efdeportes.com

Efeitos de sintetizadores de ondas cerebrais na doença de Parkinson

Effects of brain waves synthesizer in Parkinson's disease

Efecto de sintetizadores de ondas cerebrales en la enfermedad de Parkinson

 

*Fisioterapeuta, Mestre em Ciência da Motricidade Humana pela UCB/RJ
**Doutor em Ciências Médicas pela UBA
Professor e pesquisador do mestrado em Ciências da Reabilitação
pelo Centro Universitário de Caratinga
***Professor de Geografia da Universidade Iguaçu UNIG-RJ
Mestrando em Ciência da Motricidade Humana pela UCB/RJ
****Físico, Engenheiro Eletricista e de Telecomunicações
Mestre em Ciência da Motricidade Humana pela UCB/RJ
*****Professor de Educação Física, (Ph.D)
Pós-doutoramento em Neurociência
Coordenador do Laboratório de Neuromotricidade da Universidade Castelo Branco-RJ

Bianca Kalil de Macedo Jakubovic*
Erlaine Rezende de Oliveira Carraro*
Gisele Vieira*
Marcus Vinicius de Mello Pinto**
Marco Antônio Diniz****
Carlos Magno Monteiro da Silva****
Vernon Furtado da Silva*****

carlos.magno.silva@uol.com.br

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          Evidências na literatura mostram bons resultados no uso da estimulação cerebral por efeito de sintetização fótica/auditiva em disfunções motoras, promovendo um “balanceamento” inter-hemisférico e elevando a predisposição dos neurônios envolvidos na ação motora. Neste estudo foi verificado o efeito desta estimulação em um paciente com doença de Parkinson. Ao final do trabalho concluiu-se que os ganhos coincidiram com maior independência funcional, melhor estado de humor, bem como a melhora em qualidade de vida do indivíduo estudado. Os resultados foram discutidos como suporte ao uso da estimulação cerebral com sintetização fótica/auditiva, como um instrumento cinesioterapêutico aditivo de grande valia no tratamento da doença de Parkinson.

          Unitermos: Ondas cerebrais. Parkinson. Fisioterapia do cérebro

 

Resumen
          Evidencia en la literatura muestran buenos resultados en el uso de la estimulación del cerebro, el efecto de síntesis fótica-auditiva en disfunciones motoras, promoviendo un "equilibrio" entre hemisferios y elevando la susceptibilidad de las neuronas implicadas en la acción motora. Este estudio se investigó el efecto de esta estimulación en un paciente con enfermedad de Parkinson. Al final del estudio se concluyó que los beneficios coinciden con una mayor independencia funcional, mejor estado de ánimo, así como la mejora en la calidad de vida del individuo estudiado. Los resultados fueron discutidos como apoyo para el uso de la estimulación cerebral con síntesis fótica-auditiva, cinesioterapéutico auditivo de un gran valor en el tratamiento de la enfermedad de Parkinson.

          Palabras clave: Ondas cerebrales. Parkinson. Tratamiento del cérebro

 

Abstract
          Evidence in the literature show good results in the use of brain stimulation, the effect of synthesis photic / auditory motor dysfunctions, promoting a "balancing" inter-hemispheric and increasing the susceptibility of neurons involved in motor action. This study evaluated the effect of stimulation in a patient with Parkinson's disease. At the end of the study concluded that the gains have coincided with greater functional independence, better mood, as well as improvement in quality of life of individuals studied. The results were discussed as supporting the use of brain stimulation on photic synthesis / auditory, kinesthetic as an additive instrument of great value in the treatment of Parkinson's disease.

