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Análise das interpretações dos alunos das séries finais do ensino

fundamental da rede pública de Fortaleza sobre as 

diferenças entre Educação Física e Esporte

Análisis de las interpretaciones de los estudiantes de los grados superiores de enseñanza básica

 de escuelas públicas de Fortaleza sobre las diferencias entre Educación Física y Deporte

 

*Licenciado em Educação Física. Mestre em Educação em Saúde

Doutorando em Saúde Coletiva. Docente do curso de Educação Física da

Universidade Estadual do Ceará - UECE

**Licenciado em Educação Física

Especialista em Educação Física Escolar pela Faculdades Nordeste – FANOR

Heraldo Simões Ferreira

Antonio Jansen Fernandes da Silva

heraldosimoes@bol.com.br

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          A Educação Física é a área de conhecimento que promove a inserção e integração dos alunos na cultura corporal do movimento por intermédio dos blocos de conteúdos (esportes, jogos, danças, ginásticas, lutas e conhecimento sobre o corpo). Diante disso o nosso objetivo com a pesquisa é analisar as interpretações dos alunos das séries finais do Ensino Fundamental da rede pública de Fortaleza sobre as diferenças entre a Educação Física e o Esporte. Utilizamos uma pesquisa de campo de cunho descritivo com uma abordagem quantitativa, abrangendo uma amostra de 102 alunos de uma escola pública de Fortaleza. Para fazermos as análises utilizamos um questionário contendo três questões sobre o tema, onde apresentamos as interpretações dos alunos através de gráficos. Os principais resultados foram: na primeira questão 19 (18,62%) dos alunos relataram que é matéria da escola, na segunda questão 23 (22,54%) que é saúde e na terceira questão 33 (32,35%) que não há diferença alguma. Concluímos que os alunos não sabem diferenciar a Educação Física dos esportes, porque muitos professores só trabalham a dimensão procedimental e deixam de oferecer atenção as dimensões conceituais e as atitudinais.

          Unitermos: Educação Física. Esporte. Ensino fundamental. Alunos

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 141 - Febrero de 2010

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1.     Introdução

    A Educação Física, é a área de conhecimento que abrange as atividades pedagógicas, tendo como tema o movimento corporal e que toma lugar na instituição educacional (BRACHT, 1989).

    A Educação Física na atualidade, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) é a área que busca incluir todos os alunos, promovendo sua inserção e integração a Cultura Corporal do Movimento por meios de vivências de jogos, esportes, ginásticas, lutas, atividades rítmicas e expressivas e o conhecimento sobre o corpo. Esse conteúdo será abordado em três blocos: conceitual, procedimental e atitudinal (BRASIL, 1998).

    O Esporte, que é um dos conteúdos da Educação Física Escolar e não deve ser trabalhado majoritariamente no ano letivo. O Esporte Escolar vem evoluindo no que concerne o embasamento teórico, tendo como exemplo o avanço e o surgimento das abordagens da Educação Física, muitas das vezes o Esporte Escolar continua sendo uma caricatura do Esporte de Alto Rendimento.

    Segundo Caparroz (2001, p. 31), “tratar o esporte como conteúdo da educação física tem sido um dos temas mais presentes no meio acadêmico da educação física brasileira”. Porém, apesar de debater frequentemente, a sua discussão precisa ser aprofundada e ampliada de forma que consiga ultrapassar o discurso e que haja uma intervenção na prática pedagógica.

    Percebemos que em vários depoimentos de professores de outras disciplinas que compõe a matriz curricular da escola, os docentes não sabem fazer a diferenciação entre a educação física e o esporte. Isso acabou despertando a curiosidade em entender o que os alunos das séries finais do ensino fundamental da rede pública de fortaleza sabem sobre o assunto.

    Outro fator que despertou o interesse foi que um dos pesquisadores quando estudante do Ensino Fundamental da Rede Pública de Fortaleza, não conseguia diferenciar a Educação Física do Esporte.

    A Educação Física é de suma importância para que o aluno torne-se um ser critico, ativo e autônomo em relação a prática da atividade física, ou seja, após um período formal de aulas os alunos devem analisar e/ou manter uma prática de atividade regular, sem o auxilio de um especialista da área, se assim desejarem. Considerando como corpos vivos, isto é, que interagem e se movimentam como sujeitos sociais e como cidadãos.

