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Professor de Educação Física? A baixa procura pela 

Licenciatura em diversas Instituições de Ensino Superior pelo Brasil

¿Profesor de Educación Física? La baja demanda de la Licenciatura en distintas Instituciones de Educación Superior en Brasil

 

*Graduando em Educação Física - UNIBH

**Mestre em Ciências da Educação – UNIBH/FESBH

(Brasil)

Adriana Carolina Cunha Rezende*

drikalind@yahoo.com.br

Aroldo Luis Ibiapino Cantanhede*

alicantanhede@yahoo.com.br

Eduardo Nascimento**

nascimento_judo@hotmail.com

Romano Dias Teixeira*

levos-levos@hotmail.com

Vitor Felipe Wild Araujo Azevedo*

vitorwild@hotmail.com

 

 

 

Resumo

          O presente artigo visa demonstrar que a Licenciatura em Educação Física não tem sido a escolha da maioria de acadêmicos em diversas Instituições de Ensino Superior do Brasil. Para isso analisaram-se diversos estudos que trazem resultados que comprovam a idéia do descrédito da Licenciatura. Inúmeros motivos podem ser responsabilizados por essa situação, contudo, a baixa remuneração salarial, o pouco status da profissão docente e a inadequação da Educação Física como disciplina na Educação Básica estão como os motivos primários para a baixa procura.

          Unitermos: Licenciatura. Educação Física. Educação Básica

 

Resumen

          Este artículo pretende demostrar que la Licenciatura en Educación Física no es elegida por la mayoría de los alumnos en diversas instituciones de educación superior en Brasil. Para ello se analizaron varios estudios que demuestran la idea del descrédito de la Licenciatura. Hay muchas razones para esta situación, sin embargo, los bajos salarios, el pobre status social de la profesión docente y la inadecuación de la Educación Física en la educación primaria son las principales razones de la baja demanda

          Unitermos: Licenciatura. Educación Física, Educación primaria

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 143 - Abril de 2010

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Introdução

    A atuação na docência está sempre em um lugar comum no pensamento das pessoas. Muito dessa imagem é resultado do que a sociedade vê atualmente: professores que não tem salas de aulas para lecionar, não possuem a remuneração cabível, alunos indisciplinados, etc.

    Os profissionais de Educação Física também passam por essa situação e, a cada dia, a busca pela formação com vistas à docência na Educação Básica em Educação Física parece ter sido deixada de lado como mostram alguns estudos específicos.

    Há inúmeros motivos para que isso aconteça. Podemos citar desde a ausência de estrutura e materiais até a falta de bons salários, perpassando pelo baixo status que a profissão de professor goza.

    O objetivo deste estudo é demonstrar que a busca pela docência em Educação Física na Educação Básica através da formação na Licenciatura não tem alcançado grande prestígio quando do momento de Ingresso nas Instituições do Ensino Superior (IES).

    Este estudo se justifica em virtude dos inúmeros debates, em diversas esferas, sobre a formação do Licenciado em Educação Física e de suas competências. E também do maior escopo que a Educação Física tomou, dentro da Educação Básica, com o advento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação.

1.     A escolha dos acadêmicos de Educação Física em diversas IES

    Bara Filho et al. (2001) concluíram, após um estudo com acadêmicos de Educação Física da Universidade Federal de Juiz de Fora – MG (UFJF), que a preferência pela atuação em área não escolar, ou seja, fora da Licenciatura possuía um maior grau de interesse.

    Estudo com o objetivo de traçar a futura área de atuação dos acadêmicos de Educação Física da Faculdade de Educação Física de Santos – SP mostrou que os mesmos também preferiram a atuação fora da Licenciatura (LUGUETTI et al, 2005).

    A Licenciatura tem obtido baixa preferência pelos acadêmicos de Educação Física na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) (PINHO, COSTA, PEREIRA e AZEVEDO JUNIOR, 2007).

    Já Santini e Molina Neto (2005), em seus estudos mostram que a grande maioria de estudantes que adentram em faculdades de Educação Física não quer ser docente.

    Por sua vez Becker, Ferreira e Krug (1999) argumentam que acadêmicos do Curso de Educação Física (LICENCIATURA) não objetivam trabalhar como professores em escolas, muito embora não possam atuar no Bacharelado (CONFEF, 2002).    

