por 27 idosos voluntários com idade entre 60 e 75 anos, 21 do sexo feminino e 6 do sexo masculino, oriundos do Programa Multidisciplinar de Atendimento a Saúde do Idoso da Universidade do Extremo Sul Catarinense da cidade de Criciúma/SC. O Programa é direcionado aos idosos da cidade de Criciúma e região/SC, no qual dispõe de três tipos atividade física durante a semana (Dança, Musculação e Hidroginástica), onde o idoso pode participa apenas em uma das atividades.

    Para melhor compreensão e delineamento do estudo, os idosos foram divididos nos grupos conforme a prática estabelecida no Programa Multidisciplinar de Atendimento a Saúde do Idoso, ou seja, grupo de Dança (GD), Musculação (GM) e Hidroginástica (GH). A participação dos idosos na pesquisa se firmou perante a entrega do atestado medico referente a atividade praticada, aceitação e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. A pesquisa teve seu projeto submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo seres humanos da Unesc, Criciúma/SC.

    Foi estabelecido como critério de inclusão, ter idade igual ou superior a 60 anos, de ambos os sexos, ser participante do Programa Multidisciplinar de Atendimento a Saúde do Idoso, não apresentar problemas de saúde que limitem a prática de exercício físico, ter disponibilidade de tempo para participar do programa de forma sistemática, apresentar consentimento livre e esclarecido assinado e apresentar atestado médico referente à atividade praticada. Os participantes que não se enquadraram nos critérios de inclusão desta pesquisa foram excluídos do estudo.

Materiais e métodos

    As variáveis analisadas na coleta de dados para a avaliação morfológica foram peso corporal, estatura, IMC e percentual de Gordura (%G), todos segundo protocolo de Petroski (2007). Para avaliar a aptidão física foram utilizados os testes de força e resistência abdominal e de membro superior e o teste de flexibilidade do quadril, segundo protocolo de Nahas (2003). A coleta de dados também consistiu na aplicação dos questionários de auto-imagem e auto-estima rio de (STEGLICH, 1978 apud MARCELINO, 2008), qualidade de vida SF-36 (CICONELLI, 1999), e risco coronariano (MCARDLE, KATCH E KATCH, 1993). Todas as variáveis analisadas foram coletadas antes e após três meses de intervenção do programa, no qual respeitavam o horário e dia disponível do avaliado bem como a restrição da avaliação após a atividade física praticada. As avaliações foram realizadas na sala de Cineantropometria e na pista de atletismo do Curso de Educação Física da Unesc/SC.

Tratamento estatístico

    A análise dos dados foi realizada a partir da estatística descritiva (média e desvio padrão), utilizando o programa Software Microsoft Excel 2007.

Análise dos dados e discussão

    Por meio dos resultados descritivos, a população deste estudo configurou-se como uma população de 60 a 75 anos. A idade do grupo GD apresentou média de 65 anos (DP+4,4), GM média de 65 anos (DP+5,1), e GH média de 64 anos (DP+3,2) para o sexo feminino. Para o sexo masculino o grupo GD apresentou média de 65 anos, o GM com média de 65 anos (DP+3,6), e o GH média de 67 anos. Referente ao peso corporal, o grupos do sexo feminino apresentaram média de 69,2 +9,38 Kg para GD, média de 76,96 +16,67 Kg para GM e média de 68 +4,13 Kg para GH, enquanto que a amostra do sexo masculino apresentou média de 90,77 +0,89 Kg.

    Uma observação importante é feita por Shephard (2003), onde ressalta que pessoas mais velhas têm mais dificuldade de reduzir seu peso corporal comparado a indivíduos mais jovens. Este fato acontece em virtude dos idosos possuírem tolerância limitada aos exercícios em função das suas perdas nas capacidades funcionais, sugerindo que a atividade física parece melhorar a composição corporal se for realizada em período de tempo prolongado o que não foi possível neste estudo.

