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Doenças crônico degenerativas na cidade de 

Cruz Alta, RS: fatores de risco e prevenção

Enfermedades crónico degenerativas en la ciudad de Cruz Alta, RS: factores de riesgo y prevención

Degenerative chronic diseases in the city of Alta Cruz, RS: factors of risk and prevention

 

*Professora da UNICRUZ

Pesquisadora do Grupo Multidisciplinar de Saúde da UNICRUZ – GMS

**Acadêmicos do curso de Educação Física da UNICRUZ

(Brasil)

Marilia de Rosso Krug*

Luciano de Lima dos Santos**

Mauro Costa Batista**

mkrug@unicruz.edu.br

 

 

 

Resumo

          Este estudo, de cunho descritivo diagnóstico, teve como objetivo analisar as práticas de comportamentos relacionados à prevenção das doenças crônicas degenerativas dos usuários assistidos pela Estratégia de Saúde da Família (ESF) da cidade de Cruz Alta/RS, identificando as características pessoais, a prevalência de doenças crônicas degenerativas não transmissíveis, os fatores de risco e as estratégias de prevenção. Participaram do mesmo 50 pessoas cadastradas na ESF1 (Unidade Básica de Saúde (UBS) do Bairro Turíbio Veríssimo) da cidade de Cruz Alta. O instrumento de medida utilizado foi uma entrevista estruturada e os dados foram tratados através da estatística descritiva. Após análise dos dados chegou-se aos seguintes resultados: a maioria das pessoas cadastradas na ESF1 são mulheres hipertensas e diabéticas e têm mais de 60 anos de idade. Os principais fatores de riscos, que estão associados as suas patologias são o estresse, o sedentarismo e a obesidade. Desta foram foi possível concluir que as estratégias de prevenção que são realizadas com as mesmas (educação nutricional e atividade física), através da ESF, devem ser revistas, já que não estão induzindo á mudanças de comportamento condizentes com as necessidades das mesmas, principalmente quanto a pratica de atividades físicas que é de fundamental importância para a qualidade de vida das pessoas.

          Unitermos: Saúde. Fatores de risco. Prevenção

Abstract

          This study of stamp descriptive diagnosis had as objective analyzes the practices of behaviors related to the prevention of the users' of the basic unit of health (ESF1) of Alta Cruz/RS's city, identifying the personal characteristics, the prevalence and incidence, the risk factors and the prevention strategies to the degenerative chronic diseases no transmissible (DCDNT). They participated in the same 50 people registered in ESF1 of the city of Alta Cruz. The measure instrument used was a structured interview and the data were treated through the descriptive statistics. After analysis of the data it was arrived to the following results: most of the people registered in ESF1 are women hypertensive and diabetics and they have more than 60 years of age. The main factors of risks, that their pathologies can be associated are the stress, the sedentary and the obesity. Of this they went was possible to end that the prevention strategies that plows accomplished with the same ones (education nutritional and physical activity), through ESF1, they should be reviewed, since they plows not inducing the suitable changes of behavior with the needs of the same ones, mainly goes them he/she practices of physical activities that it of fundamental importance goes the quality of life of the people with DCDNT.

          Keywords: Health. Factors of risk. Prevention

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 141 - Febrero de 2010

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Introdução

    Nos últimos anos, o perfil dos agravos à saúde em nosso estado tornou-se semelhante ao dos países desenvolvidos, assumindo destaque a incidência das doenças crônicas degenerativas (DCD), principalmente as cardiovasculares que estão entre as principais causas de mortes e de limitações da capacidade física dos adultos.

    Segundo Reis (2001) existem diferentes tipos de classificação para as DCD. Uma delas é a divisão em Doenças Crônicas Transmissíveis (DCT) e Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). Em ambas, encontra-se um grande número de patologias a serem estudadas e que sofrem influência direta da nutrição e da atividade física.

    As DCNT que de acordo com Reis (2001) são constituídas pela: hipertensão arterial, doença cardiovascular e diabetes. não têm cura, porém, atualmente se sabe que muitas delas podem ser controladas de forma a evitar complicações. Para manter esse controle, segundo Krusche (2004), a pessoa precisa mudar seus hábitos alimentares, manter o peso ideal, praticar exercícios físicos e consultar o médico regularmente. Fatores como obesidade, tabagismo, vida sedentária, má alimentação, estresse, álcool e as alterações no metabolismo das gorduras também favorecem o aparecimento destas doenças.

