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Análise das variáveis motoras no basquetebol em cadeira de rodas

Análisis de variables motoras en el baloncesto en silla de ruedas

Analysis of the motor variables in wheelchair basketball

 

*Graduado em Educação Física, Universidade de Franca

**Docente do Mestrado em Promoção de Saúde. Curso de Educação Física

Universidade de Franca – UNIFRAN

(Brasil)

Prof. Pablo Costa*

Profa. Dra. Maria Georgina Marques Tonello**

ginatonello@unifran.br

 

 

 

Resumo

          O basquetebol em cadeira de rodas é um dos esportes mais difundidos para pessoas com deficiência física. Ele é de grande importância para inclusão social desses indivíduos e tem um papel importante também na melhora de capacidades motoras e de qualidade de vida. Ele desenvolve no seu praticante tanto o nível motor: força, resistência, potência; quanto o nível cognitivo: atenção, percepção, memória; quanto o nível afetivo: sociabilização, controle de ansiedade, auto-estima. Este estudo tem como objetivo avaliar as variáveis motoras: força, resistência muscular localizada e potência em alunos com deficiência física a partir de um programa de basquetebol adaptado para cadeirantes. Participaram deste estudo oito alunos com deficiência física, praticantes do basquetebol para cadeirantes de uma cidade do interior de São Paulo. Idade 25 a 57 anos do sexo masculino. Foram avaliadas as variáveis motoras: força, resistência muscular localizada e potência segundo o protocolo proposto por Mello (2002). Os resultados encontrados na avaliação pré-teste foram: média de força membro superior direito: 46,43 Kgf. A Média de força membro superior esquerdo foi de: 45,31 Kgf. Na avaliação pós-teste foi: média de força membro superior direito: 43,87Kgf. A Média de força membro superior esquerdo foi de: 44,12 Kgf. Para variável de resistência muscular localizada dos membros superiores a média encontrada no pré-teste foi de 34,25 repetições em um minuto de exercício. No pós-teste para variável de resistência muscular localizada dos membros superiores a média encontrada foi de 41,75 repetições em um minuto de exercício. Para resistência muscular localizada abdominal a média encontrada no pré-teste foi de 36 repetições em um minuto de exercício. No entanto, um participante não conseguiu executar este teste. No pós-teste a média encontrada foi de 41,62 repetições em um minuto de exercício e um participante continuou não executando o teste. Para variável de potência dos membros superiores a média de distância no pré-teste foi de 4,86 m para o arremesso com carga de 2kg. Para o arremesso de 3kg a média de distância encontrada foi de 3,91 m. No pós-teste a média foi de 5,48 m para o arremesso com carga de 2kg. Para o arremesso de 3kg a média de distância encontrada foi de 4,22m.

          Unitermos: Basquetebol. Deficiência física. Variáveis motoras. Treinamento físico. Cadeira de rodas

 

Abstract

          Wheelchair basketball has become one of the most popular sports among people with different physical disabilities. It not only develops motor skills but it also improves cognitive aspects such as attention, perception and memory, playing an important role in the individual social inclusion. The process of socialisation stimulates self-esteem and the control of anxiety. This paper aims at evaluating the different physical motor variables: strength, local muscular resistance and muscle power (force and velocity) within the context of a programme developed for wheelchair users in a city in the State of São Paulo. The case study was carried out with eight people ranging from 27 to 57 years of age, all male individuals with physical disabilities, who play wheelchair basketball. The variables mentioned above were evaluated under the protocol proposed by Mello (2002). These are the results: average strength of the right upper limb: 46,43 kgf and average strength of the left upper limb; 45,31 kgf. The post-test evaluation showed 43,87 kgf and 44,12 respectively. In the pre-test, the average for local muscle resistance of the upper limbs reached 34,25 repetitions of the exercise in a one-minute session, whereas in the post-test the average for the same variable reached 41,75 repetitions of the exercise. For local abdominal muscles, the average in the pre-test was 36 repetitions of the exercise in the one-minute session. In the post-test the average rose to 41,62. In the pre-test, for the variable of muscle power of the upper limbs, the average distance was 4.86 m in a 2kg throw. In a 3kg throw the average identified was that of 3.91m. In the post-test, the average distance moved up to 5,48 and 4.22 in a 2kg throw and a 3kg throw respectively.

          Keywords: Basketball. Physical disability. Motor variables. Physical practice. Wheelchair

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 138 - Noviembre de 2009

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1.     Introdução

    O basquetebol em cadeira de rodas é um dos esportes mais difundidos para pessoas com deficiência física. Ele é de grande importância para inclusão social desses indivíduos e tem um papel importante também na melhora de capacidades motoras e de qualidade de vida. Ele desenvolve no seu praticante tanto o nível motor (força, resistência, potência), quanto o nível cognitivo (atenção, percepção, memória), quanto o nível afetivo (sociabilização, controle de ansiedade, auto-estima).

