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Percepção da atividade física e qualidade de vida de pessoas

com diabetes atendidas pela Estratégia Saúde da Família (BA)

Valoración de la actividad física y la calidad de vida de personas 

con diabetes atendidas por la Estrategia de Salud Familiar (BA)

 

*Especialização em Saúde Pública com Ênfase em PSF

**Professor Assistente da Universidade do Estado da Bahia

(Brasil)

Geiza Pimentel Pinto*

Marcius de Almeida Gomes**

geizapp@yahoo.com.br

 

 

 

Resumo

          Considerada como um dos principais comportamentos positivos para a promoção da qualidade de vida e melhoria da saúde do ser humano, a atividade física tem sido cada vez mais indispensável para controle de determinadas doenças necessitando uma melhor compreensão e percepção da sua prática. Nesse sentido, o objetivo deste estudo foi identificar a percepção dos pacientes diabéticos sobre a Atividade Física (AF) e Qualidade de Vida (QV). Para tanto, desenvolveu-se um estudo descritivo exploratório com uma abordagem qualitativa, tendo como amostra 20 indivíduos diabéticos atendidos pela Estratégia Saúde da Família, com idade entre 18 e 76 anos. Para coleta de dados utilizou-se entrevistas semi-estruturadas, com questões abertas (análise dos conteúdos) por meio de roteiro pré-estabelecido, norteando as unidades de análise selecionadas para investigação. Após essa análise emergiram duas categorias, a saber: QV e AF. Ações educativas de forma efetiva e permanente à saúde fazem repensar como a disseminação do conhecimento e o incentivo a prática de Atividade Física são imprescindíveis para a promoção de saúde, a fim de estimular a adoção de estilos de vida positivos.

          Unitermos: Atividade física. Qualidade de vida. Estratégia Saúde da Família

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 136 - Septiembre de 2009

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Introdução

    A Atividade Física tem sido considerada como um dos principais comportamentos positivos para a promoção da Qualidade de Vida e melhoria da saúde do ser humano. Assim, sua prática habitual além de promover a saúde, influencia na reabilitação de determinadas patologias associadas a morbidade e mortalidade (Assumpção et al. 2002, apud Guedes e Guedes,1995).

    Vários estudos verificam que a prática regular de atividade física está associada à saúde e ao bem-estar, assim como o controle metabólico. Dessa maneira, a inclusão de exercícios físicos na rotina dos pacientes diabéticos atribui alguns benefícios, tais como controle glicêmico, redução de fatores de risco cardiovasculares e a perda de peso (Furtado e Polanczyk, 2007), mas também na melhoria da auto-estima e qualidade de vida do praticante (Colberg, 2003).

    A adoção de um estilo de vida saudável com a prática de exercícios físicos proporciona uma melhoria na qualidade de vida. Esta, conseqüentemente está ligada ao processo de mudança de comportamento individual e coletivo, permitindo que os indivíduos tenham possibilidade de ganhar qualitativamente em seu estilo e na expectativa de vida (Nahas, 2006).

    A educação em saúde, enquanto medida de prevenção ou retardo do Diabetes Mellitus, é uma ferramenta adequada para a redução de custos para os serviços de saúde (Mclellan et al, 2007). Portanto, um maior conhecimento dos benefícios proporcionados pela ação de hábitos saudáveis, faz com que o indivíduo adote comportamentos positivos, diminuindo a incidência dessa doença.

    Sendo a atividade física um dos comportamentos para o controle da glicemia e outros riscos associados à patologia, torna-se necessário o entendimento desta prática como capaz de promover uma melhor qualidade de vida. Nessa perspectiva, este estudo se propõe a identificar a percepção da Atividade Física e Qualidade de Vida dos diabéticos da Estratégia Saúde da Família.

Procedimentos metodológicos

    Realizou-se um estudo descritivo exploratório com abordagem qualitativa e interpretativa, na qual buscou analisar e descrever as percepções dos diabéticos sobre a Atividade Física e Qualidade de Vida.

    A população delimitada para este estudo foram diabéticos de ambos os sexos, pertencentes à área de abrangência da Unidade Básica de Saúde do bairro Vomitamel, no município de Guanambi – BA. A seleção da amostra aconteceu de forma intencional por convite na Estratégia Saúde da Família, sendo ao final composta por 20 indivíduos diabéticos com idade entre 18 e 76 anos.

