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Perfil de crescimento físico e estado nutricional de escolares da

Secretaria Municipal de Educação de Belém, Pará. Um estudo de caso

Perfil de crecimiento físico y estado nutricional de escolares de la 

Secretaría Municipal de Educación de Belem, Pará. Un estudio de caso

 

*Graduada em Licenciatura Plena em Educação Física,

Pedagogia e Nutrição. Especialista em Gestão Escolar

Mestranda em Ciências da Motricidade Humana – UCB

Universidade Castelo Branco – UCB

Rio de Janeiro – RJ

(Brasil)

May da Costa Mendonça*

Dilma de Oliveira Leão

Luiz Cláudio Acácio Barbosa

Luiz Carlos Acácio Barbosa

Ricardo Figueiredo Pinto

maymendonca@globo.com

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo foi traçar o perfil de crescimento físico e estado nutricional de escolares com idade entre 3 a 5 anos, matriculados na Secretaria Municipal de Educação de Belém. A pesquisa é caracterizada como descritiva diagnóstica, é um estudo de caso com uma amostra de 120 escolares, sendo 69 masculinos e 51 femininos, matriculados na Unidade de Educação Infantil “Cremação”. Foi utilizado como instrumento de aferição do peso uma balança portátil digital, de plataforma com capacidade máxima para 150 kg e uma fita métrica com subdivisão 0,1 cm, para verificar a estatura. A avaliação do crescimento físico e estado nutricional foi realizada segundo os critérios de Waterlow (1976), por meio do software PED, Programa de Avaliação do Estado Nutricional em Pediatria. A análise das curvas de peso, estatura e estado nutricional permitiram observar que a população investigada possui um desenvolvimento adequado, com 52,5% dos escolares eutróficos e com baixos índices de obesidade, 3,33% e 3,33% para os sobrepeso e obeso, mas índices significativos de 40,83% de escolares desnutridos (desnutrição atual, desnutrição pregressa e desnutrição crônica), os escolares apresentam os percentis 15,83%, 14,17% e 10,83% respectivamente. Concluiu-se que deverá haver uma preocupação em relação aos desnutridos, indicando a necessidade de realizar medidas de adequação da alimentação dessas crianças e conhecer a realidade, ambiente, condições urbanas e desigualdades sociais onde as mesmas estão inseridas é indispensável para incentivar a elaboração de metas de prevenção e intervenção a fim de prevenir o quadro atual e promover um desenvolvimento sadio da população estudada.

          Unitermos: Estado nutricional. Crescimento. Desenvolvimento infantil

 

Abstract

          The objective of this study was to prepare a profile of the physical growth and emotional state of 3 to 5 year old school kids, enrolled on the Belém Municipal Education Board. The research is characterized as a diagnosis descriptive one. It is a case study with a sample of 120 school kids, being 69 males and 51 females, enrolled on “CREMAÇÃO” Children Education Unit. As weight measuring instrument a digital portable scale, platform type, 150 kg was used together with a measuring tape with 0,1 cm subdivision. The evaluation of the physical growth and the emotional state was carried out following the Waterlow (1976) protocols, by means of the (Nutritional State Evaluation Program in Pediatrics) PED software. The analysis of the weight, height and nutritional state curves allowed us to observe that the investigated population had adequate development, with 52,5% of the school kids being eutrophic and with low levels of obesity, 3,33% and 3,33% for the obese and overweight ones, significant indicators of 40,38% for those in malnutrition though (present malnutrition, former malnutrition and chronic malnutrition), the school kids presented 15,83%, 14,17% and 10,83% respectively. It was concluded that there should be a concern regarding those in malnutrition, signalizing the need to take adequate measurements about the feeding of these kids and to know better their reality, environment, urban conditions and social differences is indispensable to promote the elaboration of prevention and intervention goals to improve this scenario and promote a healthy development for the studied population.

          Keywords: Nutritional state. Growth. Children development

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 143 - Abril de 2010

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Introdução

    Durante muitos anos, boa parte das pesquisas em nutrição dedicaram-se a investigar aspectos relacionados à desnutrição e suas conseqüências para a saúde. Atualmente, o foco de atenção dos pesquisadores (BASTOS, 2002, JÚNIOR et al, 2008, PETROSKI et al, 2007, ZÖLLINER e FISBERG, 2006) está voltado para o aumento desordenado do sobrepeso e da obesidade, que está afetando pessoas de todas as idades, e de diferentes condições sócio-econômicas, pertencentes a países desenvolvidos ou em desenvolvimento.