    Considerando a relevância do panorama exposto, ações direcionadas à promoção de saúde e às práticas de prevenção são indispensáveis se pretende-se obter uma boa qualidade de vida ao grupo populacional.

    Dentre as, principais, ações relacionadas com a promoção da saúde destacam-se: a prática regular de exercícios físicos e uma boa alimentação.

    De acordo com Krusche (2004) a atividade física é um dos principais fatores de prevenção, pois, fortalece o músculo do coração, auxilia a circulação do sangue nas artérias e a capacidade respiratória dos pulmões além de consumir as calorias ingeridas em excesso e segundo Reis (2001) o conhecimento da inter-relação da obesidade, hipertensão arterial e infarto com o comer e beber excessivamente existe há inúmeros anos.

    Desta forma, em consonância com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), o Ministério da Saúde (MS) desenvolve um programa de a Atenção Básica (AB) que é definida, por este mesmo órgão, como sendo “um conjunto de ações, de caráter individual ou coletivo, situadas no primeiro nível de atenção nos sistemas de saúde, voltadas para a promoção de saúde, prevenção de agravos, o tratamento e a reabilitação” (BRASIL, 2004). Esta concepção supera a proposição preventivista e se fundamenta no paradigma da determinação social da doença.

    Segundo Ministério da Saúde (BRASIL, 2004) o Programa de Saúde da Família (PSF), atualmente conhecido como Estratégia da Saúde da Família ESF, do MS é um caso exemplar na estruturação da atenção básica, por duas razões: destaca-se na agenda nacional de saúde como instrumento de reforma da política de saúde brasileira que envolve mudanças no modelo de atenção, na organização do sistema de saúde e nas modalidades de alocação de recursos e de remuneração das ações básicas de saúde e acompanha o recente foco das políticas sociais na família, que passa a ser sujeito de atenção, sobre o qual deve se ter pleno conhecimento de seus problemas. De que família se está falando? Quais suas necessidades de saúde? Em que contexto sócio-político-econômico se inserem?

    De acordo com Mendonça e Heimann (2006) na trajetória da Saúde da Família desde 1994 até hoje observa-se forte associação à política de municipalização induzida pelo MS em consonância com a diretriz do SUS e o rumo que a expansão da atenção básica em saúde toma acompanha as alterações efetivamente ocorridas na forma de prestar assistência.

    Estudos conduzidos pelo Ministério da Saúde e diversas pesquisas sugerem a existência de uma grande variedade de situações de implantação e de modelos de PSF nos municípios do país. Entretanto, Mendonça e Heimann (2006) sugerem que, ainda existe uma lacuna no que concerne à avaliação de sua efetividade como política de conversão do modelo de atenção, redução de desigualdades e melhoria da situação de saúde da população, que devem ser objeto de esforços para avaliar e monitorar o processo.

    Desta forma e acreditando que a promoção de saúde constitui-se em uma ferramenta essencial para o desenvolvimento sustentável e que é um dos caminhos para responder às ameaças emergentes à saúde e, no aspecto mais amplo, à crise global pela qual passamos, justifica-se este estudo que teve como objetivo: “analisar as práticas de comportamentos relacionados à prevenção das doenças, dos usuários assistidos pela ESF, da UBS do Bairro Turíbio Veríssimo da cidade de Cruz Alta/RS, identificando as características pessoais, a prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, os fatores de risco e as estratégias de prevenção.

Metodologia

    Participaram deste estudo de caráter descritivo diagnóstico 50 pessoas adultas, assentidas pela ESF da UBS do bairro Turíbio Veríssimo da cidade de Cruz Alta/RS, que recebiam medicamento mensal o que representou 30% da população.

    Para a identificação da prevalência das DCNT foi utilizado o cadastro dos usuários existente na UBS1.

    Após foram sorteados 50 usuários que foram entrevistados com intuito de diagnosticar os fatores de risco e/ou as causas das DCNT e averiguar se os mesmos estavam realizando alguma estratégia de prevenção.

    A entrevista foi realizada, individualmente, após o término do encontro semanal que os mesmos realizavam na UBS1.

