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Um programa especial: análise das relações interpessoais de crianças com deficiência intelectual leve frente a um programa de psicomotricidade

 

*Especialista em Psicomotricidade

**Professora Mestra da Faculdade de Educação Física e Ciências do Desporto da

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

(Brasil)

Geneci dos Santos Wiest

Daniela Boccardi Goerl

daniela.goerl@pucrs.br

 

 

 

Resumo

          Este estudo investiga a influência de um Programa de Psicomotricidade nas relações interpessoais de crianças com Deficiência Mental Leve. O Programa caracterizou-se por uma ação conjunta da Psicomotricidade Funcional e da Psicomotricidade Relacional, objetivando um estudo mais abrangente no sentido de melhorar as relações entre os próprios participantes e com os adultos, além de proporcionar maior independência em suas habilidades motoras e com esse resultado, propiciar um aumento da auto-estima. Utilizamos o princípio metodológico qualitativo por ter como fator principal a observação. Tal método, adequou-se ao estudo por ser uma pesquisa de campo, fazendo-se necessário a presença de um: 1) participante observador, relatando os comportamentos das crianças frente as atividades desenvolvidas e a adaptação ou não das crianças frente ao Programa, e; 2) observador participante, observando somente os tópicos de comportamento sugeridos por Batista (1999). Para a análise do comportamento social foi utilizado o Sistema de Categorização proposto por Batista (1996) in Sobrinho (1999). As informações coletadas respondem aos objetivos específicos da pesquisa, que são: identificar, descrever e analisar as relações interpessoais da criança portadora de Deficiência Mental Leve, com o adulto e com outras crianças, no contexto da sessão psicomotora. A análise qualitativa dos resultados mostra que um Programa de Psicomotricidade propicia melhorias nas relações interpessoais, tanto nas relações com outras crianças, como nas relações com adultos. Considerando o curto espaço de tempo em que foi desenvolvido o Programa de Psicomotricidade, acreditamos que foi de grande importância aplicarmos uma proposta que veio de encontro às necessidades dessas crianças, pois experimentaram suas habilidades corporais e iniciaram uma integração através do jogo simbólico.

          Unitermos: Relações interpessoais. Crianças com deficiência intelectual leve. Programa de psicomotricidade

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 141 - Febrero de 2010

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Introdução

    Diante de alguns anos de trabalho com crianças portadoras de deficiência, observamos uma série de comprometimentos no seu comportamento e sentimos a necessidade de evidenciar a autonomia em crianças com Deficiência Mental Leve com comprometimento motor ligado a problemas psicológicos e/ou neurológicos e, principalmente, apresentando dificuldades de relacionamento e déficit de atenção.

    Em vista disso, procuramos adaptar uma metodologia pedagógica que suprisse a necessidade desses alunos. Uma metodologia que valorizasse as funções psicomotoras, consideradas de grande importância aos alunos em estudo, bem como o lado emocional dos mesmos, considerando o tempo curto de concentração, característico nessa faixa etária.

    Investigando os processos metodológicos da Psicomotricidade, buscamos uma metodologia que suprisse nossas necessidades de trabalhar as funções psicomotoras a fim de diminuir os déficits motores. Dessa forma, optamos por desenvolver as funções psicomotoras através de contestes, com o intuito de encorajá-los a descobrir as potencialidades de seu corpo de maneira agradável. Utilizamos recursos da Psicomotricidade Funcional caracterizada pelas funções corporais, sendo estas muito necessárias nessa comunidade.

    Fomos buscar inspiração na Psicomotricidade Relacional caracterizada pelas relações, proporcionando as crianças vivências sensório-motoras e jogo simbólico, tentando assim abranger num período de tempo maior suas necessidades para compor nossa metodologia.

    Através da aula de educação física, procuramos uma metodologia pedagógica que possibilitasse a essas crianças o mínimo de perdas através do brinquedo lúdico, propiciando um convívio afetivo e social, e também buscando o máximo de ganhos motores através das funções psicomotoras.

    Com os princípios da Psicomotricidade Funcional e da Relacional, adaptamos uma proposta pedagógica para satisfazer as necessidades desses alunos, a partir desta proposta, este estudo tem como questão norteadora:

    Quais as mudanças de comportamento social, identificadas na criança Portadora de Deficiência Mental Leve, frente a um programa de Psicomotricidade Funcional e Relacional – uma atuação conjunta?

    Procuramos proporcionar aos alunos uma proposta que viesse de encontro às suas necessidades afetivas e corporais, com os materiais disponíveis e, adaptando ao nosso espaço físico.

    Concordamos com Lê Boulch (1992) quando afirma que, “O Relacional e o Funcional, não são só dois aspectos simplesmente complementares, mas sim uma estreita relação de interdependência que os une de maneira dialética e indissociável”. Sentindo estar no caminho certo, utilizamos parte de cada metodologia para contemplar nossa proposta satisfazendo o objetivo de dar ênfase à auto-estima juntamente com o trabalho motor, criando uma metodologia pedagógica específica para este grupo de alunos.

Objetivos

    Estabelecemos, desta forma, os seguintes objetivos, que deverão ser norteadores da pesquisa que se propõe no âmbito deste trabalho.

Objetivo geral

    Verificar a adaptação e a satisfação afetiva e motora de um programa conjunto da Psicomotricidade Funcional e da Psicomotricidade Relacional em crianças portadoras de Deficiência Mental Leve.

Objetivos específicos

  • Identificar, descrever e analisar as relações interpessoais da criança portadora de Deficiência Mental Leve, com adultos, no contexto da sessão psicomotora, com o objetivo de verificar a comunicação e questionamento, a colaboração nas tarefas propostas e atendimento de ordem simples.

  • Identificar, descrever e analisar as relações interpessoais da criança portadora de Deficiência Mental Leve, com outras crianças, no contexto da sessão psicomotora, com o objetivo de verificar a cooperação, brincadeira compartilhada e negociação de conflitos.

Psicomotricidade

    A Psicomotricidade, num primeiro momento, por ter surgido na área médica, era somente aplicada clinicamente, como reeducação psicomotora destinada a portadores de qualquer dificuldade, debilidade ou atraso motor; e terapia psicomotora, destinada a perturbações de ordem patológica. Com adaptações, entrou para a escola como educação psicomotora, onde num primeiro momento foi implantada apenas em escolas especializadas através da psicopedagogia para atender crianças excepcionais, e mais tarde, incorporando-se à Educação Física por esta trabalhar o corpo como um todo com crianças normais.

    A partir dos estudos de Freud, Wallon, Piaget, M.Klein, Lacan e Winnicott, integrando-se a esses estudos outros autores como Lê Boulch, Picq e Vayer e outros, a palavra A Psicomotricidade e integra o psiquismo com a motricidade. Define-se o Psiquismo, como um conjunto de sensações, percepções, imagens, pensamentos, afeto, entre outros; e Motricidade, como o resultado da ação do sistema nervoso sobre a musculatura, como resposta à estimulação sensorial.

    Ao estabelecer relações com a comunicação corporal, o educador precisa saber “escutar” a expressividade motriz da criança e encontrar sentido na mesma. Segundo Fernández & Marcote (1999), “toda ação educativa deve situar-se, inicialmente, ao nível da comunicação, já que ela é o motor de qualquer tipo de ação sobre o mundo. Ela permite a criança descentrar-se de si mesmo, uma vez encontrado seu equilíbrio psico-afetivo, sua alegria de viver, seu dinamismo, seu desejo de afirmação, seu desejo de expressão e comunicação, sua criatividade e sua curiosidade”. Também abordam que, “a descentralização levará a criança a uma ação criativa sobre o mundo e às aprendizagens escolares.”

    “As primeiras evidências de um desenvolvimento mental normal não são mais que manifestações motoras. Durante toda a primeira infância até os 3 anos, a inteligência e a motricidade se tornam independentes, rompendo sua simbiose, que só reaparece nos casos de retardamento mental, o paralelismo psicomotor se mantém, determinando que há um quociente intelectual diminuído, correspondendo a um rendimento motriz também deficiente” (Picq-Vayer, 1969 citado por Costallat, 1976).

    A Educação Psicomotora deve ser pensada em função dos problemas existentes e das dificuldades a vencer e não em função dos métodos existentes, pois os métodos da educação física e da ginástica, empregados na escola maternal, são uma educação psicomotora por suas particularidades mas, demonstram-se ineficazes às crianças com necessidades educacionais especiais.

    Picq e Vayer (1969) de acordo com a maioria dos autores, distinguem três tipos de manifestações de atividades nas crianças com necessidades especiais:

  1. as condutas motoras de base são mais ou menos instintivas e por isso menos alteradas nessas crianças;

  2. as condutas neuromotrizes estreitamente ligadas a maturação do sistema nervoso;

  3. as condutas perceptivo-motoras ligadas à consciência e à memória.

    Estes aspectos exteriores da motricidade, que traduzem manifestações visíveis na personalidade da criança dependem intimamente de um aspecto fundamental da personalidade, que é a organização do esquema corporal.

    Vygotsky (1996) apud Boccardi (2003) considera que “o estudo da criança com atraso mental deve basear-se sobretudo em um teste qualitativo, e não na determinação do defeito. O objetivo do estudo dessa criança é na determinação do tipo de desenvolvimento da conduta, e não no nível quantitativo que tem alcançado cada uma das funções”.