    Portanto, para a realização deste artigo, elaboramos as seguintes perguntas de caráter investigativo, com os alunos das séries finais do ensino fundamental da rede pública de Fortaleza: O que é Educação Física? O que é Esporte? Qual a diferença entre a Educação Física e o Esporte?

    O artigo apresentará primeiramente uma revisão sobre a evolução histórica da Educação Física, e posteriormente sobre o conteúdo Esportes e a diferenciação de ambos. A seguir apresentaremos a metodologia aplicada e logo após os resultados e análise da pesquisa. Encerraremos o estudo com nossas conclusões acerca do estudo.

    Assim, este estudo tem como objetivo analisar as interpretações dos alunos das séries finais do ensino fundamental da rede pública de Fortaleza sobre a diferenciação da Educação Física e do Esporte.

2.     Revisão de literatura

2.1.     História da Educação Física no Brasil

    A Educação Física no primórdio da história era utilizada com o intuito de deslocamento e também como maneira de sobrevivência, através da pesca, caça e a fabricação de utensílios (MARINHO, 1980).

    A implantação da Educação Física nas escolas só aconteceu no Brasil em 1851, através da Reforma de Couto Ferraz, que estava preocupado com a inclusão de exercícios físicos, na Europa, remonte ao século XVIII, com Guths Muths, J.J. Rosseau, Pestalozzi e outros (BETTI, 1991). Posteriormente, em 1882, Rui Barbosa recomendou que fosse obrigatória a prática das ginásticas, para ambos os sexos, e que também fosse equiparada às outras disciplinas da escola. Mas de fato isso não aconteceu em todos os municípios da corte, exceto Rio de Janeiro e nas escolas militares.

    No inicio da década de 20 do século XX, a Educação Física foi incluída em vários estados do território brasileiro dentre eles; São Paulo, Bahia, Ceará, Pernambuco, Minas Gerais e Distrito Federal (DARIDO, 2005).

    De acordo, com Ghiraldelli Júnior (1991), é classificada em cincos concepções distinta: higienistas, militarista, pedagogicista, competitivista (esportivista) e popular.

    A concepção higienista influenciou a Educação Física no inicio do século XX, pois sua idéia principal era adquirir ou manter a saúde individual e social, e assim, afastar de hábitos nocivos que ocasionam problemas de saúde pública. A Educação Física nesse período era subordinada à medicina e os professores nesta época eram médicos que se utilizava de traje branco nas aulas para demonstrar que estavam limpos, e a camiseta dos alunos era branca, caso os discentes estivessem sujos, doentes e possuíssem alguma deficiência física eram excluídos da prática da Educação Física na escola (GHIRALDELLI JÚNIOR, 1988).

    Com o objetivo de sistematizar a ginástica nas escolas, surgiram vários métodos entre eles; o sueco de P.H. Ling, o alemão de Spiess e o francês de Amoros. Todos com a mesma proposta de valorizar a imagem da ginástica nas escolas (DARIDO, 2005).

    A eugenia segundo Soares (2007), permitiu a utilização do “argumento da raça para justificar toda a exploração de classe ou colonial: até podia ser utilizada para provar que os brancos e os negros pertenciam a espécies diferentes. Este discurso era poderoso instrumento nas mãos da burguesia (brancos) para justificar seu domínio de classe, para rotular que a única classe capaz de manter a “Ordem” e de viabilizar, a partir dela o “Progresso”.

    A concepção militarista foi fortemente influenciada pelo momento histórico que o país passava, que correspondia a ditadura militar do Estado Novo. Segundo Bracht (1989) as funções atribuídas ao instrutor eram as de apresentar os exercícios, dirigir, manter a ordem e a disciplina. Ao aluno competia repetir e cumprir a tarefa atribuída pelo instrutor. Constrói-se nesse sentido, um projeto de homem disciplinado, obediente, submisso, profundo respeitador da hierarquia social.

    O método Francês foi implantado oficialmente neste período da história da Educação Física. Na constituição de 1937 em um dos seus artigos falam à respeito de promover a disciplina moral, o adestramento físico, a defesa da nação e o dever com a economia (BRASIL, 1998).

