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Fitness Afrid: criação e implantação de uma 

nova modalidade esportiva para a terceira idade

Fitness Afrid: creación e implantación de una nueva modalidad deportiva para la tercera edad

Fitness Afrid: creation and implantation of a new program of training for senior age

 

*Acadêmica da Faculdade de Educação Física

da Universidade Federal de Uberlândia

**Profa. Dra. da Faculdade de Educação Física

(Argentina)

Dayane Ferreira Rodrigues*

dayanebira@hotmail.com

João Paulo Pereira Rosa

Milena Flávia Alves Bortolosso

Geni Araújo Costa**

genicosta@click21.com.br

Rogério de Melo Costa Pinto

 

 

 

Resumo

          Introdução: A atividade física na terceira idade, de forma geral, tem como perspectiva principal o retardamento do processo inevitável do envelhecimento. É uma prática suficientemente saudável, senão perfeitamente equilibrada que possibilita a normalização da vida do idoso, afastando os fatores de risco comuns à terceira idade. Esta atividade denominada, atividade FITNESS AFRID, foi criada com o propósito de oferecer uma modalidade diferente a ser empregada pela população idosa, pois é um trabalho que agrupa exercícios resistidos e atividades aeróbias. O treinamento aeróbico assim como o treinamento resistido específicos para idosos seguem os princípios de condicionamento fisiológicos básicos do treinamento em geral. Com esse agrupamento promoverá melhora nas atividades cotidianas, provocando alterações fisiológicas e qualidade de vida desta população. Objetivo: Avaliar o impacto provocado nos idosos por meio de treinamento funcional, otimizando as atividades cotidianas, visando ao aumento da força, da resistência muscular, melhora funcional do sistema cárdio-respiratório, da agilidade e da flexibilidade. Material e Métodos: A atividade foi realizada com 12 voluntárias divididas em dois grupos. O grupo 1 treinou sete meses e o grupo 2 quatro meses, ambos três vezes por semana. Testes de capacidade funcional da AAHPERD (American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance) foram realizados com voluntárias idosas do sexo feminino, a fim de mensurar antes e depois da atividade proposta a agilidade, equilíbrio dinâmico, coordenação, flexibilidade, resistência de força de membros superiores e capacidade aeróbia. Os dados foram avaliados estatisticamente através do test t de student. Foram aplicados questionários SF-36, PAR-Q, perfil sócio demográfico e anamnese. Resultados: Com o treinamento FITNESS AFRID foram encontrados ganhos nas capacidades: flexibilidade (99%), coordenação (5%), resistência de força dos membros superiores (25%), agilidade (16,5%) e capacidade aeróbia (4,88%). Conclusão: Os resultados deste estudo mostraram que o FITNESS AFRID foi eficiente ao promover ganhos significativos estatisticamente nas capacidades funcionais de flexibilidade, resistência de força dos membros superiores, capacidade aeróbica e agilidade dinâmica em idosas, melhorando suas atividades de vida diária.

          Unitermos: Envelhecimento. Qualidade de vida. Atividade física

 

Abstract

          Introduction: The principal purpose of physical exercise for the senior age in general is to postpone the inevitable aging process through a sufficiently healthy state, if not perfectly well balanced state, which enables the senior person well being and keep him/her away from common risks at this age. The AFRID fitness activity was developed with the purpose of offering a different way of exercising for the senior population, comprising both resistance and aerobic exercises. The aerobic training as well as the resistance training specifically for older adults follow the principles of basic physiological fitness in general. So the purpose is to promote a better quality in every day life and ultimately cause physiological changes and a better quality of life. Target: Evaluate the impact on older adults through functional training, optimizing every day tasks, aiming strength gaining, muscle resistance, better functioning of cardio-respiratory system, agility, and flexibility. Material and Methods: The activity was performed with 12 volunteers divided into 2 groups. The group 1 trained seven months and the group 2, four months, both three times a week. Tests of functional capacity from AAHPERD (American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance) were given to female volunteers in order to measure: agility, dynamic equilibrium, coordination, flexibility, strength resistance from the upper limbs, and aerobic capacity before and after the proposed activity. The data was evaluated statistically through t student test. Were applied questionnaires SF-36, PAR-Q, socio demographic profile and anamnesis. Results: With the training FITNESS AFRID were found statistically significant gains in capacities of flexibility (99%), coordination (5%), resistance force of the higher members (25%), aerobic capacity (4,88%). Conclusion: The results of this study showed that the FITNESS, the voluntary AFRID were statistically significant gains in functional capabilities of flexibility, resistance force of the higher members, aerobic capacity and dynamic agility, optimizing the daily activities carried out by the senior person.