Psicomotricidade Funcional

    A Psicomotricidade, apesar de trabalhar o corpo por inteiro, dá ênfase nas funções motoras do indivíduo, sendo usada com frequência na Educação Física com crianças em idade pré-escolar e séries iniciais, pois ela, através de atividades motoras, propicia o desenvolvimento do Esquema Corporal, onde a criança começa a conhecer melhor as partes de seu corpo e suas capacidades corporais.

    Encontra também a oportunidade de viver, perceber e representar seu corpo, desenvolvendo sua Imagem Corporal e sentindo como é sua estrutura corporal, interna e externamente, tendo uma consciência corporal global, organizando e integrando suas emoções em relação aos objetos e ao outro.

    A Coordenação Global de seus movimentos, adquire segurança nas atividades desenvolvidas, ficando pré-disposta a desenvolver a Coordenação Motora Fina, audiomotora e facial que são coordenações mais complexas por determinarem o desenvolvimento de pequenos segmentos como mãos, pés, olho, ouvido e a coordenação facial.

    Na Coordenação Visomotora, a criança desenvolve a habilidade de ouvir e reproduzir um movimento sujerido pelo professor, e será mais facilmente executado se esta criança estiver com a coordenação global bem vivenciada.

    A capacidade de Tensionar os músculos e Relaxá-los, fará com que a criança regule e controle sua capacidade de Equilíbrio, que, aperfeiçoado de maneira tanto estática ou dinâmica, facilita a criança a dissociar os movimentos mais facilmente. A criança aos poucos, irá sentir qual lado do corpo ela pratica as atividades com mais eficiência, desenvolvendo sua Dominância Lateral, para mais tarde então, aprender a denominação Esquerda-Direita.

    A exploração do espaço, começa desde cedo na criança, a partir dos primeiros movimentos voluntários, ampliando-os com o engatinhar e preparando-se assim para a Estruturação Espacial, adquirida na idade pré-escolar, onde a criança alcança através da percepção de seu próprio corpo em relação às pessoas e aos objetos.

    Com a Lateralidade bem definida, a criança orienta-se melhor no espaço, desenvolvendo com certa facilidade os conceitos de frente/trás, longe/perto, em cima/em baixo, entre outros.

    Os Conceitos de Tempo, como ontem/hoje, antes/depois, dia/semana/mês, entre outros, são de extrema importância para que a criança organize seu ritmo corporal através das mudanças cotidianas de sua vida, levando à memória ações passadas, presentes e futuras, com influência no plano não só motor, mas na Linguagem falada e escrita, proporcionando a criança um maior desenvolvimento do pensamento.

Psicomotricidade Relacional

    A prática psicomotriz educativa tem seus objetivos relacionados às diferentes etapas da maturação psicomotriz, sintetizadas em três momentos importantes: a vivência corporal, a percepção corporal e a representação corporal, como um processo à realidade corporal integrada (Rota, 1994 citado por Fernández-Marcote, 1999).

    A partir de um período de interesse de psicanalistas pela Psicomotricidade, em 1974, iniciou a era Psicomotricidade Relacional, que visa proporcionar à criança, durante uma sessão, momentos em que ela possa expressar ou libertar-se de suas fantasias, que pode ser vivida individualmente, em duplas ou em maior número, desde que seja da vontade da criança. A mesma, compartilha com os iguais papéis e jogos, que poderiam ou não vivenciar fora daquele contexto, utilizando materiais variados à escolha dela própria, sem uma seqüência rígida para o uso dos materiais.

    A Psicomotricidade Relacional, “define-se tecnicamente pelo jogo livre e espontâneo que ela utiliza para abordar a vida fantasmática, privilegiando as expressões lúdicas corporais tônico-motoras” (Cabral, 2001). Esta abordagem, consiste em brincadeiras espontâneas, objetivando as relações, o auto-conhecimento das capacidades corporais de cada um, o jogo simbólico, onde as crianças exteriorizam seus fantasmas.

    É aplicada através de sessões bem definidas, priorizando locais específicos, é direcionalizada preferencialmente às crianças em idade pré-escolar em idade que vão de 2 a 9 anos, não descartando uma criança com mais idade que venha a se beneficiar dessa prática. Durante a sessão, encontra-se mais de um facilitador para um melhor atendimento às crianças.

    Uma Sessão de Psicomotricidade Relacional tem duração de aproximadamente sessenta minutos e é composta de três momentos distintos, onde:

  • o primeiro momento, que compreende dez minutos, se caracteriza pelo ritual de entrada, que é a parte inicial da sessão, a acolhida. As crianças sentam em círculo e são apresentadas umas às outras, esse momento tem como objetivo que as crianças conheçam seus colegas pelo nome, além de conversarem sobre do que pretendem brincar, também, são lembradas das regras sociais pelos facilitadores. À elas é mostrado a seqüência do circuito, etc., objetivando o início de um relacionamento entre as crianças através de um primeiro contato.

  • o segundo momento da sessão, que corresponde a trinta minutos, é o momento central da sessão, vem a ser o momento de atividades livres, na qual as crianças experimentam jogos diversos, e exteriorizam suas fantasias. É o momento que acontece o jogo sensório-motor, onde através de situações corporais vivenciadas, percebem seu corpo interna e externamente, desenvolvendo uma consciência das partes do mesmo, adquirindo diferentes habilidades através das brincadeiras motoras e jogo simbólico. O jogo simbólico, por sua vez, viabiliza a criança transformar objetos reais em objetos simbólicos, para viver sua vida fantasmática mais profunda, ou viver a realidade que não está a seu alcance, através de uma representação prazerosa, vivenciando são personagens com seus disfarces. Estreitam o relacionamento com outras crianças e com os adultos, com os objetos a nível real e simbólico, utilizando o espaço, os objetos e o tempo, ampliando suas funções intelectuais. No jogo simbólico “do ponto de vista do desenvolvimento psicomotor fica trabalhado e de uma forma global, fica trabalhada a coordenação óculo-manual e a organização perceptiva através da série de operações que realizam com os objetos como: associar, classificar, seriar, ordenar, entre outros. Este tipo de operações, garantirão o desenvolvimento do pensamento operatório” (Fernández & Marcote, 1999). Esse momento tem como objetivo propiciar à criança situações em que ela exteriorize seus sentimentos, organizando-os, enriquecendo seu pensamento pré-operatório que culmina quando guardam os materiais;

  • e o terceiro momento, que compreende 20 minutos, é chamado de ritual de saída, onde as crianças voltam ao círculo inicial e contam aos outros participantes e aos facilitadores do que brincaram, do que mais gostaram de brincar, etc.

    Esse também é o momento da representação, da ocupação do espaço com construções em madeira, representações com plasticina, e representações gráficas, onde as crianças “traduzem” a manifestação corporal através de desenhos. O objetivo desse momento é a verbalização da criança, onde ela organiza e expõe seu raciocínio e suas emoções em suas imagens mentais.

Deficiência intelectual

    A Deficiência Intelectual é uma nomenclatura usada para caracterizar sujeitos com níveis de inteligência diferentes, com sintomatologias diferentes e com etiologias variadas, e ao longo da história da humanidade, essa nomenclatura tem recebido denominações diferenciadas.

    Cada sujeito deficiente intelectual possui uma deficiência particular do ponto de vista etiológico e do ponto de vista funcional, sendo necessário que cada indivíduo tenha um diagnóstico preciso, individualizado e peculiar (Garcia ,1999).

    Muitas deficiências poderiam ser evitadas se a futura mãe programasse seu parto e fizesse o pré-natal durante toda sua gestação, e durante este período mantivessem cuidados específicos para que o desenvolvimento do feto se efetue da melhor maneira possível. O estado de saúde da mãe e seu tipo de vida, têm importância decisiva para o desenvolvimento do feto e, mais tarde do filho tanto no aspecto físico quanto no aspecto psíquico.

    A hereditariedade e o ambiente, determinam de que maneira a criança irá se desenvolver dentro do útero. Mesmo esse feto estando protegido dentro do útero de choques físicos e das grandes alterações de temperatura pela bolsa amniótica, existem muitas substâncias capazes de atravessar a placenta podendo alterar o curso de seu desenvolvimento.

    Nos três primeiros meses, quando o desenvolvimento do feto processa-se mais rapidamente, o risco é maior e nesse período se faz necessário todo cuidado com a saúde e com o ambiente, como o estresse, certos medicamentos, exposição a substâncias químicas ou radiação, ou mesmo a alimentação inadequada da mãe, podendo afetar seriamente o bebê que está chegando.

    As substâncias chamadas de Teratogênicos, são capazes de atravessar a placenta e podem provocar anomalias tanto mentais, como físicas no feto como:

  • A Rubéola, pode provocar anomalias no sistema nervoso, deficiência de audição ou visão, doenças cardíacas ou retardo mental na criança ainda não nascida;

  • As Infecções Bacterianas, como a toxoplasmose, pode provocar lesões cerebrais congênitas ou cegueira encontrada na carne crua e nas fezes dos gatos.

  • A Sífilis, pode provocar deficiência física ou mental, com tratamento adequado da mãe, logo nos primeiros meses de gravidez, esses efeitos poderão ser evitados.

