efdeportes.com

Futsal Feminino na UFSM, um estudo de caso

Futsal Femenino en la UFSM, un estudio de caso

Women's Indoor Soccer in UFSM, a case study

 

*Graduando em Educação Física Licenciatura Plena

Membro do Núcleo de Estudos em Medidas e Avaliação da

Educação Física (NEMAEF/CEFD/UFSM), pesquisador do CNPQ

**Graduado em Educação Física Licenciatura Plena

Membro do Núcleo de Estudo em Medidas e Avaliação da

Educação Física (NEMAEF/CEFD/UFSM)

***Doutorado e Mestrado em Ciências do Movimento Humano (CEFD/UFSM)

Especialização em Aprendizagem Motora (CEFD/UFSM)

Graduação em Educação Física Licenciatura Plena (CEFD/UFSM)

Líder do Núcleo de Estudos em Medidas e Avaliação da

Educação Física (NEMAEF/CEFD/UFSM)

Patrick Ydner Martelli*

martelli.rs@bol.com.br

Leandro Lima Borges**

ydner@hotmail.com

Luciane Sanchotene Etchepare Daronco***

luetchepare@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          Com dúvidas sobre sua origem – Uruguaia ou Brasileira -, sabe-se que o futebol de salão, hoje, conhecido por futsal, pode ter sido originado em qualquer parte do mundo e sem a preocupação de regras e formas, foi praticado em quadras, salões, até tornar-se uma das modalidades esportivas coletivas de quadra mais praticada pelo mundo. No seu início, as regras eram fundamentadas em outros esportes, como o próprio futebol, modalidade semelhante. Com o passar dos anos, a modalidade foi tomando forma, houve a criação de confederações, das federações, competições regionais, nacionais, até tornar-se mundial e na década de 90 ser reconhecido pela FIFA. Dessa forma, para contribuir ainda mais com o crescimento da modalidade, na Universidade Federal de Santa Maria foi criado o Projeto Futsal Feminino na UFSM com o intuito de proporcionar às acadêmicas da instituição a prática, conhecimento e representação da universidade no âmbito esportivo nessa modalidade. Após 3 anos de Projeto, foram obtidas muitas conquistas, entre elas: o espaço do Futsal Feminino dentro da Instituição, representação da Universidade no âmbito esportivo com a modalidade, crescimento do número de adeptas da modalidade, entre outras. Apesar das dificuldades encontradas com material e apoio financeiro, o projeto permanece em andamento, possuindo na sua bagagem títulos e conquistas importantes para o naipe.

          Unitermos: Futsal feminino. Projeto. Representação

 

Abstract

          With questions about their origin - Uruguay or Brazil - it is known that soccer, now known as indoor soccer, may have originated anywhere in the world and without the worry of rules and forms has been practiced in courts, halls, to become one of the sports collective indoor widely practiced around the world. In the beginning, the rules were based on other sports, like soccer itself, a form similar. Over the years, the discipline was taking shape, there was the creation of confederations, federations, regional competitions, national, to become world and in the 90's being recognized by FIFA. Therefore, to further contribute to the growth of the sport at the Federal University of Santa Maria Project was created in Santa Maria Indoor Soccer in order to provide the academic institution of the practice, knowledge and representation of university sports in this modality. After 3 years of project, we obtained many achievements, among them: Women’s Indoor Soccer space inside the institution, representing the University in connection with sports mode, the growing number of devotees of the sport, among others. Despite the difficulties encountered with material and financial support, the project remains in progress, having in his luggage titles and achievements relevant to the suit.

          Keywords: Design. Women’s Indoor Soccer. Representation

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 142 - Marzo de 2010

1 / 1

Introdução

    Ao transitar pela história do futsal, ainda tem-se dúvidas sobre a sua origem, ou Brasil ou Uruguai, pois os mesmos reivindicam a sua criação, mas sabe-se que foi aqui no Brasil que a modalidade deslanchou, fato explicado pelas conquistas da Seleção Brasileira de futsal masculino. Hoje, o nível do futsal está muito alto, muitos países, como por exemplo, a Espanha, já possuem uma organização tão eficiente, com competições organizadíssimas e uma seleção que já foi campeã mundial (FUTSALBRASIL).

    Mas, a história do futsal não para por ai, enquanto o naipe masculino possui mais de 70 anos, o feminino possui pouco mais de 20 anos, isso ocorreu por volta de 1983, com o Conselho Nacional de Desportos liberando a prática do futsal para mulheres (ROSOLEN, 2006), sendo que a partir da liberação, muitos campeonatos começaram a surgir em vários estados, mas nenhum sendo oficial e reconhecido pela CBFS (Confederação Brasileira de Futsal). O primeiro campeonato oficializado pela CBFS foi a I Taça Brasil de Clubes realizada em 1992 e desse ano ate 2008 já foram 17 edições da competição que só cresce e incita cada vez mais adeptos ao futsal feminino.