    Os indicadores analisados foram: sócio demográficos (idade e sexo); os fatores de risco (estado nutricional, uso de tabaco e álcool, níveis de estresse e sedentarismo). Optou-se por analisar estas variáveis fundamentadas nos estudos de Duncam e Giugliani (1993), pois os mesmos salientam que os fatores de risco mais importantes têm sido atribuídos a hipercolesterolemia e ao tabagismo apoiamo-nos, ainda, nos estudos de Silva (1997) que mostrou associações entre a obesidade, sedentarismo, alterações lipídicas e estresse emocional com o desenvolvimento das DCNT.

    A incidência de obesidade foi investigada com base no índice de massa corporal (IMC) que é determinado através da divisão do peso corporal em kilogramas pela estatura em metros ao quadrado. Utilizou-se o IMC porque este é considerado uma variável contínua, unidimensional, que supostamente determina o conteúdo de gordura do corpo, O IMC é geralmente usado como referencial de preferência, para estudos epidemiológicos sobre as implicações da obesidade na saúde (PITANGA, 2004). O National Center for Health Statistics (NCHS apud PITANGA, 2004) tem definido obesidade, em termos de índice de massa corporal, como valores maiores do que 27,3 kg/m² para mulheres. Os limites de corte sugeridos seriam: baixo peso IMC<20 kg/m², normal IMC entre 20 e 25 kg/m², sobrepeso IMC entre 26 e 30 kg/m² e obeso = IMC > 30 kg/m². Há também a classificação que coloca como limite superior da normalidade, tanto para homens como para mulheres, o valor de 25 kg/m², sendo que valores entre 25 kg/m² e 29,9 kg/m² seriam considerados obesidade de grau I e valores entre 30 kg/m² e 40 kg/m² seriam considerados obesidade de grau II e, finalmente, valores acima de 40 kg/m² seriam considerados obesidade de grau III (PITANGA, 2004).

    Considerando os valores propostos acima optou-se pela classificação proposta por Pitanga (2004), já que esta classificação foi proposta com base em estudos realizados com brasileiros.

    Na tentativa de diagnosticar a incidência ou não de estresse das mulheres que recebem medicamentos na ESF1 da cidade de Cruz Alta investigou-se: as dificuldades financeiras, o apoio da família e as dificuldades para dormir, já que segundo Silva (1997) estes são fatores que podem levar ao desenvolvimento de altos índices de estresse.

    Neste estudo foram consideradas sedentárias as mulheres que não realizavam nenhum tipo de exercícios físicos sistematizados e nenhuma atividade física, levemente ativa aquelas que realizavam atividades físicas eventualmente, moderadamente ativas aquelas que realizavam exercícios físicos duas ou menos vezes por semana a ativas as que realizavam exercícios físicos mais de três vezes por semana. Optou-se por esta classificação baseando-nos nos estudos de Simão (2004), pois o mesmo salienta que a atividade física para promover benefícios á saúde deve ser realizada três vezes por semana e de preferência em dias alternados.

    As estratégias de prevenção foram investigadas junto a Equipe de Saúde da referida UBS, bem como a observação dos encontros mensais realizados com a comunidade.

    Os dados foram tratados através da estatística descritiva e foram demonstrados em termos de média, desvio padrão e freqüência simples

Resultados e discussões

    Todas as pessoas cadastradas na ESF1 eram do sexo feminino, o que mostra que as mulheres têm um maior cuidado com a saúde ou os homens não procuram a ESF em virtude de os mesmos trabalharem nos horários em que a mesma oferece atendimento.

    Das 200 mulheres foram selecionadas 50, destas 62% tinham mais de 60 anos, 30% entre 51 a 59 anos e as demais (8%) menos de 50 anos.

    Segundo Camarano (2002) atualmente, vem ocorrendo um aumento de idosos do sexo feminino, em relação ao masculino, estas constituíam 54,4% dos 12,4 milhões de idosos existentes no ano 1996. Este aumento de mulheres idosas pode estar associado ao fato de que os homens falecem antes, devido a vários tipos de doenças e a maioria das mulheres acabam fazendo a opção de não se casarem novamente, ao contrario dos homens quando estes se encontram na condição de viúvos.

    A maioria (80%) das mulheres apresentaram doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), tendo a maior prevalência a hipertensão arterial (60%) e diabetes (40%), todas recebiam medicamentos através da ESF.