  • Os Antibióticos, que não são recomendados para o período de gravidez, podem provocar surdez ou defeitos no esqueleto e nos dentes do bebê, sendo necessário o acompanhamento médico;

  • A Nicotina, interfere no fornecimento do oxigênio e nutrientes do feto, acelera as batidas do coração do bebê, resultando em bebês com baixo peso;

  • O Álcool, em excesso, pode resultar num bebê pequenino e com desenvolvimento motor retardado.

    A American Association on Mental Deficiency (A.A.M.D.) publicado em 1977, define: “O retardo mental faz referência a um funcionamento intelectual global notavelmente abaixo da média, que tem repercussões na adaptação escolar e social e que se manifesta durante o período de desenvolvimento do indivíduo” (Garcia, 1999).

    Garcia (1999) salienta que, com a preocupação que essa classe vem recebendo, reconhece-se que hoje, as crianças Deficientes Intelectuais de qualquer grupo, sendo estimulada precocemente e tendo uma atenção individualizada posteriormente, podem chegar a níveis intelectuais mais adiante do que se conseguia no passado.

    Mendes (1996), falando sobre a concepção científica da Deficiência Intelectual, diz que “o termo é um amplo guarda-chuva que abriga indivíduos que, pelos mais variados motivos, não conseguem atender às exigências sociais”. Em vista disso, deparamo-nos com “problemas aparentemente insolúveis e com uma compreensão ainda incompleta do que é a deficiência mental” (Mendes, 1996).

    Com base nessa dificuldade de definir exatamente o que é a deficiência mental a partir da “definição, classificação e efeitos da rotulação nos casos suspeitos de deficiência intelectual leve, que impulsionam muitas mudanças introduzidas nas definições mais recentes” (Mendes, 1996), verificamos que são problemas ainda existentes, principalmente nessa categoria. A autora aborda que “muitos indivíduos classificados nesta condição são problemas para a educação pública regular, porque por várias razões, têm sido aprendizes ineficientes. Entretanto, a questão de se estes indivíduos deveriam ser ou não rotulados como portadores de deficiência mental, ainda permanece em aberto”.

    De acordo com Buscaglia (1997), quando uma criança nasce deficiente, nasce primeiro uma criança, e depois, uma criança portadora de uma deficiência. As crianças portadoras de uma deficiência “são mais semelhantes do que diferentes das crianças não-deficientes, como essas, terão que passar pelas mesmas experiências sociais, os mesmos processos de desenvolvimento, o mesmo aprendizado psicológico que as outras crianças".

    Sua deficiência talvez cause problemas que interfiram nesse processo até certo ponto, mas essas habilidades devem ser adquiridas se lhes permitirem que sejam crianças – que experimentem, aprendam, sintam e vivam como crianças - e continuarão a caminho de um crescimento e desenvolvimento mais maduros, na qual elas só aprenderão aquilo que lhes ensinarem.

    Seus pais, são seus primeiros mestres, e precisam conhecer "como" e "o porquê" dos seus processos iniciais do desenvolvimento mental, físico e emocional. Na medida em que seus pais as vejam como crianças com limitações, mas que, como as outras, tenham direito a experiências e oportunidades iguais, elas alcançarão a realização.

    As demais subcategorias: moderada, severa e profunda, serão expostas aqui por não tratar-se do objetivo desse trabalho, não têm sido substancialmente afetadas pelas mudanças nas definições científicas que ocorreram ao longo do tempo, segundo Mendes (1996).

    Mantoan (1995), citado por Marques (2001) faz referência sobre o raciocínio das crianças com Necessidades Educativas Especiais, diz que “enquanto a criança normal passa por vários estágios sucessivos, em um ritmo relativamente rápido, desligando-se das formas anteriores de seu raciocínio depois de um período de oscilação, o deficiente segue este mesmo desenvolvimento, num ritmo mais lento; por outro lado quando alcança o limite superior, o seu raciocínio conserva, em geral, a marca dos níveis anteriores”.

    Ainda sobre os aspectos estruturais e funcionais da vida intelectual dos portadores de Necessidades Educativas Especiais, ele afirma que, “os deficientes mentais configuram uma condição intelectual análoga a uma construção inacabada, mas, até o nível em que conseguem evoluir intelectualmente, essa evolução se apresenta como sendo similar a das pessoas normais mais novas; e embora possuam esquemas de assimilação equivalentes aos normais mais jovens, os deficientes mentais mostram-se inferiores às pessoas normais, em face da resolução de situações-problema, ou seja, na colocação em prática de seus instrumentos cognitivos; apesar de se definir por paradas definitivas e uma lentidão significativa no progresso intelectual, a inteligência dos deficientes mentais testemunha uma certa plasticidade ao reagir satisfatoriamente à solicitação adequada ao meio.”

    Mantoan (1997) salienta que “a inteligência dos deficientes intelectuais evolui na medida que se atua pedagogicamente em duas frentes: a que se refere à solicitação do desenvolvimento das estruturas mentais e a que propicia a melhoria de condições de funcionamento intelectual”.

    Devemos tentar com isso, assegurar a criança cognitivamente prejudicada uma ação concomitante de apoio e estimulação da construção de seus instrumentos intelectuais e de utilização mais ampla, adequada e eficiente dos mesmos na resolução de situações-problema. Através de uma pedagogia fundamentada na aprendizagem das estruturas operatórias é perfeitamente viável, desde que se criem situações pedagógicas em que a criança não receba, mas construa seus conhecimentos.

    Os trabalhos destinados ao progresso cognitivo dos deficientes mentais, demonstraram que com a aprendizagem operatória, aprendizagem das estruturas do conhecimento como classificação, conservação, seriação, números e outras, existe a possibilidade de fazê-los alcançar níveis operatórios superiores.

    Van der Veer (1996) citado por Marques (2001) referenciando os estudos de Vygosty (1993) na aérea da defectologia, ressalta a importância da educação social de crianças deficientes e em seu potencial para o desenvolvimento normal. O autor afirma que todas as deficiências corporais – seja a cegueira, surdo-mudez ou um retardo mental congênito – afetam antes de tudo as relações sociais das crianças e não suas interações diretas com o ambiente físico. O defeito orgânico manifesta-se inevitavelmente como uma mudança na situação social da criança. Assim, pais, parentes, colegas e professores, irão tratar a criança deficiente de uma maneira muito diferente das outras crianças, de um modo positivo ou negativo. Ele também ressalta, referindo-se aos portadores de deficiência, que “muito mais que o defeito em si, o que decide o destino da personalidade da criança é sua realização sócio-psicológica”.

    Buscaglia (1997) aborda, que as crianças deficientes com freqüência não recebem os mesmos estímulos orais que as outras e não são expostas aos métodos de desenvolvimento da linguagem. Sabe-se que linguagem não se ensina a nenhuma criança, porém, segundo o autor, o desenvolvimento da linguagem apresenta uma seqüência ou padrão, seguido por todas as crianças, e os estímulos que necessitam para aprender a falar são estímulos apropriados, um ambiente repleto de sons e linguagem e de receptores intactos.

    É importante que nos comuniquemos com as crianças deficientes ainda mais que com as não deficientes, as quais terão um benefício maior externo. Assim, a linguagem será também o principal instrumento para o seu desenvolvimento conceitual e perceptual.

    Com essas colocações, fica claro a importância da criança, deficiente ou não, ser respeitada como um ser humano em formação, e estimulada para que alcance todas suas capacidades, que sejam evidenciadas suas potencialidades, e que o professor persista nesse intento.

    Winnicott (1979), aborda que ”as experiências tanto externas como internas podem ser férteis para o adulto, mas para a criança essa riqueza encontra-se principalmente na brincadeira e na fantasia”, na escola, as crianças encontram oportunidade de estimular a imaginação, descobrir suas capacidades corporais, vivenciá-las e iniciar sua socialização através do brincar.

    Sobre o vocabulário motriz, diz Negrine (2002) que “qualquer pessoa sempre é produto das experiências corporais vividas”, ao chegar na escola essa criança trás consigo sua “bagagem” com todos os conhecimentos motores e intelectuais, adquiridos até então.

    Para Garcia (1999), sobre as perspectivas pedagógicas do deficiente mental leve, ela expõe que, a escola é uma instituição que seleciona as pessoas para que estas possam integrar-se na sociedade através de uma escolaridade obrigatória, a partir de superações de níveis acadêmicos que transcorrem em um determinado número de anos. As pessoas que não conseguem superar esses níveis por possuir algum handicap (desvantagem) mental, serão catalogados como deficientes ou eufemísticamente como Crianças com Necessidades Educativas Especiais.

    “Se a criança tem a possibilidade de encontrar na escola, a segurança afetiva, a emoção de conhecer e o prazer de existir, se nós educadores somos capazes de despertar o desejo e o prazer de conhecer na criança, a escola estará cumprindo sua finalidade: ser um lugar de emoção, comunicação e desenvolvimento. Os meios para isso, indubitavelmente são muitos. Podemos preparar a criança para que seja aprendiz de suas próprias aprendizagens, a ser investigador e a aprender com prazer” (Fernández & Marcote, 1999).

    A criança deficiente também precisa de limites, embora possa parecer difícil dizer “não” ou ser incisivo com essas crianças, elas precisam aprender o que se espera delas, o mesmo que dos outros. Limites suficientes, para que ela possa se sentir segura e para que adquira uma coerência interior e o conhecimento de que existem pessoas que se preocupam com o seu bem estar.