          Keywords: Aging. Quality of life. Physical activity

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 136 - Septiembre de 2009

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Introdução

    Este estudo tem como temática central a atividade física e qualidade de vida relacionada ao processo de envelhecimento. A escolha deste tema se explica pelo considerável aumento de idosos no mundo, especialmente no Brasil. Tornou-se necessário estimular os idosos a mudarem o seu estilo de vida, inserindo, no seu cotidiano, hábitos saudáveis, como a prática de atividades físicas.

    O envelhecimento humano é definido como um processo gradual, universal e irreversível. Acelera com a maturidade e provoca uma perda funcional progressiva no organismo.

    A velhice e o envelhecimento, para Neri (1999), são realidades heterogêneas, isto é, variam conforme os tempos históricos, as culturas e sub-culturas, as classes sociais, as histórias de vida pessoais, as condições educacionais, os estilos de vida, os gêneros, as profissões, as etnias e outros aspectos que configuram a trajetória de vida dos indivíduos e grupos.

    A população idosa, que até então consistia em uma minoria e era preterida em função de outras faixas etárias, passou a ser alvo de preocupação e atenção por parte de governos, estudiosos e pesquisadores. Esta emergente e preocupante realidade exige busca de estudos por parte dos profissionais de todas as áreas. As diferentes concepções que orientam este novo contexto, juntamente com a implementação de novas linhas de ação redimensionam o olhar sobre o processo e, criticamente, ampliam e complexificam o campo de estudos sobre a velhice.

    Segundo o IBGE, Instituto responsável pelo Censo Demográfico do país, o envelhecimento da população está se acentuando: em 2000, o grupo de 0 a 14 anos representava 30% da população brasileira, enquanto os maiores de 65 anos eram apenas 8,6% (14.536.029). Em 2050, os dois grupos se igualarão em 18%. E mais: pela revisão 2004, se em 2000 o Brasil tinha 1,8 milhões de pessoas com 80 anos ou mais, em 2050 este contingente poderá ser de 13,7 milhões, tornando-se assim cada vez mais importantes as políticas de saúde voltadas para a terceira idade. Podemos afirmar, também, que no ano de 2025 já haverá pouca diferença entre a população jovem (0 a 14 anos) e idosa (mais de 60 anos).

    Em Uberlândia, obviamente o fenômeno se repete. Uberlândia é uma cidade do interior do Estado de Minas Gerais, localizada na Região Nordeste do Triângulo Mineiro. Sua população é de mais de 622 mil habitantes, sendo 40 mil idosos, com 60 anos ou mais e, destes, 326 são residentes de instituições geriátricas.

    Uberlândia foi a cidade escolhida para a realização da pesquisa, e os dados não são diferentes das outras partes do país, havendo aqui, como se viu, um elevado contingente de pessoas idosas.

    A partir dos dados levantados sobre esse contingente idoso e os processos que envolvem o envelhecimento, procuramos estudar e compreender o porquê de um número tão alto de idosos.

    Na velhice, o ser humano fica mais sujeito a perdas evolutivas em vários domínios, em virtude da sua programação genética, dos eventos biológicos, psicológicos e sociais característicos de sua história individual e dos elementos que ocorrem ao longo do curso da história de cada sociedade.

