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Jogo e ludicidade: contribuições para o desenvolvimento infantil

Juego y ludicidad: aportes al desarrollo infantil

 

Cursando Pós-Graduação em Educação e Cultura: confluências

Universidade Federal do Pará - UFPA

Pós-Graduação em Metodologia do Ensino na Educação Superior

Faculdade Internacional de Curitiba – Facinter

Licenciatura Plena em Educação Física. Universidade do Estado do Pará – Núcleo Altamira

José Robertto Zaffalon Júnior

jrzaffalon@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          Neste artigo apresento o tema “Jogo e Ludicidade: contribuições para o desenvolvimento infantil”. Apesar de ser um tema bastante discutido, ainda há quem acredite que os jogos são dispensáveis no desenvolvimento da criança. Abordo aqui, alguns aspectos do desenvolvimento que podem ser aprimorados com o jogo, as fases do desenvolvimento e alguns tipos de jogos desenvolvidos na infância. Dar-se ênfase ao desenvolvimento motor e cognitivo, que são processos sequenciais e contínuos do ser humano, e da necessidade dos mesmos para a vida. Para que o desenvolvimento ocorra sem lacunas, são necessários estímulos adequados. Esses estímulos podem ser proporcionados pelos jogos. Descrevo ainda, o desenvolvimento cognitivo em fases, segundo Piaget. Com isso, ressalto a importância da presença dos jogos na educação infantil.

          Unitermos: Jogo. Desenvolvimento. Infância

 

Abstract

          This article presents the theme "Games and fun: the contributions to child development." Despite being a topic widely discussed, there are still those who believe that games are expendable in the development of the child. Raised here, some aspects of development that can be improved with the game, the stages of development and some types of games developed in childhood. To give emphasis to cognitive and motor development, which are sequential and continuous process of human beings, and need them for life. For the development takes place without loopholes, incentives are needed. These stimuli may be provided by the games. It also describes the stages in cognitive development, Piaget seconds. Therefore, emphasizing the importance of the presence of games in early childhood education.
          Keywords: Game. Development. Childhood

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 137 - Octubre de 2009

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    A ludicidade está intrínseca no ser humano desde a pré-história. O ato de brincar é a mais pura forma da criança se expressar, é brincando que ela expressa o que está sentindo e também interioriza o mundo ao seu redor. Porém, o ato de brincar vai muito além, é neste momento que os jogos começam a apresentar-se, e será através deles que a criança desenvolverá boa parte de suas habilidades motoras e cognitivas.

    Na infância, o ser humano desenvolve várias habilidades motoras que serão aperfeiçoadas ao longo de sua vida, mas, para que isso ocorra, são necessários estímulos motores adequados à faixa etária. Tais estímulos podem ser alcançados com a utilização do brinquedo, das brincadeiras, e principalmente dos jogos, que concretizam seu objetivo no desenvolvimento da criança. Além disso, o jogo é uma forma lúdica de suprir a necessidade que a criança tem de conhecer, dominar e explorar possibilidades motoras que o seu meio proporciona.

    Ao brincar, a criança simula a vida real, ela respeita as regras do jogo além de exercitar o seu cognitivo, desta forma o desenvolvimento psicomotor pode ser estimulado quando o jogo é utilizado. Acredita-se que na presença dos jogos, a criança estimulada terá maior interesse pelas atividades propostas, desta forma levando-a a um maior desenvolvimento.

    Jean Jacques Rosseau (apud ALMEIDA 2000) diz que a criança tem seu jeito próprio de pensar, sentir e ver, e que a criança só aprende de maneira ativa, executando as tarefas, e também exercitando os sentidos, pois eles são os instrumentos da inteligência.

    Froebel (apud ALMEIDA 2000) acreditava nos métodos lúdicos da educação. Ele dizia que o educador faz do jogo um instrumento para promover a educação para crianças, e também é uma forma de conduzir a criança à atividade, auto-expressão e a socialização.

    Um dos pensadores que adota a educação como prática de liberdade é Paulo Freire. Ele conceitua o jogo como trabalho, e que a criança só o realiza quando ela, no mínimo, tem satisfação para executá-lo (apud FREITAS e ASSIS 2006).

    Os jogos infantis são provenientes de práticas abandonadas por adultos e foram transmitidos de geração em geração. Alguns desses jogos permanecem com sua estrutura inicial, já outros, se modificaram recebendo novos conteúdos.