    O alto percentual de mulheres acima de 60 com DCNT encontradas no presente estudo, concordam com os achados de Fleck e Kramer (1999), pois o mesmo salienta que as DCNT são doenças características do processo de envelhecimento, pois o mesmo acarreta diminuição da massa muscular independente da região ou função desse músculo, juntamente com esta diminuição de massa muscular, ocorre também um aumento de gordura intramuscular, sendo tais mudanças mais pronunciadas nas mulheres desta forma, ocorre um aumento de massa gordurosa e uma diminuição de massa magra, gerando uma elevação no percentual de gordura corporal e consequentemente incremento no perfil de risco das DCNT, principalmente a doença cardiovascular.

    Após analisar os hábitos alimentares destas mulheres notou-se que as mesmas ingerem muito pouco peixe, no entanto elas deveriam ingerir mais este tipo de carne em relação as demais (ovino, suíno entre outras), pois segundo Pinheiro (2006) peixe é ótimo para quem quer perder peso e controlar o nível de colesterol no sangue. Algumas espécies de peixe, principalmente aqueles de água fria, são ricos em ômega-3, que é um tipo de gordura bastante benéfica à nossa saúde, e por agir nas células nervosas, o ômega 3, ainda pode ajudar em vários tratamentos de saúde. Apesar da grande extensão costeira, o consumo no Brasil é muito pequeno, o que compromete o futuro de nossa saúde, uma vez que a carne de peixe além de conter ômega 3 é mais nutritiva, menos gordurosa, rica em aminoácidos essenciais, vitaminas (A, E e principalmente a D) e minerais importantes para a calcificação óssea como o sódio, potássio, magnésio, cálcio, ferro, fósforo, iodo, flúor, selênio, manganês e cobalto, vitaminas hidrossolúveis como niacina e ácido pantatênico, importantes para o metabolismo energético e de macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras), respectivamente.

    A maioria das mulheres não ingerem cafeína, dado este bastante significativo já que de acordo com Nunes (1999) se a pessoa beber até duas xícaras de café (150 a 300 miligramas) seu metabolismo, sua temperatura e pressão arterial podem aumentar. Dentre outros efeitos tóxicos, está o aumento da produção de urina, aumento os níveis sangüíneos de açúcar, tremores nas mãos, diminuição do apetite e perda de coordenação.

    As mulheres cadastradas na ESF1 estão bem informadas quando as restrições alimentares e já estão cuidando deste fator tanto que assim como não ingerem cafeína, também não ingerem açucares já que esta substância segundo Lemos (2004) quando usada em demasia pode levar ao surgimento de doenças como a diabetes, obesidade, hipertensão e doenças coronarianas, se quiser viver com melhor saúde, tire o açúcar refinado de sua lista de compras do supermercado. O açúcar, de que necessitamos, está embutido em quase todos os alimentos que compramos. Acostume-se a sentir o doce natural das frutas, do leite e dos cereais, em vez de açúcar use mel de abelha para adoçar alimentos, sucos, adoçantes etc...

    O consumo de açúcar tem sido apontado como um dos fatores etiológicos de uma série de doenças crônicas de alta prevalência na atualidade. Dentre estas, destacam-se a cárie dental, a obesidade, o diabetes, os problemas cardiovasculares, a hipertensão, as pedras nos rins e na vesícula, a hiperlipidemia e o câncer. Recomenda-se reduzir a quantidade o máximo possível, em especial a sacarose (açúcar branco refinado) a ser consumida no dia. As pessoas não devem ultrapassar a quantidade de até 10% da sua ingestão calórica. Exemplo: em uma dieta de 2000kcal, o consumo não deve exceder 200kcal, o equivalente a 2 colheres de sopa. Esta quantidade é referente ao total de açúcar consumido durante o dia em todas as preparações, ou seja, desde a colher de chá para adoçar o café de manhã, até a quantidade presente em bolos, torta e outros doces (SURGE UM..., 2006).

    A ingestão de gorduras não se constituiu num fator de risco para as mulheres, pois as mesmas ingerem, em sua dieta diária, basicamente gordura vegetal. As gorduras, de acordo com Quintaes (2005), de um modo geral apresentam ácidos graxos saturados e de cadeia longa, o que configura a característica de sólida. O conhecimento dessas propriedades mostra que a ingestão de gorduras saturadas e de origem animal, como a manteiga, favorece as doenças cardiovasculares, contribuindo para o aumento no nível do colesterol LDL e redução do HDL produzido pelo organismo.

