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Descrição do fluxo de pacientes que receberam atendimento de fisioterapia em ginecologia e obstetrícia no período de um mês no Hospital Nossa Senhora da Conceição do município de Tubarão, SC

Descripción del flujo de pacientes que acudieron al servicio de fisioterapia en ginecología y obstetricia

 en el plazo de un mes en el Hospital Nossa Senhora da Conceição, en la ciudad de Tubarão, SC

Description of the flow of patients who attended physiotherapy in gynecology and obstetrics in

the period of one month in the Hospital Nossa Senhora da Conceição in the city of Tubarão, SC

 

* Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória pela Cesumar Inspirar.

** Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória pela Cesumar Inspirar

Mestranda em Ciências do Movimento Humano da UDESC

(Brasil)

Samanta Rattis Canterle Bez Fontana*

samantarcf@gmail.com

Vanessa Schveitzer**

vanessasc7@gmail.com

 

 

 

Resumo

          Existe atualmente uma preocupação em melhorar as condições de assistência às mulheres hospitalizada por motivos ginecológicos e/ou obstétricos, visto que nesses casos, se torna fundamental que se promova a melhora na qualidade de vida dessas mulheres por meio, por exemplo, da fisioterapia. O objetivo desse estudo é, portanto, descrever o tratamento fisioterapêutico realizado com mulheres internadas no Hospital Nossa Senhora da Conceição por motivos ginecológicos ou obstétricos, durante o mês de junho de 2006. Dentre as mulheres atendidas, encontraram-se, principalmente, puérperas, gestantes de risco e hiterectomizadas, que relataram melhoras especialmente no que se refere ao quadro álgico, ao relaxamento corporal e à respiração. Conclui-se, então, que mais uma vez, a fisioterapia apresenta um papel muito importante na sociedade no que diz respeito à saúde e à qualidade de vida da mulher brasileira.

          Unitermos: Fisioterapia. Ginecologia. Obstetrícia

 

Abstract

          Actually, there is a concern about becoming the assistance to hospitalized women, for gynecologic and/or obstetric reasons, better, where in these cases, it’s essential to promote the improvement of the quality of life of these women that are hospitalized in Nossa Senhora da Conceição Hospital because of gynecologis or obstetric reasons, during the june month of 2006. Between the women that received physical therapy attendance, there were women in pos-partum period, pregnants of high risk, and hysterectomized, that related improvements specially about the algic list, the coroporal slackness and breathing. So, it’s possible to conclude that, one more time, the physical therapy plays a very importante part in society refering to the brasilian women’s quality of life.

          Unitermos: Physical therapy. Gynecology. Obstetrics

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 143 - Abril de 2010

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Introdução

    Existe atualmente uma preocupação em melhorar as condições de assistência à mulher hospitalizada por motivos ginecológicos e/ou obstétricos, como por exemplo, gestantes (de alto risco ou não), puérperas (pós-parto normal ou cesárea), pré/pós-histerectomia (via vaginal ou abdominal), e distúrbios menstruais graves. Sendo assim, a fisioterapia nesses casos se torna fundamental na melhora da qualidade de vida dessas mulheres, tanto durante a internação, quanto após a alta hospitalar (1).


    No Brasil e em muitos lugares do mundo, o encaminhamento das pacientes com distúrbios e/ou alterações ginecológicas e/ou obstétricas para a fisioterapia ainda não é rotina entre os profissionais especializados nestas áreas. Isso acontece por falta de interesse das mulheres numa intervenção preventiva e, em nosso país, sobretudo pela dificuldade financeira que atinge a maioria da população (6).

    Segue, então, uma descrição do fluxo de pacientes atendidas pelo serviço de fisioterapia aplicada à ginecologia e à obstetrícia da Universidade do Sul de Santa Catarina no Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC) no período compreendido entre 05 de junho de 2006 e 05 de julho do mesmo ano (média de 23 dias), com freqüência de cinco dias semanais no período matutino.

Materiais e métodos

    A presente pesquisa tem por objetivo descrever fluxo de pacientes atendidas pelo serviço de fisioterapia aplicada à ginecologia e à obstetrícia da Universidade do Sul de Santa Catarina no Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC) no período compreendido entre 05 de junho de 2006 e 05 de julho do mesmo ano, com freqüência de cinco dias semanais no período matutino, com duração de 30 a 45 minutos cada atendimentos, sendo que o número destes variaram de um a cinco atendimentos.

    Deste modo, foram atendidas 68 mulheres com idade cronológica entre 13 e 46 anos, sendo 48 delas puérperas (19 Partos vaginais e 29 partos cesáreas), 5 pós-histerectomia total, 11 gestantes de risco (principalmente por eclâmpsia e pré-eclâmpsia, e trabalho de parto prematuro), 2 pacientes passaram por curetagem pós-aborto, e apenas 1 paciente com distúrbio mesntrual internada por anemia profunda em razão de acentuada hemorragia.