          Keywords: Brain waves. Parkinson's disease. Brain therapy

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 139 - Diciembre de 2009

1 / 1

Introdução

    A doença de parkinson (DP) descrita pela primeira vez por James Parkinson em 1817, caracteriza-se por uma doença degenerativa e de curso progressivo do sistema nervoso central, e por envolver os núcleos da base, leva à distúrbios no tônus e conseqüentemente na motricidade. Porém, doença de parkinson e parkinsonismo não são sinônimos, o parkinsonismo caracteriza-se pela disfunção ou morte dos neurônios produtores do neurotransmissor dopamina no sistema nervoso central, principalmente na região da substância negra do mesencéfalo (LIMONGI, 2001), por ser idiopática, ou seja, por não ter uma causa definida, é classificada em parkinsonismo primário ou doença de parkinson, já os parkinsonismo pós-traumáticos, medicamentosos, tóxicos e arterioscleróticos, são chamados de secundários. Entretanto, ainda existe dois outros tipos, o parkinsonismo plus, que é uma forma mais incapacitante da doença, já que degeneração neuronal não se restringe somente à região da substância negra, acometendo também outras regiões cerebrais, e o parkinsonismo associados à outras doenças degenerativas, como a doença de huntington, doença de wilson e outras, tendo esta denominação pois segundo Limongi (2001) as mesmas evoluem com alguns sinais clássicos do parkinsonismo. Sinais estes que incluem, tremor de repouso, bradicinesia, rigidez muscular e alterações posturais, conhecidos com a tétrade clássica do Parkinson (ROSSO et al, 2008), consequentemente, estas alterações motoras acabam por refletir em alterações no equilíbrio e na marcha do indivíduo por ela acometido, além destes problemas inerentes, também podem se associar à esta patologia, comprometimentos da memória, do sono, alterações no sistema nervoso autônomo e depressão, entre outras (LIMONGI, 2001). Esses comprometimentos têm supostamente origem neuroquímica, pois há deficiência do neutronsmissor dopamina no corpo no núcleo estriado basal, que remete suas vias axonais para o núcleo caudado e putâmen, com o déficit de dopamina, o aumento da resposta excitatória colinérgica resulta na ativação generalizada dos sistemas motores esqueléticos e intrafusais, através do tracto corticoespinhal, rubroespinhal e reticuloespinhal, fatos que explicam as alterações motoras que caracterizam este mal (ROSSO; NICARETTA; MATTOS, 2008).

    A etiologia e os mecanismos patogénicos da DP ainda não estão bem definidos, mas se tem sugerido que a causa seja multifatorial, envolvendo a suscetibilidade genética, a disfunção mitocondrial, alteracões de células gliais e conseqüentemente de sua capacidade neuro-protetora. Algumas pesquisas afirmam que a doença de Parkinson ocorra por defeitos sutis nas enzimas envolvidas na degradação das proteínas alfanucleína e/ou parkina, levando a um acúmulo de inclusões dessas proteínas ao longo da vida, sob a forma de corpos de lewy, e traduziriam-se na morte dos neurónios que expressam essas proteínas (apenas os dopaminérgicos) ou na sua disfunção durante a velhice (ROSSO; NICARETTA; MATTOS, 2008). O diagnóstico da DP é feito primariamente através de critérios clínicos e anatamopatológicos, onde a doença foi subdividida em seis estágios de evolução com características distintas, tendo geralmente o início um caráter insidioso, levando à mudanças não só biológicas, mas também psicológicas e sociais, dentre elas dificuldades na memória, atenção, fala, voz, compreensão, dentre outras (GOULART; PEREIRA, 2005). Com a evolução dos sintomas, os indivíduos passam a executar com dificuldade movimentos rítmicos, seqüenciais e repetitivos, alterações que foram definidas em 1929 como arritmocinesias e que se manifestam na DP de duas maneiras, ou como um fenômeno de aceleração que se traduz em uma frequência mais rápida de movimento, quando se tenta seguir uma determinada rotina, ou então, como um fenômeno de lentidão na realização do movimento, incluindo o bloqueio e a incapacidade de realizá-lo (DEL OLMO; ARIAS; MAZAIRA, 2004), logo, na tentativa de diminuir ou retardar estas sequelas advindas da DP, cientistas começaram a estudar os efeitos dos sinais auditivos sobre a capacidade motora destes pacientes durante a realização de movimentos rítmicos, seqüenciais, simultâneos, ou não, à marcha, pois estes estímulos sonoros têm um caráter rítmico e isto implica na estabilidade temporal para a execução dos movimentos, sendo portanto, de grande valia sua utilização afim de melhorar tanto a arritmocinesia, quanto a bradicinesia destes pacientes (MIRANDA et al, 2004).