    A permissividade é um fenômeno gerador de crescimento, mas em excesso pode criar uma permanente sensação de confusão e desorientação na criança. A criança é um indivíduo e, como tal, deve experimentar o sucesso e o fracasso, a alegria e o desespero, a realização e a frustração. Não se pode protegê-la da vida. A família deve ajudar, oferecendo orientação e cada membro assumindo a responsabilidade por sua auto-realização, tornando-se dessa forma modelos para essa criança.

    Falando sobre auto-estima, Branden (2000) aborda que, a auto-estima é um processo interno nas operações mentais e que começa a desenvolver-se dentro da família com pais com auto-estima saudável, e que ofereçam uma estrutura saudável de apoio com amor e respeito servindo de modelo ao seu filho, incentivando-o a pensar por si próprio e a tomar decisões.

    O referido autor infere que, a “auto-eficiência (controle de sua própria vida) e o auto-respeito (percepção de si mesmo como pessoa com vivências próprias), são o duplo alicerce de uma auto-estima saudável. Na falta de um deles, a auto-estima fica prejudicada.”

    No campo da Educação Física, por exemplo, devemos dar atenção àquilo que essa criança é capaz de realizar e não àquilo que ela não consegue ou que está impossibilitada de realizar na área motora.

    Devemos salientar que o retardo cognitivo pode estar relativamente independente do retardo motriz ou vice-versa. Estando os dois combinados, cada um tem sua própria dinâmica e podem ser trabalhados de uma forma distinta da outra, importando sempre o desenvolvimento dessa criança como um todo.

    Fernández & Marcote (1999) citam que, “a expressividade da criança está na carga afetiva que acompanha toda sua ação, e está diretamente relacionada com sua afetividade mais profunda, ou seja, com sua história afetiva e com seu inconsciente. Por esta via se manifesta tudo o que esteve rejeitado na vida em seu nível mais profundo, o que ela viveu em relação ao desprazer ou a sua frustração”, e que “esta maneira original de ser, é a ordem da expressividade e constitui a Noção de Expressividade Motriz, que pode ser considerada como um discurso que está composto de significante e significado”.

    Buscacglia (1997) ressalta que, “a característica mais necessária ao professor do deficiente é a capacidade de ouvir, aceitar e compreender, o professor deve oferecer aos alunos a oportunidade de falar de si mesmos e de entrar em contato com seus próprios sentimentos, é importante para o professor a compreensão da auto-imagem de seus alunos. Para isso, precisam compreender o processo de como ajudá-los a transformar imagens negativas, em positivas, devem também, saber como acentuar o desenvolvimento de seu auto conceito no ambiente da aula”.

    Quando falamos em brincar, precisamos consultar os maiores especialistas no assunto: as crianças. Com elas aprendemos que essa tarefa, que muitos adultos desconsideram por acharem uma perda de tempo, é de vital importância na formação do ser humano. Dizemos tarefa, porque entendemos que o brincar é o trabalho da criança. É brincando que ela constrói seus conhecimentos (de si , dos objetos e dos outros e de tudo que a rodeia).

    Winnicott (1975) referindo-se a importância do brincar, cita que “o brincar por si só é uma terapia” e quando o professor estimula a criança a aprender através da brincadeira, provavelmente terá mais sucesso nessa aprendizagem. Entre o brincar da criança e o brincar da outra pessoa, há a possibilidade de introduzir enriquecimentos e, o professor visa esse enriquecimento, pois no brincar a criança desenvolve sua percepção criativa, e enquanto brinca ela está acrescentando uma nova aprendizagem ao seu rol de conhecimentos e desenvolvendo novas habilidades.

Metodologia

Princípio metodológico

    A partir da sondagem de um trabalho diferenciado com crianças com deficiência mental leve, com uma capacidade de concentração de curto espaço de tempo, necessitando também, desenvolver a auto-estima através das relações interpessoais e demonstrando a vontade de dispor de um momento livre, além do recreio, iniciamos um estudo investigativo para chegar a uma proposta pedagógica que se adequasse a estes anseios.

    O método qualitativo adequou-se ao nosso trabalho por termos como requisito indispensável à presença do professor, em virtude do pouco tempo de concentração das crianças, necessitando de estímulos freqüentes para desenvolverem as atividades, e pela pesquisa qualitativa ter como principal instrumento de coleta de informação a observação.

    Taylor e Bogdan (1990) vem ao encontro disso, quando ressaltam que a metodologia qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, e por fim, se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes, colhendo as próprias palavras das pessoas, faladas e/ou escritas, e o comportamento observável.

    “Pesquisar em educação significa reconhecer as especificidades dos sujeitos envolvidos, descobrindo através da singularidade dos sujeitos a constituição do grupo” (Boccardi, 2003).

    Neste sentido, encontramos na abordagem qualitativa os princípios metodológicos gerais para a realização de nossa investigação.

Participantes do programa

    Para o Programa de Psicomotricidade, selecionamos (10) dez crianças com Deficiência Mental Leve, estudantes da Escola Especial Integração, pertencente à APAE-Viamão.

    Tivemos como critérios, na área motora, a constatação da necessidade dessas crianças desenvolverem habilidades motoras, defasadas em relação às suas idades cronológicas; no aspecto social, constatamos a necessidade de desenvolverem um melhor relacionamento tanto com adultos como com os próprios colegas; e no aspecto afetivo, constatamos a necessidade de desenvolver a auto-estima.

    Relativo a idade, optamos por aplicar o Programa em crianças com idade mental por volta de 4 a 6 anos.

    O Programa desenvolveu-se durante onze semanas, onde valorizamos também a freqüência do grupo, assim sendo, de um grupo de dez crianças, foram selecionadas as seis mais freqüentes.

Escolha dos participantes para análise

    Sem restrição ao critério de gênero, foram selecionadas para investigação 6 (seis) crianças, sendo 02 (duas) crianças do sexo feminino e 04 (quatro) crianças do sexo masculino:

  • A. S. P - Síndrome de Down, com defasagem em seu desenvolvimento, situando-se por volta de 5 (cinco) anos;

  • S. R. S. - Síndrome de Down com cardiopatia congênita e bronquite de repetição, dificuldade na compreensão de ordens, dificuldade para expressar-se, falta de concentração e atenção, defasagem no seu desenvolvimento, situando-se por volta de 5 (cinco) anos;

  • A.R. - atraso psicomotor e dislalias múltiplas. Seu desenvolvimento cognitivo encontra-se no nível pré-operatório inicial (Piaget, 1990), situando-se por volta de 4-5 anos;

  • C.S.T. - falta de iniciativa, insegurança, baixa auto-estima, com déficit cognitivo representando por volta de 4 (quatro) anos;

  • J.F.F. - defasagem na fala, atraso no desenvolvimento psico-emocional, desenvolvimento psicomotor e cognitivo por volta de 5 (cinco) anos, e;

  • R.R.B. - desorganização afetiva, atraso no desenvolvimento psicomotor e cognitivo, situando-se por volta dos 5 (cinco) anos.

    O quadro 1 caracteriza as crianças que participaram do Programa de Psicomotricidade. Neste quadro, são considerados os aspectos de identificação, gênero, data de nascimento e diagnóstico.

Dados de Identificação

Gênero

Data de Nascimento

Diagnóstico

A. S. P.

Feminino

17/07/90

Síndrome de Down

A. R.

Masculino

26/09/94

Encefalopatia Infantil Crônica

C. S. T.

Masculino

24/07/93

Asfixia neonatal e retardo no desevolvimento neuropsicomotor

J. F. F.

Masculino

25/05/94

Encefalopatia Infantil Crônica

R. R. B.

Masculino

01/07/94

Atraso no Desenvolvimento Psicomotor

S. R. S.

Feminino

08/09/94

Síndrome de Down

Quadro 1. Caracterização dos participantes

    Todos os participantes assumiram um termo de autorização para possível publicação dos dados obtidos.

Instrumentos avaliativos

Sistema de Categorização Social

    Para coleta de informações utilizou-se o Sistema de Categorização proposto por Batista (1996) in Sobrinho (1999). Um sistema de análise de comportamentos sociais referindo-se ao relacionamento com adultos, incluindo aspectos sobre a comunicação e questionamentos, colaboração nas tarefas propostas e atendimento de ordens simples; e ao relacionamento com colegas, incluindo cooperação, brincadeira compartilhada e negociação de conflitos.

    Esse sistema possibilita a verificação da ocorrência dessas categorias ao longo de um conjunto de sessões, de forma a identificar alterações no comportamento das crianças.

Procedimentos na coleta de informações

Componente Social

    Utilizou-se o Sistema de Categorização proposto por Batista (1996) in Sobrinho (1999). As informações foram coletadas a partir de um parecer descritivo feito através da observação, utilizando-se de 02 (dois) componentes para o registro das situações vivenciadas entre professor-aluno e aluno-aluno:

  • participante observador – papel desempenhado pelo investigador, o qual participou das aulas e utilizou-se de anotações diárias, em forma de relatórios, das atividades propostas, juntamente com as reações apresentadas pelos alunos frente a elas. As anotações foram realizadas ao término de cada aula, para posterior análise e interpretação das informações colhidas.

