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Educação Física Escolar, um componente curricular ou uma

prática contraditória? As atitudes expressadas 

pelos alunos do ensino fundamental
Educación Física Escolar, ¿un componente curricular o una práctica contradictoria?
La actitudes expresadas por los alumnos de enseñanza básica

 

Mestranda em Educação Física pela

Universidade Federal de Santa Catarina

(Brasil)

Angélica Caetano

angelicarural@yahoo.com.br

 

 

 

Resumo

          Para o efetivo aprendizado, é necessário uma pré-disposição do aluno para incorporar um conhecimento a sua estrutura cognitiva, para tal, seus sentimentos perante aos conteúdos devem ser favoráveis. O termo atitude pode ser entendido como parte integrante da construção pessoal de pessoas, que passa por um filtro cognitivo. O presente estudo pretende discutir atitude dos alunos em Educação Física, mediante opinião deles expressadas num questionário. Participaram do estudo 280 sujeitos, entre 12 e 17 anos. Os resultados indicam que os alunos apresentam uma perspectiva depreciativa da Educação Física, apesar de, paradoxalmente, não possuírem sentimentos de aversão, tensão e insegurança.

          Unitermos: Educação Física. Atitude. Escola

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 139 - Diciembre de 2009

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Introdução

    A construção deste artigo ocorreu a partir do exercício ocasionado na disciplina Metodologia da Pesquisa em Psicologia da Educação no Programa de Pós-graduação em Psicologia Educacional na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. O intuito do exercício foi buscar uma aproximação com a pesquisa de campo, e para tal, foi aplicado um questionário destinado à prática de coleta de dados num ambiente escolar.

    A escolha do tema “Atitudes em Educação Física” se deu por curiosidade da pesquisadora e pela descoberta de poucos estudos envolvendo a temática em questão. O estudo sobre atitudes tem sido abordado com certa freqüência e prioritariamente, na área da psicologia educacional.

    Devido à preocupação com o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem, sabe-se da grande importância e influência dos componentes afetivos e cognitivos na aprendizagem. Sabe-se que o aprendizado do aluno só ocorre a partir da pré-disposição do aluno para incorporar um novo conhecimento a sua estrutura cognitiva. Para tal, existem fatores internos e externos, como os afetivo-sociais, que influenciam a disposição do aluno em aprender.

    Quanto ao desenvolvimento do aluno, a própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9394/96 (LDB), e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) enfatizam a importância da dimensão atitudinal na aprendizagem, ou seja, o desenvolvimento de atitudes positivas, valores, conceitos sobre o conteúdo apreendido (BRASIL, 1998). Especificamente nas partes dos temas transversais deste último documento, ressaltam a necessidade de: “(...) mais do que informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e aprendizagem de procedimentos” (p.187). Entretanto, a inclusão de conteúdos que favoreçam a formação de atitudes e valores nos currículos escolares tem gerado discussões e preocupações, pois as mesmas são de natureza complexa e pouco explorada no ensino, e muitas vezes, não se manifestam de forma clara (DARIDO, 2001). Além disso, todo e qualquer aprendizado, quando construído, não é sujeito a separações, ou seja, os valores, atitudes, conceitos e procedimentos são adquiridos conjuntamente.

    Os sujeitos que promovem a educação deveriam também ter um olhar para a formação do cidadão, pois a escola deve ter além da função de informar, formar seus sujeitos. Neste contexto, a escola pode contribuir para formar as atitudes favoráveis ou desfavoráveis em relação ao ensino, já que são as atitudes que guiam os processos perceptivos e cognitivos que conduzem a aprendizagem de todo e qualquer tipo de conteúdo educacional.

    Ao falar de atitudes, a Psicologia Social vem estudando este construto de forma intensa, sendo a Psicologia das Atitudes a pioneira nesta área. Esta envolve estudos sobre os processos psicológicos, a estrutura dos indivíduos e o contexto social de formação e mudança das atitudes (ÁLVARO E GARRIDO, 2006).

    Segundo Ardiles (2007), o conceito de atitudes focaliza-se sob duas vertentes e de certa forma opostas: uma da perspectiva de origem behaviorista que considera atitude como uma resposta das pessoas aos estímulos exteriores, sendo a atitude revelada por um comportamento; e a outra, de natureza construtiva, em que as atitudes são consideradas como parte integrante da construção pessoal dos objetos, pessoas e situações. Nesta última, salientam-se vários aspectos, como o de caráter eletivo e o de interação social e a nosso ver, é o que mais se aproxima da aprendizagem de valores do indivíduo, provenientes de condições ou situações favoráveis e desfavoráveis.