    Os idosos, sem dúvida, mais que qualquer outra faixa etária, precisam se movimentar, sob pena de transformar sua existência em uma crescente perda de autonomia, tanto no plano pessoal e individual, como nos diferentes graus de inserção social. Durante o processo de envelhecimento vários fenômenos funcionam conjuntamente, por isto necessário se torna considerá-lo num contexto plural e daí, portanto, assumi-lo na singularidade de cada sujeito do processo.

    A atividade física na terceira idade, de forma geral, tem como objetivo principal o retardamento do processo inevitável do envelhecimento através de um estado suficientemente saudável, senão perfeitamente equilibrado, que possibilite a normalização da vida do idoso e afaste os fatores de risco comuns na terceira idade. (MEIRELLES, 2002).

    Neste sentido, o bem-estar geral está relacionado à qualidade de vida, fenômeno permeado por múltiplas dimensões, no qual três pontos importantes devem ser salientados: o estado físico, o psicológico e o estado social, comportando cada um deles vários aspectos. A saúde percebida e a capacidade funcional são variáveis de destaque que devem ser avaliadas, assim como o bem-estar subjetivo, indicadas por satisfação (PASCHOAL, 2002).

    Berger (1989) acredita que a qualidade de vida da população idosa está melhorando. Para ele, vários são os fatores envolvidos nestas mudanças, como os econômicos, os sociais e os psicológicos, e, dentre estes, o autor aponta a importância da atividade física na melhora das funções física, mental e psicológica do idoso, o que, consequentemente, contribui para a melhoria da expectativa de vida e favorece a manutenção saudável e ativa dos sujeitos na longevidade.

    Cada vez mais programas de atividade física são oferecidos com a intenção de minimizar o declínio inerente ao processo. Busca-se, desta forma, garantir a manutenção e/ou a otimização das potencialidades individuais de cada sujeito. O treinamento esportivo está, cada vez mais, sendo indicado por estudiosos da área e praticado por idosos, rompendo assim com alguns “tabus” que até então existiam.

    Diversos trabalhos já demonstraram que a prática do treinamento resistido, mesmo com o aumento da idade, pode evitar a perda de massa muscular e até mesmo desenvolver seu ganho, obtendo também, melhoria da qualidade de vida do idoso e diminuindo os riscos de lesões e de queda (MAZO, 2001).

    As atividades mais preconizadas para o treinamento da capacidade cardiorrespiratória dos idosos são a caminhada, em solo plano e adequado, a natação, o ciclismo e a bicicleta estacionária. Destas, as mais indicadas são a caminhada e a bicicleta estacionária. O esforço, nestas atividades, é facilmente controlado, evitando-se riscos e desconfortos físicos indesejáveis resultantes das reações metabólicas ocasionadas pelo excesso de intensidade na atividade.

    Diversos trabalhos já demonstraram que o treinamento aeróbico, assim como o treinamento resistido específico para idosos (atividades propostas no FITNESS AFRID), segue os princípios de condicionamento fisiológico básico do treinamento em geral. Os princípios da especificidade e da sobrecarga promovem um aumento do grau do desempenho, visando a provocar alterações fisiológicas.

    Portanto, seguindo esta trajetória literária e metodológica, pode-se afirmar que a deterioração “normal” da função fisiológica com a idade pode ser atenuada ou revertida com o treinamento regular aeróbico e de força dentro da capacidade da população dos idosos que está sendo servida, com o objetivo de obter melhorias nestes componentes do condicionamento físico.

    A preocupação inicial desta pesquisa foi avaliar a qualidade de vida (QV – entendida aqui num sentido mais amplo de bem-estar geral) nos domínios capacidade funcional, aspectos físicos, estado geral de saúde, aspectos sociais e emocionais além de saúde mental de indivíduos com 60 anos ou mais que participam do projeto AFRID - Atividades Físicas e Recreativas para a Terceira Idade, tendo em vista a ampliação do campo de atendimento (criação de uma nova modalidade esportiva – FITNESS AFRID).