  • observador participante - foram feitos registros, a partir da observação direta de um observador participante, na qual foram feitas anotações diárias de todas atitudes demonstradas por cada criança em relação ao professor e aos colegas durante as aulas. Os registros sobre o comportamento dos alunos foram feitos em uma ficha de observação, conforme os tópicos sugeridos por Batista (1996) in Sobrinho (1999), ante as atividades funcionais e as “brincadeiras livres”, para acompanhar o desenvolvimento das ações corporais, da autonomia e da mudança de comportamento, conforme os participantes foram vivenciando momentos novos.

Implementação do Programa de Psicomotricidade

O Programa

    O programa agregou princípios da Psicomotricidade Funcional e princípios da Psicomotricidade Relacional, consistindo em quatro momentos, sendo esses divididos em:

  • I momento – momento Inicial, compreendendo cinco minutos, onde o professor explica aos alunos quais atividades (funcionais) serão praticadas no dia. Os alunos permanecem em pé (por ser no pátio) e na formação de círculo com o professor, para que todos sejam vistos por seus colegas. Após tem-se um momento livre para brincadeiras com os materiais que são utilizados nas atividades e a presença de outros objetos (que poderão ser comentados pelo professor, serem surpresa ou até mesmo escolhidos pelos alunos conforme programado anteriormente pelo professor). São comentadas as regras sociais, o cuidado com os materiais...

  • II momento – momento das Funções, compreendendo quinze minutos. Os alunos passam a ter a orientação do professor para executar atividades corporais visando o desenvolvimento de praxias deficitárias em função de poucas vivências corporais. Através de jogos e contestes, é proporcionado a criança o conhecimento de suas capacidades corporais, através de vivências psicomotoras distintas. É trabalhada uma função por aula, com mais de uma opção, por exemplo: em uma aula de equilíbrio, são apresentadas vigas de madeira de duas larguras, tacos de madeira e corda. Os alunos tentam passar por “pontes”, com o cuidado para não “molhar” os pés, fazem “aviãozinhos” nas pontes, fazem “poses” nas “pontes” para tirar fotos imaginárias, etc. Num primeiro momento, propiciamos que o aluno pense: “como passar na ponte sem molhar os pés?”. Instigamos, dizendo “será que ele consegue?” (normalmente a criança quer ver se consegue, quando desafiada). Caso o aluno ainda não consiga equilibrar-se numa viga de madeira fina e não tiver nenhuma idéia, sugerimos tentar andar de lado, ou tentar atravessar sobre os tacos de madeira; se o aluno tem receio, o professor oferece ajuda, e assim por diante, possibilitando que todos passem pela experiência de equilibrar. E assim se dá com as outras funções motoras.

  • III momento – momento do Jogo Simbólico, compreendendo quinze minutos. Com os materiais já dispostos aos alunos, os quais foram usados nas funções motoras, serão apresentados materiais novos, quase sempre colocados em circuítos, mas com a possibilidade de serem modificados de lugar se assim desejarem, para que as crianças “brinquem da maneira que quiserem”. Neste momento, os alunos podem circular pelos materiais se assim desejarem, brincar sozinhos, em duplas ou em grupo, se quiserem. Neste momento, o professor fica como observador participante, intervindo somente quando solicitado ou, em algum momento de desentendimento entre eles, ou até mesmo para estimular o aluno, quando este não está bem adaptado ao grupo, ou também se ele solicitar alguma opinião do professor, sem se envolver demais, a fim de poder observá-los e deixá-los inventar suas próprias brincadeiras livremente.

  • IV momento – momento da finalização, que compreende os quinze minutos finais. É a parte da aula de guardar os materiais e reunirem-se para os comentários de quem quiser se manifestar. O professor pergunta para cada um do que brincou, se gostou das brincadeiras que realizou e se gostou da aula, e para todos, em um contexto geral, do que querem brincar na próxima aula. O objetivo da pergunta “se gostaram da aula?” é saber o nível de satisfação frente à metodologia; e da pergunta “do que querem brincar na próxima aula?” para ver se na próxima aula eles vão lembrar do que pediram e também, para o professor preparar um material surpresa junto com o material que pediram. Caso não tiver o material solicitado, o professor tentará confeccioná-los, podendo utilizar a sucata, pois a mesma é uma matéria prima que está a disposição de nossa criatividade e das crianças também. Nesse momento, o professor estimula a verbalização dos que não quiserem se manifestar, sem contudo forçar a criança a esse procedimento, se ela ainda não está preparada para tal. O procedimento é o mesmo do início da aula, todos em pé, em círculo para que possam ser vistos pelos colegas.

Resultados

Componente social

    As informações coletadas a partir do parecer descritivo feito através das anotações da observação do comportamento da criança perante as atividades, foram interpretadas através do sistema de categorização do comportamento social proposto por Batista (1996) in Sobrinho (1999).

    Verificou-se a ocorrência das categorias ao longo de um conjunto de sessões, no qual optamos por dividi-las em três blocos. Cada bloco compreende duas sessões e correspondem, respectivamente, as duas primeiras sessões, as duas sessões do meio do programa e, por último, as duas sessões do período final do programa.

    As informações serão apresentadas de forma descritiva, com o recurso de quadros.

    O Quadro 2 corresponde as informações sobre a ocorrência das categorias nos três blocos da criança A.S.P.

Categorias

1º bloco

2º bloco

3º bloco

Relacionamento com adultos

Comportamentos opostos aos objetivos

Chamar repetidamente

-

-

-

Conversar fora do contexto

-

-

-

Recusar proposta

3

5

-

Agredir

-

-

-

Comportamentos em direção aos objetivos

Conversar com adulto

-

4

-

Atender

-

-

4

Solicitar

-

-

-

Colaborar

-

-

3

Relacionamento com colegas

Comportamentos opostos aos objetivos

Isolar-se

8

5

4

Opor-se a compartilhar

-

6

-

Desrespeitar regras

-

4

-

Vangloriar-se

-

-

-

Zombar

-

-

-

Perturbar

-

-

-

Agredir fisicamente

-

-

-

Comportamentos em direção aos objetivos

Conversar com colegas

-

3

4

Compartilhar materiais

-

-

4

Respeitar regras

-

-

3

Brincar

2

1

6

Ajudar colegas

-

-

-

Mostrar assertividade

-

-

-

Quadro 2. Categorias Comportamentais de A. S. P.

    Com relação ao Relacionamento com Adultos, A. S. P. apresentou ocorrências tanto nas categorias de comportamentos opostas aos objetivos propostos, quanto nas categorias de comportamentos em direção aos objetivos propostos.

    Nas categorias de comportamentos opostos aos objetivos propostos A. S. P. apresentou ocorrência no item recusar proposta, no primeiro e no segundo bloco, não havendo essa ocorrência no terceiro bloco, indicando uma maior aceitação e adaptação ao Programa.

    Os itens: chamar repetidamente, conversar fora do contexto e agredir, não foram apresentadas ocorrências por parte de A.S.P.

    Nas categorias de comportamentos em direção aos objetivos A. S. P. apresentou ocorrências nos itens: conversar com o adulto, no segundo bloco; e nos itens atender e colaborar, no terceiro bloco.

    Com relação ao Relacionamento com Colegas, A. S. P. apresentou ocorrências tanto nos comportamentos opostos aos objetivos, quanto nos comportamentos em direção aos objetivos.

    Nas categorias de comportamentos opostos aos objetivos, A.S.P. apresentou ocorrências nos itens isolar-se nos três blocos, diminuindo gradativamente a partir do primeiro bloco.

    Os itens: opor-se a compartilhar e desrespeitar regras, apresentaram ocorrência apenas no segundo bloco.

    Os itens: vangloriar-se, zombar dos colegas, perturbar e agredir fisicamente, não foram manifestados por A. S. P.

    Nas categorias relativas aos comportamentos em direção aos objetivos, A. S. P. apresentou ocorrência nos itens conversar com os colegas tanto no segundo e terceiro blocos; nos itens compartilhar materiais e respeitar regras apenas no terceiro bloco; e na categoria brincar, houve manifestação nos três blocos.

    No primeiro bloco A. S. P., não manifestou interesse em: conversar com os colegas, compartilhar materiais, respeitar regras, ajudar os colegas e mostrar assertividade. A manifestação em ajudar os colegas e mostrar assertividade não ocorreu no comportamento de A. S. P.

    O Quadro 3 corresponde as informações sobre a ocorrência das categorias nos três blocos da criança A.R.

Categorias

1º bloco

2º bloco

3º bloco

Relacionamento com adultos

Comportamentos opostos aos objetivos

Chamar repetidamente

1

-

-

Conversar fora do contexto

1

-

-

Recusar proposta

3

-

 

Agredir

-

-

-

Comportamentos em direção aos objetivos

Conversar com adulto

-

3

4

Atender

4

4

8

Solicitar

-

-

5

Colaborar

1

4

5

Relacionamento com colegas

Comportamentos opostos aos objetivos

Isolar-se

-

-

 

Opor-se a compartilhar

1

-

-

Desrespeitar regras

5

-

5

Vangloriar-se

-

-

-

Zombar

-

-

-

Perturbar

1

-

1

Agredir fisicamente

7

-

8

Comportamentos em direção aos objetivos

Conversar com colegas

-

5

5

Compartilhar materiais

-

7

7

Respeitar regras

3

6

5

Brincar

4

7

8

Ajudar colegas

-

5

2

Mostrar assertividade

1

-

-

Quadro 3. Categorias Comportamentais de A. R.