    Outro estudo realizado por Barbosa (2001) que avaliou os efeitos de 10 semanas de treinamento contra resistência sobre a composição corporal, realizado três vezes por semanas, demonstrou que o programa de treinamento utilizado não foi eficaz para provocar alterações significativas na composição corporal de idosas. Farinatti (2008) corrobora descrevendo que um programa regular de atividade física exerce influencia nos componentes da composição corporal, se este considerar a duração, freqüência semanal e intensidade de esforço da atividade.

    Relativo ao estado de saúde, a avaliação do risco coronariano apresentou resultados que classificam os grupos femininos e masculinos com risco moderado para desenvolver doença coronariana, que varia de 25 a 31 pontos, no qual os grupos GD, GM, GH e a amostra masculina atingiram os valores de 25, 26, 29 e 27 pontos respectivamente. Para relacionar os resultados apresentados, Powers e Howley (2000) destacam que a dieta, o controle do estresse e a atividade física regular parecem ser os fatores modificáveis que mais influenciam a redução dos riscos a doença cardíaca. As evidências mostram que quando o nível de atividade física habitual aumenta os fatores de risco para desenvolver esta doença diminuem, onde indivíduos inativos possuem quase o dobro de chance de apresentar esta doença comparada a um individuo ativo, que segundo Matsudo, Matsudo e Neto (2001), este fator proporciona um impacto direto na mortalidade e longevidade.

    Na figura 1 e 2 estão os resultados da composição corporal (IMC e % de gordura) dos grupos do sexo feminino e do sexo masculino respectivamente.

Figura 1. Composição corporal do sexo feminino

Fonte: Joaquim (2009).

 

Figura 2. Composição corporal do sexo masculino

Fonte: Joaquim (2009).

    Analisando a figura 1, observou-se que todos os grupos do sexo feminino apresentaram resultados elevados quando comparado com o ideal para esta faixa etária. Quando comparado os valores de IMC do pré com o pós-teste, observou-se que não houve modificações significativas, ou seja, os grupos GD e GM foram classificados com sobrepeso, enquanto que o grupo GH com obesidade classe I, conforme descrito por Nahas (2003). Analisando o % de gordura desses grupos, e de acordo com Pollock e Wilmore (2003), o grupo GD que estava acima da média no inicio do programa apresentou média menor com uma redução de 11,6% ao final, já o GM classificado como muito ruim, passou para ruim, melhorando 21,5%, e o GH manteve sua classificação de muito ruim, mas melhorando 15,4%.

    Ao analisar os resultados na figura 2 (sexo masculino), observou-se que os valores de IMC dos grupos GD e GM reduziram, enquanto que GH aumentou após três meses de atividade física, classificando com obesidade classe I, sobrepeso e obesidade classe I respectivamente (NAHAS, 2003). Estudos anteriores (SANTOS e SICHIERI, 2005) demonstram valores semelhantes de IMC nesta população, o que talvez seja uma característica desta faixa etária.

    Referente ao % de gordura, pequenas alterações foram observadas, no qual os grupos GM e GH, mantiveram suas classificações iniciais em bom e excelente respectivamente, enquanto que o grupo GD foi classificado em ruim e abaixo da média (pré e pós respectivamente), sendo o único grupo fora do valor ideal para idosos do sexo masculino (21%). (POLLOCK e WILMORE, 1993).

    Uma das explicações para as alterações verificadas anteriormente esta diretamente ligada à idade das pessoas, tendo em vista que vários estudos têm demonstrado que com o passar dos anos as pessoas tendem a diminuir os níveis de atividade física, que por conseqüência interfere na capacidade aeróbia, na diminuição da força muscular, entre outros, que segundo Shephard (2003), não são manifestações inerentes ao processo de envelhecimento e sim da própria inatividade física.

