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Ginástica na escola: movimentos possíveis

Gimnasia en la escuela: movimientos posibles

 

Graduado em Educação Física pela

Universidade Federal do Espirito Santo

(Brasil)

Maximiliano Pereira Gama

mapegama@oi.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O presente trabalho visa relatar a introdução do conteúdo ginástica, nas aulas de Educação Física da EMEF “Irmã Cleuza Carolina Rody Coelho”, para alunos de 1ª a 4 séries da referida escola.

          Unitermos: Ginástica. Escola. Conteúdo.

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 145 - Junio de 2010

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Primeiros movimentos

    Meus primeiros contatos com os elementos constituintes da ginástica foram no curso de Educação Física, da Universidade Federal do Espirito Santo (UFES), quando cursei as disciplinas de Ginástica Olímpica I e II (GO I e II), porém naquele momento da minha graduação não conseguia enxergar a aplicação dos conhecimentos adquiridos no cotidiano escolar, por achar que a ginástica como conteúdo na escola, só era possível em grandes espaços e materiais de grande porte.

    No ano de 2007, como professor da Rede Municipal de Serra tive contato com o trabalho do professor Geraldo Cassimiro de Souza, que desenvolveu o conteúdo de Ginástica Artística, em uma escola pública do município de Serra, a partir daquele momento, comecei a perceber a riqueza de movimentos possíveis da ginástica, quando aplicada na escola, em contraponto as limitações motoras impostas a esta modalidade pelo esporte de alto rendimento. Neste mesmo ano, no VII Congresso Espírito-Santense de Educação Física, participei do seminário introdutório “Ginástica Geral e Educação Física Escolar”, que trouxe novas luzes para o meu trabalho docente e motivação para introduzir a ginástica como conteúdo das minhas aulas de educação física.

    A ginástica foi escolhida para ser desenvolvida nas minhas aulas de educação física porque é um conteúdo da cultura corporal pouco explorado e o

    mundo ginástico é uma oferta de ações com significado cultural para os praticantes, onde as novas formas de exercitação em confronto com as tradicionais possibilitam uma prática corporal que permite aos alunos darem sentido próprio às suas exercitações ginásticas.(COLETIVO DE AUTORES,1992, p.77)

    Este trabalho teve como fundamentos, três conceitos apresentados por Silva(2003):

    a) A educação física dentro da escola é entendida como espaço de reflexão vivência da cultura de movimento; b) Os conteúdos são abordados como conhecimentos não como mera atividade ; c) Os alunos são sujeitos do processo.

Ginástica na Escola: começando o movimento

    A Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) “Irmã Cleuza Carolina Rodi Coelho” é uma escola da Rede Municipal de ensino de Serra- ES, que contém 12 salas de aula e funciona nos turnos matutino e vespertino. A escola tem três professores de educação física, uma professora trabalha nos dois turnos atendendo as turmas de 5ª a 8ª séries, e os outros dois professores trabalham com as turmas de 1ª a 4ª series , um no turno matutino e outro no turno vespertino. Os professores de educação física dispõem de dois espaços para o desenvolvimento das aulas: o refeitório e um espaço anexo à escola, pois a quadra esta em construção. Além disso, a escola tem algumas árvores que possibilitam algumas atividades.

    Eu atuo nesta escola desde fevereiro de 2008, no turno vespertino, atendo duas turmas de 1ª serie com 25 alunos cada, duas turmas de 2ª series com 30 alunos cada, uma turma de 3ª serie com 30 alunos e uma 4ª serie com 30 alunos. Desde primeiro momento verifiquei que as condições de trabalho eram péssimas, pois o refeitório, único espaço coberto da escola, era um local de grande trânsito de pessoas, que constantemente atrapalhavam o andamento das aulas.

    Para introdução do conteúdo ginástica, tinha a disposição, duas cordas, oito colchões de 10cm de altura cada um , 20 colchonetes, dois colchões de solteiro usados que a escola recebeu de doação e uma trave de equilíbrio construída com sobras de materiais de construção.