    Com relação ao Relacionamento com Adultos, A. R.. apresentou ocorrências tanto nas categorias de comportamentos opostos aos objetivos propostos, quanto nas categorias de comportamentos em direção aos objetivos propostos.

    Nas categorias de comportamentos opostos aos objetivos propostos A. R. apresentou ocorrência nos itens: chamar repetidamente, conversar fora do contexto e recusar proposta no primeiro bloco, não voltando a apresentar esses comportamentos no segundo e no terceiro bloco, o item agredir não foi manifestado pelo aluno.

    Nas categorias de comportamentos em direção aos objetivos propostos, A. R. não apresentou ocorrência nos itens: conversar com o adulto, e solicitar no primeiro bloco, manifestando o comportamento de conversar com o adulto no segundo e no terceiro blocos, e fez solicitações somente no terceiro bloco.

    Nos itens atender e colaborar, apresentou ocorrência nos três blocos.

    Com relação ao Relacionamento com Colegas, A. R.. apresentou ocorrências tanto nos comportamentos opostos aos objetivos quanto nos comportamentos em direção aos objetivos.

    Nas categorias de comportamentos opostos aos objetivos, A.R. apresentou o comportamento de opor-se a compartilhar no primeiro bloco, não voltando a apresentar esse comportamento no segundo e no terceiro bloco. O item desrespeitar apresentou ocorrências no primeiro e no terceiro bloco. Os itens perturbar e agredir fisicamente, apresentaram ocorrência no primeiro e no terceiro bloco.

    Os itens: isolar-se, vangloriar-se e zombar, não foram demonstrados pelo menino A. R. em nenhum dos blocos.

    Nas categorias de comportamentos em direção aos objetivos, os itens respeitar regras e brincar, apresentaram ocorrência nos três blocos.

    Os itens conversar com os colegas, compartilhar materiais e ajudar os colegas, apresentaram ocorrência no segundo e terceiro bloco. O item mostrar assertividade apresentou ocorrência no primeiro bloco.

    O Quadro 4 corresponde as informações sobre a ocorrência das categorias nos três blocos da criança C.S.

Categorias

1º bloco

2º bloco

3º bloco

Relacionamento com adultos

Comportamentos opostos aos objetivos

Chamar repetidamente

-

1

-

Conversar fora do contexto

-

1

3

Recusar proposta

-

4

 

Agredir

-

-

-

Comportamentos em direção aos objetivos

Conversar com adulto

-

3

3

Atender

-

1

5

Solicitar

-

3

3

Colaborar

-

1

5

Relacionamento com colegas

Comportamentos opostos aos objetivos

Isolar-se

1

6

1

Opor-se a compartilhar

2

2

2

Desrespeitar regras

3

6

1

Vangloriar-se

-

-

-

Zombar

-

-

-

Perturbar

-

4

-

Agredir fisicamente

-

5

6

Comportamentos em direção aos objetivos

Conversar com colegas

-

7

6

Compartilhar materiais

1

4

6

Respeitar regras

1

5

4

Brincar

2

9

9

Ajudar colegas

-

-

-

Mostrar assertividade

-

-

-

Quadro 4. Categorias Comportamentais de C. S.

    Com relação ao Relacionamento com Adultos, C. S. apresentou ocorrências tanto nas categorias de comportamentos opostos aos objetivos propostos, quanto nas categorias de comportamentos em direção aos objetivos propostos.

    Nas categorias de comportamentos opostos aos objetivos propostos C. S. apresentou ocorrência nos itens: chamar repetidamente, e recusar proposta no segundo bloco, e o item conversar fora do contexto ocorreu no segundo e terceiro bloco.

    Nas categorias de comportamentos em direção aos objetivos, C. S. apresentou ocorrência nos itens: conversar com adulto, atender , solicitar e colaborar no segundo e no terceiro bloco.

    Com relação ao Relacionamento com Colegas, C. S. apresentou ocorrências tanto nas categorias de comportamentos opostos aos objetivos propostos, quanto nas categorias de comportamentos em direção aos objetivos propostos.

    Nas categorias de comportamentos opostos aos objetivos, C. S. apresentou ocorrência nos itens: isolar-se, opor-se a compartilhar e desrespeitar regras nos três blocos.

    O item perturbar, apresentou ocorrência no segundo bloco e o item agredir fisicamente apresentou ocorrência no segundo e no terceiro bloco.

    Nas categorias de comportamentos em direção aos objetivos C. S. apresentou ocorrência nos itens conversar com os colegas no segundo e no terceiro bloco, nos itens compartilhar materiais, respeitar regras e brincar apresentou ocorrência nos três blocos, e os itens, ajudar colegas e mostrar assertividade não apresentaram ocorrência.

    O Quadro 5 corresponde as informações sobre a ocorrência das categorias nos três blocos da criança J.F.F.

Categorias

1º bloco

2º bloco

3º bloco

Relacionamento com adultos

Comportamentos opostos aos objetivos

Chamar repetidamente

-

2

-

Conversar fora do contexto

4

7

2

Recusar proposta

5

 

 

Agredir

-

-

-

Comportamentos em direção aos objetivos

Conversar com adulto

1

5

5

Atender

1

10

5

Solicitar

-

4

2

Colaborar

3

9

3

Relacionamento com colegas

Comportamentos opostos aos objetivos

Isolar-se

5

1

6

Opor-se a compartilhar

1

-

2

Desrespeitar regras

7

1

3

Vangloriar-se

-

-

-

Zombar

-

-

-

Perturbar

-

2

-

Agredir fisicamente

-

-

-

Comportamentos em direção aos objetivos

Conversar com colegas

-

5

4

Compartilhar materiais

6

9

7

Respeitar regras

5

9

6

Brincar

6

10

7

Ajudar colegas

-

2

3

Mostrar assertividade

-

-

-

Quadro 5. Categorias Comportamentais de J. F. F.

    Com relação ao Relacionamento com Adultos, J. F. F. apresentou ocorrências tanto nas categorias de comportamentos opostos aos objetivos propostos, quanto nas categorias de comportamentos em direção aos objetivos propostos.

    Nas categorias de comportamentos opostos aos objetivos propostos J. F. F. apresentou ocorrência nos itens: chamar repetidamente, no segundo bloco, conversar fora do contexto nos três blocos e recusar proposta no primeiro bloco, o item agredir não apresentou ocorrência.

    Nas categorias de comportamentos em direção aos objetivos, J. F. F. apresentou ocorrência nos itens: conversar com adulto, atender e colaborar nos três blocos e o item solicitar manifestou-se no segundo e no terceiro bloco.

    Com relação ao Relacionamento com Colegas, J. F. F. apresentou ocorrências tanto nas categorias de comportamentos opostos aos objetivos propostos, quanto nas categorias de comportamentos em direção aos objetivos propostos.

    Nas categorias de comportamentos opostos aos objetivos, J. F. F. apresentou ocorrência nos itens: isolar-se e desrespeitar regras nos três blocos, no item opor-se a compartilhar, apresentou ocorrência no primeiro e no terceiro bloco. O item perturbar, apresentou ocorrência no segundo bloco.

    Em seu comportamento, não ocorreram atitudes como vangloriar-se, zombar e agredir fisicamente.

    Nas categorias de comportamentos em direção aos objetivos J. F. F. apresentou ocorrência nos itens conversar com os colegas e ajudar os colegas, no segundo e no terceiro bloco. Nos itens compartilhar materiais,respeitar regras e brincar, apresentou ocorrência nos três blocos

    Não apresentou ocorrência no item: mostrar assertividade.

    O Quadro 6 corresponde as informações sobre a ocorrência das categorias nos três blocos da criança R.R.B.

Categorias

1º bloco

2º bloco

3º bloco

Relacionamento com adultos

Comportamentos opostos aos objetivos

Chamar repetidamente

-

-

-

Conversar fora do contexto

-

-

-

Recusar proposta

-

-

-

Agredir

-

-

-

Comportamentos em direção aos objetivos

Conversar com adulto

2

4

2

Atender

2

3

4

Solicitar

1

 

3

Colaborar

1

3

2

Relacionamento com colegas

Comportamentos opostos aos objetivos

Isolar-se

6

6

6

Opor-se a compartilhar

-

-

-

Desrespeitar regras

-

-

-

Vangloriar-se

-

-

-

Zombar

-

-

-

Perturbar

-

-

-

Agredir fisicamente

1

-

-

Comportamentos em direção aos objetivos

Conversar com colegas

1

5

5

Compartilhar materiais

1

-

6

Respeitar regras

2

3

5

Brincar

5

6

10

Ajudar colegas

-

-

4

Mostrar assertividade

-

-

-

Quadro 6. Categorias Comportamentais de R. R. B.

    Com relação ao Relacionamento com Adultos, R. R. B. não apresentou ocorrências nas categorias de comportamentos opostos aos objetivos propostos, e apresentou ocorrências nas categorias de comportamentos em direção aos objetivos propostos.

    Nas categorias de comportamentos em direção aos objetivos, R. R. B. apresentou ocorrência nos itens: conversar com adulto, atender e colaborar nos três blocos e o item solicitar manifestou-se no primeiro e no terceiro bloco.