    O mesmo autor descreve que para manter ou melhorar a razão percentual de gordura/massa magra, programas de intervenção devem ter uma regularidade maior além de um controle alimentar apropriado para a idade. Para Monteiro (1998), a freqüência semanal exerce um impacto sobre o gasto calórico total da atividade, e quanto maior for o numero de sessões semanais, maior será o gasto calórico obtido com a atividade. Estes achados dão respaldos para a presente pesquisa, no qual alterações expressivas não foram encontradas devido à freqüência do programa.

    Nas figuras 3 e 4 estão apresentados os valores de das capacidades físicas (forca e resistência de membro superior e abdominal e a flexibilidade de quadril) dos grupos do sexo feminino e masculino respectivamente.

Figura 3. Capacidades físicas do sexo feminino

Fonte: Joaquim (2009).

 

Figura 4. Capacidades físicas do Sexo Feminino

Fonte: Joaquim (2009)

    Observando a figura 3 (sexo feminino) notou-se que todos os grupos melhoraram seus níveis de força e resistência de membro superior e de abdômen (pré para o pós-teste). Conforme a classificação utilizada (NAHAS, 2003), não houve alterações, mesmo com as melhoras apresentadas. Quanto à flexibilidade, constatou-se que todos os grupos reduziram seus níveis iniciais ao programa, no entanto continuaram na classificação ideal para a faixa etária.

    Analisando a força e resistência de membro superior, do sexo masculino (figura 4) verificou-se que os grupos GD e GM melhoraram seu resultado na avaliação pós-teste comparado com a avaliação inicial (50% e 87,5% respectivamente) enquanto que o GH manteve seu resultado. Classificando os grupos, o GD se apresentou como abaixo da média e GM passou da classificação de bom para acima da media, igualando-se ao grupo GH, conforme descrito por Nahas (2003). Para a flexibilidade observou a mesma tendência para o sexo masculino, mantendo a classificação na faixa recomendada para esta faixa etária.

    Corroborando com a presente pesquisa, um estudo feito por Assumpção (2008) observou que a força de membro superior adquiriu aumento nos seus níveis tanto em um grupo de idosas ativas que realizaram treinamento de força periodizado (melhoras significativas), quanto no grupo que realizava um programa de exercícios sem periodização durante um período de três meses com freqüência de duas vezes por semana.

    Para Farinatti (2008) a perda de massa muscular dos membros superiores é menor do que os inferiores em idosos, desta forma a realização de contrações repetidas, como por exemplo, os abdominais, não são tão confortáveis para um idoso realizar, entretanto o envelhecimento parece não influenciar significativamente a capacidade de manter uma contração continua.

    Contribuindo com este estudo e referente a flexibilidade, Farinatti (2008) ressalta que a flexibilidade é a capacidade que declina de forma mais rápida, e mesmo sendo permanente e consistente com o envelhecimento este declínio, se exposta á programas regulares e específicos para a capacidade, melhoras podem ser alcançadas, visto que hoje em dia é bem aceito níveis mínimos de flexibilidade para uma boa qualidade de vida.

    As figuras 5 e 6 demonstram os resultados dos grupos do sexo feminino e masculino pré e pós-teste respectivamente, referente a auto-imagem e auto-estima bem como a freqüência média no programa.

Figura 5. Auto-imagem e auto-estima do sexo feminino

Fonte: Joaquim (2009)

 

Figura 6. Auto-imagem e auto-estima do sexo masculino

Fonte: Joaquim (2009)

    Quando avaliado a auto-imagem e auto-estima do sexo feminino (figura 5), pode-se observar que todos os grupos aumentaram seus valores pós-teste comparado com o pré-teste, no entanto classificaram-se com auto-imagem e auto-estima baixa tanto no pré quanto no pós-teste, conforme apresentado por Steglich (1978 apud MARCELINO, 2008).