    Com a implementação desta modalidade, algumas capacidades funcionais, como resistência de força dos membros superiores, agilidade, equilíbrio, coordenação, flexibilidade e capacidade aeróbia, que declinam com o envelhecimento, podem ser melhoradas por meio das adaptações dos músculos esqueléticos ao treinamento proposto, aumentando assim a força dos músculos para andar, levantar de uma cadeira, ficar em pé, subir escadas, enfim, realizar atividades habituais, cotidianas (atividades de vida diária -AVDs e atividades instrumentais de vida diária -AIVDs).

    Com base nas informações citadas e tentando verificar se um programa regular de atividade física e recreativa (FITNESS AFRID) pode propiciar melhoria na qualidade geral de vida dos idosos e na aptidão física, que estão fortemente correlacionadas com a manutenção e/ou melhoria da independência e autonomia do idoso, é que se justifica este trabalho proposto.

    A pesquisa aqui apresentada nasceu do interesse de desenvolver uma nova atividade no projeto AFRID, buscando enfocar dois pontos aparentemente distintos: análise quantitativa relacionada a causa e efeito da prática de atividade física (autonomia, qualidade de vida, aptidão física), composição corporal e aptidão física versus pré e pós-atividades) e uma análise mais qualitativa (observação do pesquisador quanto à prática dos exercícios propostos, aplicação e análise de questionários e/ou depoimentos), tentando empreender estudos que envolvam a especificidade do envelhecimento de modo a vislumbrar possibilidades de iluminar o olhar sobre o envelhecimento e suas alterações inevitáveis.

    A atividade “FITNESS AFRID” foi criada com o propósito de oferecer uma modalidade diferente a ser praticada pela população idosa, porque já existiam atividades isoladas para esta população, como exercício resistido e aeróbio, mas são incipientes as pesquisas de um programa que agrupe estas duas formas de exercício.

    Por ser uma atividade com música e ritmos, a aula torna-se mais animada, havendo uma motivação para quem não gosta de fazer exercícios físicos ou para quem deseja iniciar alguma prática corporal. As aulas também possibilitam melhora na coordenação motora, mais agilidade, entretenimento, uma sensação de bem-estar e mais desenvoltura e facilidade nos movimentos do dia-a-dia.

    Inicialmente surgiram as seguintes indagações: Será que, com um treino mais específico, poderemos conseguir que os idosos adquiram mais flexibilidade articular em até 60%? Após três meses de aplicação do treino haverá melhora na agilidade e no equilíbrio dos idosos participantes? De quanto será o aumento da resistência de força muscular dos membros superiores desses indivíduos? Com todos os benefícios propostos, os exercícios do FITNESS AFRID irão auxiliar os idosos nas atividades de vida diária? As aulas trarão uma qualidade de vida e sensação de ´´bem-estar`` geral.

    A estas questões pretende a pesquisa responder, visando desta forma, contribuir para o avanço científico em aspectos relacionados a vida de milhões de pessoas que, com certeza, envelhecerão.

    Este estudo tem por objetivo geral avaliar o impacto provocado (nos domínios motor, social e psicológico), por uma nova modalidade de atividade física - FITNESS AFRID, organizada, produzida e implementada pelas pesquisadoras, com uma programação voltada para a recreação, a interação social e o movimento expressivo e espontâneo.

    De modo específico, pretende-se:

  • Divulgar no âmbito da Faculdade de Educação Física, na Universidade Federal de Uberlândia a implementação de uma nova modalidade esportiva do Projeto AFRID.

  • Aplicar os testes protocolados por AAHPERD (American Aliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance.), com o interesse de montar um banco normativo de dados para a população idosa.

  • Propor atividades dinâmicas e recreativas com o intuito de tornar as aulas mais prazerosas.

  • Propor exercícios simples, porém rítmicos, coordenativos, dinâmicos e alegres.

  • Verificar o nível de transferência de performance do treinamento resistido para a avaliação em testes específicos.