    Com relação ao Relacionamento com Colegas, R. R. B. apresentou ocorrências tanto nas categorias de comportamentos opostos aos objetivos propostos, quanto nas categorias de comportamentos em direção aos objetivos propostos.

    Nas categorias de comportamentos opostos aos objetivos, R. R. B. apresentou ocorrência no item isolar-se nos três blocos e, no item agredir fisicamente, apresentou ocorrência no primeiro bloco.

    Em seu comportamento, não ocorreram atitudes como: opor-se a compartilhar, desrespeitar regras, vangloriar-se, zombar e perturbar.

    Nas categorias de comportamentos em direção aos objetivos R. R. B. apresentou ocorrência nos itens conversar com os colegas, respeitar regras e brincar nos três blocos, no item compartilhar materiais houve ocorrência desse comportamento no primeiro e no terceiro bloco e no item ajudar colegas, houve ocorrência no terceiro bloco.

    Não apresentou ocorrência no item: mostrar assertividade.

    O Quadro 7 corresponde as informações sobre a ocorrência das categorias nos três blocos da criança S.R.S.

Categorias

1º bloco

2º bloco

3º bloco

Relacionamento com adultos

Comportamentos opostos aos objetivos

Chamar repetidamente

-

-

-

Conversar fora do contexto

-

1

-

Recusar proposta

-

1

 

Agredir

-

-

-

Comportamentos em direção aos objetivos

Conversar com adulto

2

4

3

Atender

4

8

5

Solicitar

2

5

2

Colaborar

1

8

6

Relacionamento com colegas

Comportamentos opostos aos objetivos

Isolar-se

-

1

-

Opor-se a compartilhar

1

-

-

Desrespeitar regras

1

 

-

Vangloriar-se

-

-

-

Zombar

-

-

-

Perturbar

-

1

-

Agredir fisicamente

-

1

-

Comportamentos em direção aos objetivos

Conversar com colegas

1

6

2

Compartilhar materiais

1

8

5

Respeitar regras

3

8

3

Brincar

6

9

6

Ajudar colegas

-

-

2

Mostrar assertividade

-

-

-

Quadro 7. Categorias Comportamentais de S. R. S.

    Com relação ao Relacionamento com Adultos, S. R. S. apresentou ocorrências, tanto nas categorias de comportamentos opostos aos objetivos propostos, quanto nas categorias de comportamentos em direção aos objetivos propostos.

    Nas categorias de comportamentos opostos aos objetivos, S. R. S. apresentou ocorrência nos itens: conversar fora do contexto e recusar proposta no segundo bloco. Não apresentando ocorrência nos itens chamar repetidamente e agredir.

    Nas categorias de comportamentos em direção aos objetivos, S. R. S. apresentou ocorrência nos itens: conversar com adulto, atender, solicitar e colaborar nos três blocos, com maior manifestação no segundo bloco.

    Com relação ao Relacionamento com Colegas, S. R. S. apresentou ocorrências tanto nas categorias de comportamentos opostos aos objetivos propostos, quanto nas categorias de comportamentos em direção aos objetivos propostos.

    Nas categorias de comportamentos opostos aos objetivos, S. R. S. apresentou ocorrência nos itens isolar-se, perturbar e agredir fisicamente no segundo bloco. Os itens: opor-se a compartilhar e desrespeitar regras, apresentaram ocorrência no primeiro bloco.

    Em seu comportamento, não ocorreram atitudes como: vangloriar-se e zombar.

    Nas categorias de comportamentos em direção aos objetivos R. R. B. apresentou ocorrência nos itens: conversar com colegas, compartilhar materiais, respeitar regras e brincar nos três blocos, no item ajudar colegas, apresentou ocorrência no terceiro bloco.

    Não apresentou ocorrência no item: mostrar assertividade.

Discussão dos resultados

    Os dados obtidos através do sistema de categorização do comportamento social proposto por Batista (1996) serão confrontados com as informações obtidas na revisão dos diversos autores pesquisados.

Comportamento social

Relacionamento com Adultos

Comportamentos opostos aos objetivos propostos

    A categoria “Chamar repetidamente”, significa chamar o adulto com freqüência enquanto este se dirige ao grupo ou enquanto a criança desenvolve alguma atividade, os alunos A. R.; C. S. T; e J. F. F. demonstraram interesse em mostrar ao professor a brincadeira que estavam construindo, habilidades ou criações, fazendo com que o professor direcionasse a atenção a eles, demonstrando necessitar da aprovação do adulto quando executavam alguma atividade ou quando simplesmente queriam a sua atenção, habilidades ou criações. Klein citado por Jerusalinsky e colaboradores (2001) coloca que, “o brincar é uma função universal, presente em todas as culturas, necessária para que cada sujeito possa apropriar-se do universo simbólico ao qual pertence”.

    A categoria "conversar fora do contexto", significa dirigir-se ao adulto fora do contexto das atividades em desenvolvimento, os Alunos A. R.; C. S. T.; J. F. F. e a aluna S. R. S., demonstraram esse comportamento ao solicitarem materiais e mediante suas escolhas nas brincadeiras para as próximas aulas. O aluno J. F. F, às vezes, contava acontecimentos do dia a dia dele e fazia questionamentos particulares ao professor como: “como vai a tua filha?”, “onde deixou teu carro?”, entre outros.

    A categoria "recusar proposta", relacionar-se com a negação às solicitações, a demora para atender, dizer que quer outra atividade como forma de recusa ou "emburrar" diante da solicitação. Relativo à negação às solicitações, apresentou-se nas alunas A. S e S. R e nos alunos A .R.; C.S.; e J. F., originando-se, às vezes, por desentendimentos com os colegas, ou quando os alunos citados queriam brincar com outros materiais não disponíveis na referida aula. Através de uma “combinação” entre alunos e professor, essas questões resolviam-se e os alunos retomavam suas atividades.

    A categoria "agredir", refere-se a atos de “empurrar”, “beliscar”, "atacar" com objetos... Não houve manifestação dos comportamentos desta categoria em relação ao adulto.

Comportamentos em direção dos objetivos propostos

    A categoria "conversar com adulto", refere-se a chamar o adulto para mostrar algo, contar algo para o adulto, elaborar faz-de-conta com adulto, no contexto das atividades em desenvolvimento. Essa categoria foi muito manifestada pelos alunos. Pela natureza desse trabalho ser um estudo qualitativo, o professor atuou como “participante observador”, que de acordo com Triviños (1999), intervém em desentendimentos, fazendo “combinações” com respeito às atitudes positivas, às vezes, participando do faz-de-conta quando solicitado e atendendo às solicitações dos alunos quando pertinentes, ouvindo os alunos quando esses queriam ser ouvidos. Nesta categoria, os alunos demonstraram carinho e atenção com o adulto, demonstravam interesse sobre a proposta do dia, sobre os materiais que teriam disponíveis para brincar, também faziam sugestões de materiais e brincadeiras para a próxima aula.

    A categoria "atender", significa atender às solicitações do adulto. O grupo de alunos do programa demonstrou disposição e interesse pelas atividades desenvolvidas. Além do momento inicial e do momento final, sempre que o adulto solicitava a atenção deles o adulto era atendido.

    A categoria "solicitar", refere-se a fazer pedidos, expressar interesses e desejos. Nessa categoria, o grupo solicitou a presença do adulto no brincar, transformando o adulto em personagem de suas brincadeiras.

    Demonstraram gostar dos materiais usados em aulas anteriores, solicitando que fossem usados novamente e, alguns materiais foram usados em várias ocasiões por solicitação dos mesmos.

    A categoria "colaborar", relaciona-se à disposição em ajudar nas atividades, contribuindo para a distribuição e recolhimento dos materiais, ajudar sem ser solicitado pelo adulto e propor regras de convivência.

    As regras “combinadas” desde o início do Programa, foram:

  • cuidados com o material da escola, pois assim, poderiam utilizar mais vezes para brincar e;

  • para o divertimento de todos, deviam ser amigos, dividir os materiais e evitar brigas.

    Muitos dos materiais eram confeccionados com sucata, mesmo assim, os alunos zelaram pelo material.

    Após as atividades, A. R. e J. F. F., eram os primeiros a guardar o material para ajudar a levar até a sala do professor, despertando a atenção dos colegas que também queriam guardar o material, foi então instituído o ajudante do dia para guardar o material na sala do professor.

Relacionamento com Colegas

Comportamentos opostos aos objetivos propostos

    A categoria "isolar-se", refere-se a não apresentar iniciativa de contato com colegas, atuar voltado para objetos, sem se dirigir aos colegas, nesta categoria, ocorreu este comportamento por parte de A. S. P. várias vezes, ela alegava estar sempre cansada, participava das atividades dirigidas e nas atividades livres sentava-se, sendo necessário a intervenção do professor para estimulá-la a voltar a brincar, por vezes brincava sozinha. Na teoria psicanalítica, com relação ao papel do brincar na constituição do sujeito com o desejo, Coriat citada por Jerusalinsky e colaboradores (2001), aborda que todo ser humano, ao nascer, é marcado por significantes que lhe conferem uma significação mínima. Porém, para que possa apropriar-se desses significantes, é necessário que esta criança possa sair de uma posição de passividade, em relação a inscrição significante, para outra, de atividade.