    No Brasil, as mudanças decorrentes da transição nutricional vêm atingindo a população de menor poder aquisitivo. Em crianças, persistem elevadas prevalências de desnutrição na população de baixa renda, especialmente nas regiões mais pobres do país (FISBERG, 2003).

    Embora crescimento e desenvolvimento sejam muitas vezes considerados termos sinônimos, podemos dizer que: “crescimento refere-se as alterações biológicas que implicam em aumento corporal, considerando principalmente a evolução do peso, estatura e perímetro craniano” (LEÃO et al, 1998, p. 71). “Desenvolvimento é um processo, basicamente seriado e somativo, de aquisição de habilidades cada vez mais complexas.” (LEÃO et al, 1998, p. 99). Portanto, é importante o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, pois eles são considerados o eixo na atenção à saúde da criança.

    Para Krebs (1997), o desenvolvimento infantil torna-se um processo complexo e multidimensional partindo de suas características, nos primeiros meses de vida da criança as mais evidentes são a motricidade e a percepção, e gradativamente vão surgindo a linguagem e o pensamento. Processo esse difícil de explicar, através das teorias do desenvolvimento humano, por sua interação entre o ser humano em desenvolvimento e os contextos no qual estão inseridos. Berns (2002), ressalta que os seres humanos, à medida que adquirem amadurecimento, compartilham de três princípios básicos que defendem o crescimento e o desenvolvimento de todos os sistemas corporais que possam existir normas ou padrões típicos que especifiquem as diferenças individuais. Tais diferenças são evidenciadas por características pessoais incluindo tanto tributos sócio-emocionais quanto cognitivos, fundamentais, neste processo, embora estas não possuam o mesmo potencial para influenciar o desenvolvimento humano.

    O estado nutricional de uma população, em especial de crianças até 4 anos, é um excelente indicador para o seu crescimento e desenvolvimento, e não existe outra forma de intervenção se o mesmo não for diagnosticado de maneira adequada. Para tal, a avaliação do estado nutricional dessas crianças se constitui em uma etapa fundamental no estudo, para que seja possível verificar se o crescimento está se afastando do padrão esperado por doença e/ou por condições sociais desfavoráveis. Quanto mais crianças forem avaliadas do ponto de vista nutricional, mais intervenções precoces poderão ser instituídas, certamente melhorando a qualidade de vida da população de uma forma geral.

    A complexidade do perfil nutricional do país e a coexistência de problemas típicos de sociedades subdesenvolvidas e de países desenvolvidos mostram a necessidade de conhecer a magnitude dos agravos nutricionais nas regiões do país. Para a realização deste estudo foram investigados os escolares de 3 a 5 anos que frequentam a Unidade de Educação Infantil localizada no bairro da Cremação, em Belém. A UEI “CREMAÇÃO” possui 210 escolares matriculados que começam a frequentar dos 6 meses até os 5 anos de idade em 9 turmas, sendo 2 parciais e 7 integrais. O período de funcionamento é das 7h30 às 18h30, onde as crianças recebem 4 refeições diárias, exceto nas turmas parciais da manhã e da tarde que recebem apenas 2 refeições.

    Diante destas possibilidades é que realizou-se uma diagnose pautada nas informações contidas nas fichas de pré-matrícula dos 120 escolares avaliados neste estudo, para conhecer suas origens, através dos dados relacionados com a situação sócio-econômica e sobre a saúde da criança (gestação da mãe, período de amamentação e vacinação). É através dessa análise de informações que retrata a situação dos escolares antes de seus ingressos na Unidade de Educação Infantil, que se reforça a necessidade que estes possuem de serem atendidos nesses espaços educativos precocemente.

    O atendimento das necessidades básicas da criança se faz com ela e para ela, independente do grau de complexidade, e são momentos de construção do conhecimento da identidade e da autonomia. Portanto, deve-se oportunizar esse atendimento, com alimentação, higiene, atividade pedagógica e atividades físicas para crianças desde os 2 anos de idade, para que com isso se diminuam os fatores de risco implicando em mudanças positivas nos hábitos de vida das crianças na educação infantil.