    Todas as mulheres, tanto as diabéticas quanto as hipertensas não fazem o uso de álcool devido o mesmo ser um fator negativo que afeta a saúde a curto e/ou longo prazo. O álcool, segundo Way (2000), não é aconselhado para diabéticos, porque é um potente inibidor da gliconeogênese, o álcool especialmente quando consumido separadamente das refeições e sem um carboidrato (vinho seco, whisk com água, etc), pode induzir hipoglicemia, isto é uma preocupação prática em pacientes que usam agentes hipoglicemiantes como a insulina.

    O efeito do consumo do álcool, de acordo com Leite (1995), merece atenção especial, pois, mesmo em pequenas quantidades podem elevar a pressão arterial. Uma relação linear entre consumo de álcool e pressão arterial já foi descrita. É provável que o álcool cause hipertensão através do aumento rápido dos níveis plasmáticos de adrenalina e cortisol. O uso excessivo de álcool é responsável por cerca de 5% a 10% dos casos de hipertensão arterial.

    A maior parte das mulheres tanto as diabéticas quanto as hipertensas não fazem o uso de tabaco por ser uma droga potente que traz sérias conseqüências para a saúde das pessoas. De acordo com o site da internet (HIPERTENSÃO..., 2002) o tabagismo é o mais importante fator de risco para as doenças cardiovasculares, possíveis de prevenção, sendo responsável por um em cada seis óbitos, uma vez que a nicotina aumenta a pressão arterial e acelera a progressão da aterosclerose (depósito de gorduras nas paredes das artérias). Assim, deixar de fumar deverá ser a primeira medida a seguir pelo hipertenso.

    De acordo com o site da internet (HIPERTENSÃO..., 2002) o tabaco não causa pressão alta, mas pode agravar o quadro clínico, levando à ocorrência de ataque cardíaco, acidente vascular cerebral e alterações na circulação sanguínea das pernas, além de outras lesões. Entre vários componentes químicos, o tabaco contém monóxido de carbono e nicotina, substâncias que reduzem o abastecimento de oxigênio ao coração e aumentam o consumo cardíaco de oxigênio. Assim que deixar de fumar, esse risco é rapidamente reduzido. Além disso, a nicotina do cigarro aumenta a pressão arterial, o que não significa que fumar cigarros com baixos teores de nicotina diminua o risco de doenças cardíacas, mas os prejuízos à saúde não param por aí. O cigarro também provoca a diminuição da quantidade de colágeno da pele, causando envelhecimento precoce, e quanto maior o número de cigarros e a duração do vício, maiores os riscos.

    Na tentativa de diagnosticar a incidência ou não de estresse das mulheres hipertensas e diabéticas que recebem medicamentos na ESF da cidade de Cruz Alta investigou-se: as dificuldades financeiras, o apoio da família e as dificuldades para dormir (Tab 1), já que segundo Silva (1997) estes são fatores que podem levar ao desenvolvimento de altos índices de estresse.

Tabela 1. Indicadores de estresse

Indicadores

Hipertensas

Diabéticas

Dificuldades financeiras

Sim

Não

Em parte

Tem apoio familiar

Sim

Não

Em parte

Tem dificuldade para dormir

Sim

Não

Em parte

 

66,66%

6,68%

26,66%

 

 

16,67%

50%

33,33%

 

 

73,33%

6,66%

20,01%

 

60%

10%

30%

 

 

20%

50%

30%

 

 

65%

10%

25%

    Analisando os dados da tabela 1 notou-se que tanto as mulheres diabéticas quanto as hipertensas tinham dificuldades financeiras e não tinham apoio da família e como conseqüência apresentavam dificuldades para dormir. Desta forma pode-se inferir que as mulheres, do presente estudo, podem estar apresentando índices elevados de estresse.

    Neste estudo foram consideradas sedentárias as mulheres que não realizavam nenhum tipo de exercícios físicos sistematizados e nenhuma atividade física, levemente ativa aquelas que realizavam atividades físicas eventualmente, moderadamente ativas aquelas que realizavam exercícios físicos duas ou menos vezes por semana a ativas as que realizavam exercícios físicos mais de três vezes por semana (Tab 2).

    Optou-se por esta classificação baseando-nos nos estudos de Simão (2004), pois o mesmo salienta que a atividade física para promover benefícios á saúde deve ser realizada três vezes por semana e de preferência em dias alternados.

    Após analisar os dados notou-se que todas as mulheres foram consideradas sedentárias, pois as mesmas realizavam atividades físicas apenas uma vez por semana num período de 45 minutos semanais.