    Quando avaliado a auto-imagem e auto-estima do sexo masculino (figura 6) foi possível verificar alterações nos resultados na classificação do pré para o pós-teste, onde todos os grupos apresentaram auto-estima baixa, segundo Steglich (1978 apud MARCELINO, 2008). Observa-se que o grupo GD mesmo reduzindo seu valor se manteve na classificação de auto-imagem alta, do mesmo modo que o GH, que aumentou seu resultado. Já o grupo GM mesmo aumentando seu resultado classificou-se em auto-imagem baixa.

    Um estudo realizado por Bendetti, Petroski e Gonçalves (2003) avaliou a auto-imagem e auto-estima de idosas que participaram de um programa de exercícios físicos três vezes por semana durante cinco meses, onde as atividades consistiam em caminhada, dança, equilíbrio, força e flexibilidade. Os resultados apresentaram melhora estatisticamente significativa para auto-estima e melhora não significativa para a auto-imagem. Mazo, Cardoso e Aguiar (2006) colaboram com o estudo ressaltando que idosas ativas são mais satisfeitas com sua auto-imagem e a auto-estima, confirmando a suposição que quanto maior for o nível de atividade física maior serão os benefícios obtidos.

    A tabela 1 e 2 representa os resultados de qualidade de vida do sexo feminino e masculino simultaneamente, apresentando a freqüência média obtida em cada grupo e os resultados dos domínios de pré e pós-teste.

Tabela 1. Qualidade de vida do sexo feminino

Grupos

G D

G M

G H

Quantidade de semanas

10

9

12

Domínios

Pré

Pós

Pré

Pós

Pré

Pós

1. Capacidade física

85

83

74

70

55

74

2. Limitação aspecto físico

65

75

54

49

44

86

3. Dor

69

74

59

68

51

65

4. Estado geral de saúde

65

76

64

68

48

53

5. Vitalidade

62

47

72

50

62

57

6. Aspectos sociais

83

88

70

80

67

82

7. Limitação aspecto emocional

89

69

86

48

55

81

8. Saúde mental

55

54

77

58

66

54

MÉDIA

70

71

70

61

56

69

Fonte: Joaquim (2009).

 

Tabela 2. Qualidade de vida do sexo feminino

Grupos

G D

G M

G H

Quantidade de semanas

12

13

11

Domínios

Pré

Pós

Pré

Pós

Pré

Pós

1. Capacidade física

80

80

70

75

90

95

2. Limitação aspecto físico

75

100

50

75

75

100

3. Dor

100

100

56

65

41

72

4. Estado geral de saúde

62

77

49

57

67

72

5. Vitalidade

75

75

74

46

90

45

6. Aspectos sociais

100

100

81

84

75

81

7. Limitação aspecto emocional

100

100

83

75

33

100

8. Saúde mental

56

80

89

58

76

68

Média

81

89

69

64

69

78

Fonte: Joaquim (2009).

    Analisando os resultados da qualidade de vida do sexo feminino (tabela 1) observou-se que o grupo GD atingiu a maior média, tanto no pré quanto no pós-teste, e o grupo GM foi o único grupo que reduziu sua pontuação no pós-teste. O GH foi o grupo que atingiu as maiores alterações, melhorando 18,8% no pós-teste. A tabela 1 demonstra também que os domínios 5 e 8 foram os que apresentaram redução na pontuação em todos os grupos, e os domínios 3, 4 e 6 os que aumentaram.

    Considerando os resultados da tabela 2 (sexo masculino), o grupo GH foi quem melhorou expressivamente a qualidade de vida (11,5%) após a intervenção do programa, e a maior média de pontuação entre os grupos foi alcançada pelo grupo GD tanto no pré quanto no pós-teste.

    Um dos motivos pela redução dos aspectos de qualidade de vida dos idosos, segundo Shephard (2003), está ligado aos anos após a aposentadoria, onde inevitavelmente ocorre uma diminuição das suas atividades habituais, o que acabam por desencadear as doenças crônicas e as limitantes na capacidade funcional, ou seja, um ciclo vicioso entre inatividade física, incapacidades reduzidas e maior incidência a doenças crônicas.