    O basquetebol em cadeira de rodas foi criado nos Estados Unidos pelos veteranos da II Guerra Mundial em 1945, no entanto não existe nenhum registro que confirme esta data. O primeiro registro segundo o Comitê Paraolímpico Brasileiro (2006), é de 1946 quando foi publicado um artigo sobre uma partida do jogo. Ele teve seu início como prática esportiva terapêutica para pessoas com lesão medular no Hospital de Stoke Mandeville na Inglaterra. Até hoje, são realizados eventos envolvendo a prática esportiva nas dependências do hospital.

    No Brasil o surgimento do basquetebol em cadeira de rodas iniciou-se em 1958 com a criação do Clube do Otimismo (Rio de Janeiro) e Clube dos Paraplégicos (São Paulo).

    O basquetebol em cadeira de rodas é praticado por ambos os sexos. As regras são as mesmas da Federação Internacional de Basquete Amador (FIBA), com algumas adaptações pela Federação Internacional de Basquete em Cadeira de Rodas (IWBF) onde atualmente possui 57 nações filiadas (LEVANDOSKI & CARDOSO, 2008).

    O esporte adaptado tem contribuído de forma significativa na vida de pessoas com necessidades especiais. No entanto segundo Costa (2002), precisamos aplicar novas tecnologias e estratégias para um aumento significativo da melhora do desempenho esportivo. Constantemente os aspectos relacionados ao alto rendimento são de alguma forma deixado de lado, por faltar em nosso meio a tecnologia adaptada às diversas limitações impostas pelas várias deficiências.

    Segundo Tritschler (2003) as avaliações são essenciais na determinação de programas de educação física e esportes, incluindo neste caso pessoas com necessidades especiais. Avaliar um aluno com deficiência física necessita de padrões e adaptações às condições individuais em que ele se apresenta.

    Geralmente os testes padronizados são organizados em baterias de testes, um teste pode ser considerado como a tentativa para determinar o grau de certas qualidades ou condições que formam a base para tomada de decisão (MARTINS, 2003), ou seja, ele determina as necessidades especificas do aluno, tanto para um diagnostico inicial, quanto para as mudanças ao longo do período de treino.

    Entre as variáveis motoras importantes para a melhora de desempenho para o desporto adaptado do basquetebol para cadeirantes estão: força, resistência muscular localizada e potência.

2.     Objetivos

    Este estudo teve como objetivo avaliar as variáveis motoras: força, resistência muscular localizada e potência em alunos com deficiência física a partir de um programa de basquetebol adaptado para cadeirantes.

3.     Método

3.1.     Participantes

    Participaram deste estudo oito alunos com deficiência física, praticantes do basquetebol para cadeirantes de uma cidade do interior de São Paulo. Idade 25 a 57 anos do sexo masculino.

3.2.     Ambiente, material e equipamentos

    As avaliações e os treinos foram conduzidos em uma quadra poli-esportiva.

    Foram utilizados: dinamômetro, protocolo de anotação, pó de giz, barra com suporte de madeira, colchonete, cronômetro, medicine ball de dois e três quilos, trena. Bola de basquetebol e cadeira de rodas apropriadas para o esporte adaptado.

Procedimentos Gerais

    Este estudo foi submetido ao Sistema Nacional de Informações sobre Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos (SISNEP). Será elaborado e distribuído aos alunos um termo de consentimento esclarecido para informar os objetivos do estudo e obter a autorização do aluno neste estudo.

3.3.     Delineamento experimental

    O delineamento experimental escolhido para este estudo foi o de pré-teste e pós-teste, após o desenvolvimento de um programa de basquetebol para cadeirantes.

3.4.     Procedimentos

3.4.1.     Fase pré-teste

    Foram avaliadas as variáveis motoras: força, resistência muscular localizada e potência segundo o protocolo proposto por Mello (2002).

Teste de forca de pressão manual

    Procedimentos e cuidados - o avaliado sentado (cadeirantes), passar pó de giz na mão, com o membro superior estendido na lateral do corpo, segurar o aparelho em sua empunhadura e realizar a máxima flexão dos dedos, realizar duas medidas para cada uma das mãos, considerar a melhor, anotar no protocolo a mão dominante.

Teste de resistência muscular localizada de membros superiores (Teste dinâmico em barra)

    Procedimentos e Cuidados: O avaliado deve permanecer deitado entre os dois suportes de madeira, a barra deve estar instalada em uma altura suficiente que permita a livre movimentação, a posição de pegada na barra e pronada, braços afastados na largura dos ombros, o movimento de elevação acima do nível da barra e repetido o maior numero de vezes possível, o queixo deve passar a barra, não permitir repouso entre as repetições. Observar as adaptações necessárias para cada tipo de limitação.

Teste de resistência muscular localizada de abdômen

    Procedimentos e Cuidados: Realizar este teste exclusivamente com as pessoas que tenham condições de realizá-lo (flexão tronco-quadril), executar o maior número possível de flexões durante um minuto, evitar repouso durante a execução do teste, os braços devem permanecer cruzados na frente do tórax, o avaliador deve segurar o avaliado de acordo com suas limitações. Em avaliados com muitas dificuldades, o tempo pode ser reduzido, sendo observado o mesmo tempo na reavaliação.