    No Brasil, os jogos infantis foram grandemente influenciados por portugueses, negros e índios, e fazem parte da cultura infantil na atualidade.

    O jogo é um ato espontâneo de toda criança. O jogar deve fazer parte da infância. Sobre jogo, Huizinga afirma que:

    Uma ação ou uma atividade voluntária, realizada em certos limites fixos de tempo e lugar, segundo uma regra livremente adotada, mas absolutamente imperiosa, com um fim em si mesmo, acompanhado de uma sensação de tensão e jubilo e da consciência de ser diferente da vida real. (HUIZINGA apud SOLER 2003, p. 44).

    É inegável a importância do jogo para a criança, pois ele auxilia na formação do humano, tanto motora quanto cognitiva, e ensina valores durante a infância que permanecem por toda vida.

    Soler (2003) em seu livro jogos cooperativos para educação infantil descreve algumas funções essenciais do jogo. O autor afirma que com o jogo a criança explora o mundo ao seu redor, aprimora relações interpessoais, utiliza a fantasia trazendo o mundo real para suas brincadeiras, experimenta novas sensações através dos seus erros e acertos.

    Contudo, a utilização dos jogos durante o processo de desenvolvimento da criança é indispensável, pois a partir daí, aprimora-se os aspectos cognitivos, afetivos e motores.

    A cognição está relacionada com a afetividade, pois a criança apresenta suas atitudes de acordo com seu pensamento. Assim, os aspectos cognitivos também estão relacionados aos afetivos, uma vez que suas manifestações se dão no pensamento egocêntrico.

    De acordo com Piaget (apud FREITAS e ASSIS 2006) os aspectos cognitivos e afetivos surgem na fase simbólica da criança, através da assimilação do meio em seu jogo.

    As características dos aspectos cognitivos e afetivos são: espaço, tempo e casualidade, quanto ao cognitivo; características individuais, motivação, curiosidade e criatividade, quanto ao afetivo.

    Esses aspectos são demonstrados pela criança através da capacidade de imitar, linguagem e desenho, que são manifestações da função simbólica.

    [...] a inteligência da criança constitui-se de pensamentos que passam a ser representados por meio da linguagem (signos coletivos), dos símbolos individuais (imitação diferida, imagem mental e jogo simbólico) e do desenho, que são as manifestações ou condutas de representação da função simbólica. Por meio delas, a criança tem a possibilidade de criar um mundo de faz-de-conta, na medida de seus desejos, como forma de atender as suas necessidades. (FREITAS e ASSIS, 2006, p.20).

    Os aspectos cognitivos representam a inteligência da criança. As noções de espaço, tempo e casualidade ainda não estão totalmente estruturadas na criança.

    Segundo FREITAS e ASSIS (2006), a noção de espaço é notada quando “a criança acredita que a lua, ou a nuvem ou as estrelas as estão seguindo”. A criança crê que os objetos se movem de acordo com sua atividade.

    Quanto à noção de tempo, ela “não chega a avaliar as durações concretas”. (FREITAS e ASSIS 2006). O “tempo para a criança não é o mesmo que para o adulto”. (VELASCO 1996). Por exemplo, quando falamos a uma criança que algo acontecerá “amanhã” ela, poucos minutos depois, questionará: “hoje já é amanha?” mostrando assim sua percepção de tempo.

    A noção de casualidade, assim como as anteriores, também está centrada em si mesma. Para a criança, os acontecimentos têm uma razão de existir. Segundo Freitas e Assis (2006) a casualidade se estabelece da seguinte forma: “a criança considera os adultos como pessoas que existem para cuidar delas; a chuva existe para fazer as plantas crescerem; as nuvens para fazer a noite; etc.”.

    Os aspectos afetivos representam os sentimentos e a personalidade da criança.

    Dentro dos aspectos afetivos estão as noções de características individuais, que são características afetivas próprias de cada criança, ou seja, a sua personalidade, se é uma criança alegre, ou impulsiva, ou calma, entre outras.

    Outra noção de aspecto afetivo é a motivação, caracterizada pelo empenho em realizar uma atividade, de certa dificuldade, que requeira atenção e reflexão por certo tempo. Por exemplo, utilizar em seu jogo brinquedos de encaixe.

    Ainda em aspectos afetivos existe a curiosidade. Ela é manifestada quando a criança percebe algo novo, tenta manuseá-lo e questiona sobre ele, tentando conhecê-lo.