  • Aplicar testes específicos para avaliação física e funcional dos idosos – pré e pós realização do programa de atividade física determinado.

  • Maximizar o contato social, reduzindo os problemas psicológicos e consequentemente estimular suas funções cognitivas.

  • Aplicar os questionário PARQ, anamnese e de perfil sócio- demográfico.

  • Aplicar o questionário SF-36 (Medical Outcomes Study- 36 item Short Form Health Survey Questionnaire).

  • Publicar resultados da pesquisa em forma de artigo em periódicos de classificação ótima pela CAPES.

    Esperamos que o presente estudo, por um lado contribua para gerar programas de melhoria nas atividades físicas e ações educacionais voltadas para o viver com qualidade, como também auxiliar a produção científica e acadêmica e, por outro, para que os próprios idosos, conhecedores das limitações e possibilidades que o próprio envelhecimento acarreta, possam, de forma consciente, buscar alternativas saudáveis de bem viver a velhice.

Materiais e métodos

    Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa de campo. A população é formada por idosos voluntários participantes do projeto AFRID, e se desenvolve no Campus da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Uberlândia. O termo de consentimento livre foi entregue a cada participante para que, desta forma, todos fossem informados sobre o desenvolvimento da proposta de estudo. Fizemos uma leitura geral para todos os participantes e aqueles que quisessem obter informações com seus familiares poderiam fazê-las, comprometendo-se a devolver o documento assinado até o início da prática da nova modalidade em atividades físicas.

    A amostra dos sujeitos para a pesquisa foi inicialmente constituída por oito idosas voluntárias já participantes do projeto AFRID. A proposta era iniciar com uma amostra de 20 idosos, porém houve dificuldade no início do projeto de se conseguir o número desejado. Contudo, após três meses conseguimos mais oito alunas, totalizando 16 pessoas. Como houve desistência de algumas por problemas de saúde e/ou por não participarem frequentemente do treinamento, restaram apenas 12 voluntárias assíduas.

    A atividade sugerida pela pesquisadora é o FITNESS AFRID, um programa que engloba aulas com exercícios aeróbios que trabalham o sistema cardiovascular e também exercícios funcionais.

    O FITNESS AFRID é composto por aulas dinâmicas, pré-coreografadas. Durante o desenvolvimento da aula, os alunos usaram equipamentos como bolas, elásticos e colchonetes. As aulas foram oferecidas três vezes por semana, durante uma hora.

    Iniciávamos a aula com um aquecimento de aproximadamente 5 minutos, preparando as articulações e aquecendo o corpo, para assim poder aumentar a intensidade da aula, fazendo quatro músicas de trabalho cardiovascular com maior movimentação de membros superiores e inferiores, aumentando a frequência cardíaca com movimentos simples. Depois fazíamos quatro músicas de trabalho de força funcional, sendo uma de equilíbrio, duas de exercícios de resistência para membros superiores e inferiores, utilizando elásticos, e uma de fortalecimento dos músculos posturais. A aula terminava com um alongamento, possibilitando a volta à calma e relaxamento.

a.     Tratamento dos dados

    Foram aplicados testes em cada participante da pesquisa de três em três meses para obter uma análise de diferentes tempos de treino realizados pelas idosas.

    Os dados foram analisados de forma quali/quantitativa, dando maior ênfase na segunda, sem, contudo, deixar de valorizar ao máximo as verdades contidas nas relações próximas com os idosos, sujeitos da pesquisa.

