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Erosão e manchas dentais em praticantes 

de natação por exposição à água clorada

La erosión y las manchas dentales en los nadadores por la exposición al agua clorada

 

Pós graduando em Natação e Atividades Aquáticas

pela Universidade Gama Filho

Especialista em Educação Física Escolar

Fábio Souza de Oliveira

fabio@performbahia.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo revisou a literatura sobre fatores para formação de erosão e manchas dentais, o tratamento de piscinas à base de cloro e a rotina de nadadores competitivos. Buscou-se investigar a possível correlação entre o surgimento destas duas patologias e a exposição de nadadores à água tratada com cloro. Foi verificado que à exposição prolongada à água clorada com pH fora da faixa adequada é fator para surgimento de erosão e manchas dentais. Observou-se que nadadores competitivos são submetidos a frequência e duração de treinamentos extensivos, tornando-os propensos ao desenvolvimento das patologias analisadas pela exposição prolongada ao cloro. Os estudos sobre o assunto também indicaram que o pH alcalino da água da piscina incidirá sobre o potencial desinfetante do tratamento, o que pode acarretar na proliferação de doenças. Foram sugeridas medidas de monitoramento do pH, bem como mencionadas formas alternativas de tratamento da água de piscinas.

          Unitermos: Erosão dental. Manchas dentais. Natação

 

Abstract

           This study reviewed the literature on factors to form dental erosion and dental stains, the treatment of chlorine-based pools and competitive swimmers routine. The aim of this article was to investigate the possible correlation between the appearance of these diseases and the exposure of swimmers to the water treated with chlorine. It was found that prolonged exposure to chlorinated water with a pH out of the range is a factor for the emergence of dental erosion and stains. It was observed that competitive swimmers are subjected to frequency and duration of extensive training, making them prone to the development of the analyzed pathologies. The studies about the theme also indicated that the alkaline pH of pool water will affect the treatment potential, which may result in the proliferation of diseases. Measures pH monitoring were suggested, as well as mentioned alternative ways of treating water in swimming pools.

          Keywords: Dental erosion. Dental stains. Swimming

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 144 - Mayo de 2010

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Introdução

    A natação é um exercício excelente para a saúde e tem sido o esporte preferido por pessoas de várias idades, de ambos os sexos. Sua popularização deve-se à recomendações médicas, para problemas associados principalmente ao aparelho respiratório; à mídia, através da veiculação dos grandes eventos da natação mundial bem como à difusão dos benefícios obtidos no meio aquoso. Dentre os benefícios relacionados à atividade na água estão a redução da ação da gravidade, por ação do empuxo e a consequente redução do impacto nas articulações; auxilio no retorno venoso, por ação da pressão hidrostática e o aumento da intensidade devido à viscosidade (MANUAL DO PROFISSIONAL DE FITNESS AQUÁTICO, 2001; DARIDO; SOUZA JUNIOR, 2007). Em contrapartida, a sua realização em tanques de água traz a possibilidade de transmissão de doenças aos banhistas (MENDONÇA; RUFF, 1979; CABRERA; KAMASHIRO, 2004), o que requer atenção à qualidade do tratamento de todo o ambiente aquático.


    No Brasil, a maior parte das piscinas é tratada hoje com cloro (DEL CAMPO; QUIROZ, 2003), principalmente por sua eficiente ação sanitizante, por ser mais barato e capaz de destruir a maioria dos microorganismos patogênicos (RICHTER; AZEVEDO NETTO, 1991; DEL CAMPO; QUIROZ, 2003). Muitas são as doenças ou patologias possíveis de serem adquiridas no ambiente aquático e que são comumente mencionadas como a febre tifóide, disenteria, cólera, diarréia, hepatite e outras (RICHTER; AZEVEDO NETTO, 1991; DANIEL, et al., 2001; MACEDO, 2003). Entretanto duas destas patologias, pouco difundidas, são objetos de estudo deste artigo: a erosão dental e as manchas dentais. Ambas são originadas por desequilíbrio no pH da água tratada com cloro. A erosão dental, que é definida como a perda irreversível do tecido dental duro por processos químicos que não envolvem bactéria (SHAFER et al., 1987; BRANCO et al., 2008; KARGUL; BAKKAL, 2009), e as manchas dentais, depósitos de cor escurecida, como um tártaro dental marrom e rígido na dentição de nadadores (ROSE; CAREY, 1995).