    Para a realização deste estudo, aplicou-se entrevista semi-estruturada, contendo informações pessoais, indicadores de saúde e de Atividade Física da amostra e questionamentos sobre a percepção da Atividade Física e Qualidade de Vida dos mesmos.

    A entrevista foi realizada aos diabéticos pela pesquisadora principal, com duração em média de 20 a 25 minutos. Durante a entrevista foram abordados temas sobre a percepção da Atividade Física e Qualidade de Vida. Utilizou-se um gravador, objetivando não perder dados importantes para o estudo, que depois foram transcritos para os resultados em forma de análise de conteúdos, permitindo, assim, uma análise minuciosa e consistente das informações recolhidas.

    A coleta foi realizada na Estratégia Saúde da Família (ESF) do bairro Vomitamel, por meio do PROJETO AÇÃO E SAÚDE GUANAMBI – Educar, Conscientizar, Praticar e Multiplicar, uma iniciativa da Linha de Estudo, Pesquisa e Extensão em Atividade Física (LEPEAF) da Universidade do Estado da Bahia.

    A Atividade Física nas ESF é um dos projetos executados pela linha de pesquisa em parceria com a Secretaria de Saúde do município, com o intuito de desenvolver e incentivar a prática de Atividade Física e hábitos de vida saudável, numa perspectiva educacional com a população que não tem acesso a uma prática orientada, visando também à participação do profissional de educação física no contexto de equipe multidisciplinar.

    A análise dos dados foi realizada com base no método de análise de conteúdo de Bardin. Sendo este método considerado como um conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens (BARDIN apud TRIVINOS, 1987).

    A análise de conteúdos das entrevistas foi realizada da seguinte forma: após a transcrição na integra dos depoimentos, o texto foi relido detalhadamente, sendo destacadas as partes principais da entrevista que continham sentido e associação com as categorias investigadas.

    Em seguida, os relatos dos entrevistados foram separados em unidades de análise através da codificação e assim, a categorização das informações e suas subcategorias permitindo uma melhor organização do trabalho e facilitando a análise dos resultados através das características do objeto de estudo.

    A categoria Qualidade de Vida compreende as unidades de registro relacionadas a sua percepção, tendo como subcategoria a saúde. Enquanto a categoria Atividade Física corresponde às unidades que envolvem o conceito e benefícios. Abrange subcategorias: Benefícios da atividade física, corporeidade e educação física, comportamento, convívio social e motivação.

Resultados

    Com o objetivo de identificar a percepção da Atividade Física e Qualidade de Vida dos diabéticos da Estratégia Saúde da Família, emergiram-se categorias de análises como seguem:

Aspectos da qualidade de vida

    Entende-se Qualidade de Vida como uma noção eminentemente humana, que tem sido aproximada ao grau de satisfação na vida familiar, social e ambiental e à própria estética existencial, além de efetuar elementos como padrão de conforto e bem-estar (MINAYO et al, 2000).

    A percepção da qualidade de vida é notável nas falas dos entrevistados, pois cada um sabe o que é indispensável para que se tenha uma vida confortável e tranqüila, quando relatam:

    “[...] Qualidade de vida é está de bem com o corpo, com a mente, está com saúde, ter uma alimentação balanceada. Viver em paz e tranqüilidade, com a família, com os vizinhos, ter um lar, saúde, não deixar que a própria doença interfira em sua vida. (R.R.S. 44 anos)”

    “É ter uma vida saudável, alimentar bem, sentir-se bem mesmo com as doenças que te acompanha como o diabetes e a pressão alta. (A.F.F. 64 anos)”

    “Ter qualidade de vida é está com saúde, trabalhar, movimentar, viver em união com o próximo. (M.L.T.L. 67 anos)”

    “Qualidade de Vida é viver como a gente vive. Fica difícil ter uma boa Qualidade de Vida hoje, devido às doenças, o medo da violência, uma série de problemas que faz com que a vida fica agitada. Mas devemos viver bem e agradecer a Deus, por ter uma moradia, saúde, família e amigos, por isso que temos que lutar para melhorar a vida. (F.S.A. 52 anos)”.

    Diante das respostas dos entrevistados, nota-se que os mesmos têm uma percepção positiva do que vem a ser Qualidade de Vida. A maioria dos diabéticos a entende como algo benéfico a sua vida, uma vez que relataram a saúde, harmonia, uma alimentação adequada, a manutenção dos relacionamentos indispensáveis a vida, como fatores essenciais para melhorar sua Qualidade de Vida.