    A Educação Física pedagogicista, busca identificar não somente como uma prática capaz de promover saúde ou de disciplinar a juventude, mas como uma prática eminentemente educativa, que através da educação do movimento, é capaz de proporcionar uma educação de corpo inteiro. Nesta tendência, o professor leva os alunos a aceitar às regras do convívio democrático, mas advoga uma neutralidade em relação aos conflitos político-sociais (GHIRALDELLI JÚNIOR, 1988).

    A Educação Física Esportivista começa ser disseminada, a partir do final da segunda guerra mundial, com forte evidência durante a ditadura militar, respaldada pela LDB 5692/71. O método de Educação Desportiva Generalizada, difundido por Auguste Listello, encontra grande receptividade entres os professores de Educação Física (BRASIL, 1998).

    Na década de 70 do século XX, a Educação Física sofreu influência do governo militar que investiu na disciplina em função de diretrizes pautadas no nacionalismo, na integração entre os estados e na segurança nacional, com o objetivo de formar um exército composto por uma juventude forte e saudável contra as forças políticas opositoras (BRASIL, 1998). O governo brasileiro implantou um modelo piramidal, que tinha como diretrizes políticas para a Educação Física: onde a Educação Física Escolar e o Desporto Estudantil seriam a base da pirâmide, a segunda escala seriam a melhoria da aptidão física da população urbana e o empreendimento das instituições privadas na organização desportiva e no ápice à seleção de indivíduos para competir no interior e no exterior do país.

    Neste período a relação professor-aluno muda de cenário de professor/instrutor para professor/treinador e de aluno/recruta para aluno/atleta. O grande exemplo do período esportivista foi à propaganda do governo brasileiro diante da conquista da Seleção Brasileira de Futebol da Copa do Mundo de 1970, glorificando a figura do atleta herói da pátria Brasileira (BRASIL, 1998).

    A Educação Física popular, segundo Ghiraldelli Júnior (1988) tinha por objetivo privilegiar a ludicidade, a solidariedade, a organização e a mobilização dos trabalhadores. O Brasil passava por um acontecimento histórico que era a democratização do mundo, contra os objetivos da classe dominantes e a favor da humanização, da qualidade de vida e a consciência política.

    Neste período surgiram diversas abordagens pedagógicas da Educação Física dentre elas: Psicomotricidade, Desenvolvimentista, Construtivista, Critico- Superadora, Critico-Emancipatória, Saúde Renovada, Pedagógica, Sistêmica, PCNs e outras (DARIDO, 2005).

2.2.     Esporte

    A origem da palavra esporte que significa regozijo, ou seja, diversão, até os dias de hoje quase não mudou sua terminologia (DARIDO, 2005).

    O Esporte Moderno surgiu na Inglaterra, no final do século XIX, momento este que aconteceu o desenvolvimento da industrial e fez ascender a classe média, tanto no poder político como social. Essa classe lutou com o intuito de conseguir privilégios no sistema educacional e acabou conseguido um aumento significante no número de escolas públicas, este fato, foi decisivo para a multiplicação de jogos esportivos (BETTI, 1991).

    De acordo, com Betti (1991) o esporte é como uma ação social institucionalizada, composta por regras, que se desenvolve com base lúdica, em forma de competição entre dois ou mais oponentes ou contra a natureza, cujo objetivo é, por meio de comparação de desempenhos, determinar o vencedor ou registrador do recorde.

    Em contra partida, Bracht (1989) refere-se ao esporte como uma atividade corporal de movimento com caráter competitivo que surgiu no âmbito da cultura européia por volta do século XVIII e se expandiu por todos os cantos do planeta, que, em seu desenvolvimento, assumiu as seguintes características básicas: competição, rendimento físico-técnico, recordes, racionalização e cientificização do treinamento.

    Segundo Tubino (2000) o esporte pode ser classificado em: esporte-educação, esporte-participação e esporte-performance.

    O esporte-educação que está focado na escola, tem por objetivo incluir todos os alunos na cultura pelo movimento numa ação de manifestação social e o exercício da cidadania com a visão critica dos fatos, impedindo a competição exacerbada e a exclusão. O professor que utiliza deste esporte-educação, procura proporcionar aos alunos uma gama de modalidades distintas, deve encaminhar para a reflexão critica dos acontecimentos, não só dos esportes, mas de outros problemas que o rodeiam (TUBINO, 2000).