    Então, em busca de novas descobertas e à procura de tantas respostas, pesquisadores do mundo todo avançaram seus estudos na área da neurociência, sendo que no final dos anos 40 o neurocientista W. Gray Walter, usando um estroboscópio e um equipamento de EEG descobriu que luzes piscando ritmicamente alteravam rapidamente, a atividade de ondas cerebrais, alteração que se refletia em estados semelhantes ao de transe de relaxamento profundo e vívida visualização mental, verificou também, que o piscar das luzes alterava a atividade das ondas cerebrais no córtex inteiro e não somente nas regiões relacionadas à visão (TEPLAN; KRAKOVSK; STOLC, 2006; HUTCHISON, 1986). Com base nestes acontecimentos, pesquisadores desenvolveram equipamentos sintetizadores de ondas cerebrais, capazes de estimular o cérebro com pulsos luminosos e auditivos rítmicos e investigaram seus efeitos sobre os diversos comportamentos como sono, vigília e outros estados da mente. Os efeitos conseguidos com o aparelho, seja para deprimir ou para estimular o sistema nervoso central, dependem das combinações diferentes de frequências entre a luz e o som e do tipo de estimulação. Geralmente após dez minutos de estimulação a atividade elétrica cerebral entra no ritmo desses estímulos, fato este chamado pelos pesquisadores de condicionamento cerebral ou resposta seguida da frequência. A literatura aponta estudos, que comprovam a efetividade desta técnica, em indivíduos submetidos a treinamentos específicos para determinadas desordens orgânicas ou problemas tais como o distúrbio do sono, déficit de atenção, ansiedade, depressão, dor e patologias neurológicas (FREDERICK; TIMMERMANN; RUSSEL; LUBAR, 2005; SIEVER, 1999; SIEVER, 2002; JOYCE; SIEVER; TWITTEY, 2000; MARQUES et al., 2006), apresentando altos índices de melhora quando o treinamento se efetiva em função centrada para o equilíbrio das suas ondas cerebrais, por meio de estímulos áudios-visuais ((FREDERICK; TIMMERMANN; RUSSEL; LUBAR, 2005). Este treinamento tem se mostrado também eficiente em termos de melhora em performance acadêmica, diminuição de dor de cabeça, hipertensão e até em procedimentos dentários (SIEVER, 1999). O pressuposto inerente à racionalidade do uso desta técnica se apóia nos dados de uma literatura específica mostrando resultados da estimulação cerebral alterando padrões inadequados de ondas corticais, favorecendo um comportamento mental calmo, relaxado e sincrônico entre os dois hemisférios cerebrais, facilitando eventos de cognição e aprendizado motriz (SIEVER, 1999).

    O objetivo deste estudo então, é verificar o efeito de sintetizadores de ondas cerebrais, por luz e som, em um paciente com doença de parkinson.

Metodologia

    Este estudo foi aprovado pelo comitê de ética da Universidade Castelo Branco, sendo realizado no Laboratório de Neuromotricidade e Performance Motora da mesma, no período entre outubro e dezembro de 2008, sendo selecionado um indivíduo com diagnóstico de DP realizado pelo seu neurologista em julho de 2007, 39 anos, branco, casado e ex-atleta de futebol. Segundo o seu histórico médico, este indivíduo começou a apresentar, em 2004, tremor de repouso no 1º e 2 dedos da mão esquerda, e desde então, a patologia vem evoluindo. No exame clínico apresentou tremor de repouso moderado, bradicinesia e marcha festinada, sendo enquadrado no estágio 3 da escala da DP de acordo com a escala H&Y, 45 pontos na escala UPDRS, 4 pontos na escala de Beck. O critério de exclusão foi o fato do mesmo não apresentar outras doenças associadas e não ter alterações cognitivas doentias.