    Estes dois problemas da saúde bucal possuem outras origens, mas até então, tem sido pouco estudados em sua relação com o desequilíbrio do pH da água tratada com cloro. Deste modo, objetiva-se neste artigo, discutir a possível formação de manchas e erosão dentais em nadadores expostos à água de piscinas tratadas com cloro. Foram analisadas rotinas de exposição de nadadores de piscinas cloradas como tempo de permanência e freqüência na água, e revisados os artigos que tratam da relação entre a permanência neste meio ambiente e o surgimento dos problemas dentais acima mencionados.

Natação: aprendizado, aperfeiçoamento e treinamento

    A prática da natação é de modo geral, exercida em até três vezes por semana, frequência considerada cautelosa para iniciantes da modalidade. A partir de então, tanto frequência quanto duração das aulas, são ampliadas passando pelo aperfeiçoamento e chegando ao patamar de treinamento com a prática, podendo chegar a cinco vezes por semana (LIMA, 2005).

    No treinamento de alto rendimento, passa-se a dar ênfase a cada aspecto dos nados: saídas, viradas e chegadas são treinadas com afinco, e portanto, são necessárias inúmeras repetições. O condicionamento físico passa a ser visto por categorias: aeróbio e anaeróbio, sendo estes, ainda divididos em subcategorias. Treinamento em separado de braços, pernas e técnica ampliam a necessidade de se manter um nadador competitivo dentro da água. Tudo isto eleva o volume de treino para níveis tão altos que serão necessárias no mínimo, duas horas diárias de treino na água, chegando alguns nadadores a treinar por quatro, seis ou até mais horas. A freqüência semanal praticada por competidores é acima de quatro dias por semana (MAGLISHO, 1999; PLATONOV, 2005).

    A natação competitiva é popular entre jovens atletas. Em 2008, por exemplo, mais de 14 mil nadadores foram registrados em alguma federação deste esporte no Brasil, e em 2009, quase 12 mil (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE DESPORTOS AQUÁTICOS, 2010). As mulheres iniciam mais cedo neste esporte, por volta dos sete anos, enquanto entre os homens a média de inicio é dois anos mais tardia (PLATONOV, 2005). Iniciando nesta idade, mesmo um nadador que abandone a atividade aos doze anos, terá sofrido em média quatro anos de exposição aos treinamentos intensos.

    À medida que, um nadador é exposto a treinamentos mais exigentes, aumenta-se a preocupação com sua saúde, que deve estar em perfeito estado para suportar as demandas. É comum exigir-se de um nadador antes de iniciar uma temporada de treinamentos, exames laboratoriais, check up odontológico, testes de esforço, etc.

Erosão dental e manchas dentais

    Os dentes sempre foram considerados elementos fundamentais da estética facial. Pesquisas arqueológicas realizadas no Egito localizaram múmias cujos dentes eram envoltos por fios de ouro, fato que por si só, demonstra a ancestral preocupação com a aparência do sorriso (MICHELI et al., 1987). A fala e o sorriso deixam à mostra os dentes, portanto, uma dentição imperfeita pode provocar um trauma sempre que se sorrir ou falar. As síndromes emocionais negativas de origem dentária estão relacionadas basicamente a dois fatores: a anadontia1 e à estética deficiente (MICHELI et al., 1987).

    A cárie é sem dúvida, uma das principais causas do prejuízo da estética dental, sendo preocupação entre treinadores de competidores da natação, que por ciência ou senso comum, acreditam que um dente cariado irá afetar todo o desempenho do organismo. Porém, dois outros problemas não tão conhecidos merecem atenção na saúde bucal de nadadores: a erosão dental e as manchas dentais.