    Para a análise dos dados quantitativos relativos às mudanças de desempenho na aptidão física (força, equilíbrio, velocidade, agilidade, percepção cognitiva, coordenação), foram utilizados testes de hipótese de significância da média das diferenças de cada variável. Neste estudo foi utilizado o teste t de Student para descrever e verificar relações entre as variáveis e para detectar as diferenças entre o pré e o pós teste, que, segundo Thomas e Nelson (2002), é apropriado para este tipo de estudo.

b.     Ambiente de estudo

    A pesquisa foi realizada na Faculdade de Educação Física (FAEFI), da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), no ginásio 7 (G7). A escolha do local se deu pelo fato de ser este um amplo espaço físico e ainda pela presença de espelhos, o que facilita a visão dos movimentos realizados pelos idosos para que fossem corrigidos, se necessário.

c.     Instrumentos

    Como instrumento de coleta de dados, na busca de informações sobre o objeto de estudo, foram utilizados questionários aplicados aos participantes da pesquisa. O primeiro era um instrumento de identificação, ou seja, uma anamnese detalhada para tomar ciência de questões relacionadas à idade, gênero, peso, exercício físico, tabagismo, pressão arterial, histórico familiar.

    Em seguida foi aplicado o questionário PARQ, objetivando identificar a necessidade de uma avaliação clínica ´´mais rigorosa`` antes do início da atividade física proposta pela nova modalidade a ser implantada.

    Vale salientar que todos os sujeitos da pesquisa já participavam do projeto AFRID e a estes foram solicitados atestados médicos (a cada 6 meses), os quais deveriam indicar se os idosos estavam aptos ou não para a prática da atividade física.

    Tendo em vista a extensão do questionário de qualidade de vida (QV)-SF36, sua aplicação foi agendada com antecedência com as informantes. Todo o documento foi lido para estas com o fato de dar ciência de seu conteúdo e a razão de ele ser aplicado: colher dados sobre a saúde de cada uma, sobre como se acentuam e quanto seriam capazes de realizar suas AVDs.

    Para avaliação da aptidão funcional foi utilizada a bateria de testes de capacidade funcional da AAHPERD (American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance). Esta bateria é composta por cinco testes motores que avaliam a agilidade e o equilíbrio dinâmicos, coordenação, flexibilidade, força de membros superiores e a capacidade aeróbia. Foram aplicados pré e pós atividade física com o propósito de verificar resultados e compará-los posteriormente aos testes de performance. Os testes aplicados foram:

1.     Teste de agilidade e equilíbrio dinâmico (AGIL)

    O participante inicia o teste sentado numa cadeira com os calcanhares apoiados no solo. Ao sinal de “pronto, já”, levanta-se e dirige-se para a direita e circunda um cone posicionado a 1,50m para trás e 1,80m para o lado da cadeira, retorna e senta-se. Imediatamente se levanta novamente, move-se para a esquerda e circunda o segundo cone, retornando para a cadeira e sentando-se novamente. Isto completa um circuito. O avaliado deve concluir dois circuitos completos. Para certificar-se de que realmente o avaliado se senta após retornar da volta ao redor dos cones, ele deve fazer uma leve elevação dos pés, retirando-os do solo. São realizadas duas tentativas e o melhor tempo (o menor) é anotado em segundos como o resultado final.

2.     Teste de coordenação (COO)

    Um pedaço de fita adesiva com 76,2 cm de comprimento é fixado sobre uma mesa. Sobre a fita são feitas 6 marcas com 12,7 cm equidistantes entre si com a primeira e última marca a 6,35cm de distância das extremidades da fita. Sobre cada uma das 6 marcas é afixado, perpendicularmente à fita, um outro pedaço de fita adesiva com 7,6cm de comprimento. O participante senta-se de frente para a mesa e usa sua mão dominante para realizar o teste. Se a mão dominante for a direita, uma lata de refrigerante é colocada na posição 1, a lata dois na posição 3 e a lata três na posição 5. A mão direita é colocada na lata 1, com o polegar para cima, estando o cotovelo flexionado num ângulo de 100 a 120 graus. Quando o avaliador sinaliza, um cronômetro é acionado e o participante, virando a lata, inverte sua base de apoio, de forma que a lata 1 seja colocada na posição 2; a lata 2 na posição 4 e; a lata 3 na posição 6. Sem perda de tempo, o avaliado, estando agora com o polegar apontado para baixo, apanha a lata 1 e inverte novamente sua base, recolocando-a na posição 1 e, da mesma forma, procede colocando a lata 2 na posição 3 e a lata 3 na posição 5, completando assim um circuito. Uma tentativa equivale à realização do circuito duas vezes, sem interrupções. Caso o participante seja canhoto, o mesmo procedimento é adotado, mas com as latas colocadas a partir da esquerda, invertendo-se as posições. A cada participante são concedidas duas tentativas de prática, seguidas por outras duas válidas para avaliação, sendo estas duas últimas anotadas até décimos de segundo, e considerado como resultado final o menor dos tempos obtidos.