    A partir do exposto percebe-se que o termo Qualidade de Vida está associado ao bem-estar e saúde, embora muitas vezes acompanhada à presença de doenças crônicas degenerativas, como o diabetes.

    NAHAS (2003) reforça que QV:

    é uma idéia subjetiva associada principalmente à união de fatores tanto socioambientais como individuais, incluindo-se moradia, transporte, segurança, assistência médica, renumeração, entre outros individuais que envolvem características do estilo de vida como hábitos alimentares, controle de estresse, atividade física habitual, caracterizando assim as condições de vida de cada ser humano [...]

Aspectos da atividade física

    A percepção da atividade física dos diabéticos entrevistados, é caracterizada como movimentos diários, sejam atividades domésticas, trabalho, lazer ou exercícios físicos. Segundo Caspersen (1985) apud Nahas (2006, p. 40) a atividade física é tida como todo movimento corporal humano, produzido pela musculatura esquelética que resulta em gasto de energia maior do que os níveis de repouso enquanto o exercício físico, uma atividade física estruturada, repetitiva tendo como objetivo a aptidão física.

    Assim, nos relatos dos diabéticos fica claro que eles têm uma percepção de Atividade Física positiva, pois retratam como movimentos importantes a melhoria da saúde.

    “Pra mim, são as atividades que fazemos como andar, correr, esportes e atividades diárias. (M.M.P. 66 anos)”

    “Atividades que se faz, gastando calorias, como a caminhada, a ginástica, a dança, é tudo que se faz mexer o corpo, movimentar. (M.A.C. 62 anos)”

    De acordo com Nahas (2005) a atividade física inclui a prática de exercícios físicos e esportes, as atividades realizadas com fins de deslocamentos, as atividades laborais, os afazeres domésticos e outras atividades físicas de lazer.

    “É tudo que agente faz, um trabalho que te preste tempo, lazer, caminhada. [...] Ir à rua fazer compras é uma atividade, varrer a casa, bordar. Temos que fazer atividades físicas seja de trabalho ou de diversão. (F.S.A. 52 anos)”

    “São os exercícios que fazemos diariamente [...] então para mim atividade física é saúde, pois dá mais disposição para a pessoa. (R.R.S. 44 anos)”

     A atividade física pode ser entendida ainda como um “comportamento complexo, com componentes e determinantes de ordem biológica e psicossocial, podendo ser exemplificada por esportes, exercícios físicos, danças e outras atividades de lazer, locomoção e ocupação profissional” (PITANGA, 2005, p.14).

Benefícios da atividade física

    Atividade Física proporciona diversos benefícios ao organismo dos diabéticos, por isso é recomendada como estratégia para promoção de saúde dos mesmos. Por meio das experiências os diabéticos demonstram ter consciência dos benefícios advindos dessa prática para sua saúde.

    “Depois que passei a fazer as atividades, controlei meu peso, ajudou a pressão e o diabetes; ajuda na saúde porque você fica mais ativa, fiquei com mais disposição para fazer as atividades diárias. (R.R.S. 44 anos)”

    “Notei que com a prática da atividade física, minha taxa glicêmica tem controlado, não preciso mais seguir uma dieta rígida. Agora se não pratico por algum tempo, a glicemia volta a subir. (M.M.P. 66 anos)”

    Através dos depoimentos foram identificados benefícios tanto fisiológicos quantos psicológicos. Do ponto de vista físico os diabéticos descreveram controle do peso, controle da glicemia, melhoramento do sono, disposição, diminuição das dores. E em relação aos benefícios psicológicos expressaram bem estar, ânimo, redução dos níveis de ansiedade e stress.

    “Passei a sentir mais leve, com disposição para realizar as atividades, [...] além de melhorar meu sono. (M.M.P. 66 anos)”

    “Tenho me sentido bem, com o corpo leve, com disposição, faço movimentos que não fazia antes (sentar e levantar do chão), antes sentia câimbras com freqüência, dores no corpo, pés inchados, hoje não sinto mais. (A.F.F. 64 anos)”

    “Melhorou muito, depois que comecei a fazer as atividades estou me sentindo mais disposta, mais animada. (A.G.L. 69 anos)”

    Além de diminuir o stress, a ansiedade que me incomodava, estou sentindo muito bem. (M.M.P. 66 anos)

    De acordo com Nahas (2006), os benefícios fisiológicos e psicológicos referidos acima são classificados como imediato, sendo estes as alterações que acontecem durante e logo após as atividades.