    A sociedade como um todo analisa atitude como um sinônimo de comportamento, enfocando apenas o observável, colocando-a como equivalente à motivação. Há relações na literatura entre atitudes e comportamento de um indivíduo, porém, não são o mesmo fenômeno, sendo o comportamento, uma das formas de se expressar a atitude (ARDILES, 2007).

    Nesta perspectiva, atitude é uma predisposição a uma situação, um objeto ou fato, revelando-se apenas por meio de respostas encobertas. Apesar do conceito de atitude possuir uma dimensão oposta de sentidos, consideramos através deste estudo, como um construto iniciado a partir das vivências individuais de cada ser humano, passível de mudanças, que passa por um filtro cognitivo e está a cada momento sendo reformulado, face às experiências de cada um e as suas relações sociais vivenciadas.

    Assim, as atitudes são expressas em termos avaliativos, ou seja, uma atitude não é simplesmente um bom sentimento ou um mau sentimento aleatoriamente. Muitas vezes, percebemos atitudes como meras respostas verbais ou comportamentais. Entretanto, as experiências avaliativas subjetivas são comunicadas por vários canais, mais particularmente pela linguagem.

    A Educação Física passou por vários momentos históricos, objetivando legitimar sua existência. Hoje, ela ainda se encontra numa luta constante de legitimação, ou seja, diversas questões no meio educacional não conseguem ser respondidas, como: que valores e experiências a Educação Física tem proporcionado aos alunos? A Educação Física é apenas um meio para ensinar esporte e quando o ensina, enfatiza a exclusão que atua como elemento desmotivador em muitos alunos? Sua prática é suficientemente importante para desenvolver nos alunos boas experiências que os façam possuir uma boa opinião sobre a existência da mesma no currículo? Essas questões compõem o ponto de partida de reflexão para este estudo, pois sabemos que as “atitudes” dos alunos para com a Educação Física se refletem sobre as perspectivas deles para uma prática permanente, isto é, o desenvolvimento de sua cultura de movimento para “toda a vida”.

    Na escola, as atitudes desfavoráveis podem se transformar em elementos destrutivos das relações interpessoais e desencadear um processo inibidor de aprendizagem ou até mesmo de aversão. As situações de discordância são comuns e desencadeiam, num processo que pode ser desgastante, outras vezes não, de debate, de conversa, de situações que mostrem que uma interpretação de fatos pode ser vista por diferentes formas. Neste sentido, a escola pode pensar na prática e sobre a prática, na argumentação como elemento necessário ao processo ensino-aprendizagem.

    De acordo com Guimarães et al. (2001), a Educação Física, como qualquer outra disciplina, tem o compromisso na concretização do processo de formação e desenvolvimento de valores e atitudes. Por essa razão, deveria considerá-los como parte de seus conteúdos de ensino, entretanto, não de forma fragmentada, mas que leve em consideração que todo aprendizado ao ser concretizado, é composto simultaneamente de valores embutidos nos procedimentos e conceitos.

    A Educação Física necessita apresentar seus conhecimentos e sua importância no contexto educacional e este caminho apresenta dificuldades, principalmente quando solicitamos a opinião dos sujeitos nesse processo, que são os alunos. Focar no processo pedagógico e termos o que socializar com os alunos enquanto uma área de conhecimento que tem o que informar e formar é de grande importância.

    O professor é um dos grandes influenciadores na formação de atitudes favoráveis ou desfavoráveis nos alunos, pois cabe a ele o papel de intervir tanto em situações de desmotivação, como em situações em que os alunos não almejam participação, refletindo na postura do discente. Neste sentido, o estudo pretende identificar a atitude, expressada pela opinião de alunos perante a Educação Física escolar.

Procedimentos metodológicos

    O estudo descritivo de corte transversal teve como participantes da pesquisa 280 alunos (111 do sexo feminino e 97 do sexo masculino), com idade entre 12 e 17 anos, os quais estavam devidamente matriculados no 8º e 9º ano do Ensino Fundamental, de escolas particulares do município de Paracambi – Rio de Janeiro.

    O instrumento utilizado foi uma adaptação da “Escala de Atitudes em Relação à Matemática”, validada por Brito (1996). O questionário foi composto por 17 questões fechadas (10 positivas e 7 negativas), as quais possuíam uma escala likert de quatro pontos (concordo totalmente; concordo; discordo e discordo totalmente). Todas as questões expressam o sentimento de cada indivíduo em relação à Educação Física.