    A curiosidade é uma manifestação indispensável para o desenvolvimento da inteligência infantil, pois este desenvolvimento ocorre pela assimilação de novos conhecimentos.

    À medida que a criança joga, ela deixa transparecer seus sentimentos, sejam eles de alegria, agressividade, tristeza ou excitação.

    Para que haja maior desenvolvimento dos aspectos motores, o jogo não deve ser apenas livre, mas também, atividades direcionadas. Essas atividades direcionadas também ajudam no empenho do sistema motor, quando é diagnosticada alguma dificuldade motora.

    São nos três primeiros anos de idade que o jogo é aflorado no cotidiano da criança. Ao brincar, ela tenta superar as dificuldades presentes no jogo. Neste momento, o adulto não deve interferir, apenas, observar, pois, a criança está, desta forma, aprimorando seu conhecimento motor.

    Para Gallahue e Ozmun (2005) os aspectos motores são definidos como aptidão motora, e está subdividida em: coordenação, equilíbrio, velocidade, agilidade e potência.

    O aspecto cognitivo está intimamente ligado ao aspecto afetivo. O primeiro representa as atitudes da criança. Já o segundo, os seus sentimentos. Portanto, uma criança se manifesta a partir do que está sentindo.

    Fazem parte dos aspectos cognitivos as noções de espaço, tempo e casualidade.

    Do aspecto afetivo, fazem parte as noções de características individuais, motivação, curiosidade e criatividade.

    Além desses dois aspectos, existe ainda o aspecto motor. Dele fazem parte as noções de coordenação, equilíbrio, velocidade, agilidade e potência.

    Cada uma dessas noções são bastante exercitadas e desenvolvidas com o jogo.

    Por isso, a criança deve estar, sempre, em contato com o meio lúdico, tanto para jogos intelectuais, quanto para jogos motores, para que seu desenvolvimento seja completo.

    Existem várias definições acerca do jogo. A definição que temos no dicionário Aurélio é que o jogo “é uma atividade física ou mental fundada em sistemas de regras”. Para Huizinga (apud KISHIMOTO 2002) só é jogo quando “há uma atividade voluntária do ser humano”.

    Para a criança, o jogo não é apenas uma brincadeira, um momento de lazer, nele ela exterioriza sentimentos e manifestações do mundo ao seu redor. Para ela, não existe diferenciação entre jogo e brincadeira, pois os dois são manifestações lúdicas.

    O jogo é um elemento de grande importância no cotidiano infantil. Além disso, podemos considerar que o jogo educa a criança e estimula a interação com o grupo, conversar e resoluções de problemas entre as crianças. Ele também ganha uma conotação educativa quando há intervenção do educador.

    O jogo expõe a criança a desafios e obstáculos. Ele deve ser elaborado para proporcionar vivência, pois a criança, quando joga, presencia e vivencia as influências que é atribuído ao jogo, como: alegrias, prazeres, entre outros.

    Por muito tempo, o jogo, tem sido usado nas escolas, dando uma função educativa a ele. Nota-se que com a utilização dos jogos e materiais pedagógicos adequados, as crianças desenvolvem o sentido de ordem, ritmo, forma, cor, tamanho, do movimento, da harmonia e do equilíbrio. Apesar disso, a utilização do jogo nas escolas foi, por muito tempo, criticada, mas é inegável sua contribuição para a aprendizagem de varias disciplinas como: matemática, geografia, historia, educação física, entre outras.

    Desta forma, torna-se claro que o jogo possui duas funções: uma lúdica; outra educativa. A primeira é quando uma atividade é prazerosa e alegre. Já a segunda é quando o jogo ensina algo, desenvolve o conhecimento infantil.

    Essas duas funções do jogo são dependente uma da outra, pois quando se perde a ludicidade, o jogo se transforma em um instrumento de trabalho e assim, deixa de ser jogo.

    A atividade lúdica só tem efeito quando desempenha as duas funções simultaneamente: função de distrair e de instruir.

    Segundo Kishimoto (2002), há também vários valores a serem transmitidos com os jogos. Esses valores são: valor experimental; da estruturação; da relação; e o valor lúdico.

    O valor experimental do jogo permite à criança a vivência a experimentação de novas coisas. O valor da estruturação que contribui e auxilia a criança a estruturar sua personalidade. O valor da relação é o relacionamento entre crianças e entre a criança e o ambiente. O valor lúdico é onde cada jogo causa sensações diferentes, tais como: prazer alegrias, etc.