    Outra situação observada nos relatos é a consciência que deixar de praticar alguma atividade, significa o retorno da alteração da glicose, aumento do peso, dores nas articulações e pressão descontrolada.

    “Com a atividade física que pratico no PSF, o meu peso está controlado, a pressão, a glicose também. Tem 3 meses que faço exames e não há alteração, está ótima. O médico mesmo disse que estou de parabéns, que não posso para de fazer as atividades, porque quando parei uns tempos meu peso aumentou, minha glicose subiu que foi um horror. (R.R.S. 44 anos)”

    “Antes de começar a fazer minhas caminhadas, sentia muitas dores no corpo, cansaço, falta de ar e depois que comecei as atividades, as dores não incomodam mais, a minha pressão está normal e o diabetes também. (C.C.S. 62 anos)”

     Para Martins (2000), afirma que a prática de atividade física propicia uma série de benefícios para o diabético, como o controle da glicemia, a diminuição da pressão arterial (PA) e o peso corporal.

    Esta prática regular pode acarretar diminuição da dosagem de insulina, sendo de fundamental importância nas terapias onde se objetiva uma menor dosagem desta, a serem administrada pelo paciente diabético (Silveira Neto, 2000).

Corporeidade e Educação Física

    Os depoimentos demonstraram que os entrevistados apresentam melhor percepção do seu próprio corpo, a partir das experiências vivenciadas com a prática de Atividade Física.

    “Tenho me sentido bem, com o corpo leve, com disposição, faço movimentos que não fazia antes (sentar e levantar do chão) (A.F.F. 64 anos)”

    “Tenho sentido meu corpo confortável, mais leve, com mais ânimo para fazer as coisas, ou seja, equilibrado. (M.L.T.L. 67 anos)”

    “[...] Por que trabalhar com o corpo, deixa à mente limpa, tudo melhora na vida da gente [...] (R.R.S. 44 anos)”

     Portanto a Educação Física deve trabalhar para o desenvolvimento de uma cultura corporal, com conteúdos que respeitem o corpo em suas instâncias, do biológico ao social, sem ignorar as relações do homem com o seu corpo e com sua saúde, no contexto onde o mesmo se insere. É preciso olhar o corpo na busca da consciência corporal, sentindo suas necessidades, anseios, limites e sensações (GONÇALVES, 2001).

    Por meio da Atividade Física o ser humano passa a sentir e dominar seu próprio corpo, pois compreendê-lo só será possível a partir de experiências e vivências estabelecidas nas relações consigo e com o próximo.

Comportamento

    Ao serem questionados como avaliam seu comportamento após terem iniciado a prática de Atividade Física, afirmaram ter maior disposição para as atividades diárias, o corpo confortável, bom humor, bem estar, dentre outros, como podem ser observados:

    “Tenho sentido confortável, corpo mais leve, com mais ânimo para fazer as coisas, com meu corpo equilibrado. (M.L.T.L. 67 anos)”

    “Melhorou muito, sinto menos cansada; antes não agüentava fazer muita coisa agora tenho mais vontade de viver. (L.C.S.74 anos)“

    “Muito bem, com bom humor, alegre. (E.F.B. 17 anos)”

    “Sinto disposto para a realização das atividades diárias, bom humor. (A.F.L. 63 anos)”

     Assim, é notável que os diabéticos a partir das mudanças de comportamento em relação à prática regular de Atividade Física, passaram a ter uma vida ativa e com qualidade.

Convívio social

    Um espaço para a promoção de Atividade Física permitiu aos participantes um bom relacionamento entre eles, onde puderam trocar experiências, conviver com pessoas que os orientam, mostrando o quanto são importantes e valorizados, havendo uma adesão em programas de Atividades Físicas.

    Os depoimentos demonstraram à importância da convivência em grupo e o quanto a atividade física contribuiu para uma interação social.

    “Venho para a atividade porque aqui fazemos várias amizades, conversamos com os amigos, é o momento que reservamos pra gente. (M.A.T. 42 anos)”

    “A convivência com o pessoal aqui no PSF me mostrou que podemos viver em sociedade e não reclamar muito dos problemas, pois todos têm. (M.R.R.L.76 anos)”

    “Somos todos amigos, uns ajudam os outros. Sinto-me feliz quando venho para as atividades, pois me distraio aqui. (A.G.L. 69 anos)”

     Pode-se recordar Wankel apud Okuma (1998), quando afirma que a busca da interação social é uma das fortes razões para o envolvimento na Atividade Física.