    A aplicação do instrumento ocorreu ao primeiro contato com os alunos, que consentiram sua participação. Não era obrigatória a identificação do aluno no questionário, o que garantiu o anonimato. O questionário foi aplicado quando todos os alunos estavam em sala de aula e foi enfatizado que nenhuma proposição seria considerada certa ou errada.

    A análise de dados foi realizada através da estatística descritiva. O tratamento dos dados foi realizado com o recurso ao programa SPSS, versão 13.0.

Apresentação dos resultados

    Sobre as questões que buscaram revelar aspectos positivos da disciplina Educação Física (Tabela 1) nas opiniões dos alunos, constatou-se que indagações tais como: “Eu acho Educação Física muito interessante e gosto das aulas de Educação Física” (49,0%), “Eu gosto realmente de Educação Física” (44,2%), “Eu fico mais feliz na aula de Educação Física do que na aula de qualquer outra matéria” (31,7%), “Eu tenho uma reação definitivamente positiva com relação à Educação Física: eu gosto e aprecio essa matéria” (43,8%) demonstraram que a maioria dos alunos discorda totalmente com as afirmativas. Além disso, a questão “A Educação Física é uma matéria que eu realmente gosto de estudar” evidenciou uma representatividade maior tanto na discordo em parte (33,8%), quanto na discordo totalmente (33,8%).

    As demais questões que abordam a Educação Física com um aspecto positivo evidenciaram uma discordância em parte, sendo elas: “A Educação Física é fascinante e divertida” (43,7%), “A Educação Física me faz sentir seguro (a), e é, ao mesmo tempo, estimulante” (44,2%), “O sentimento que tenho em relação à Educação Física é bom” (49,5%), “A Educação Física é algo que eu aprecio grandemente” (43,8%), “Eu me sinto tranqüilo (a) em Educação Física e gosto muito dessa matéria” (44,2%).

    Na avaliação geral das questões que abordavam a Educação Física demonstrou que a maioria dos alunos discorda em parte (39,5%), ou mesmo, discordam totalmente (37,0%) com as afirmativas indagadas a eles. Assim, cabe ressaltar, que em todas as questões, os discentes demonstraram uma perspectiva depreciativa da disciplina Educação Física na escola, no sentido de não a perceberem como importante.

    Destaca-se ainda, que neste grupo de questões, apenas as perguntas que buscavam indagar sobre o nível de satisfação em estudar a disciplina Educação Física e o nível de felicidade em estudar a Educação Física obtiveram média das respostas abaixo do índice “3”, o que ocasionou uma maior dispersão dos seus desvios padrões.

    Para tal situação encontrada, podemos refletir sobre as práticas de muitos professores, além das metodologias e planejamentos preparados por eles, pois talvez, não apresentam subsídios que influenciem na construção de atitudes favoráveis. Bracht e Caparroz (2007) argumentam que existe uma suspeita de que, nos cursos de formação de professores em Educação Física, esteja existindo uma falta de aprendizado de elementos/conhecimentos da didática que garantissem aos futuros professores um conhecimento técnico-pedagógico que subsidie a realização de tarefas, com a elaboração de diferentes planos para a organização do ensino.

    Complementa-se a fala de Bracht e Caparroz (2007) a possível falta de valorização dos saberes que os professores de Educação Física deveriam possuir e adquirir na formação inicial, e isso não é apenas um problema epistemológico ou metodológico, mas também político.

Tabela 1. Distribuição das freqüências das opiniões das questões com viés positivo da Educação Física

Questão

Média e Desvio Padrão

Concordo Totalmente

Concordo em parte

Discordo

em parte

Discordo Totalmente

Eu acho Educação Física muito interessante e gosto das aulas de Educação Física.

M=3,29

DP=0,84

10

(4,8%)

21

(10,1%)

75

(36,1%)

102

(49,0%)

A Educação Física é fascinante e divertida.

M=3,10

DP=0,84

10

(4,8%)

33

(15,9%)

91

(43,7%)

74

(35,6%)

A Educação Física me faz sentir seguro (a), e é, ao mesmo tempo, estimulante.

M=2,91

DP=0,87

14

(6,8%)

46

(22,1%)

92

(44,2%)

56

(26,9%)

O sentimento que tenho em relação à Educação Física é bom.