    R. R. B. também apresentou ocorrências nesse item, quando costumava brincar sozinho nas brincadeiras livres, gostava de vendar os olhos e brincar de cabra cega sozinho, quando um colega convidava-o para brincar ele aceitava, mas assim quando esse se afastava por algum motivo, R. R. B. voltava a brincar sozinho. C. S. T. também manifestou esse comportamento várias vezes, quando escolhia um brinquedo ou uma bola, que já estava de posse de outro colega, tentava tirar o material das mãos do colega, gerando agressão física por parte dele, necessitava da intervenção do professor. Bueno (2000), infere que a agressividade deve ser vista como estruturante, e o excesso (agressão e auto-agressão) devem ser pontuados e limitados. Por meio da agressividade a criança tem a possibilidade de assumir-se e de afirmar sua identidade. Já o aluno J. F. F, isolava-se por desentendimentos por muito pouco tempo e em seguida voltava, conversava com o colega o qual tinha se desentendido para se entenderem ou escolhia outros colegas para brincar sem a intervenção do professor.

    A categoria "opor-se a compartilhar", significa recusar-se a compartilhar materiais, pedir para ter materiais exclusivos, tirar do outro. Foram apresentadas ocorrências com o aluno C. S. T. de maneira agressiva, como descrito anteriormente. As alunas A. S. P. e S. R. S. e com os alunos A. R. e J. F. F. apresentaram ocorrências de não querer que os colegas participassem em suas brincadeiras.

    Nessa categoria, por ocasião de um número reduzido de materiais, acontecia de dois alunos disputarem o mesmo material conforme seu interesse, o adulto procurava administrar a rotatividade desses materiais mais solicitados.

    A categoria "vangloriar-se", significa contar vantagem em relação aos colegas, criticar os mesmos. Em nenhum momento o comportamento referente a essa categoria aconteceu nesse grupo de alunos.

    A categoria "zombar", refere-se a zombar, caçoar das características de colegas. Nessa categoria, também em nenhum momento esse comportamento foi demonstrado nesse grupo de alunos.

    A categoria “perturbar”, refere-se a perturbar as atividades do grupo (ex.: fazendo ruídos excessivos), nessa categoria A. R. e J. F. F. jogaram bola no espaço em que os colegas estavam em outra brincadeira, o aluno C. S. T. algumas vezes tirou os materiais dos colegas para brincar, e a aluna S. R. S. tentou atrapalhar a brincadeira de A.R.

    A categoria “agredir fisicamente”, refere-se a agredir fisicamente (atos físicos: chutar, beliscar, empurrar...). Esta categoria apresentou ocorrências com os alunos A.R. que não aceitou recusa dos colegas no brincar, agredindo-os. Segundo Lapierre e Auconturier (1986) citado por Bueno (2000), a agressividade é o “resultado de um conflito entre o desejo de afirmação pela ação e os obstáculos e interdições que essa afirmação encontra”. Ajuriaguerra (1980) em seu comentário sobre a agressividade diz que “faz parte do componente afetivo do homem. É a nossa afirmação no desejo de existir, nossa pulsão de vida...” Considerando essa forma primitiva de se comunicar como um desejo de vincular com o outro.

Comportamentos em direção aos objetivos propostos

    A categoria "conversar com colegas", refere-se a conversar com colegas, falar sobre outros colegas e fazer solicitações aos colegas.

    O grupo, no decorrer do Programa, estimulados pela verbalização do final da aula, demonstrou maior integração e, no jogo simbólico, desenvolveram suas brincadeiras com bom entrosamento, criando brincadeiras juntos. Para Klein citada por Jerusalinsky e colaboradores (2001), “a criança expressa o conteúdo de suas fantasias, desejos e experiências de modo simbólico, através dos jogos e brincadeiras”, considerava que, “o simbolismo como uma parte da linguagem mais ampla do brincar. A compreensão correta do conteúdo da brincadeira.

    A categoria "compartilhar materiais", significa concordar com utilização conjunta de objetos, dar objetos ao colega... Nessa categoria, todos demonstraram grande aceitação em compartilhar materiais de interesse comum. Trocavam os parceiros nas brincadeiras, ou brincavam sozinhos, conforme o interesse dos mesmos.

    A categoria "respeitar regras", relaciona-se ao respeito às regras das atividades e a alternância de turnos. Os alunos demonstraram aceitação pelas regras “combinadas” com o adulto, e combinavam regras nas suas brincadeiras também, quando essas regras eram “esquecidas”, logo o professor fazia com que eles lembrassem.

    A categoria "brincar", significa brincar junto com os colegas, fazer brincadeiras relativas às atividades propostas. O grupo demonstrou interesse pelas atividades, e pelo jogo simbólico demonstraram gostar muito de brincar. Freud citado por Jerusalinsky e colaboradores (2001) “aproxima a atividade lúdica das crianças da atividade criadora de um escritor, diz, tanto no brinquedo como na obra literária encontramos a criação de um mundo próprio, no qual os elementos são ajustados da forma que mais agrade ao sujeito que os criou”.

    A categoria "ajudar colegas", refere-se a dar dicas sobre solução de tarefas, colaborar na execução da tarefa.

    Essa categoria apresentou-se tanto nas atividades dirigidas como no jogo simbólico. Nas atividades dirigidas os alunos que tinham habilidades mais desenvolvidas, ajudavam os colegas com dificuldades e no jogo simbólico, os alunos que criavam a brincadeira explicavam e ajudavam o outro colega interessado, para que esse pudesse participar.

    A categoria "mostrar assertividade", significa dizer que é seu, defender-se de ações indevidas dos colegas, lembrar regras aos colegas. Essa categoria foi demonstrada pelo aluno A. R. quando trouxe um brinquedo de casa e não quis emprestar para ninguém por que era seu, após solicitação do professor, o aluno usou o brinquedo junto aos colegas para brincar.

Conclusão

    Preocupados com a necessidade de trabalharmos as funções motoras e ao mesmo tempo, disponibilizar um momento livre com o objetivo de estimular atividades sensório-motoras e o jogo simbólico, elaboramos uma proposta pedagógica a fim de atender essa necessidade.

    Aplicamos essa proposta, a qual chamamos de Programa de Psicomotricidade por um período de 11 (onze) semanas, em duas aulas semanais com um grupo de 10 (dez) crianças com deficiência mental leve, desse grupo, observamos o comportamento de 6 (seis) delas, com o objetivo de analisarmos se essa proposta pedagógica influiria ou não no comportamento dessas crianças.

    Ao término do Programa, e após analisarmos os resultados, chegamos a conclusão que a proposta adequou-se aos objetivos, veio contemplar uma necessidade e suprir uma deficiência da aula de Educação Física.

    No momento da aula, destinado ao trabalho das funções psicomotoras através de contestes, as crianças descobriram algumas habilidades até então desconhecidas para elas, tentando por vezes superá-las. Como também nos momentos destinados ao brinquedo livre, as crianças tiveram oportunidade de vivenciar seus sentimentos, suas frustrações e exercitar sua criatividade.

    Através do jogo simbólico, fizeram-se possíveis, momentos em que eles teriam de trocar e dividir o material para construir o brincar, também, demonstraram a vontade de brincar com mais de um colega para compor esse brincar. Esses momentos, através de combinações, propiciaram um convívio social satisfatório entre eles próprios e com os adultos.

    Com referência aos sistemas de categorização sugeridos por Batista (1999), a cada bloco, houve uma sensível diminuição nos comportamentos opostos aos objetivos e um sensível aumento nos comportamentos em direção aos objetivos propostos.

    Nas ocasiões que o comportamento desejado ocorreu, ele foi reforçado com comentários positivos pelo professor, procurando, com esse reforço contínuo assegurar um estabelecimento desse comportamento.

    Durante este processo, reforçamos sucessivas aproximações ao comportamento final desejado, de modo que os alunos progredissem passo a passo até que pudessem finalmente executar o comportamento ou a habilidade desejados.

    Desta forma, os alunos experimentaram o reforço positivo pelo sucesso nas pequenas etapas, em vez de sentimentos de frustração pelo fracasso no domínio imediato de um novo comportamento em sua totalidade.

    Nas relações, não devemos esperar que as crianças deficientes ou não, produzam certos comportamentos de imediato, em lugar disso, devemos propiciar situações onde favoreça essa mudança no comportamento, através da modelação.

    O aluno C. S., em alguns momentos, recebeu pouca atenção, quando seu comportamento foi negativo (batia nos outros e em si mesmo), a fim de não reforçarmos com atenção exagerada esse tipo de comportamento. Buscaglia (1997) relata que, “em muitos casos a atenção individual recebida durante a punição é recompensadora o suficiente para sustentar o comportamento negativo. Alguns comportamentos indesejáveis podem ser extintos pelo simples fato de não receberem atenção ou um reforço inadvertido, quando são ignorados”.

    O estudo teve como objetivo prover esses alunos com habilidades necessárias a promover mudanças em seu próprio comportamento, através da socialização, do brincar com seus colegas, respeitando seus limites e suas vontades.

    Considerando o curto espaço de tempo em que foi desenvolvido o Programa de Psicomotricidade, acreditamos que foi de grande importância aplicarmos uma proposta que veio de encontro às necessidades dessas crianças, pois experimentaram suas habilidades corporais e iniciaram uma integração através do jogo simbólico.

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