    As aulas foram iniciadas com introdução dos elementos básicos da ginástica, segundo Coletivo de Autores (1992): saltar, equilibrar, rolar/girar, trepar e balançar/embalar. Acrescentei a estes elementos, a passagem pelo apoio invertido, como propõe SCHIAVON (2003).

    O primeiro elemento escolhido para ser trabalhado foi o rolar sobre os colchões, pois o movimento é simples e com mais chances de proporcionar situações prazerosas para a maioria dos alunos. Essa aula teve uma grande participação dos alunos, e minha intervenção, em alguns momentos, foi no sentido de incentivar a execução de novos elementos e a criação arranjos materiais, para aumentar as possibilidades de movimentos estes alunos. Ainda auxiliei os alunos com dificuldade, principalmente no rolamento para trás. A partir deste momento verifiquei a primeira dificuldade: a retirada dos colchões da sala de educação física e organização no pátio. Esta organização ocupava um tempo grande da aula, o problema foi solucionado com auxilio dos alunos na organização do espaço.

    O segundo elemento trabalhado foi a passagem do apoio invertido, onde utilizei a parada de mãos (com dois e três apoios) e a estrela. Dentro das aulas percebi que muitos alunos tinham dificuldades de executar os elementos citados, isso exigiu um atendimento individual, para que todas as dificuldades fossem resolvidas. Devido ao número grande de alunos em cada turma, eu não consegui atender a todos, a solução foi formar grupos, onde os alunos se ajudavam realização dos movimentos.

    A realização de movimentos de equilíbrio não exigiu colchões, e praticamente foi desenvolvido através de brincadeiras. Utilizei cordas estendidas no chão, os alunos executaram posições de equilíbrio estático, como esquadros e aviões. A passagem pela trave de equilíbrio foi elemento que mais atraiu alunos, representando para uma grande desafio a ser superado.

    Os elementos trepar e balançar foram realizados em duas arvores em frente o pátio da escola, o material utilizado foi a corda. Houve grande envolvimento das turmas durante estas aulas. Os exercícios mais executados foram às subidas na corda e balanceios, em balanço criado pelos alunos.

    O salto foi elemento mais versátil utilizados nas aulas, fizemos com eles varias brincadeiras e foi utilizado em conjuntos com os outros elementos já citados.

    A avaliação do processo foi em duas partes:

  1. No final de cada aula, onde os alunos se reuniam em um grande círculo e tinham oportunidade de expressar suas opiniões sobre as aulas.

  2. Organização de uma apresentação com os elementos praticados durante as aulas. Este foi momento mais rico de todo processo, pois houve comprometimento de todas as turmas, e as apresentações foram feitas para toda a escola. A escolha dos elementos e modo de apresentação coube aos alunos, sendo que ao professor ficou responsável por escolher a música e o tempo de apresentação.

Considerações finais

    Ao relatar este trabalho quis mostrar que o desenvolvimento da ginástica nas aulas de educação física é algo possível, com a utilização de materiais alternativos e a valorização das experiências anteriores dos alunos.

    A introdução de um novo conteúdo não algo linear, as dificuldades aparecem durante todo processo. No inicio das aulas enfrentei alguma resistência, pois os alunos só queriam “jogar bola”. Aos poucos os alunos foram envolvidos pelo conteúdo ginástica, e este atravessou os muros da escola, não foram raros os momentos que os alunos me relataram que estavam praticando os elementos da ginástica em casa.

    A ginástica nas aulas de educação física da EMEF “Irmã Cleusa Carolina Rodi Coelho” é um processo em construção que irá abrir espaço para outras modalidades como: a ginástica acrobática, ginástica rítmica (GR) e a ginástica geral, cujos resultados serão relatados em uma outra oportunidade.

Referencias bibliográficas

  • COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino da educação física. São Paulo: Cortez, 1992.

  • SILVA, Janaína Andretti. Futebol da Escola. In: KUNZ, Elenor (Org). Didática da educação física 3: futebol. Ijuí: Unijuí, 2005.

  • SCHIAVON, Laurita Marconi. O projeto crescendo com ginástica: uma possibilidade na escola. 183 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003.

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