    A erosão dental é definida como a perda irreversível do tecido dental duro por processos químicos que não envolvem bactéria (SHAFER et al., 1987; BRANCO et al., 2008; KARGUL; BAKKAL, 2009). Pode afetar pessoas que ingerem grandes quantidades de bebidas gaseificadas altamente ácidas ou suco de limão e pessoas que chupam frutas ácidas com freqüência (SHAFER et al., 1987; BRANCO et al., 2008; KARGUL; BAKKAL, 2009). Pessoas com anorexia nervosa também podem sofrer com erosão dental através do suco gástrico, uma vez que a doença tem como uma de suas características o vômito (BRANCO et al., 2008; KARGUL; BAKKAL, 2009). Funcionários de indústrias que trabalham com produtos ácidos também são susceptíveis à erosão dental (SHAFER et al., 1987; BRANCO et al., 2008). Diferentes autores concordam que, atividades em piscinas cloradas, como a natação, são desencadeadoras de erosão dental (MOSS, 1998; CABRERA; KAMASHIRO, 2004; JEGIER et al., 2005; WIEGAND; ATTIN, 2007; DAWES; BORODITSKY, 2008; GULDAG et al., 2008; GUPTA et al., 2009; KARGUL; BAKKAL, 2009). Cabrera e Kamashiro (2004), relatam erosão dental em todos os nadadores de uma equipe em Lima, no Peru, que treinaram seis vezes por semana. A erosão era mais severa nos nadadores que treinavam mais horas. Centerwall et al. (1986), relatam erosão dental em dois moradores da Virginia. Ambos pertenciam à mesma equipe de natação competitiva no mesmo clube. A partir destes dois casos, uma pesquisa encontrou 3% de erosão em não nadadores, 12% entre os nadadores não competitivos, e 39% dos membros da equipe de competição. Dawes e Boroditsky (2008) mencionam erosão dental em uma senhora de 72 anos após natação em uma piscina do hotel onde se hospedou por duas semanas e praticava natação todos os dias durante duas horas e meia por sessão. Griffin et al. (2008), relatam em seu estudo, um paciente com erosão dental que não apresentava nenhum dos fatores para o problema a não ser, ter feito natação durante todo o verão em piscina local. Este paciente, bem como outros usuários da mesma piscina, reclamaram de dor e sensibilidade nos dentes após usar a piscina. Todos estes casos têm em comum o fato de a água da piscina ter pH abaixo da faixa adequada de uso em piscinas.

    A erosão dental em nadadores deve-se à exposição em água tratada com cloro em que o pH esteja ácido. A faixa de pH ideal para uso está entre 7,2 e 8,0 (MENDONÇA; RUFF, 1979; CABRERA; KAMASHIRO, 2004; JEGIER et al., 2005). Alguns autores defendem um pH de 7,2 a 7,8 (VASCONCELOS; DUARTE, 2006; AZEVEDO et al., 2007; RZNISKI, 2008). O ponto crítico para a erosão dental é o pH de 5,5 (JEGIER et al., 2005; BRANCO et al., 2008; GULDAG et al., 2008): quanto mais ácido for o pH, maior será a erosão do esmalte.

    Os principais sintomas da erosão dental são, a diminuição do brilho do esmalte e dentes amarelados (BRANCO et al., 2008). Contudo, nem sempre é tão simples diagnosticar esta patologia, até mesmo por dentistas. Outro mecanismo para o surgimento de erosão dental em nadadores pode ser o alto consumo de bebidas ácidas por este grupo (WIEGAND; ATTIN, 2007; GUPTA et al., 2009).