M=3,20

DP=0,78

10

(4,8%)

17

(8,2%)

103

(49,5%)

78

(37,5%)

A Educação Física é algo que eu aprecio grandemente.

M=3,01

DP=0,89

15

(7,2%)

35

(16,8%)

91

(43,8%)

67

(32,2%)

Eu gosto realmente de Educação Física.

M=3,17

DP=0,90

12

(5,8%)

33

(15,9%)

71

(34,1%)

92

(44,2%)

A Educação Física é uma matéria que eu realmente gosto de estudar.

M=2,89

DP=1,02

26

(12,6%)

41

(19,8%)

70

(33,8%)

70

(33,8%)

Eu fico mais feliz na aula de Educação Física do que na aula de qualquer outra matéria.

M=2,79

DP=1,04

28

(13,5%)

53

(25,5%)

61

(29,3%)

66

(31,7%)

Eu me sinto tranqüilo (a) em Educação Física e gosto muito dessa matéria.

M=3,08

DP=0,88

15

(7,2%)

27

(13,0%)

92

(44,2%)

74

(35,6%)

Eu tenho uma reação definitivamente positiva com relação à Educação Física: eu gosto e aprecio essa matéria.

M=3,17

DP=0,90

14

(6,7%)

27

(13,0%)

76

(36,5%)

91

(43,8%)

Avaliação global das questões positivas

M=3,06

DP=0,91

7,5%

16,0%

39,5%

37,0%

    Em relação às questões que buscavam evidenciar aspectos negativos sobre a disciplina Educação Física na escola (Tabela 2), observou-se que as indagações “Eu fico sempre sob uma terrível tensão na aula de Educação Física” (59,6%), “Eu não gosto de Educação Física e me assusta ter que fazer essa matéria” (63,0%), “A Educação Física me deixa inquieto (a), descontente, irritado (a) e impaciente” (57,7%), “Quando eu ouço a palavra Educação Física, eu tenho um sentimento de aversão” (51,4%), “Eu encaro a Educação Física como um sentimento de indecisão, que é resultado do medo de não ser capaz em Educação Física” (52,4%) e “Eu nunca gostei de Educação Física e é a matéria que me dá mais medo” (64,4%) obtiveram elevados índices de alunos (superiores a 50,0%) que discordam totalmente das afirmativas referenciadas acima.

    A única questão que não obteve a maioria (acima de 50,0%) de total discordância foi à indagação que comenta sobre a sensação de insegurança quando o aluno se esforça na aula de Educação Física. Entretanto, esta questão obteve um índice elevado de discordância total (46,2%).

    Ao verificar as questões que abordam a Educação Física com um viés negativo, constatou-se que o referido componente curricular apresenta baixa sensação de sentimento de insegurança, tensão, medo, insatisfação, ou mesmo, aversão.

Tabela 2. Distribuição das freqüências das opiniões das questões com viés negativo da Educação Física

Questões

Média e Desvio Padrão

Concordo Totalmente

Concordo

Em parte

Discordo

Em parte

Discordo Totalmente

Eu fico sempre sob uma terrível tensão na aula de Educação Física.

M=3,47

DP=0,75

6

(2,9%)

15

(7,2%)

63 (30,3%)

124 (59,6%)

Eu não gosto de Educação Física e me assusta ter que fazer essa matéria.

M=3,49

DP=0,79

8

(3,8%)

14

(6,8%)

55

(26,4%)

131

(63,0%)

Eu tenho a sensação de insegurança quando me esforço em Educação Física.

M=3,26

DP=0,84

11

(5,3%)

20

(9,6%)

81

(38,9%)

96

(46,2%)

A Educação Física me deixa inquieto (a), descontente, irritado (a) e impaciente.

M=3,41

DP=0,81

8

(3,8%)

18

(8,7%)

62

(29,8%)

120

(57,7%)

Quando eu ouço a palavra Educação Física, eu tenho um sentimento de aversão.

M=3,37

DP=0,78

7

(3,4%)

17

(8,2%)

77

(37,0%)

107

(51,4%)

Eu encaro a Educação Física como um sentimento de indecisão, que é resultado do medo de não ser capaz em Educação Física.

M=3,32

DP=0,87

12

(5,8%)

19

(9,1%)

68

(32,7%)

109

(52,4%)

Eu nunca gostei de Educação Física e é a matéria que me dá mais medo.