3.     Teste de Flexibilidade (FLEX)

    Uma fita adesiva de 50,8 cm é afixada no solo e uma fita métrica de metal também é afixada no solo perpendicularmente, com a marca de 63,5 cm diretamente colocada sobre a fita adesiva. São feitas duas marcas equidistantes 15,2 cm do centro da fita métrica. O participante, descalço, senta-se no solo com as pernas estendidas, os pés afastados 30,4cm entre si, os artelhos apontando para cima e os calcanhares centrados nas marcas feitas na fita adesiva. O zero da fita métrica aponta para o participante. Com as mãos uma sobre a outra, o participante, vagarosamente, desliza as mãos sobre a fita métrica tão distante quanto pode, permanecendo na posição final no mínimo por 2 segundos. O avaliador segura o joelho do participante para não lhe permitir que flexione. São oferecidas duas tentativas de prática, seguidas de duas tentativas de teste. O resultado final é dado pela melhor das duas tentativas anotadas.

4.     Teste de resistência de força de membros superiores (RESIFOR)

    É utilizado um halter pesando 1,84kg para as mulheres (peso proposto 2Kg) e para homens 3,63kg (peso proposto 3kg) O participante senta em uma cadeira sem braços, apoiando as costas no seu encosto, com o tronco ereto, olhando para a frente e com a planta dos pés completamente apoiadas no solo. O braço dominante deve permanecer relaxado e estendido ao longo do corpo, enquanto a mão não dominante apóia-se sobre a coxa. O primeiro avaliador se posiciona ao lado do avaliado, colocando uma mão sobre o seu bíceps e a outra suporta o halter que é colocado na mão dominante do participante. O halter deve estar paralelo ao solo com uma de suas extremidades voltadas para a frente. Quando o segundo avaliador responsável pelo cronômetro sinalizar, o participante contrai o bíceps, realizando uma flexão do cotovelo até que o antebraço toque a mão do primeiro avaliador, que está posicionada no bíceps do avaliado. Quando a tentativa de prática for completada, o halter é colocado no chão e 1 minuto de descanso é permitido ao avaliado. Após esse tempo, o teste é reiniciado, repetindo-se o mesmo procedimento, mas desta vez o avaliado realiza o maior número de repetições que conseguir no tempo de 30 segundos, sendo anotado como resultado final do teste o melhor desempenho de duas tentativas realizadas.

5.     Teste de capacidade aeróbia e habilidade de andar (CA)

    O participante é orientado para caminhar (sem correr) 804,67 metros, numa pista de atletismo de 400 m, o mais rápido possível. O tempo gasto para realizar tal tarefa é anotado em minutos e segundos e reduzido a segundos.

d.     Características da população

    A população do estudo foi constituída por um grupo de pessoas que participam das atividades do AFRID semanalmente, estando na faixa etária de 60 anos ou mais, residentes em Uberlândia.

e.     Justificativa de uso deste grupo

    O uso desta população do programa AFRID se justifica pela proposta da pesquisa em adaptar uma atividade de FITNESS para esta população. Esta iniciativa testa a viabilidade da inclusão de mais uma modalidade a ser praticada pela população idosa, visando a auxiliar na melhora da qualidade de vida dos mesmos, tendo em vista o processo inovador que esta atividade pode proporcionar.

f.     Planos de recrutamento

Critérios de inclusão

  • Pessoa com 60 anos de idade ou mais.