    Desta forma, surge a necessidade de constatação dos efeitos relativos ao desenvolvimento evidenciados na Educação Infantil que possibilitará a redução da lacuna existente na formação da clientela de baixa renda, que depende da educação pública, bem como, para suprir suas necessidades alimentares uma vez que muitas destas crianças ficam em suas casas sem receber alimentação adequada, fato indispensável ao seu desenvolvimento motor satisfatório. No município de Belém não havia, até a realização do presente estudo, informações representativas sobre o perfil de crescimento físico e estado nutricional de escolares de 3 a 5 anos. É nessa perspectiva que surge a proposta de se procurar investigar o perfil de crescimento físico e estado nutricional de escolares de 3 a 5 anos de idade, da Secretaria Municipal de Belém.

Materiais e métodos

    A elaboração deste estudo objetiva investigar o perfil de crescimento físico e estado nutricional de escolares de 3 a 5 anos de idade, da Secretaria Municipal de Belém, que foi caracterizada como pesquisa descritiva diagnóstica, sendo feito um estudo de caso por ela investigada. Considerou-se, como população, os escolares de ambos os sexos, na faixa etária de 3 a 5 anos de idade que no momento das coletas de dados estavam regularmente matriculados na Unidade de Educação Infantil “CREMAÇÃO”. A amostra foi constituída por 120 escolares, sendo 69 masculinos e 51 femininos, escolhidos intencionalmente com 3 anos completos e que não completaram 6 anos, formando a população incluída neste estudo.

    Foram excluídos do estudo, todos os escolares com idade inferior a 3 anos e superior a 6 anos, além dos escolares que não apresentaram autorização dos pais e/ou responsáveis; faltaram às aulas no período da coleta de dados; e se recusaram a participar do estudo. O peso corporal foi verificado através uma balança digital da marca Britânia, de plataforma com capacidade máxima para 150 kg, escalonada em quilos e intervalos de 100 gramas. Para a medição da altura, o instrumento foi uma fita métrica com subdivisão 0,1 cm, as datas de nascimento dos escolares foram obtidas através do registro de nascimento. Tais medidas são necessárias para verificar o crescimento físico dos escolares e classificá-los de acordo com a adequação Estatura/Idade e Peso/Idade, onde se utilizou como padrão de referência as curvas de crescimento do NCHS (National Center for Health and Statistics), recomendado pela OMS.

    O estado nutricional foi calculado usando-se os dados de estatura e peso adequados para a idade cronológica, definidos pela data de nascimento dos escolares e a data de avaliação. Foi utilizado o critério de Waterlow (1976) empregando como padrão de referência o NCHS e utilizando-se do Programa de Avaliação do Estado Nutricional em Pediatria (PED), que efetivou os cálculos do estado nutricional e os respectivos percentis de adequação de peso e altura.

    Para a coleta de dados, providenciou-se, inicialmente, contato com a Secretaria Municipal de Educação de Belém – SEMEC, através da coordenadora responsável pelas Unidades de Educação Infantil, visando, mediante a apresentação da proposta da pesquisa, a autorização para o levantamento de dados dos escolares da Unidade de Educação Infantil “CREMAÇÃO”. Para a participação, foi encaminhado aos pais e/ou responsáveis o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, assim como os procedimentos adotados para o desenvolvimento do estudo e solicitada a sua assinatura autorizando a viabilização e participação dos escolares nas avaliações. Assim, foram efetuadas as coletas dos dados dos escolares, avaliados individualmente, em dias e horários combinados com a direção da UEI “CREMAÇÃO”, respeitando a disponibilidade dos avaliados.

Resultados e discussão

    O crescimento físico dos 120 escolares da UEI “CREMAÇÃO” que foram avaliados, são apresentados inicialmente através da amostra em percentil da idade/estatura, em relação às curvas de referência do NCHS. Através do gráfico 1 pode-se verificar que a curva de distribuição da amostra da população estudada ultrapassa os índices referendados pelo NCHS, porém por se tratar de uma faixa etária limitada e específica deste estudo, encontrou-se resultados semelhantes em estudos de escolares da educação infantil do Município de Mogi-guaçú em São Paulo, avaliados por Fernandes (2003). Estudos realizados por Monteiro e Conde (2000) em crianças menores de cinco anos pertencentes às famílias de menor renda percapta do Município de São Paulo e frequentadoras de creches municipais, o déficit de altura para idade foi o índice nutricional menos satisfatório.