M=3,50

DP=0,77

7

(3,4%)

15

(7,2%)

52

(25,0%)

134

(64,4%)

Avaliação global das questões negativas

M=3,40

DP=0,80

4,1%

8,1%

31,5%

56,3%

Considerações finais

    Com base nos resultados, percebe-se que a disciplina Educação Física é indiferente para os alunos, que não a apreciam enquanto uma área importante no currículo, face aos índices elevados de discordância nas afirmativas, o que denota baixa importância e pouco interesse pela mesma. Por outro lado, o que era de se esperar, não causa medo ou sentimentos de insegurança nos alunos que a freqüentam.

    O fato da grande maioria dos alunos não apresentarem tensão, aversão ou medo sobre a Educação Física pode ser compreendido pelo seu caráter lúdico, o qual é muitas vezes interpretado como sinônimo de recreação e ensino de esportes. A sensação de “fuga” que os alunos percebem sobre a Educação Física evidencia a formulação de um construto equivocado da disciplina na escola, a qual deveria englobar tanto a prática como a teoria.

    Para uma valorização dos conteúdos da Educação Física, é necessário o comprometimento das equipes pedagógicas das escolas, o incentivos dos familiares e principalmente a formação inicial e continuada de professores no sentido de legitimarem sua prática.

    Porém, o que ocorre algumas vezes, como comenta Almeida e Fensterseifer (2006) é a absorção dos conteúdos dos professores de Educação Física ao contexto escolar, que começam a reproduzir o que denunciavam enquanto acadêmicos de Educação Física, reduzindo suas aulas a um ativismo pedagógico, caracterizadas como atividades não refletidas, com um fim em si mesmas e determinadas por uma rotina.

    Entretanto, um componente curricular que não é apreciado, perde seu valor enquanto componente importante no currículo e principalmente na formação cultural dos alunos. A isto, pode-se associar as práticas de professores que, como se sabe, influencia na construção de atitudes favoráveis ao processo ensino-aprendizagem. O professor tem um papel fundamental, não apenas como parte do processo de ensino e aprendizagem na construção coletiva dos conteúdos escolares a serem apreendidos, como também na aquisição de atitudes favoráveis por parte dos alunos em relação à Educação Física e a manutenção das mesmas ao longo da sua vida.

    Essa investigação leva-nos a considerar que existem fortes fatores de ordem metodológica que deveriam ser analisados e reavaliados na formação de professores de Educação Física, assim como parte dos conhecimentos que este componente curricular aborda na Educação Básica. Acreditamos que a mudança do quadro que se apresenta pode ocorrer pela ação dos professores, e para tanto, precisam repensar o seu papel, cientes da importância que possuem no desenvolvimento e na construção de atitudes favoráveis ao processo ensino-aprendizagem da Educação Física para os alunos.

Referências:

  • ALMEIDA, Luciano; FENSTERSEIFER, Paulo. O que ensinar e aprender nas aulas de Educação Física na Escola? Revista Digital, Buenos Aires, 11, n.102, nov. 2006. http://www.efdeportes.com/efd102/aulasef.htm

  • ÁLVARO, José Luiz; GARRIDO, Alicia. Psicologia Social: perspectivas psicológicas e sociológicas. São Paulo, MaGraw-Hill, 2006.

  • ARDILES, Roseline. Um estudo sobre as concepções, crenças e atitudes dos professores em relação à matemática. Dissertação de mestrado. UNICAMP/PE, Campinas. São Paulo, 2006.

  • BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais. Brasília: MECSEF, 1998.

  • BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394/1996.

  • BRITO, M. R. F. Um estudo sobre as Atitudes em Relação à Matemática em Estudantes de 1º e 2º graus. Tese de Livre Docência não publicada, UNICAMP, Campinas, 1996.

  • CAPARROZ, Francisco Eduardo; BRACHT, Valter. O tempo e o lugar de uma didática da Educação Física. Revista Brasileira Ciências do Esporte, Campinas, v. 28, n. 2, p. 21-37, jan. 2007.

  • DARIDO, Suraya. Os conteúdos da educação física escolar: influências, tendências, dificuldades e possibilidades. Perspectivas em Educação Física Escolar, Niterói, v. 2, n. 1 (suplemento), 2001.

  • GUIMARÃES, Ana; PELLINI, Fernanda; ARAÚJO, Jefferson; MAZZINI, Juliano. Educação Física Escolar: Atitudes e Valores. Motriz, São Paulo, v. 7, n. 1, p.17-22, jun. 2001.

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