    O esporte-participação que tem o objetivo do prazer lúdico, acontecendo em espaço sem obrigações do dia a dia e o aproveitamento do tempo livre, oferecendo como propósito a diversão, a descontração e a socialização. Este esporte-participação pode ser praticado por todas as idades (crianças, adolescentes, adultos e idosos). É frequente notamos pessoas praticando vôlei de praia, futebol, caminhada e outras atividades nos finais de semanas ou no período ocioso dos compromissos diários (TUBINO, 2000).

    O esporte-performance, ou seja, esporte de alto rendimento traz em si a procura de eficiência no desempenho, a busca de vitória sobre os adversários, o emprego da tecnologia, visando melhorar a performance esportiva e o uso dos laboratórios fisiológicos para desenvolver pesquisa que aperfeiçoe a atuação física. (TUBINO, 2000).

    As modalidades esportivas são vinculadas as instituições (ligas, federações, confederações, comitês olímpicos) que organizam as competições locais, nacionais ou internacionais e têm a função de zelar pelo cumprimento das regras e dos códigos éticos (DARIDO, 2005).

2.3.     Diferença entre Educação Física e Esporte

    O Esporte e a Educação Física tiveram em diversos momentos da história uma função ligada aos interesses políticos e estratégicos das instituições sociais e dos Estados (SIGOLI, DE ROSE JR, 2004).

    A Educação Física é a área de estudo da cultura corporal do movimento, tendo como um dos seus conteúdos o esporte. Mas devido o grande reforço que os meios de comunicação, colocam sobre o “esporte- espetáculo”, tem se conceituado erroneamente como sendo sinônimo da Educação Física (KUNZ,1994).

    Segundo Castellani Filho (1993, p. 13) considerar o esporte como sendo conteúdo da Educação Física Escolar, é reconhecer o esporte “como uma prática social, que é resultado de uma construção histórica que, dada a significância com que marca a sua presença no mundo contemporâneo, caracteriza-se como um dos seus mais relevantes fenômenos socioculturais, mais este não é o único. Os jogos, as lutas, as ginásticas, as danças e o conhecimento sobre o corpo, precisam ser abordados para garantir um ensino de qualidade”.

    Souza (1993, p.14) garante que a influência do esporte enquanto fetiche da mercadoria, na Educação Física Escolar, se manifesta de três formas:

    “a) a ampliação do consumo de mercadoria esporte espetáculo e de outras mercadorias paralelas; b) a ampliação das possibilidades de descoberta de valores (novos esportistas) e por último, mas não menos importante, c) a propagação de valores e normas de comportamentos relativos ao mundo das mercadorias”.

    A mídia tem causado grande impacto sobre a escolha do conteúdo (Esporte) da Educação Física e sobre a forma de como eles são transmitidos. O esporte é um ótimo investimento, já que o espetáculo é fácil de ser produzido, os cenários e atletas estão preparados e custa pouco para os investidores, ou seja, o esporte é uma fonte inesgotável de notícias, de público e de lucro (KENSKI, 1995).

    Atualmente o esporte é caracterizado como mercadoria da indústria cultural. O acesso a sua prática, ou seja, seu consumo está baseado nas leis do mercado. Os grandes eventos esportivos são vitrines deste produto, divulgados amplamente na mídia constroem heróis que alimentam este mercado. Contudo, apesar das influências sofridas e da utilização para fins políticos e econômicos, o esporte mantém em sua configuração primária, o embate esportivo, seus princípios fundamentais: a busca pelo ideal de vitória e o intuito de ser o melhor. Estes fatores, apoiados na regulamentação esportiva, sustentam a legitimidade do esporte (SIGOLI, DE ROSE JR, 2004).

    Por outro lado, a Educação Física na escola é legitimada através do currículo oficial das instituições educacionais, como sendo uma prática social dependente de argumentos plausíveis que a reconheçam com uma prática justa e equânime. Tal legitimidade só se faz possível diante de um regime democrático que parta do consenso popular, extraído através do debate político (BRACHT, 1992).

3.     Metodologia

    O estudo de campo realizado foi do tipo descritivo com uma abordagem quantitativa. O cenário escolhido foi uma escola pública de Fortaleza, localizada na região Oeste da cidade, que oferece as séries finais do Ensino Fundamental. O período da realização da pesquisa foi de novembro a dezembro de 2009.