    Para este estudo, o instrumento utilizado na intervenção, foi um aparelho sintetizador de ondas cerebrais chamado Procyon AVS, produzido pela The Mindplace Company, compostos por estímulos visuais mediados através de um óculos com lâmpadas de emissão estroboscópicas coloridas, e estímulos auditivos através de um fone de ouvido ligados à um processador central, que emite diferentes frequências, intensidades e padrões de estimulação. O instrumento dispõe de 50 sessões pré-programadas, sendo que neste estudo foi utilizada uma delas com duração de 15 minutos, no padrão de frequência Alfa (entre 9 e 13 hz), sendo também utilizado durante todas as sessões, em conjunto, auto-sugestões verbais para relaxamento baseado no protocolo gravado em um cd específico (MARQUES et al., 2006). A referida sessão ocorria antes dos exercícios de alongamento bilateral dos músculos que favorecem o padrão flexor na DP, como os isquiotibiais, quadríceps, tríceps sural (membro inferior), flexores e extensores de punho, bíceps (membro superior), além do peitoral e grande dorsal, pois apesar das estruturas do músculo, do tendão, do ligamento e da articulação serem flexíveis, elas podem enrijecer-se, limitando a amplitude de movimento, ou ainda podem alongar-se, possibilitando uma amplitude de movimento maior e a capacidade de contrair fibras musculares adicionais e assim facilitar os movimentos corporais.

    Os exercícios de alongamento baseiam-se no princípio de ativação dos fusos musculares e dos órgãos tendinosos de Golgi, que são estruturas sensíveis às alterações no comprimento e velocidade e, na tensão dos músculos, respectivamente. Os impulsos destes receptores provocam respostas reflexas, que por sua vez induzem adaptações nas unidades músculotendíneas, as quais são benéficas para o ganho da mobilidade articular (BAGRICHEVSKY, 2001) e até mesmo na força muscular, pois um estudo registrou o aumentou dos torques concêntricos e excêntricos máximos dos músculos posteriores da coxa através de um programa de alongamento (POLACHINI et al., 2005). Já os déficits de flexibilidade, podem ser associados ao desenvolvimento de lesões musculares e a alterações articulares e/ ou posturais, comprometendo as atividades desportivas e da vida diária. Pelos motivos expostos, estes exercícios foram realizados duas vezes consecutivas, durante 15 segundos, pois proporcionam uma boa base para a avaliação dos efeitos da sintetização utilizada, além disso, considerou-se a dimensão da intervenção, tendo-se em conta que se o programa de tratamento fosse muito extenso, com várias técnicas e métodos diferentes poderia ser muito difícil se definir a possível eficácia da terapia aqui utilizada.

Instrumentos para medida e avaliação

Escala de depressão de Beck

    Consiste em 21 itens, incluindo sintomas e atitudes psicofisiológicas, cuja intensidade varia de 0 a 3 pontos. Os itens referem-se dentre outros, à tristeza, pessimismo, sensação de fracasso, falta de satisfação, sensação de culpa, perda de peso, preocupação somática, diminuição de libido. Onde a menor pontuação indica um menor comprometimento (BECK et al., 1961).

Degree of disability scale (HY)

    A escala HY – Degree of disability scale, também chamada de escala de estadiamento da doença, foi desenvolvida em 1967 e indica com rapidez e praticidade o estado geral do paciente parkinsoniano. Compreende cinco estágios de classificação para avaliar a severidade da DP e abrange, essencialmente, medidas globais de sinais e sintomas que permitem classificar o indivíduo quanto ao nível de incapacidade. Os sinais e sintomas incluem instabilidade postural, rigidez, tremor e bradicinesia. Os pacientes classificados nos estágios I, II e III apresentam incapacidade leve a moderada, enquanto os que estão nos estágios IV e V apresentam incapacidade mais grave (GOULART; PEREIRA, 2005).

Escala Unificada de Avaliação da doença de Parkinson (UPDRS).

    Criada em 1987, surgiu da necessidade de se obter um método uniforme para avaliar os sinais da DP, avalia o estado mental, as atividades de vida diária, exame motor e as complicações da terapia através de 42 itens, mensurados geralmente pelos números de 0 a 4, onde o 0 significa o menor ou nenhum comprometimento da função avaliada, e 4 significa o maior acometimento. Nesta escala, o escore de nº 04 o qual avalia a motivação e iniciativa do paciente, abrange os graus 0, 1 e 2 enquanto que outros escores de avaliação definem-se pela afirmativa “sim” e a negativa “não” para as respostas assim compreendidas.

    A escolha destas escalas dentre tantas outras opções deve-se ao fato de serem, ambas, confiáveis, validadas e de fácil aplicação (GOULART; PEREIRA, 2005).

Conclusão

    Os resultados dos vários instrumentos de testes estão mostrados, a princípio, na Tabela 1 e na figura 1.