    Um dos problemas de saúde para Nahas (2003) mais sérios em anos recentes deriva-se dos efeitos prejudiciais que a vida sedentária tem sobre todas as partes e sistemas do corpo.

    O sedentarismo de acordo com o site da internet (FATORES DE RISCO, 2006), é um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento da obesidade e das suas conseqüências. Há maior probabilidade de uma pessoa sedentária apresentar outros fatores de risco para doenças cardiovasculares do que as ativas. Neste caso, uma ótima solução é a prática regular de exercícios.

    A prevalência de obesidade entre as mulheres estudas encontra-se na tabela 2.

Tabela 2. Incidência de obesidade

Classificação

IMC (Kg/m2 )

Diabéticas

Hipertensas

Normal

Obesidade grau I

Obesidade grau II

Obesidade grau III

> 25

25 – 29,9

30 – 40

> 40

05%

60%

30%

05%

10%

53,33%

33,33%

3,34%

    Analisando os resultados expostos na Tabela 2 notou-se um grande percentual de mulheres com obesidade grau I. Fato este bastante preocupante considerando a patologia que as mesmas apresentam, pois há evidências, na literatura especializada, de que existe uma grande relação entre sobrepeso e o início de doenças cardiovasculares, particularmente doenças cardíacas coronarianas, tem sido extensivamente investigado em diversos estudos, porém a evidência de uma potente e consistente associação não está clara. Contudo, muitos resultados convincentes foram obtidos em pesquisas que relacionam o aumento do risco de doenças hipocinéticas com valores elevados de índices de massa corporal, tanto em homens como em mulheres (PITANGA, 2004).

    Para que a cura da obesidade seja atingida Nunes (1999) salienta que se faz necessário que se utilize o remédio (atividade física) na dose de 4 a 6 vezes por semana, com a duração de 4 a 60 minutos e que alcance uma freqüência cardíaca de esforço de em torno de 60 a 90% da FCM. Portanto, o tratamento, que no primeiro momento torna-se curativo, passa um segundo momento a ser prestativo e terá que ser para toda vida.

    Considerando o enunciado é possível inferir que as mulheres, do presente estudo, precisam rever sua pratica de exercícios físicos já que as mesmas realizam atividades físicas apenas uma vez por semana durante 45 minutos e a obesidade é fator de risco as DCNT.

    Para diminuir a gordura corporal além da atividade física deve-se, também ser considerado os hábitos alimentares já que emagrecimento está diretamente relacionado com o gasto e ingesta calórica.

    De acordo com Ghorayeb e Barros (1999) tão importante quanto alimentar-se adequadamente, é manter-se em forma e fazer exercícios físicos. Com isso, o corpo funciona perfeitamente e ajuda as pessoas a aproveitarem melhor a sua alimentação. A medicina do exercício afirma que o exercício pode melhorar a saúde do seu coração. Mesmo quando você tem problemas cardiovasculares, adotar um estilo de vida que inclua exercícios regulares é importante. Considerando estas premissas analisou-se, no presente estudo, a educação alimentar e a atividade física como estratégias de prevenção.

    Todas as pessoas que recebem medicação na ESF1 tem orientações que são passadas através dos estagiários do curso de Nutrição da Universidade de Cruz Alta - UNICRUZ. No entanto parece que, as mulheres ainda, não incorporaram totalmente hábitos saudáveis, pois a maioria apresentou obesidade grau 1 o que pode estar associada a uma alta ingestão de nutrientes ou a um pouco gasto energético. Desta forma existe a necessidade de estudos mais específicos, nesta área para determinar exatamente onde está o problema e assim elaborar estratégias que contribuam para minimizar este quadro.

    Nahas (2003) salienta que a melhor maneira de assegurar uma dieta saudável é incluir uma ampla variedade de alimentos nas refeições diárias, sem esquecer de ter uma alimentação que seja agradável aos olhos, olfato e, acima de tudo, paladar.

    As mulheres estudadas realizam atividades físicas (ginástica e atividades lúdicas) somente uma vez por semana durante 45 minutos. Estas atividades são realizadas na própria UBS e estão sob a responsabilidade de um estagiário do curso de Educação Física da UNICRUZ. No entanto esta pratica é insuficiente para produzir os efeitos necessários à prevenção das DCDNT, pois segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM), as sessões devem ser de no mínimo trinta minutos três vezes semanais, desenvolvidas continuamente ou mesmo em períodos cumulativos de 10 a 15 minutos, com intensidade moderada.