    O crescimento do futsal feminino é tão rápido que em setembro do ano de 2008 no estado do Espírito Santo foi realizado o Primeiro Campeonato Mundial Feminino de Futsal. Da mesma forma que o futsal masculino já tem condições de ter incluído sua participação em olimpíadas, o feminino em breve já estará no mesmo patamar.

    Assim, no ano de 2006, na Universidade Federal de Santa Maria começou a ser escrita a história do futsal feminino da instituição, com a criação do projeto de extensão intitulado Futsal Feminino na UFSM, que teve um início bastante conturbado e que agora, 3 anos após sua criação está solidificado, mas que ainda encontra obstáculos na sua caminhada, como será descrita no percorrer deste artigo.

Metodológicas

    Em todo início de semestre, é realizada uma pequena divulgação dentro da Instituição afim de que novas acadêmicas venham a interessar-se pela modalidade, seja para praticar, seja para competir. Junto da divulgação são informados horários e locais das atividades. Na primeira semana são realizadas avaliações físicas e corporais com as acadêmicas participantes, a fim de se obter resultados iniciais e poderem ser comparados após alguns meses de treinamento, para verificar a possível progressão e correção nos treinamentos.

    Após iniciadas as atividades, são divididos os grupos de trabalho em ensino aprendizagem e equipe, para que possam ser realizados os treinamentos de acordo com os objetivos propostos pela comissão técnica do projeto. Em seguida são traçadas metas para o projeto: competições que a equipe participará, prioridades nos treinamento do ensino aprendizagem, horários de treino, busca de recursos e tudo relacionado ao projeto.

Desenvolvimento

    A idéia inicial do projeto partiu dos Jogos Universitários de Santa Maria – JUSM de 2006, ao qual foram observados alguns jogos de futsal feminino entre equipes de cursos universitários de Santa Maria. Nesse momento percebeu-se que havia acadêmicas que tinha habilidades, que tinham vontade de praticar futsal e que além de tudo, gostavam da modalidade.

    A partir desse momento surgiu a idéia de se criar um ambiente que pudesse proporcionar às acadêmicas da UFSM a prática do futsal, além de contribuir como exercício físico planejado e um maior conhecimento a cerca da modalidade, que futuramente, formou a equipe da universidade para representá-la em competições dentro e fora da cidade, pois na universidade não havia equipes femininas de alguma modalidade esportiva, nessa época. Para mostrar como havia bastante interesse pela modalidade, após a divulgação com cartazes, na primeira reunião compareceram cerca de 60 acadêmicas interessadas em participar do projeto, deixando todos os acadêmicos do projeto e professora orientadora bastante felizes. Como era início de projeto e tinha-se programado a realização de avaliações físicas em todos os inícios de semestres, muitos se dispuseram a ajudar na coleta de dados, ao qual nos primeiros dias ocorreu tranqüilamente, com distribuição de tarefas e tudo mais, mas que logo começaram a ocorrer problemas, pois se percebeu que trabalhar com acadêmicas necessita-se de muita paciência, já que elas têm aula, trabalhos e todos os assuntos acadêmicos possíveis à frente do projeto de futsal. Dessa forma ficava bastante complicado de marcar um dia para a coleta de dados em que todos os participantes/ajudantes do projeto tivessem disponíveis em horários e dias “quebrados” para realizar a coleta de dados das acadêmicas.

    Passado a época de coletas de dados, partiram para a parte prática, que seria o planejamento das aulas de futsal, além também de ter que arrumar horários no ginásio para as atividades. Como o projeto é dividido em duas partes: ensino-aprendizagem e equipe necessitaram-se realizar uma seleção para saber quem começaria na equipe, já que o ensino-aprendizagem era para iniciantes, que gostariam de praticar e aprender a modalidade. Como o único horário conquistado no ginásio foi aos sábados a tarde das 14 às 16 horas, as atividades foram iniciadas antes do término do primeiro semestre do ano de 2006, em julho.

    Com o início das atividades os problemas começaram a surgir, havia apenas um horário para as atividades do projeto, pois o ginásio estava sempre lotado com outras atividades e além da desconfiança com relação à criação do projeto. Já no ano de 2008, foram obtidos mais um horário e foi resolvido unir o ensino aprendizagem e a equipe junta nos mesmos horários. Infelizmente, nem todos os horários são possíveis para todas as acadêmicas da Universidade participar, por isso, desde a sua criação, o projeto já obteve muitas perdas, muitas desistências.