Escalas de avaliação

Escalas

Pontuação

Inicial

Pontuação

Final

H&Y

03

03

BECK

04

01

UPDRS

 

 

Estado mental / emocional

04

02

Atividades de vida diária

15

05

Exame motor

21

08

Complicações da terapia

05

01

total

42

16

Tabela 1. Escores das avaliações pré e pós-tratamento nos instrumentos utilizados na pesquisa.

 

Figura 1. Dados pré e pós-intervenção, comparativos por blocos relativos à escala UPDRS.

    Uma inspeção visual da tabela permite a observação de melhoras em duas das medidas (escalas) efetivadas, ou seja, na escala de Beck e de UPDRS. No geral dos itens desta última escala, a modificação foi de 45 pontos iniciais, para 16 pontos na condição pós-intervenção, enquanto que na de Beck, de 4 pontos iniciais o indivíduo passou para somente 1 na condição pós-intervenção. Porém, na escala H&Y, não houve mudança, ou seja, mesmo com a diferença apresentada na escala UPDRS, o indivíduo não apresentou alteração quando da avaliação na escala H&Y, provavelmente este resultado deva-se ao fato desta escala caracterizar, como revelando estar no estágio II, apenas indivíduos que não demonstrem comprometimento de equilíbrio, sendo que nesta pesquisa, embora o equilíbrio tenha melhorado, não se pode dizer que após a intervenção esta condição tenha melhorado por completo, portanto não evoluindo do grau III, para o II, neste item da avaliação. A estatística dos sinais utilizada em relação aos valores diferenciais entre a primeira e a segunda avaliação, revelou-se significativa, com z = 2,16 (0.05) > 1,96, p<0.05, portanto, determinando a efetividade, via teste estatístico, do uso da estimulação cerebral conjugada aos exercícios de alongamento, tais como descritos acima no item referente aos procedimentos..

    Este artigo mostra a importância da fisioterapia na reabilitação de pacientes diagnosticados com DP, onde através de técnicas clássicas como a de alongamento muscular, promoveu melhoras funcionais no comportamento motor do indivíduo sob estudo, as quais se refletiram em ganhos na execução das suas atividades de vida diária.

    Os distúrbios motrizes consequentes do Mal de Parkinson, normalmente tratados via medicamentos, parecem não ter um ponto de estacionamento, sendo o aumento degenerativo, uma consequência infelizmente especta (LIMONGI, 2001). Assim sendo, vê-se necessário, a importância da busca por técnicas e métodos novos que possam ir além, em benefícios, dos até então vistos possíveis, por uso dos meios tradicionais. Na presente pesquisa, verificou-se que a utilização de um estimulador cerebral, em modulação de ondas corticais, via sintetização fótica/auditiva (luz e som), conjugada a exercícios de alongamento muscular provou ser de grande valia no tratamento do indivíduo estudado, um portador, em estágio moderado, do Mal de Parkinson. O que nos faz acreditar que o programa utilizado pelo sintetizador de ondas cerebrais, através de luz e som que cursou com freqüência de ondas Alfa, fez com que a mesma predominasse em ambos os hemisférios cerebrais, equilibrando os mesmos e consequentemente facilitando o processo sináptico, fazendo com que o sistema nervoso fosse bombardeado pela estimulação audiovisual conjugada à fisioterapia, e assim, apresentasse melhor organização das redes neurais e reforço nas sinapses, facilitando as tarefas cognitivas e motoras (MARQUES et al., 2006), além de ter havido maior concentração e relaxamento mental e físico, garantindo assim uma melhora da função motora na doença de parkinson e consequentemente aumentando a qualidade de vida e a auto-estima destes pacientes.

    Analisados cautelosamente, estas indicações podem ser utilizadas como em sustentação ao uso da estimulação cerebral como um potencial e auspicioso instrumento acessório ao tratamento convencional, mesmo que este tenha base de cuidados medicamentosos. Logo, pode-se afirmar que o resultado encontrado foi de encontro a estudos que afirmam que a onda Alfa é inversamente relacionada á ativação, ou seja, está associada com uma maior sincronia e menor esforço neural, favorecendo não só o relaxamento e aprendizado, como também o desempenho neural, além de vários processos de memorização (MARQUES et al., 2006).