    O jogo passa por vários estágios, o estágio das regras, idéias estratégias exceções e analises das possibilidades, por isso é indispensável sua presença na infância e seu uso deve ser incentivado na escola. É de extrema importância que a criança esteja inserida em um ambiente onde existam brincadeiras.

    Além disso, o jogo ajuda a criança de várias maneiras, desenvolve a sua capacidade de, não só resolver problemas, mas também encontrar várias maneiras de resolvê-los.

    Para a criança o jogo é a abertura à fantasia, ao imaginário, é também uma atividade importante na construção e desenvolvimento da personalidade, na interação com outras pessoas.

    Porém a função do jogo para a criança não é somente para revelar o lúdico. Eles desenvolvem habilidades motoras e cognitivas tais como: esquema corporal, espaço, raciocínio lógico, ritmo, lateralidade, equilíbrio, socialização coordenação motora geral, entre outros.

    O desenvolvimento, segundo Gallahue e Ozmun (2005) é uma inter-relação entre as necessidades, a biologia e as condições do ambiente.

    Durante muito tempo, os estudiosos e educadores tem tido muito interesse sobre o desenvolvimento humano, principalmente os educadores desenvolvimentistas, que não se baseiam somente nas faixas etárias, mas também nos níveis de desenvolvimento.

    O desenvolvimento é um processo que perdura por toda vida, se inicia na concepção e tem o seu fim com a morte. Para um melhor estudo, ele é sempre encontrado dividido em fases, áreas ou faixas etárias. Em crianças ele se dá através de fases na infância. Cada fase possui características próprias de desenvolvimento.

    Ele também é subdividido: os principais desenvolvimentos adquiridos com os jogos são motor e cognitivo.

    O desenvolvimento motor é um processo seqüencial e continuo relacionado à idade, pelo qual o comportamento motor se modifica.

    Embora o desenvolvimento seja entendido como um aprimoramento de uma habilidade, devemos considerar que ele é, de fato, contínuo e que seu conceito é bem mais amplo, e que os adultos estão envolvidos nesse processo tal quais as crianças.

    O desenvolvimento motor pode variar com o sexo. Na maioria das vezes, os meninos superam meninas em atividades que requeiram velocidade; em contrapartida, meninas superam meninos em atividades manuais.

    Enquanto os meninos são superiores às meninas em skills que requeiram velocidade e coordenação da motricidade grosseira; as meninas são superiores aos meninos em skills manuais e skills que exijam equilíbrio. (HURLOCK apud NETO, 1995, p.17).

    Uma das áreas do comportamento motor é a área cognitiva. Ela envolve a relação funcional entre a mente e o corpo.

    Essa área é bastante divulgada pela teoria de desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget, que reconheceu o importante papel do movimento, especialmente, nos primeiros anos de vida.

    Outras áreas do comportamento motor são: a área afetiva e a área psicomotora.

    A área afetiva dá ênfase ao comportamento sócio-emocional do individuo. Segundo Gallahue e Ozmun (2005) esta área “envolve sentimentos e emoções quando aplicados ao próprio individuo e a outros por meio do movimento”.

    Na área psicomotora está inclusa todas as alterações físicas e fisiológicas do decorrer da vida. De acordo com Gallahue e Ozmun (2005) nesta área, o movimento pode ser resultado de: processos cognitivos; atividades reflexas em centros cerebrais inferiores; ou ainda, de reações automáticas do sistema nervoso central.

    Um bom nível de desenvolvimento psicomotor faz com que a criança consiga expressar todos os movimentos que são possíveis extrair de seu corpo. Esse nível de desenvolvimento se dá graças a dois processos: a independência e a coordenação.

    A independência se trata da habilidade de executar movimentos controlando cada seguimento motor separadamente, como por exemplo, conseguir escrever com uma mão sem mover a outra.

    Já a coordenação refere-se à união de movimentos complexos para resultar em outro mais complexo ainda, sem que a criança tenha que dispor de uma grande atenção para desenvolvê-los na sequência correta.

    É a partir de jogos e brincadeiras que as crianças percebem e assimilam a sociedade a sua volta recriando a realidade e fazendo parte dela. Portanto, o jogo é condição para o desenvolvimento infantil, já que as crianças assimilam e podem transformar a realidade quando jogam. Cabe lembrar que cada criança é um ser único dentro desse processo de desenvolvimento.