    Krug et al (2009) ao estudarem os alunos do 7° período da Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) constataram que os mesmos haviam escolhido a Licenciatura por motivos diversos que não possuíam relação com a docência na Educação Básica de maneira íntima.

    Nascimento et al. (2009) ao pesquisarem os acadêmicos do 1° período do Curso de Educação Física do Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH), concluíram que os mesmos não têm a Licenciatura como a primeira opção de atuação após a conclusão do referido Curso Superior.

2.     Motivos para a não-escolha da Licenciatura em Educação Física

    Há inúmeros possíveis motivos que podem ser apontados para que a Licenciatura e, conseqüentemente a docência na Educação Básica, não seja escolhida pelos acadêmicos de Educação Física, contudo este estudo se ateve a três, que julgou serem os mais encontrados em estudos similares.

    Em primeiro lugar a questão salarial como afirma Odelius e Ramos (1999) é uma questão que tem feito com que inúmeras disciplinas da Educação Básica tenham perdido seus docentes, inclusive a Educação Física.

    Esteve (1999) afirma que salários inadequados têm grande importância na escolha da formação docente.

    Em seguida a questão do baixo status que a profissão de professor goza na sociedade conforme observam diversos estudos (CUNHA, 1997; GATTI, 1997; CODO, 1999; ESTEVE, 1999).

    Weber (1999) aponta certo preconceito aos que abraçam a carreira de professor, o que reforçaria uma visão de que a carreira docente não goza de prestígio.

    Finalmente, mesmo a disciplina sendo citada como “componente curricular obrigatório” pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) (BRASIL, 1996), e a Lei 10.328 (2001), ela ainda é vista, nos dizeres de Tani (1991) como uma disciplina que possui uma indefinição sobre sua forma de ação dentro da escola, seus conteúdos e conhecimentos a serem ministrados. Já Chiviakovsky (1998) afirma que a Educação Física ainda é tida como “confusa, mal entendida, inadequada” em seus pressupostos e ações o que dificulta o seu entendimento como campo pedagógico. Mais uma vez, Tani (2007) ao falar dos objetivos da Educação Física, mostra que a sociedade vê essa disciplina como possuidora de uma grande gama de atividades práticas, mas com pouquíssimos embasamentos teóricos e científicos. Parlebas (1993 apud BRACHT, 1999) afirma que a Educação Física não pode ser considerada uma Ciência, mas sim uma forma pedagógica de lidar com as, em suas palavras “ações motrizes”.

    Segundo Vieira, Zimbres, e Araujo (2009) a situação de indefinição se faz tão notória que o Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE) participou no ano de 2005 de inúmeras discussões sobre qual deveria ser a classificação da Educação Física como área do conhecimento tal era o desacordo entre entidades fomentadoras de conhecimentos que não conseguiam caracterizá-la.

    Por seu turno Moreira e Pereira (2005) afirmam após estudo com alunos do Ensino Médio, que a Educação Física tem em sua grande maioria propostas voltadas ao esporte deixando outros objetivos de lado.

    Pode-se destacar também, em relação à indefinição do campo de atuação da área, o fato da formação profissional em Educação Física estar alicerçada a uma dicotomia Bacharelado/Licenciatura dentro das IES (Nascimento et al. 2009). Há, como afirma Krahe (2004) uma fragmentação da formação do profissional por causa disso.

    Essa situação dicotômica é, em muitas das vezes, aversa à formação do licenciado e tende a valorizar o profissional Bacharel/pesquisador. Com isso há um prejuízo na formação, quase que especificamente, dos que desejam ser professores, refletindo mais tarde em como a Educação Física será vista pela sociedade em virtude de uma formação inadequada do Licenciado (PEREIRA, 2000).

Conclusão

    Conclui-se então que a Licenciatura em Educação Física tem tido baixa procura pelos acadêmicos como área de atuação em diversas Instituições de Ensino Superior e isso se deve por muitos fatores. Contudo a baixa remuneração salarial, o baixo status profissional e a indefinição da Educação Física em seus pressupostos como disciplina na Educação Básica, têm contribuído enormemente para essa pouca escolha pela Licenciatura.

Referências bibliográficas

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