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Lesões mais freqüentes em atletas no futsal brasileiro ao

longo da carreira: dados de cinco equipes 

participantes da Liga Nacional de 2009

Lesiones más comunes en jugadores brasileños de fútbol sala a lo largo de la 

trayectoria deportiva: datos de cinco equipos participantes de la Liga Nacional de 2009

The most common injuries in indoor soccer brought forward throughout

his career: five teams participating in the National League, 2009

 

*Graduado em Educação Física

**Prof. Ms. do Departamento de Educação Física

***Profa. Dra. do Departamento de Educação Física

Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC

(Brasil)

Thiago Faria Alano*

Adilson André Martins Monte**

Aline Rodrigues Barbosa***

tfalano@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Os objetivos deste trabalho foram identificar as lesões mais freqüentes em atletas de futsal e; verificar se o início precoce do treinamento pode ser um agravante na quantidade de lesões nos atletas. Os dados de 57 atletas da Liga Nacional (Brasil, 2009) foram obtidos através de questionário. Os resultados identificaram prevalência de lesões por entorse, lesões musculares e tendíneas, sendo o tornozelo e a coxa as estruturas mais afetadas pelas mesmas. O início precoce nos treinamentos não se mostrou um agravante ao aparecimento de lesões nos atletas. Os resultados encontrados mostram a importância de se desenvolver trabalhos preventivos, principalmente para a articulação do tornozelo e para as musculaturas da coxa.

          Unitermos: Lesões dos atletas. Atividade física. Futsal

 

Abstract

          This study intend to verify the most common injuries that happens with a group of 57 indoor soccer players and also if earliest start in training can be an aggravating factor in the number of injuries. The data about 57 players from the Nacional League (Brazil, 2009) were collected through a questionnaire. There was a high prevalence of injuries from sprains, muscle and tendon injuries, and the ankle and thigh structures most affected by them. The earl was not an aggravating factor to the onset of injuries in athletes. The results showed the importance of developing preventive work, especially for the ankle joint and the muscles of the thigh.

          Keywords: Athletic injuries. Physical activity. Indoor soccer

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 145 - Junio de 2010

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Introdução

    O futsal, esporte oriundo do Uruguai, teve seu maior destaque e divulgação no Brasil, onde possui elevado número de praticantes (Voser, 2003; Vieira e Freitas, 2007). Esse destaque e evolução do futsal, faz com que, no Brasil, a busca por talentos se inicie cada vez mais cedo e fazendo também com que este esporte se torne muito competitivo, exigindo cada vez mais de seus atletas e levando-os ao seu extremo em relação à preparação física. Além da exigência física imposta, o futsal é um esporte muito dinâmico, com muitas corridas com mudanças de direções, acelerações e desacelerações, deixando o atleta muito susceptível a sofrer com lesões.


    Os objetivos deste trabalho foram: a) identificar as lesões mais freqüentes nos atletas de futsal, tanto em relação ao local das mesmas, como o tipo de lesão e; b) verificar se o início precoce do treinamento pode ser um agravante na quantidade de lesões nos atletas.

Metodologia

    A amostra do presente estudo foi composta de 57 atletas profissionais, atuantes na Liga Nacional de Futsal (Brasil), em 2009, nas seguintes equipes:

  • Carlos Barbosa

  • Copagril/Faville/DalPonte

  • Florianópolis Futsal

  • Krona/Joinville/DalPonte

  • RCG/Garça/Umbro

    Para a coleta de dados foi aplicado um questionário de caráter fechado, com perguntas objetivas, mas dando a possibilidade do atleta de acrescentar alguma resposta, no caso de não haver a possibilidade desejada.

    Foi elaborado um questionário para um membro da comissão técnica da equipe e outro para os atletas.

    Para obtenção dos dados, foi feito contato com equipes durante jogos da Liga Nacional 2009. Esse contato, na maior parte das vezes, foi feito na própria partida ou durante treinamento, dependendo sempre da boa vontade das equipes para responderem ao questionário, devido ao pouco tempo disponível para isso e também pelo fator emocional que envolve a partida.

    Com a equipe do Copagril, o contato foi feito através de conversas pela internet e os questionários respondidos foram enviados por email.

    Com a equipe de Joinville, foi feito um contato durante uma partida em Joinville, e posteriormente os questionários foram enviados através dos correios.

    A equipe de Florianópolis respondeu ao questionário ao final de um treinamento.