    A importância deste estudo se associa a aplicação de um protocolo de intervenção fisioterapêutica na doença de parkinson e sugere que o uso de sintetizadores de ondas cerebrais, pode ser utilizado em conjunto com outras técnicas, como o alongamento muscular, para promover ganhos no desempenho motor de pacientes portadores deste mal.

    É aconselhável que outros pesquisadores possam investir na conjugação de práticas fisioterapêuticas, com a tecnologia de sintetizadores de ondas cerebrais através de luz e som, tanto para a reabilitação quanto para a prevenção de algumas desordens que podem acometer o sistema motor do homem em qualquer faixa de idade.

Referências bibliográficas

  • BAGRICHEVSKY, Marcos. Os efeitos dos exercícios de alongamento mediados pela propriocepção: discussão conceitual sobre processos adaptativos. Revista Unicastelo, n. 4, v.6, p. 54-61, 2001.

  • BECK, Aaron Temkin et al. An Inventory for Measuring Depression. Archives of General Psychiatry, n.4, p. 53-63, 1961.

  • DEL OLMO, Fernandez; ARIAS, miguel Pablo ; MAZAIRA, Javier Cudeiro . Facilitación de la actividade motora por estímulos sensoriales em la enfermedad de Parkinson. Revista de Neurologia, n.39, v.9, p.841-847, 2004.

  • FREDERICK, Jon; TIMMERMANN, DeAnna; RUSELL, Harold; LUBAR, Joel. EEG Coherence Effects of AudioVisual Stimulation (AVS) at Dominant and Twice Dominant Alpha Frequency. Journal of Neurotherapy, n.8, v.4, p.25-42, 2005.

  • GOULART, Fatima; PEREIRA, Luciana Xavier. Uso de escalas para avaliação da doença de Parkinson em fisioterapia. Fisioterapia e Pesquisa, n.11, v. 1, p. 49-56, 2005.

  • HUTCHISON, Michael. Megabrain: new tolls and techniques for brain growth and mind expansion. New York: Ballantine Books; 1986.

  • JOYCE, Michael; SIEVER, David. TWITTEY, Mike. Audiovisual Entrainment Program as a Treatment for Behavior Disorders in a School Setting. Journal of Neurotherapy, n.4, v.2, p. 9-25, 2000.

  • LIMONGI, João Carlos Papaterra. Conhecendo melhor a Doença de Parkinson: uma abordagem multidisciplinar com orientações práticas para o dia-a-dia. São Paulo: Plexus; 2001.

  • MARQUES, Luciene Jesus. et al. Padrão de atividade cortical ótima para aprendizagem hábil-motriz e cognitiva. Fitness & Performance Journal, n. 5, v. 3, p. 177-186, 2006.

  • MIRANDA, Eliana; PEREIRA, Liliane; BOMMARITO, Silvana; SILVA, Tarcimara. Avaliação do processamento auditivo de sons não verbais em indivíduos com doença de Parkinson. Revista Brasileira Otorrinolaringologia, n. 70, v. 4, p 534-539, 2004.

  • POLACHINI, Luis Otávio. et al. Estudo comparativo entre três métodos de avaliação do encurtamento de musculatura posterior de coxa. Revista Brasileira de Fisioterapia, n. 9, v.2, p 187-193, 2005.

  • ROSSO, Ana Lucia Zuma; NICARETTA, Denise Hack; MATTOS, James Pitagoras. Correlações anatomoclínicas na doença de Parkinson. Revista Brasileira de Neurologia, n. 44, v. 4, p 41-47, 2008.

  • SIEVER, David. The rediscover of audiovisual entrainment technology. Canadá: Comptronic Devices Limited, 1999.

  • SIEVER, David. New technology for attention and learning. Unpublished book. Canadá: Comptronic Devices Limited, 2002. 

  • TEPLAN, Michael; KRAKOVSKÁ, Anna; STOLC, Svorad. EEG responses to long term audiovisual stimulation. International Journal of Psychophysiology, v. 59, p. 81-90, 2006.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/

revista digital · Año 14 · N° 139 | Buenos Aires, Diciembre de 2009  
© 1997-2009 Derechos reservados