Gráfico 1. Distribuição amostra em percentil idade/estatura de acordo com referências NCHS

    Diante destes resultados, Tolocka et al, ressalta que alimentação saudável deve ser incorporada também no ambiente familiar das crianças. Devem ser investigados seus hábitos alimentares nestes diferentes ambientes, pois isto poderia ajudar a explicar por que crianças que ficam em tempo integral em uma mesma instituição (creches/escolas), recebem a mesma alimentação e participam de atividades físicas com mesmas orientações, podem estar em situações tão diferenciadas, como ocorreu no seu estudo, onde o número de caso de desnutrição também é elevado, aproximadamente 14% para meninos e 18% para meninas.

    A distribuição da população avaliada de acordo com o percentil idade/peso mostrou-se semelhante à encontrada em relação ao percentil idade/estatura, conforme podemos verificar no gráfico 2. Os resultados apresentados demonstram uma evolução do crescimento tanto para estatura quanto para peso, relacionados a idade dos escolares.

Gráfico 2: Distribuição amostra em percentil idade/peso de acordo com referências do NCHS.

    Em relação ao estado nutricional dos escolares avaliados, pode-se observar na Figura 1 que nos casos de obesidade foram evidenciados índices bem abaixo dos de referência do NCHS pois não foi registrado nenhum grande obeso e os obeso e sobrepeso estão em 3,33%, menor que o esperado que é de 7 e 15% respectivamente. Vale ressaltar que nos casos de desnutrição a população avaliada é superior aos índices de referência do NCHS que para desnutrido crônico e observou-se 10,83%, desnutrido pregresso mais que o dobro esperado, 14,17% e o desnutrido atual, o índice foi 15,83%. Para eutrófico, o índice encontra-se aproximado pois é de 52,5%, provavelmente devido às condições sócio-econômicas inadequadas. Tais resultados divergem dos achados de estudos de base populacional representativos da população brasileira, que indicam uma queda da desnutrição em crianças e adolescentes. Guedes & Guedes (2000) apresentam seus resultados onde os casos de obesidade são mais frequentes, já que as pesquisas priorizam avaliar escolares com idade além dos 7 anos.

    Segundo Vieira et al (2008), a complexidade do perfil nutricional que têm sido estudados no país e a coexistência de problemas típicos de sociedades subdesenvolvidas e de países desenvolvidos mostrou a necessidade de conhecer amplamente os seus agravos nutricionais nas diferentes regiões do país.

Gráfico 3. Distribuição da amostra em percentil do estado nutricional de acordo com NCHS

Figura 1. Distribuição amostra com classificação do estado nutricional de acordo com NCHS

    Um fato observado na pesquisa destas 120 crianças matriculadas na Unidade de Educação Infantil “CREMAÇÃO”, é que identificou-se que 119 foram amamentadas por leite materno, em períodos diferenciados, e que somente 1 não recebeu esta alimentação, e como o aleitamento materno representa uma das experiências nutricionais mais precoces do ser humano, em continuidade à nutrição iniciada na vida intra-uterina, tal alimentação diferenciada pode não ter influenciado no crescimento das referidas crianças. Balaban e Silva (2004), em seus estudos, relatam que a composição do leite materno em termos de nutrientes difere qualitativa e quantitativamente das fórmulas infantis. Além disso, diferem em sua composição, por fatores bioativos como hormônios e fatores de crescimento que vão atuar sobre o mesmo, bem como a diferenciação e a maturação funcional de órgãos específicos, afetando vários aspectos do desenvolvimento.

    De acordo com Balaban e Silva (2004), os mecanismos potencialmente envolvidos ainda precisam ser esclarecidos, pelo fato do leite materno envolver diversos aspectos, dentre eles a sua composição e quantidade ingerida pelo amamentado, levando-se em conta o tempo de aleitamento exclusivo, a época de introdução de alimentos sólidos, assim como aspectos relacionados à relação mãe – filho e a formação do hábito alimentar da criança.

    Os dados da literatura são contraditórios quando se referem a crescimento ou velocidade de crescimento de crianças amamentadas por leite materno, e pelas diversidades de metodologias, é de difícil comparação, podendo as crianças apresentarem deficiência de crescimento após os 3 meses de vida ou podendo duplicar o peso de nascimento antes do 4º mês de vida, o que apresenta como resultado o estudo de Marques et al (2006) que avaliou o crescimento de 102 crianças com aleitamento materno exclusivo ao longo de 6 meses e conclui que nenhuma criança evoluiu para desnutrição ao longo do estudo. Embora tais resultados tenham sido evidenciados como benéficos no crescimento das crianças até 6 meses, após esta idade, o crescimento e o estado nutricional dependerão da alimentação diferenciada e da condição sócio-econômica que a criança está inserida.