    Leite (2000), também, enfatiza que a atividade física só trará benefícios à saúde se for realizada, no mínimo, três vezes na semana, com duração de, em média, cinqüenta minutos, e com uma intensidade de leve a moderada.

    O programa de atividades deve ser adaptado a cada indivíduo, respeitando o condicionamento e as capacidades individuais. Para garantir que o exercício físico seja prescrito de forma correta, Leite (2000) propõe que alguns cuidados sejam tomados, como uma boa anamnese do individuo, controle dos sinais vitais, progressão da intensidade de acordo com o praticante. Populações especiais necessitam de atenção especial, como é o caso das pessoas que tem alguma patologia (hipertensão, cardiopatias, câncer, artrose, diabetes).

    O exercício físico beneficia o organismo em sua totalidade. Além de melhorar a aptidão física, ele proporciona o equilíbrio psíquico e afetivo necessário para a integração social, desde que executado corretamente (LEITE, 2000).

    O exercício físico dinâmico para Nunes (1999) em hipertensos leves a moderados é acompanhado por aumentos no débito cardíaco e na pressão arterial sistólica e diastólica maiores do que os observados nos normotensos. Hipertensos graves exibem uma queda no débito cardíaco, devido a uma diminuição do volume sistólico, e possuem pressões arteriais sistólica e diastólica altas devido a uma resistência periférica elevada. O exercício isométrico (estático) resulta em aumentos ainda maiores na pressão arterial sistólica e diastólica, quando se compara com os normotensos. A freqüência de treinamento físico deve ser pelo menos 4 vezes por semana sendo que o exercício diário é desejável. A duração deve aumentar gradualmente de 30 a 60 minutos em uma intensidade próxima a extremidade inferior da faixa ideal de freqüência cardíaca (40- 70%).

    Dadas às diretrizes apropriadas, as pessoas com diabetes e hipertensão podem se exercitar seguramente. O plano de exercício irá variar dependendo do interesse, idade, saúde em geral e nível de bem-estar físico.

    De acordo com Carvalho, Silva e Guedes (1995), praticar algum tipo de atividade física é sempre melhor do que nenhuma e se for regular e bem orientada, de intensidade fraca a moderada, é capaz de gerar mecanismos de adaptação que contribuem para prevenir, tratar e reabilitar a maioria das doenças crônicas degenerativas.

Conclusão

    Após analise dos dados foi possível concluir que a maioria das pessoas que recebem orientações e medicamentos na ESF1, da cidade de Cruz Alta, são mulheres acima de 60 anos e as DCD que prevalecem são a diabetes e a hipertensão.

    Tanto as diabéticas quanto os hipertensas não sabem muito sobre as doenças crônicas degenerativas não transmissíveis. O conhecimento que tem sobre as mesmas, adquiriram através de informações de acadêmicos dos cursos de Educação Física e Nutrição da UNICRUZ, apesar de ser um assunto pouco aprofundado com estes portadores.

    Mesmo recebendo orientações estes devem ter mais cuidado com sua alimentação incorporando em sua dieta alimentos mais saudáveis e diminuindo os que podem prejudicar sua patologia como açucares e gorduras. Devem analisar as quantidades ingeridas já que todas apresentaram obesidade e esta é um dos principais fatores de risco para estas patologias. É de fundamental que a pratica de exercícios físicos prescritos as mesmas seja revisto, com urgência, já que da forma como está sendo proposta não é suficiente para induzir melhoras significativas que contribuam com o quadro patológico das mesmas.

    Após a analise de todos os dados foi possível concluir que as portadores de DCNT deverão ter mais informações quanto ao conhecimento das doenças crônicas degenerativas não transmissíveis, suas origens, tipos, características e forma de preveni-las, devido à alta prevalência desta patologia nas pessoas nos dias de hoje. Portanto os perfis de saúde do grupo de portadores de diabetes e hipertensos não estão bons, mas ainda há muito que fazer, em termos de comportamentos relacionados ao auto cuidado, como atividades físicas, educação alimentar, estresse, obesidade, enfim, para que isto se reflita de maneira satisfatória mais tarde em suas vidas e para as pessoas as quais eles convivem.

Referências

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revista digital · Año 14 · N° 141 | Buenos Aires, Febrero de 2010  
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