Teste de potencia de membros superiores

    Procedimentos e cuidados: Sentado no colchonete com as costas apoiadas na parede ou na cadeira de rodas, realizar dois arremessos para cada uma das cargas, aplicar intervalos de pelo menos trinta segundos entre as tentativas. Registra a distância do arremesso.

3.4.2     Fase de treino

    Os treinos foram realizados em duas aulas semanais, cada aula com duração de 60 minutos aproximadamente, por 10 semanas consecutivas.

    O treino consistiu de uma fase de aquecimento, aproximadamente 10 min, com exercícios de locomoção. Uma fase de alongamento, com exercícios para os membros superiores. A fase de treino consistiu de exercícios de locomoção em diferentes direções, diferentes tipos de passes, dribles e arremessos, educativos com bola e jogo. Ao final do treino uma nova fase de alongamento e relaxamento muscular.

3.4.3.     Fase pós-teste

    Após um programa de duração de 10 semanas foram avaliadas as variáveis motoras: força, resistência muscular localizada e potência. Conforme a descrição estabelecida no pré-teste.

4.     Resultados e discussão

    Os resultados encontrados na avaliação pré-teste foram: média de força membro superior direito: 46,43 Kgf. A Média de força membro superior esquerdo foi de: 45,31 Kgf. Na avaliação pós-teste foi: média de força membro superior direito: 43,87Kgf. A Média de força membro superior esquerdo foi de: 44,12 Kgf (Tabela 1).

Tabela 1. Média de força dos membros superiores no pré-teste e pós-teste

Força membro superior

Pré-teste

Pós-teste

Direito

46,43 Kgf

43,87 Kgf

Esquerdo

45,31 Kgf

44,12 Kgf

    Para variável de resistência muscular localizada dos membros superiores a média encontrada no pré-teste foi de 34,25 repetições em um minuto de exercício. No pós-teste para variável de resistência muscular localizada dos membros superiores a média encontrada foi de 41,75 repetições em um minuto de exercício.

Figura 1. Gráfico relativo ao número de repetições de resistência 

muscular localizada dos membros superiores teste dinâmico em barra.

    Para resistência muscular localizada abdominal a média encontrada no pré-teste foi de 36 repetições em um minuto de exercício. No entanto, um participante não conseguiu executar este teste. No pós-teste a média encontrada foi de 41,62 repetições em um minuto de exercício e um participante continuou não executando o teste.

Figura 2. Gráfico relativo ao número de repetições de resistência muscular localizada abdominal

    Para variável de potência dos membros superiores a média de distância no pré-teste foi de 4,86 m para o arremesso com carga de 2kg. Para o arremesso de 3kg a média de distância encontrada foi de 3,91 m. No pós-teste a média foi de 5,48 m para o arremesso com carga de 2kg. Para o arremesso de 3kg a média encontrada foi de 4,22 m.

Tabela 2. Média de distância para potência dos membros superiores no pré-teste e pós-teste

Potência no membro superior

Pré-teste

Pós-teste

2 kg

4,86 m

5,48 m

3 kg

3,91 m

4,22 m

5.     Conclusão

    Percebemos neste estudo que as variáveis: resistência muscular localizada de membros superiores, resistência muscular localizada de abdômen e potência de membros superiores obtiveram um resultado superior no pós-teste realizado, indicando uma melhora nessas variáveis para todos os participantes.

    A variável força de pressão manual não obteve melhora no pós-teste. Um dos aspectos que podem ter influenciado este resultado foi que três alunos que realizaram os testes apresentavam dores no local devido à lesão ocorrida durante o treinamento, mas mesmo assim realizaram o exercício.

    O basquetebol adaptado parece ser um esporte que contribui para o desenvolvimento das capacidades físicas do aluno com deficiências, ajudando assim na melhora da qualidade de vida dessa população.

Referências bibliográficas

  • LEVANDOSKI, G.; CARDOSO, F. L. Avaliação da composição corporal em atletas de basquetebol em cadeira de rodas da cidade de Florianópolis. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 12 - N° 117. 2008. http://www.efdeportes.com/efd117/basquetebol-em-cadeira-de-rodas.htm

  • MARTINS, J. C. B. Avaliação e prescrição de atividade física – guia pratico. Rio de Janeiro, Shape, 2003.

  • MELLO, M. T. De. Paraolimpiadas de Sidney 2000, avaliação e prescrição do treinamento dos atletas brasileiros. São Paulo, Editora Atheneu, 2002.

  • TEIXEIRA, A. M. F. Basquetebol em cadeira de rodas? Manual de orientação para professores de Educação Física. Brasília Comitê Paraolimpico Brasileiro, 2006.

  • TRITSCHLER, K. A. Medidas e avaliações e educação física e esportes. Barrow & McGree. Barueri, SP, Manole, 2003.

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