    Isso acabou por desmotivar bastante as acadêmicas que participam desde seu início, pois alguns treinos chegaram a ocorrer com duas ou três acadêmicas e mais os membros da comissão técnica que em muitos momentos chegaram a ser mais numerosos que as acadêmicas. Além disso, dentro da própria equipe aconteceu muita desmotivação por falta de material, de mais dias para treinarem, falta de apoio da instituição e de alguns momentos dentro de competições, o que se acredita que em parte tudo isso já foi superado.

    O projeto enfrentou grandes problemas desde a sua criação, não apenas com a falta de horários, mas a falta de materiais, de apoio da Instituição, de recursos financeiros para as competições e que aos poucos foram sendo resolvidos, até chegar ao ponto em que se encontra, com um apoio regular, uma boa quantidade de materiais e horários disponíveis, mas que também muitos recursos saíram dos bolsos dos acadêmicos participantes do projeto.

Competições

    Logo no primeiro mês de andamento do projeto a equipe participou de uma competição, realizada na cidade de Santa Maria e o apoio que o projeto tanto queria do Centro de Educação Física não veio, então foi recorrido a outros órgãos da Universidade para conseguir o dinheiro da inscrição. O objetivo da participação nesta competição era de observar as acadêmicas jogando juntas pela primeira vez e como era muito no início, a falta de entrosamento ficou evidente em quadra e percebeu-se que era muito pouco tempo para as atividades do projeto, sendo que hoje, com 3 horários disponíveis, percebe-se a diferença que faz um maior tempo de treinamento.

    E passado esse começo de projeto, as atividades tiveram continuação após o término das férias e já estavam prontas para encarar uma nova competição, só que eram duas competições em um só final de semana. Uma das competições era universitária, da cidade de Santa Maria, na qual a equipe sagrou-se campeã pela primeira vez em poucos meses e na segunda competição, após um final de semana de muito suor, foi traçado como objetivo chegar as finais e foi o que aconteceu.

    O ano de 2007 começou da mesma forma que no semestre passado, com divulgação e reuniões, até que se decidiu realizar uma grande e definitiva seletiva para a equipe, com realização de testes técnicos e físicos. Foi possível filmar a seletiva, além também de ter comparecido bastantes meninas. Após análise, foram selecionadas 15 acadêmicas que começaram a fazer parte da equipe e que a partir desse momento não foram realizadas mais seletivas para entrar na equipe.

    Quando os resultados não eram satisfatórios, o clima dentro do projeto ficava tenso e para evitar novos desentendimentos ou abatimentos das acadêmicas, sempre eram realizadas reuniões com o grupo todo, a fim de esclarecer os objetivos traçados nas competições, os erros cometidos e possíveis problemas com o treinamento. A partir do momento que os resultados melhorassem, parecia tudo tranqüilo dentro do projeto, como se nada tivesse acontecido.

    Em uma competição em que a equipe estava realizando boas partidas, houve um suposto suborno de outra equipe para que a UFSM entregasse uma partida contra a equipe da casa, fato que não aconteceu, pois não seria de caráter da Instituição proceder dessa forma.

    Por volta do mês de julho a equipe recebeu um convite para participar de uma competição a nível estadual amador e em conversa com a comissão técnica e as possibilidades do projeto, decidiu-se participar, pois poderia trazer uma boa imagem da instituição no âmbito esportivo.

    O grupo da UFSM partiu para mais essa jornada e na qual se sagrou campeã de duas etapas, sendo uma na cidade e depois campeãs da região. Após enfrentar alguns problemas relacionados à recursos para transporte, pagamento de arbitragem e inscrição de atletas, a equipe terminou na segunda posição na terceira fase, a qual decidiria a equipe da região centro do estado, sendo então desclassificada. Já na disputa do campeonato Citadino da cidade de Santa Maria a equipe conseguiu chegar as semifinais, mas acabou perdendo e sendo desclassificada.

    Ao final do ano de 2007, juntaram-se membros das comissões técnicas das equipes de futsal feminino do citadino de Santa Maria e formaram uma equipe para participar dos Jogos Intermunicipais do rio Grande do Sul – JIRGS. Esse foi um momento de méritos ao trabalho realizado dentro da Universidade Federal de Santa Maria, pois membros da comissão técnica e da equipe da UFSM fizeram parte desse grupo de Santa Maria.

    O ano de 2008 marcou a primeira competição organizada pelos membros da comissão técnica da UFSM com o intuito de conseguir recursos para o projeto. O torneio foi um verdadeiro sucesso e no ano de 2009 conseguiu que mais equipes da região participassem, totalizando 17 participantes.