    Contudo, deve-se salientar que a ludicidade e a corporeidade manifestadas no jogar, por tudo que elas representam para as crianças, não devem ser desprezadas, pois reconhecer sua importância é reconhecer que a criança necessita delas para seu desenvolvimento.

    Fica evidente que as dificuldades e limites impostos pelo jogo, pela brincadeira certamente contribuirão para a criança em vários aspectos, ajudam a criança a se inserir no mundo e lidar melhor com as frustrações futuras.

    A prática de atividades lúdicas, favorece na capacidade de relacionamento, na maturidade emocional e motora do ser humano além de despertar um comportamento sadio.

    Nota-se também a importância do jogo no desenvolvimento integral da criança, pois o jogo na infância condiciona o desenvolvimento harmonioso do corpo, da inteligência e da afetividade.

    Nesse sentido, as brincadeiras, o jogo, participam da formação motora e cognitiva da criança, pois eles preparam a criança para a vida adulta, já que oferecem a elas experiências, que treinam destrezas necessárias para sua sobrevivência. Além, de estimular à criatividade, imaginação, cooperação, a expressividade e a sociabilidade.

    Piaget (apud FREITAS e ASSIS 2006) dividiu o desenvolvimento cognitivo em fases, ou etapas. Cada fase define um momento em que as estruturas cognitivas da criança, são construídas. São elas:

  • Fase sensório-motora (de 0 a 2 anos);

  • Fase pré-operatório (de 2 a 7 anos);

  • Fase de operações concretas (de 7 a 11 anos);

  • Fase de operações formais (de 11 anos em diante).

    A fase sensório-motora compreende do nascimento à aproximadamente dois anos. Nela a criança não tem a capacidade de pensar no futuro e nem passado, se restringe apenas ao presente.

    O bebê possui reflexos e capacidade inatos de adaptação e equilíbrio às inter-relações com o meio e utiliza-os para conhecer o que é novo e até mesmo para relacionar com outras crianças.

    É nesta fase, que a criança constrói a noção de “eu” sendo capaz de se diferenciar do seu meio, descobrindo o seu próprio corpo.

    Assim, com o passar do tempo ela já terá a capacidade de representar o futuro, aparecendo então à função simbólica, que caracteriza a próxima fase.

    A fase pré-operatório inicia aos dois anos e tem seu termino aos sete. Nela, a criança começa a representar situações proporcionadas pelo meio.

    Assim, quando uma criança pega uma boneca acreditando ser um bebê, a coloca no colo e age da mesma forma que sua mãe agiria consigo.

    O pensamento da criança é voltado somente a ela, não conseguindo ver as coisas colocando-se no lugar de outra pessoa.

    Esta fase é caracterizada pelo antropomorfismo, que corresponde a atribuições de formas humanas a animais e objetos. É nesta fase que se dá o aparecimento da linguagem.

    A fase das operações concretas se inicia por volta dos sete anos, ao ser comparado com a fase anterior, nota-se que ocorreram várias e significativas transformações.

    A criança, nesta fase, torna-se menos egocêntrica e ela, agora, consegue diferenciar o real do imaginário em sua percepção.

    O pensamento lógico torna-se mais preponderante e as ações interiorizadas ficam cada vez mais reversíveis, a criança começa a compreender que qualquer forma, ordem e posição podem voltar a sua forma, ordem e posição inicial.

    Nesta fase, as percepções são mais precisas, e a criança, aplica sabiamente, as interpretações dessas percepções.

    A brincadeira é usada pela criança, para compreender o mundo físico e social. Nesta fase, as regras são de interesse da criança quando aplicadas a brincadeiras. Segundo Gallahue e Ozmun (2005), essas brincadeiras tornam-se um processo equilibrado de pensamento cognitivo, perdendo assim, sua característica assimiladora.

    A quarta e última fase é a fase das operações formais. Nesta fase do desenvolvimento cognitivo a dedução e a lógica por meio da implicação desenvolvem-se, o indivíduo é capaz de raciocinar além do momento presente.

    Assim sendo, é a partir desta fase que se pode trabalhar com hipóteses, a princípio, nem verdadeira nem falsa, apenas possibilidades, e isso permite que o indivíduo estenda seu pensamento.

    Nesta fase, o indivíduo atinge o grau mais complexo do desenvolvimento cognitivo. A partir de agora, ele apenas ajusta e solidifica suas estruturas cognitivas.