    Os indivíduos pesquisados foram 102 alunos de ambos os sexos, que estudam na escola que serviu de local para a pesquisa. O critério de escolha foi aleatório entre aqueles que possuíam os pré requisitos (estarem regularmente matriculados na escola pesquisada e cursando uma das séries finais do ensino fundamental).

    Utilizamos como coleta de dados a aplicação de um questionário aberto, com 03 questões objetivas relacionadas sobre a diferenciação da Educação Física e do Esporte. As perguntas foram: O que é Educação Física? O que é Esporte? Qual a diferença entre Educação Física e Esporte.

    A análise dos dados foi realizada de forma quantitativa através da estatística descritiva, obtidos através das perguntas e apresentada através de gráficos, instrumento necessário para facilitar a leitura das informações alcançadas na análise.

    Os participantes foram esclarecidos sobre os objetivos da pesquisa e que poderiam desistir da mesma a qualquer momento. Suas identidades foram mantidas em sigilo.

4.     Resultados e discussões dos dados

    A partir do coletado os dados foram analisados estatisticamente e mostrados em forma de gráficos.

    Foi questionado aos participantes, na 1º questão, qual o significado da palavra Educação Física. Dos 102 entrevistados, 19 (18,62%) responderam que é matéria da escola, 17 (16,66%) é esporte, 11 (10,78%) é exercício físico, 10 (9,8%) é saúde, 08 (7,84%) é educação, 07 (6,86%) é jogo de bola, 06 (5,88%) é diversão, 05 (4,9%) é atividade física, 04 (3,92%) é jogo em geral, 03 (2,94%) é uma aula sobre esporte, 03 (2,94%) é aprendizado do conteúdo, 03 (2,94%) é modalidade esportiva, 02 (1,96%) é interagir com o esporte, 02 (1,96%) é melhorar o condicionamento físico, 01 (0,98%) é desenvolver as habilidades motoras e cognitivas, 01 (0,98%) é retirar das drogas e 01 (0,98%) é alongamento.

    Podemos notar que os resultados foram significativos, pois na grande maioria dos relatos pesquisados, os alunos conceituaram a Educação Física como sendo uma disciplina que faz parte da grade curricular da escola, e também em muitos deles relataram que a Educação Física é o sinônimo de Esporte. Percebemos diante desses dados que boa parte dos alunos compreende a Educação Física. Estando de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), no seu artigo 26-§ 3o, diz o seguinte “A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da Educação Básica, ajustando-se as faixas etárias e as condições da população escolar, sendo facultativo nos cursos noturnos” (BRASIL, 1996).

    O esporte por ser bastante explorado pelos meios de comunicação vem tomando uma conotação de ser só esporte-performance. E segundo Tubino (2001), é o maior fenômeno do século XX.

    A influência do esporte no sistema escolar é de tal magnitude que confunde a Educação Física com as instituições esportivas (esporte de alto rendimento). Onde o esporte de rendimento considera a escola, e mais especificamente, a aula de EF como a “base” da pirâmide esportiva (BRACHT,1989).

Gráfico 1. O que é Educação Física?

Fonte: Autoria própria

    Perguntamos aos incluídos, na 2º questão, qual o significado da palavra Esporte. Dos 102 entrevistados, 23 (22,54%) responderam que é saúde, 17 (16,66%) é diversão, 16 (15,68%) são jogos, 12 (11,77%) é exercício físico, 11 (10,78%) é atividade física, 05 (4,9%) são modos de aprender modalidades esportivas, 04 (3,92%) é competição, 04 (3,92%) é retirar das drogas, 03 (2,94%) é modo de vida, 02 (1,96%) é educação, 02 (1,96%) é educação/arte, 01 (0,98%) é conjunto de movimentos, 01 (0,98%) é expectativa de vida e 01 (0,98%) é melhorar a coordenação motora.

Gráfico 2. O que é Esporte?

Fonte: Autoria própria

    Verificamos que os resultados foram significativos, pois na maioria dos entrevistados definiram o esporte como sendo saúde. Notamos que os alunos retratam o esporte levando em consideração principalmente a parte biológica do ser humano e deixando de lado os fatores sociais e psicológicos.

    Segundo Caparroz (2001), o esporte na escola é a maneira prática desenvolvida pelos políticos da classe dominante que procura sustentar a sua hegemonia reforçando a ideia de que a sociedade precisa de um corpo forte e saudável, e que através do esporte se consegue alcançar a saúde.