    Alguns depoimentos reiteram considerações acerca da relação de amizade estabelecida entre os profissionais e os usuários em decorrência das peculiaridades da atenção na ESF, proporcionando assim o seu acesso a estas unidades de saúde.

    “Gosto das atividades e também das professoras, que estão sempre nos ajudando, ensinando o que é melhor pra gente. (T.G.S. 73 anos)”

    Os diabéticos em seus relatos mostraram a importância de se participar de um grupo de Atividade Física.

    “Além de fazer os exercícios ficamos informados dos cuidados que devemos ter durante as atividades e no dia-a-dia[...]. (A.F.F. 62 anos)”

     Observa-se que a educação em saúde contribui para que os indivíduos possuam uma capacidade de ter comportamentos adequados, levando-os a um autocuidado. Esta reflete no surgimento de um público informado, que questiona sobre sua saúde.

Motivação

    Acredita-se que sentir motivado para a prática de Atividades Físicas é o primeiro passo para que esta seja incorporada a vida dos diabéticos. Assim, está ligada a percepção da necessidade de adotar e manter comportamentos positivos, o que pode ser comprovado nas falas dos entrevistados, abaixo:

    “Sinto-me motivada a vir pra atividade física, pois aqui sinto feliz, esqueço das dores [...] Uns ajudam os outros, as meninas incentivam a gente a está sempre vindo, a fazer corretamente os exercícios. (A.F.F. 64 anos)”

    “Gosto de vir fazer as atividades aqui porque além de aprender bastante e exercitar o corpo e a mente, o grupo é legal, estamos sempre prontos para ajudar os outros. (R.R.S. 44 anos)”

    “Gosto das atividades, das colegas e as meninas são legais, sorrimos, brincamos, aqui é um divertimento. (C.C.S. 62 anos)”

    “Aqui estamos em contato com mais pessoas, conhecemos muita gente, tiramos um tempo para conversar e temos um tempo para relaxar. (A.G.L. 69 anos)”.

    A motivação para a realização da prática regular de atividade física, de acordo com Nahas (2006;10), é resultante da complexa interação das variáveis psicológicas, sociais, ambientais e genéticas.

    O conhecimento da percepção dos benefícios dessa prática pode ser um indicador para o desenvolvimento de programas de Atividade Física buscando uma conscientização da necessidade da pratica regular e orientada.

    “Além de fazer os exercícios ficamos informados dos cuidados que devemos ter com nossa saúde durante as atividades e no dia-a-dia[...] (A.F.F. 62 anos).”

    Portanto, um dos principais aspectos que auxiliam no desenvolvimento dessa motivação é uma educação adequada, sobre a necessidade da prática regular de exercícios físicos como componente importante em seu estilo de vida (POLLOCK e WILMORE,1993).

Considerações finais

    Após a verificação dos resultados, conclui-se que os diabéticos possuem concepções semelhantes e positivas acerca da atividade física e qualidade de vida, tendo consciência de que esta prática regular contribui na melhoria da sua saúde. Entretanto, as atividades realizadas auxiliam na manutenção de um estilo de vida ativo, mas seus benefícios alcançados por se só não garantem a saúde como um dos requisitos para uma melhor qualidade de vida.

    Logo, sugere-se iniciativas de ação educativa de forma efetiva e permanente à saúde, uma vez que a disseminação do conhecimento e o incentivo a prática de Atividade Física são indispensáveis para a promoção de saúde como estratégia de estimular a adoção de estilos de vida positivos.

    O desenvolvimento de ações no sentido de incentivar a promoção de estilos de vida ativo e conscientizá-los a mudanças e manutenção de comportamentos adequados, deve ser implantado. Assim, torna-se indispensável à sensibilização dos gestores e profissionais quanto à necessidade de ampliação e discussão dos programas de saúde aos diabéticos para além do praticar.

Referências bibliográficas

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  • POLLOCK. Michael L.;WILMORE, Jack H. Exercícios na Saúde e na Doença: avaliação e prescrição para prevenção e reabilitação. 2. ed. - Rio de Janeiro: Medsi, 1993.

  • SILVEIRA NETO, Eduardo. Atividade Física para Diabéticos. – Rio de Janeiro: Sprint, 2000.

  • TRIVINOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à Pesquisa em Ciências Sociais: a pesquisa qualitativa em educação. - São Paulo: Atlas, 1987.

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