Conclusão

    Identificando as características do crescimento físico de escolares de 3 a 5 anos de idade da Unidade de Educação Infantil “Cremação” da SEMEC, podemos concluir que a população pesquisada apresenta um crescimento, relacionado a peso corporal e estatura, favoráveis ao seu desenvolvimento, onde o peso corporal é usualmente considerado como mais sensível às influências do ambiente que a altura. Tais processos poderão sofrer causa e efeito por fatores relacionados ao nível sócio-econômico da população estudada que se em condições favoráveis como alimentação adequada, condições de higiene e assistência à saúde, poderão contribuir para que atinjam o seu potencial genético, tendo em vista um atendimento precoce que propiciará tais resultados, pois o crescimento físico é expressado pela interação entre o potencial genético do escolar e as condições de vida provenientes de sua inserção social. Acredita-se que o macrossistema Belém investigado particularmente no seu micro e mesosistemas, UEI “Cremação” da SEMEC, necessita propor e efetivar outras mudanças no sentido de oferecer à população melhores condições para o seu crescimento e desenvolvimento. Em relação ao estado nutricional dos escolares de 3 a 5 anos de idade da Unidade de Educação Infantil “Cremação” da SEMEC, revela que deverá haver uma preocupação com os desnutridos, pois os índices encontram-se acima do esperado. O contraste entre desnutrição e a obesidade, acima e abaixo do esperado, indica a necessidade de ainda realizar medidas de adequação a alimentação das crianças. As causas para este resultado parecem ser relacionadas com a alimentação inadequada, onde o consumo protéico-calórico por parte dos escolares estudados é aquém de suas necessidades. Isso pode se dar pelos contextos econômico e cultural de suas famílias, pois o aspecto nutricional faz parte deste contexto amplo e diversificado, que pode intervir nos resultados encontrados.

    A deficiência alimentar pode provocar alterações que venham a intervir negativamente no processo de desenvolvimento do escolar, em especial os da educação infantil, fazendo-se necessário uma intervenção por parte da Unidade de Educação Infantil “Cremação”, que venha suprir as carências encontradas. O conhecimento da realidade do estado nutricional na área de abrangência dessa Unidade Educacional é um importante passo para incentivo à elaboração de metas de prevenção e intervenção, com o intuito de modificar ou prevenir o quadro atual. Além disso, são necessários estudos sobre o meio ambiente, para verificar a alimentação das crianças fora do contexto educacional, em especial após os 4 meses de vida, já que é após esta idade em média, que se inicia a introdução de outros alimentos que não sejam o leite materno, pois o mesmo não tem interferência direta no estado nutricional dos amamentados após a idade em que são introduzidos outros tipos de alimentos conforme a condição sócio-econômica que a criança está inserida. Portanto, faz-se necessário refletir sobre as condições urbanas, principalmente as desigualdades sociais, geradoras de situações que dificultam o desenvolvimento sadio da população para uma intervenção que possa buscar melhorias que promovam o desenvolvimento dos escolares.

    No decurso da pesquisa, sentiu-se que há necessidade também de investigar se o estado nutricional dos escolares que já estão com 4 e 5 anos, e que ingressaram a mais tempo na Unidade de Educação Infantil “Cremação”, encontram-se em níveis de eutrofismo. Há indícios de que esses escolares ao ingressarem na Unidade antes dos 2 anos de idade afastariam-se dos níveis de desnutrição em que encontravam-se durante o período que receberam apenas a alimentação dos ambientes onde estão inseridos socialmente. Para tanto, se propõe investigação dos escolares que estão matriculados na UEI por mais tempo, e que recebem não só alimentação, mas uma educação que propicia um bom desenvolvimento na formação humana. Assim, é importante também fomentar a realização de estudos longitudinais que tracem a curva de crescimento dos escolares da UEI “Cremação”, com vista a identificar problemas no desenvolvimento desses escolares, como também promover ações que minimizem os impactos que as condições ambientais relacionadas às situações sócio-econômicas diversificadas exercem sobre o estado de vida e saúde desses escolares.

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