    Essas etapas cognitivas apresentam características próprias, o desenvolvimento cognitivo passa de uma para a outra buscando um novo e mais completo equilíbrio que depende das construções passadas.

    Por isso, não é possível passar, por exemplo, da fase sensório-motora para a fase das operações formais. Essas fases não são reversíveis, a capacidade mental uma vez construída, não é possível perdê-la.

    Além disso, o desenvolvimento cognitivo não pode ser confundido como aprendizagem. O desenvolvimento é espontâneo e biológico. Já a aprendizagem é um processo causado por situações especificas, a exemplo, a frequência na escola.

    Com o jogo a criança explora seu corpo e o meio, assimila conhecimentos que enriquece a sua personalidade e aprende a formular soluções rápidas para problemas no seu dia-a-dia.

    O jogo é uma forma divertida que a criança encontra para aprimorar suas habilidades, afim de melhor desenvolver suas atividades cotidianas.

    É jogando que ela é estimulada a superar desafios motores e cognitivos, fazendo com que a criança comece a criar soluções, a cooperar e a vivenciar novas experiências motoras , resultando em um desenvolvimento infantil mais completo possível.

    Desta forma, nota-se que o jogo, as brincadeiras são indispensáveis para o desenvolvimento infantil, sendo reconhecido, segundo Santos (apud MAGNANI, 1998), pela constituição brasileira (1988) e pelo Estatuto da criança e do adolescente (1990). Comenta que todas “(...) são conquistas importantes, que colocam o brincar como prioridade, sendo direito da criança e dever do Estado, da família e da sociedade. Essa é uma questão legal e aceita por todos...” (op. cit. 1998).

    Assim, proporcionar à criança as experiências existentes no jogo torna-se um dever dos educadores, que muitas vezes acreditando que as manifestações lúdicas são dispensáveis no processo de ensino-aprendizagem, deixam de lado a utilização dos jogos e das brincadeiras em suas aulas.

    “Na sociedade contemporânea, só possuem valor as atividades que geram lucro... Como o jogo não é produtivo, do ponto de vista do capital, ele passou a ser considerado um simples passatempo, atividade que se opõe ao trabalho. Isso fez com que ele fosse desprezado também na escola, onde trabalho, para a criança, nada mais é do que estudo...” (BARBATO apud MAGNANI, 1998, p. 40).

    Contudo, outro fator que influencia no descumprimento do direito da criança a brincar, é que cada vez mais cedo as crianças são submetidas a atividades extras como: curso de inglês, de informática, natação e etc. Tendo seu dia preenchido com tais atividades, não sobrando tempo para a prática lúdica, como jogos infantis.

    Na maioria das vezes são substituídos por jogos eletrônicos, que tem um papel importante no desenvolvimento cognitivo, mas não supri as necessidades motoras que a criança possui.

    Pode se notar com esse artigo, que o jogo além de despertar na criança os sentimentos de: cooperação, motivação, a criatividade e a sociabilidade. O mesmo desenvolve habilidades como: esquema corporal, estruturação de espaço e de tempo, raciocínio lógico, equilíbrio, coordenação geral entre outros. Sendo assim, indispensáveis para que haja um desenvolvimento infantil pleno.

Referências

  • ALMEIDA, Paulo Mendes de. Educação lúdica, técnicas e jogos pedagógicos. 10ª ed. São Paulo: Loyola, 2000.

  • FREITAS, Maria Luisa de Lara Uzun de; ASSIS, Orly Zucatto Mantovani de. Os aspectos cognitivo e afetivo da criança avaliados por meio das manifestações da função simbólica. Revista Eletrônica Ciências & Cognição. 2006.

  • GALLAHUE, David L.; OZMUN, John C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 3ª ed. São Paulo: Phorte, 2005.

  • KISHIMOTO, T.; Jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira Thonason Learning, 2002.

  • MAGNANI, Eliana Maria. O brincar na pré-escola: um caso sério? 1998. 106 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas 1998.

  • NETO, A. F.:Motricidade e jogo na infância.Rio de Janeiro: Editora Sprint,1995.

  • SOLER, Reinaldo. Jogos cooperativos para educação infantil. Rio de Janeiro: Sprint, 2003.

  • VELASCO, Cacilda Gonçalves. Brincar, o despertar psicomotor. Rio de Janeiro: Sprint, 1996.

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