    Já as equipes de Carlos Barbosa e Garça, responderam antes de partidas realizadas em Florianópolis.

    Para a análise dos dados foram utilizados média, desvio padrão e freqüência absoluta.

Apresentação e discussão dos resultados

    Os dados da figura 1 mostram a quantidade total de lesões sofridas pelos atletas, separadas por tipo. Os dados evidenciam o grande número de lesões por entorse e lesões musculares sofridas pelos atletas, sendo estas responsáveis por aproximadamente 60% da totalidade das lesões.

Figura 1. Número e tipo de lesões ao longo da carreira referidas pelos atletas

    Por se tratar de um esporte com alto grau de impacto, com muito contato físico e mudanças de direções repentinas e constantes, as estruturas corporais são muito afetadas.

    Os resultados do presente estudo foram divergentes de outras pesquisas. No estudo de Cohen, et al (1997) , realizado com 124 atletas de futebol de campo, as lesões musculares foram as principais lesões observadas. Em pesquisa realizada com com atletas participantes do XV campeonato brasileiro sub-20 de futsal, a contusão foi principal lesão encontrada (Ribeiro e Costa 2006). A pesquisa de Ribeiro, et al (2003), envolvendo 50 atletas de futsal (9 a 16 anos), mostrou como principal lesão o entorse (131 ocorrências), seguida das lesões musculares (83) e tendinite (54).

    No estudo de Waltrick (2004) com atletas adultos de futsal, os achados foram similares ao presente estudo, onde os entorses foram as principais lesões, seguida por estiramento (lesão muscular).

    Fazendo uma relação do número total de lesões, que foi de 356, pela quantidade de atletas que responderam ao questionário, 57, temos uma média de aproximadamente 6,25 lesões por atleta ao longo da carreira.

    Os dados da figura 2 mostram .a quantidade de lesões, de acordo com a estrutura afetada.

Figura 2. Quantidade de lesões em relação à estrutura afetada

    Pode-se observar que as estruturas corporais com maior relato de lesões ao longo da carreira dos 57 atletas foram: tornozelo com 137 ocorrências, coxa com 85, joelho com 32 e coluna com 14. No estudo de Cohen (1997) a coxa foi o local mais lesionado, seguida do tornozelo e joelho. Ribeiro e Costa (2006) acharam também a coxa como principal, na sequência perna e tornozelo. Na pesquisa de Ribeiro, et al (2003) o pé/tornozelo apareceu como mais afetado, seguido por joelho e membros superiores.

    Os resultados do presente estudo mostraram algumas divergências com os achados de outras pesquisas e alguns fatores podem justificar estas diferenças: a faixa etária inferior dos participantes dos estudos de Ribeiro e Costa (2006) e Ribeiro, et al (2003);, o fato do estudo de Cohen (1997) envolver atletas de futebol de campo e; pelo fato de duas pesquisas, Cohen, et al (1997) e Ribeiro e Costa (2006), terem usado dados obtidos somente em jogos.

    Os resultados mostraram que o tornozelo (entorses) e a coxa (lesões musculares e tendíneas) foram as estruturas mais afetadas, com 222 ocorrências, fato esse que pode ser justificado pelaa dinâmica do jogo de futsal. Este esporte apresenta muitas acelerações e desacelerações, muitas corridas com mudança de direção, solicitando intensamente as musculaturas da coxa, como também a articulação do tornozelo, já que a mesma está sobre influência de todo o peso corporal. Além disso, a articulação do tornozelo possui número elevado de pequenos ligamentos e musculaturas “fracas” como sustentadores desta articulação.

    A figura 3 mostra a quantidade de atletas que sofreram lesões (musculares ou tendíneas) em determinadas musculaturas. Pode-se observar que a musculatura adutora da coxa foi a que afetou maior número de atletas.

Figura 3. Quantidade de atletas que sofreram lesões em determinadas musculaturas

    Esse grande número de lesões dos adutores da coxa pode estar associada à quantidade de movimentos articulares que esta musculatura está envolvida. Além de ser musculatura principal na adução da coxa, ela ainda auxilia na flexão e extensão do quadril, ou seja, em quase todos os movimentos do futsal, no chute, no passe, na fase de aceleração, na desaceleração, na corrida lateral, entre outros, agindo como motor primário, ou sinergista (Neumann, 2006).

    As lesões tendíneas dos adutores, pode acarretar uma lesão ainda mais complicada para o atleta, que é o da pubalgia, que vem afetando muitos jogadores tanto de futsal, quanto de futebol de campo (Busquet, 1985).