    No estudo realizado por Mota (2006) onde comparou um grupo de idosos de ambos os sexos que praticavam exercício físico (exercícios de força, flexibilidade e caminhadas) duas vezes por semana durante dez meses com outro grupo também de idosos de ambos os sexos que não praticavam exercícios físicos, apresentou diferenças estatisticamente significativas em todos os domínios para a qualidade de vida, comparado com o grupo que não praticava exercício físico, demonstrando que a percepção da qualidade de vida associada à saúde se encontra intimamente ligado à prática.

    A qualidade de vida para o idoso tem relação direta com bem-estar percebido, como o idoso se sente, vive e se relaciona com as pessoas e a vida. É diante deste olhar que se deve encorajar o idoso a adquirir hábitos de um estilo de vida mais ativo para que ele possa ampliar seus contatos sociais, melhorar a saúde física e emocional, manter suas funções físicas vitais, reduzir o risco de doenças crônicas e de agravantes a sua saúde. (SHEPHARD, 2003).

Conclusão

    Este estudo reforça que todas as pessoas têm particularidades, que podemos definir como individualidade biológica, apresentando modificações durante o período de envelhecimento diferenciado, alguns mais saudáveis que outros, em decorrência de aspectos genéticos ou ate mesmo do meio ambiente em que viveu e vive.

    Desta forma, referente aos valores de peso corporal, IMC e % de gordura, a maioria dos grupos estavam acima dos valores recomendados no inicio e final do programa. Quanto à flexibilidade, todos os grupos apresentaram reduções, entretanto a maioria dos grupos está na faixa recomendada para esta faixa etária. Tais conclusões justificam que o programa não contribui para a melhora destes aspectos, resultado explicado em decorrência da metodologia do projeto.

    O risco coronariano todos os grupos encontram-se na media (risco moderado para desenvolver doenças coronarianas) decorrentes de sobrepeso e obesidade, hipertensão arterial, presença de colesterol elevado (fatores mais presentes na avaliação), e devido ao estilo de vida.

    Nos valores de força, resistência de membro superior e abdominal, a maioria dos grupos encontra-se na faixa recomendada para o nível de aptidão física, indicando que o programa contribui para a melhora destes aspectos.

    Relativo à qualidade de vida, a maioria dos grupos apresentou melhora, classificados acima da média, significando que o programa contribuiu para a melhora da qualidade de vida.

    Nos aspectos auto-imagem e auto-estima, a maioria dos grupos estava com valores baixos no início e final do programa, indicando que o programa não modificou sua classificação, justificado por esta população não ter preocupação com a beleza corporal, mas sim a funcionalidade do mesmo.

    Quando avaliado os diferentes tipos de atividades proposto no programa, conclui-se que a Dança foi à atividade que proporcionou alterações expressivas na composição corporal, nas capacidades físicas e no estado geral de saúde. A Musculação proporcionou alterações apenas na composição corporal e nas capacidades físicas e a Hidroginástica foi à atividade que proporcionou as maiores alterações nos aspectos emocionais de auto-imagem e auto-estima e na qualidade de vida.

    Nota-se no estudo que em todas as variáveis analisadas, as comparações entre os tipos de atividade não apresentam muita diferença, pelo contrario apresentam semelhanças, que pode ser explicado devido ao formato do projeto e objetivo do programa.

    Nesta perspectiva, sugere-se que os programas de intervenção ofereçam um espaço em que a reformulação de padrões tradicionais de envelhecimento possa ser uma experiência coletiva no qual participar deles ativamente signifique uma mudança de hábitos e comportamentos, um momento próprio para exploração da identidade e de novas formas de auto-percepção.

Referências

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revista digital · Año 15 · N° 145 | Buenos Aires, Junio de 2010  
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