    Dentre as puérperas pós-cesárea, uma delas apresentou complicações quanto à cicatrização (infecção hospitalar), 24 referiram dor abdominal intensa e dificultando trocas de decúbito e deambulação, 5 referiram cefaléia, 2 apresentaram grande desconforto muscular em tronco e membros – ou seja, exacerbação da dor ao leve toque dos tender points –, 16 apresentaram edema de MMII, e 20 referiram dificuldade em urinar e evacuar. Enquanto isso, dentre as puérperas pós-parto vaginal, 16 passaram por episiotomia, 14 apresentaram dor e edema na região da episiotomia, 2 apresentaram fissura mamilar, nenhuma referiu cefaléia, 4 referiram dor abdominal, uma apresentou dificuldade nas trocas de decúbito e deambulação, 3 referiram dificuldade para urinar e evacuar, e uma apresentou laceração perineal. 6 puérperas apresentaram história prévia de aborto, e 2 tiveram diagnóstico de feto morto.

    Com as puérperas foram realizados exercícios de padrão ventilatório diafragmático, deambulação ao redor do leito e no corredor do alojamento conjunto, exercícios de contração perineal (associados ou não aos exercícios de ponte), massagem abdominal para flatulência, técnicas de alongamento miofascial de trapézio e peitorais, shiatsuterapia na região posterior de tronco, crioterapia (na região da incisão cirúrgica do parto cesárea e na região da episiotomia), exercícios metabólicos para MMII, laserterapia para cicatrização e melhora do processo infeccioso da cicatriz e para fissuras mamilares, apoios manuais propostos pelo método Reequilíbrio Tóraco-Abdominal (RTA) para otimização da biomecânica diafragmática, orientações quanto à amamentação e métodos anticoncepcionais no período de resguardo.

    Já em se tratando das pacientes histerectomizadas, todas as vias cirúrgicas foram abdominais, sendo que uma delas apresentava insuficiência renal e não se apresentou disposta para a realização de exercícios ativos. O tratamento destas pacientes foi constituído de exercícios de padrão ventilatório diafragmático (associado ou não a movimentos de MMSS), deambulação, exercícios de contração perineal (associados ou não aos exercícios de ponte), manobras de ajuda inspiratória e apoios abdominais propostos pelo método Reequilíbrio Tóraco-Abdominal (RTA) e massagem para flatulência.

    Quanto às gestantes de risco atendidas pelo serviço proposto, 4 foram internadas com diagnóstico de trabalho de parto prematuro, e 3 por hipertensão gestacional, sendo que 7 referiram dispnéia, cefaléia e lombalgia, e 1 apresentaram espasmo muscular da região da cintura escapular. Estas pacientes foram submetidas também a exercícios de padrão ventilatório diafragmático, shiatsuterapia, massagem do quarto ventrículo, exercícios metabólicos, alongamento miofascial, e técnicas de mobilização passiva e massagem de relaxamento de ombros e tronco. Também foram realizadas orientações quanto ao treino de trocas de decúbito e permanência da posição DLE (decúbito lateral esquerdo), e cuidados para evitar a prematuridade (evitar a estimulação abdominal e das mamas).

Resultados

    Todas as puérperas atendidas pelo serviço fisioterapêutico relatam melhora no desconforto muscular, assim como da dor na região da incisão cirúrgica e da episiotomia.

    A puérpera que sofreu infecção hospitalar e foi submetida à laserterapia por 2 sessões apresentou resolução do processo infeccioso (ressaltando que a laserterapia se deu em conjunto com tratamento farmacológico). As pacientes que apresentaram fissura mamilar e também foram submetidas à laserterapia apresentaram melhora do quadro.

    As histerectomizadas relataram melhora na respiração e na capacidade de tossir após o tratamento recebido, bem como melhora na flatulência após a massagem abdominal e capacidade de relaxamento após o atendimento.

    As gestantes de risco relataram redução da lombalgia e do desconforto muscular de cintura escapular, assim como melhora no grau de dispnéia e redução do edema de MMII, e melhora da capacidade de relaxamento após a sessão.

Discussão

    Segundo Polden (2000), nós, fisioterapeutas, podemos auxiliar a mulher a adaptar-se às mudanças corporais do início ao final de sua gravidez, de maneira que seu estresse e seus desconfortos físicos sejam minimizados. Através de uma avaliação detalhada e uma programação terapêutica eficiente tenta-se prevenir e tratar quaisquer disfunções músculo-esqueléticas, orientar respiração e posicionamentos adequados, preparando-a para um parto ativo e consciente.