    Na questão 3, procuramos perceber na visão dos alunos, qual a diferença entre Educação Física e Esporte. Dos 102 entrevistados, 33 (32,35%) relataram que não há diferença nenhuma, 16 (15,68%) que o esporte é brincar, jogar e a E.F exercício, 08 (7,84%) que o esporte é lazer e a E.F aula, 05 (4,9%) que o esporte é competição e a E.F diversão, 05 (4,9%) que o esporte tira das drogas e a E.F é prática, 03 (2,94%) que o esporte é uma coisa e a E.F são varias coisas, 03 (2,94%) que a E.F é disciplina e o esporte não, 03 (2,94%) que a E.F é lazer e o esporte saúde, 02 (1,96%) que uma ajuda a outra, 02 (1,96%) que a E.F é para pessoas normais ou atletas e o esporte é para atletas, 02 (1,96%) que o esporte é varias coisas e a E.F uma só, 02 (1,96%) que a E.F é nas escolas e o esporte em qualquer lugar, 02 (1,96%) que a E.F tem mais exercício, 02 (1,96%) que a E.F é profissão e o esporte a prática, 02 (1,96%) que a E.F disciplina e o esporte jogos, 01 (0,98%) que o esporte é vida e a E.F é futebol, 01 (0,98%) que o esporte e o meio para aprender E.F, 01 (0,98%) que o esporte é a prática e a E.F alongamento, 01 (0,98%) que o esporte é jogar e a E.F são vários tipos de esportes, 01 (0,98%) que o esporte é diversão e a E.F disciplina, 01 (0,98%) que o esporte é conteúdo da E.F e 01 (0,98%) que o esporte vem depois da E.F.

Gráfico 3. Qual a diferença entre Educação Física e Esporte?

Fonte: Autoria própria

    Observamos que os resultados foram bem expressivo, pois grande parte dos entrevistados comentaram que não havia diferença entre Educação Física e Esporte. A evolução histórica (especialmente a esportivista) da Educação Física tem deixado marcas até o momento atual da área. A prática da Educação Física na escola parece ter iniciado um movimento voltado para a formação de equipes desportivas, reproduzido o modelo real dos esportes, com todas suas deformações: “cientificismo exagerado, propaganda politica e endeusamento da tecnologia” (FERREIRA, 1984).

    A Educação Física escolar já foi confundida com o esporte de maneira equivocada entre as décadas de 60 e 70 atendendo a interesses políticos que visavam se beneficiar desta condição. Desta forma, o esporte foi desenvolvido no âmbito escolar de maneira tecnicista sendo aplicado desde as primeiras séries do ensino fundamental (KUNZ, 2001).

    A falta do conhecimento em diferenciar a Educação Física do Esporte por parte dos alunos pode ser atribuída ao descaso de como são tratados os conteúdos da Educação Física escolar pelos próprios profissionais da área (PAES, 2001).

5.     Considerações finais

    Ao concluirmos este artigo verificou-se nos resultados obtidos através das perguntas e dos gráficos que a maioria dos alunos que participaram da pesquisa encontra-se com um baixo nivel de endentimento sobre o conceito Esporte, devido considerar o mesmo como uma única maneira de manutenção e/ou da promoção de saúde.

    Com relação sobre a definição do termo Educação Física grande parte dos alunos responderam de forma semelhante com a LBD 9394/96, que afirma que a educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da Educação Básica, ajustando-se as faixas etárias e as condições da população escolar, sendo facultativo nos cursos noturnos. Concluimos com isso que os estudantes tem uma interpretação próxima dos estudiosos da área da Educação Física.

    Chegamos a conclusão sobre a diferenciação entre Educação Física e Esporte, que os alunos entrevistados não sabem a diferença entre ambos. Atualmente sabemos que a Educação Física é a disciplina que procura inserir o aluno na prática da cultura corporal do movimento, e o esporte é um dos conteúdos desta inserção.

    O interesse da maioria dos alunos em relação ao conteúdo esporte, está centralizada na dimensão procedimental (como se deve fazer), consequentemente, os discentes só executam de forma prática, sem saber o porque está fazendo aquela atividade motoras e o que podem levar de atitudes e princípios para viver em socidade. Conclui-se também que grande parte dos professores só ensinam como realizar os movimentos, ou seja, o saber fazer.