    A figura 4 mostra a média de idade em que os atletas tiveram o primeiro contato com o futsal e iniciaram treinamento, como também a média de anos que os atletas participam de treinamento.

Figura 4. Média, em anos, dos dados dos atletas em relação ao futsal

    Analisando a figura 4, pode-se verificar que quando crianças, os atletas aproximadamente ,após um ano do primeiro contato com o futsal, já iniciaram o treinamento esportivo. De acordo com o relato dos 57 atletas, a média etária de primeiro contato com o futsal foi de 9,4 anos ( desvio padrão de 3,1 anos). Ao média de idade de iníco do treinamento foi 10,9 anos, ( desvio padrão = 3,26 anos) e o tempo médio de pratica no futsal foi de 14,3 anos (desvio padrão = 4,11 anos).

    Os valores altos dos desvios padrão, mostram que houve grande variação entre as respostas dos atletas.

    Na figura 5 são apresentados o número de lesões referidas pelos atletas, de acordo com a idade de início do treinamento (antes e após os 11 anos de idade).

Figura 5. Número de lesões referidas pelos atletas, de acordo com a idade de início do treinamento (antes e após os 11 anos de idade)

    Pode-se observar que os valores são bem próximos e a análise usada não permite inferir, com certeza, que o treinamento infantil (precoce) poderia influenciar o atleta, deixando-o mais susceptível a lesões,.

    Os atletas que iniciaram treinamento até os 11 anos de idade tiveram média de 6,27 lesões por atleta, enquanto a média daqueles que iniciaram o treinamento após os 11 anos de idade foi de 6,21 lesões.

    Vale ressaltar que o número de lesões que os atletas responderam no questionário, foi única e exclusivamente dependente de suas memórias, podendo ter ocorrido erro.

Conclusão

    Os dados obtidos mostram relato de número elevado de lesões que acometem os atletas de futsal, principalmente os entorses, lesões musculares e tendíneas. Os locais mais afetados foram o tornozelo e a coxa, o que sugere a importância da utilização de trabalhos preventivos, principalmente para esses locais, no intuito de tentar diminuir a ocorrência de lesões.

    De acordo com os dados obtidos por esta pesquisa, o início nos treinamentos precoce não fez aumentar a quantidade de lesões nos atletas. Pode ter sido pelo fato de os atletas que iniciaram os treinamentos precocemente e que sofreram lesões sérias, tiveram que abandonar os treinamentos, ou então se devam ao fato da melhora tanto da preparação física. Além disso, o tipo de estudo realizado, transversal e com entrevista, não permite identificar os fatores envolvidos.

Referências

  • BUSQUET, L.. A pubalgia. Lisboa: Europress, 1985. Traduzido por Luísa Jacques.

  • COHEN, Moisés; et al. Lesões ortopédicas no futebol. Rev. Bras. Ortopedia, Dez 1997, vol. 32, no. 12.

  • NEUMANN, Donald A.. Cinesiologia do aparelho musculoesquelético: fundamentos para reabilitação física. Traduzido por Alexandre Lins Werneck, Wilma Lins Werneck; sob a supervisão de Hélcio Werneck. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

  • RIBEIRO, Cintia Zucareli Pinto; et al. Relação entre alterações posturais e lesões do aparelho locomotor em atletas de futebol de salão. Rev. Bras. Med. Esporte, Mar/Abr 2003, vol. 9, no. 2.

  • RIBEIRO, Rodrigo Nogueira; COSTA, Leonardo Oliveira Pena. Análise epidemiológica de lesões no futebol de salão durante o XV campeonato brasileiro de seleções sub 20. Rev. Bras. Med. Esporte, Jan/Fev 2006, vol. 12, no. 1.

  • SOARES, Ben-Hur. Treinamento técnico nas posições táticas do futsal. Passo Fundo: Universidade de Passo Fundo, 2006.

  • VEIRA, Silvia; FREITAS, Armando. O que é futsal. ed. Casa da Palavra, 2007.

  • VOSER, Rogério da Cunha. Futsal: princípios técnicos e táticos. 2ª ed. Canoas: Ulbra, 2003.

  • WALTRICK, Ramon Diego. Incidência de lesão em equipes de futsal que disputam a divisão especial em Santa Catarina. Trabalho de conclusão de curso. (Graduação em fisioterapia) – Universidade do Sul de Santa Catarina, 2004.

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