    As manchas dentais são depósitos de cor escurecida de material orgânico e inorgânico, como um tártaro dental marrom e rígido na dentição de nadadores (ROSE; CAREY, 1995). As manchas dentais também são formadas a partir da exposição à água clorada com pH fora da faixa adequada, porém neste caso, o pH será alcalino, ou acima de 8,0. Rose e Carey (1995), observaram diversos nadadores que mantinham rotinas de treinamento intensivo. Verificaram que de 100 nadadores que praticavam natação competitiva, 91 apresentaram manchas dentais, enquanto que entre os que praticavam natação não competitiva, com menor exposição à água clorada, os acometidos foram 27 de 100. Cálculo dental, raramente é encontrado em crianças com menos de nove anos, mas, este tipo de mancha dental não é rara em crianças e adolescentes. Em um estudo da American Dental Association Health Foundation (ADAHF), mencionado por Rose e Carey (1995), foi encontrado 58% de nadadores com manchas dentais na faixa etária dos seis aos 18 anos.

Tratamento de água de piscina com cloro: A necessidade de monitoramento do pH.

    Presume-se que Paris tenha sido a primeira cidade a contar com sistema de tratamento de água, no início do século XIX. O tratamento então dispensado à água tinha por objetivo melhorar sobretudo sua estética, através da filtração e decantação, objetivando somente a remoção de partículas suspensas e do odor (DANIEL et al., 2001).

    A água, para ser considerada pura, porém, precisa ser incolor, inodora, insípida e transparente, sendo a sua qualidade definida pela composição química, física e bacteriológica (RICHTER; AZEVEDO NETTO, 1991). A desinfecção da água visa reduzir a níveis considerados seguros os microorganismos que lá estão presentes (MACEDO, 2003). Segundo Daniel et al. (2001), entre os agentes de desinfecção (desinfetantes), o mais largamente empregado na purificação da água é o cloro, por ser facilmente disponível como gás, liquido ou sólido, barato e capaz de destruir a maioria dos microorganismos patogênicos (RICHTER; AZEVEDO NETTO, 1991). A desinfecção é indispensável, pois as etapas anteriores do tratamento, a exemplo da filtração, não conseguem reduzir a níveis considerados seguros, os microorganismos existentes na água da piscina (MACEDO, 2003).

    As características desejáveis de uma água, por sua vez, dependem de sua utilização, da sua finalidade, sendo que, os principais exames físicos são a cor, a turbidez, o pH, o odor e o sabor, a tempera e a condutividade elétrica (RICHTER; AZEVEDO NETTO, 1991; DANIEL et al., 2001).

    De modo geral, no tratamento de água de piscinas, a característica mais observada é o pH, um parâmetro químico que traduz a acidez ou alcalinidade de uma solução, representado numa escala que varia de 0 a 14 (MACEDO, 2003). A condição de maior acidez de uma solução aquosa é observada à medida que se decresce nesta escala química, graças à presença do íon H+. A condição de alcalinidade por sua vez, observa-se à medida que se ascende nesta escala e deve-se à presença do íon OH- (MACEDO, 2003). Sendo a escala de 0 a 14, o sete, centro da escala, é considerado pH neutro. O pH abaixo de sete será considerado ácido, o pH acima de sete será considerado alcalino ou básico. Águas de pH baixo tendem a ser corrosivas ou agressivas a metais, paredes de concreto e superfícies de cimento-amianto, enquanto que águas de alto pH tendem a formar incrustações (RICHTER; AZEVEDO NETTO, 1991; MACEDO, 2003). Além disso, em pH acima de nove, a ação sanificante do tratamento com cloro é praticamente ineficiente (MACEDO, 2004). Quando o pH está em 8.0 o cloro é eficiente em somente 20%, e quando o pH está em 8.5, a eficiência do tratamento cai para 8% (INWA, 2005).

    Apesar de sua ampla utilização no tratamento de piscinas, o cloro apresenta algumas desvantagens, como por exemplo, ser venenoso e capaz de corroer praticamente todos os metais (RICHTER; AZEVEDO NETTO, 1991). Suas desvantagens estão ligadas essencialmente ao descontrole de pH. Neste caso, o reajuste do pH para valores adequados é feito com substâncias alcalinas, se for desejado aumentar o seu valor, e substâncias ácidas, no caso de abaixar o valor do pH (RICHTER; AZEVEDO NETTO, 1991; MACEDO, 2003). No setor de piscinas, o ácido mais utilizado para redução de pH é o ácido clorídrico, comercialmente denominado de ácido muriático. Para seu aumento, o carbonato de cálcio e o bicarbonato de sódio são os mais utilizados (MACEDO, 2003).