    Os programas multi ou interdisciplinares de preparação para o parto, caracterizados pelo desenvolvimento de métodos educativos, atenção psicológica e preparo físico específico, estão se tornando cada vez mais comuns, tendo o propósito de ampliar os conhecimentos das gestantes com relação à gravidez, parto e puerpério, orientá-las quanto às formas de auto-cuidado, como prevenção das algias na coluna vertebral e outros fatores, a fim de assegurar uma gestação e um parto mais saudáveis e tranqüilos (3).

    Faz-se necessária a aplicação de técnicas de respiração específicas para a gestação e o trabalho de parto, bem como a cinesioterapia adequada à idade gestacional ou ao tipo de cirurgia pela qual a paciente foi submetida (como curetagem ou histerectomia), com alongamento e fortalecimento de vários grupos musculares; conscientização e exercícios para o assoalho pélvico; relaxamento e vivências. Além destas atividades, recebem informações sobre posturas corretas para amamentar, dormir, sentar, levantar da cama, bem como as posturas adotadas no ambiente domiciliar e de trabalho, assim como orientações quanto à higiene das mamas e aos métodos contraceptivos (4).

    A episiotomia, por tanto tempo utilizada em todos o partos vaginais para proteger o assoalho pélvico, teve seu uso questionado por falta de evidências científicas. A restrição quanto ao seu uso diminuiu sobremaneira as lesões perineais. Mulheres que foram submetidas à episiotomia desenvolveram incontinência urinária mais freqüentemente que as que não foram submetidas (6).

    Nas pesquisas realizadas comparando mulheres que fizeram fisioterapia pós-parto com grupos controle, a prevalência da incontinência urinária teve redução em 20% no primeiro grupo contra 2% no segundo. O tratamento no puerpério imediato pode inciar com suaves contrações de Kegel, para aumentar a circulação local e acelerar a cicatrização (6).

    A realização da fisioterapia, tanto no período pré quanto no pós-operatório, na histerectomia – como em qualquer outra cirurgia abdominal – reduz a incidência de complicações pulmonares que levam à redução das capacidades funcionais respiratórias e dos efeitos da imobilização no leito (5).

    Após uma avaliação pré-operatória, recomenda-se às pacientes a interrupção do consumo tabágico, além de receberem orientações sobre o ato cirúrgico, orientações para realização de exercícios fisioterápicos respiratórios, conscientização sobre a importância da tosse para o período de pós-operatório e da deambulação precoce, atuando juntamente com isso, o esclarecimento de dúvidas e aprimoramento dos conhecimentos próprios das pacientes (5).

    Chiavegato e outros (2000) realizaram um estudo aplicando tratamento fisioterapêutico em pacientes pré e pós-cirurgia abdominal, compreendendo exercícios diafragmáticos, inspiração máxima sustentada e respiração diafragmática associada à mobilização de membros superiores.

Considerações finais

    Com base no fluxo ocorrido no Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC) de Tubarão-SC, segundo dados descritos no decorrer do artigo, pode-se concluir que ainda em nosso país o índice de parto cesárea se sobrepõe ao índice de parto normal, uma vez que não há um trabalho ao nível de preparação fisiológica da gestante, juntamente com as orientações e cuidados para fins de um parto normal humanizado.

    Portanto, as técnicas fisioterapêuticas utilizadas são imprescindíveis para ajudar essas mulheres, tanto no pré/pós-parto, ou cirurgias ginecológicas, assim como em gestações de risco, conforme os resultados citados anteriormente.

Referências

  1. OLIVEIRA, M. E. de; ZAMPIERI, M. F.; DE BRÜGGEMANN, O. M. A melodia da humanização do parto: reflexões sobre o cuidado no processo do nascimento. Florianópolis: Cidade Futura, 2001.

  2. POLDEN, M.; MANTLE, J. Fisioterapia em Ginecologia e Obstetrícia. São Paulo: Santos, 2000.

  3. CONTI, M. H. S. de. et al. Efeito de técnicas fisioterápicas sobre os desconfortos músculo-esqueléticos da gestação. RBGO, São Paulo, v. 25, n. 9, out 2003.

  4. RODRIGUES, L. P. Lobas e grávidas: guia prático de preparação para o parto da mulher selvagem. São Paulo: Ágora, 1999.

  5. CHIAVEGATO, L. D. et al. Alterações funcionais respiratórias na colecictectomia por via laparoscópica. J. Pneumologia, v.26, n.2,  São Paulo, mar./abr. 2000.

  6. MORENO, A. L. Fisioterapia em uroginecologia. 1. ed. Barueri: Manole, 2004.

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