    O primeiro torneio foi um preparatório para a competição considerada mais importante para o projeto, desde a sua criação, que era os Jogos Universitários Gaúchos, realizada na ULBRA – Canoas. Nessa competição pode-se perceber que faltava muito ainda para a equipe tornar-se mais competitiva, pois o nível técnico de algumas equipes era muito elevado e valeu como experiência para todos dentro do projeto.

    A partir dessa competição, aconteceram algumas mudanças dentro do projeto, houve o afastamento de algumas acadêmicas e o grupo começou a refletir mais sobre suas atitudes dentro de quadra. Logo, as coisas melhoraram, em nova viagem, a equipe participou de competição na cidade de Tupanciretã e sagrou-se campeã, além de outras premiações.

Integrantes

    O Projeto Futsal Feminino na UFSM teve como objetivo principal oferecer e proporcionar às acadêmicas da UFSM um ambiente de prática e conhecimento sobre a modalidade e que futuramente formaria uma equipe de futsal feminino para representar a instituição. Sempre nos inícios das atividades havia e ainda há novas interessadas, seja em integrar a equipe, em conhecer o projeto ou até mesmo em realizar as atividades como forma de lazer e de realização de algum exercício físico.

    Uma grande preocupação dos membros da comissão técnica é sempre arrumar uma forma de reformular a própria comissão técnica a fim de que sempre tenha acadêmicos interessados em manter o projeto em andamento, além também de ter o interesse de que novas áreas adentrem ao projeto para que possam tanto aprender quanto ensinar a todos algo novo. Durante esses 3anos de projeto já passaram acadêmicos da fisioterapia, nutrição, medicina e até mesmo psicologia pelo projeto, sendo que mantém-se ainda os fisioterapeutas, os acadêmicos da medicina e as psicólogas, no projeto.

Patrocínio

    No início do ano de 2008, cansados de solicitar e ocupar uniformes emprestados e decidiu-se partir em busca de patrocínios fora da instituição, já que alguns outros projetos dentro da instituição e na área esportiva receberam bastante apoio, o futsal feminino, com problemas na hora de inscrever-se em competições, apesar de ter realizado sua competição, recebia pouquíssimo apoio da instituição. Hoje, os apoios são fatiados, quase que igualmente, divididos com outros projetos. Com a conquista de patrocinadores externos para confeccionar o uniforme, os acadêmicos do projeto hoje, possuem dois uniformes completos, sendo que parte dos uniformes foi pago pelos membros da comissão técnica.

Resultados e conclusão

    Antes de ocorrer a criação do projeto, dentro da cidade já havia algumas equipes de futsal feminino estruturadas e após a sua criação, a equipe da UFSM juntou-se a essas equipes, fazendo com que a imagem da universidade “corresse” pelas ruas e mostrasse como a instituição tem representação esportiva nessa modalidade e naipe. Isso significou uma visibilidade para projetos de extensão dentro da Universidade, que logo em seguida foram criados projetos de handebol e basquetebol.

    Em fim, não bastando toda a trajetória do Futsal Feminino da UFSM, o projeto foi alterado na sua estrutura e abriu as portas para meninas de fora da instituição interessadas em representar a instituição UFSM nas quadras e também fazerem parte do ensino aprendizagem, aumentando então a procura na participação no projeto e um maior interesse das próprias acadêmicas. Toda essa trajetória percorrida pelos membros da comissão técnica, os criadores do projeto, os novos e por todas àquelas acadêmicas que permanecem desde seu início e as novas apenas fortalecem mais o futsal feminino em Santa Maria, no Rio Grande do Sul e no Brasil, contribuindo para aumentar o número de praticantes e adeptos a essa modalidade.

Referências bibliográficas

  • FIGUEIREDO, V. A história do futebol de salão: origem, evolução e estatísticas. Fortaleza: IOCE, 1996.

  • PIÇARRA, F. Feminino: uma modalidade em terra de ninguém. Futsal Feminino, 2008.

  • ROSOLEN, M. Futsal Feminino: A motivação para o esporte em atletas universitárias de futsal feminino, Futsal Brasil, 2006. Disponível em http://www.futsalbrasil.com.br/historia.php. Acesso em 05 de out., 2008.

  • SAAD, M. Futsal: Iniciação, Técnica e Tática, Santa Maria, Ed. da UFSM, 1997.

  • SANTANA, W. C. Futsal: apontamentos pedagógicos na Iniciação e na Especialização. 1ª edição, Campinas: Autores Associados, 2004.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/

revista digital · Año 14 · N° 142 | Buenos Aires, Marzo de 2010  
© 1997-2010 Derechos reservados