    A faixa de pH considerada adequada para uso em piscinas é de 7,2 a 8,0 (MENDONÇA; RUFF, 1979; CABRERA; KAMASHIRO, 2004; JEGIER et al., 2005), ou de 7,2 a 7,8 para outros autores (VASCONCELOS; DUARTE, 2006; AZEVEDO et al., 2007; RZNISKI, 2008). O pH da água tratada com cloro deve ser verificado periodicamente com anotações e controle em planilhas próprias, isso porque, segundo o INWA (2005) o cloro se dissipa rapidamente, principalmente em contato com a luz do sol. Segundo Angerami et al. (2007), a periodicidade mínima das verificações deve ser de duas horas. Para Vasconcelos e Duarte (2006), a frequência de controle do pH deve ser de no mínimo seis horas.

    A cloração das piscinas tem ainda por objetivo, manter um nível dessa substância na água suficiente para desinfetar os agentes contaminantes no ambiente aquático até a próxima cloração. Este cloro que permanece na água mesmo após algum tempo é chamado de cloro residual (RZNISKI, 2008).

    Os meios considerados alternativos são o dióxido de cloro, o permanganato de potássio os sais de prata e de cobre, o ozônio e outros (DANIEL et al., 2001). O tratamento da água com ozônio não é muito utilizado no Brasil, mas é bastante difundido na Europa e utilizado em alguns lugares nos Estados Unidos (RICHTER; AZEVEDO NETTO, 1991; DANIEL et al., 2001). O ozônio é o mais próximo competidor do cloro, suas primeiras aplicações no tratamento da água foram feitas em 1896. É um poderoso oxidante, tem ação desinfetante mais intensa e mais rápida do que o cloro. É um germicida muito eficiente, sendo que uma de suas desvantagens é o fato de que os residuais obtidos não são persistentes, desaparecendo em pouco tempo (RICHTER; AZEVEDO NETTO, 1991). O ozônio não apresenta os inconvenientes com a variação de pH como no cloro, porém o tratamento com cloro é financeiramente mais viável.

    Existem várias evidencias no mundo de que quando duas ou mais técnicas de sanitização são utilizadas em combinação, o resultado é melhor que se um único sistema for usado. Os benefícios são: a) melhor qualidade da água uma vez que, patógenos diferentes possuem sensibilidade diferente a cada método; b) maior confiabilidade no tratamento; c) menor custo em diversos casos; d) mais satisfação dos nadadores; e) menores efeitos colaterais por conta dos produtos utilizados e menor uso do cloro (INWA, 2005). Por exemplo, a presença de íons de cobre e prata na água, combinados com o cloro é mais eficiente do que simplesmente o cloro (INWA, 2005).

Considerações finais

    Com base nas leituras sobre erosão dental e sobre o tratamento de piscinas a base de cloro, conclui-se que a exposição de nadadores à água de piscinas tratadas com cloro pode provocar erosão do esmalte dental, quando o pH for ácido, tendo como ponto crítico o valor 5,5. O pH alcalino, por outro lado pode provocar manchas dentais em nadadores expostos.

    Portanto, deve-se estar atento para o monitoramento do pH da água de piscinas onde são realizadas atividades de natação de alta intensidade, por exigir que seus praticantes permaneçam expostos na água por mais tempo e com maior freqüência de que outros usuários da água. Este monitoramento deve acontecer com periodicidade mínima de seis horas, uma vez que o cloro é volátil e se dissipa, sobretudo em contato com a luz do sol. Pode-se também optar por outros meios de tratamento, como o ozônio, ou por formas combinadas de tratamento, reduzindo a necessidade de uso do cloro. O cuidado com o monitoramento da água da piscina, por sua vez, não só incidirá sobre os dois problemas tratados neste estudo, como também na qualidade da sanitização da água, uma vez que a eficácia do tratamento é também pH dependente.

Nota

    1.     Ausência de dentes.

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