    Podemos sugerir que professores de Educação Física Escolar, procurem introduzir e integrar o aluno na cultura corporal do movimento, objetivando formar um cidadão: critico, participativo, criativo e com autonomia, capaz de produzir, de reproduzir, de transformar, de instrumentalizar e de usufruir dos esportes, dos jogos, das danças, das lutas, das ginásticas em benefício de uma boa qualidade de vida e um ser exemplo de cidadania.

    Recomendamos aos professores da disciplina de Educação Física na escola que busquem ultrapassar a idéia unitária do ensinamento do gesto motor correto. A função do professor de Educação Física é mais ampla, cabendo-lhe problematizar, interpretar, relacionar, compreender as diversas formas de manifestações de cultura corporal. Indicamos também aulas teóricas onde os professores possam refletir, debater e discutir os conceitos de Educação Física, Esporte, suas diferenças e seus impactos na sociedade, nas diversas culturas, na educação e na economia mundial. Sugerirmos aos docentes da Educação Física que em todos os conteúdos (esportes, jogos, danças, lutas, ginásticas e o conhecimento sobre o corpo) da cultura corporal do movimento, procurem desenvolver não só a dimensão procedimental, mais também as dimensões conceituais e atitudinais.

Referências

  • BETTI, M. Educação Física e sociedade. São Paulo: Movimento, 1991.

  • BRACHT, V. Educação Física e aprendizagem social. Porto Alegre: Magister, 1992.

  • BRACHT, V. Educação Física: a busca da autonomia pedagógica. Revista da Educação Física, Maringá, vol. 1, n. 0, PP. 28-33.

  • BRASIL. Decreto-Lei 5692, de 11 de agosto de 1971. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB. Brasília, 1971.

  • BRASIL. Decreto-Lei 9.9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB. Brasília, 1996.

  • BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Educação Física, 3o e 4o ciclos, v. 7, Brasília: MEC, 1998.

  • CAPARROZ, Francisco Eduardo. O esporte como conteúdo da educação física: uma "jogada desconcertante" que não "entorta" só nossas "colunas", mas também nossos discursos. Perspectivas em Educação Física Escolar, Niterói, v. 2, n. 1 (suplemento), p. 31-47, 2001.

  • CASTELLANI FILHO, L. Pelos meandros da Educação Física. Rev. Bras. Ciências do Esporte, v.14, n.3, p 119-125, 1993.

  • DARIDO, S. C. e RANGEL, I. C. A. Educação Física na Escola: Implicações para Prática Pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

  • FERREIRA, V. L. C. Prática de educação física no 1º grau, modelo de reprodução ou perspectiva de transformação? São Paulo: Ibrasa, 1984.

  • GHIRALDELLI JUNIOR, P. Educação Física progressista: a pedagogia crítico-social dos conteúdos e a educação física brasileira. 3. ed. São Paulo, Loyola. 1991.

  • GHIRALDELLI JÚNIOR, P. Educação progressista: a pedagoga crítico-social dos conteúdos e a Educação Física brasileira. São Paulo: Loyola, 1988.

  • KENSKI, V. O Impacto da mídia e das novas tecnologias de comunicação na Educa cão Física. Motriz, v.1, n.2, p. 129-36, 1995.

  • KUNZ, E. Transformação didático-pedagógica do esporte. Ijuí: Unijuí, 1994.

  • MARINHO, I. P. História geral da Educação Física. São Paulo, Cia. Brasil, 1980.

  • PAES, R. R. Educação Física Escolar: O esporte como conteúdo pedagógico do ensino fundamental. Canoas: Ed. Ulbra, 2001.

  • SIGOLI, M. A., DE ROSE JR., D. A história do uso político do esporte. Rev. Bras. Ci e Mov. 2004; 12 (2): 111-119.

  • SOARES, C. L. Educação Física: raízes européias e Brasil. 3ª ed. Campinas, São Paulo. Autores Associados, 2007.

  • SOUZA, A. M. A ciência e a técnica nas sociedades industriais modernas: uma reflexão sobre a educação física. In: Revista Brasileira do Esporte 14 (3), Ijuí: Ed. Unijuí, 1993.

  • TUBINO, M. J. G. Dimensões sociais do esporte. 2º. Ed. São Paulo: Cortez, 2001.

  • TUBINO, M. J. G. et al. Telecurso 2000 – educação para o esporte. São Paulo: Globo, 2000.

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