  • Participar voluntariamente do programa de atividade física oferecido pelo Projeto AFRID

  • Ter disponibilidade para participar do programa de forma assídua e responsável

  •  Ser residente em Uberlândia – MG

  • Apresentar atestado do médico particular e encaminhamento para as atividades físicas

  • Não possuir dependência física limitante (com acompanhamento é permitida a participação)

Critérios de exclusão

  • Já ter praticado atividade semelhante ao FITNESS AFRID.

Resultados e discussão

    A apresentação dos dados foi realizada pela análise do perfil socio-demográfico, seguida de uma anamnese detalhada (PAR-Q) e do questionário de qualidade de vida SF- 36.

    Na tabela 1 são apresentados os dados do perfil sociodemográfico.

Tabela 1. Perfil Sociodemográfico

Grupo 1

Grupo 2

Sexo: feminino

Sexo: feminino

Número de voluntárias: 6

Número de voluntárias: 6

Idade média (∑): 64,5 anos

Idade média (∑): 63,5 anos

Desvio padrão (σ): 5,04

Desvio padrão (σ): 4,88

    Primeiramente analisamos de forma descritiva a distribuição em porcentagem dos dados sobre estado civil, escolaridade, saúde, aposentadoria, com quem moram e quanto tempo por dia e com que frequência praticam atividades físicas.

    No grupo 1 (G1), 50 % das idosas são casadas, 16,7%, solteiras e 33,33% viúvas. Já no grupo 2 (G2), 33,3% são casadas; 33,3%, divorciadas e 33,3%, viúvas.

    Quanto à escolaridade, 33,3% cursaram o ensino básico, 33,3%, o ensino médio e 33,3%, a graduação. No segundo grupo, 50% cursaram o ensino básico, 16,7%, o ensino fundamental, 16,7%, o ensino médio e 16,7%, a graduação.

    Grande parte das idosas é casada, com baixa escolaridade, não aposentada e possuidora de doenças crônicas.

    Esses dados confirmam a previsão de Berquó (1996) de que no século XXI a população teria baixa escolaridade, analfabetismo elevado entre os idosos, principalmente entre mulheres idosas, pelo difícil acesso à educação escolar.

    No grupo 1 as idosas que sofrem de doenças crônicas representam 83,4% e as que não sofrem 16,7%. Entre as doenças crônicas, as citadas com maior frequência foram problemas de coração (16,7%) e hipertensão (66,7%). No grupo 2, as idosas que têm doenças crônicas são 66,7% e 33,3% não têm. Entre as doenças crônicas, as citadas com maior frequência foram problemas de coração (16,7%) e hipertensão (50%).

    Com relação à saúde, observa-se que, entre as doenças crônicas, a hipertensão aparece em primeiro lugar; seguida da cardiovascular. Ambas são consideradas importantes problemas de saúde pública e merecem destaque, pois é possível promover ações para sua prevenção.

    Estudos comprovam que a prevalência da hipertensão aumenta com a idade e sua magnitude depende dos atributos biológicos/demográficos das populações, do estilo de vida predominante em cada uma delas, do ambiente físico e psicossocial, das características da organização dos serviços e das respectivas interações entre estes vários elementos. (LESSA, 1998).

    Quanto à aposentadoria, no primeiro grupo 33,3% das idosas são aposentadas e 66,7%, não. No outro, 50% são aposentadas e 50%, não.

    A maioria das voluntárias não dispõe deste direito, o que certamente dificulta seu acesso a recursos básicos para uma boa qualidade de vida.

    Das idosas entrevistadas, 16,7% moram com cônjuge, filhos e netos; 16,7%, com cônjuge; 33,3% somente com os filhos; 16,7% com irmãos e 16,7% com cônjuge e filhos. Já no segundo grupo, 33,3% moram com cônjuge e filhos, 16,7% com filhos e 50% moram sozinhas.

    Também esses dados confirmam o que Berquó (1996) previa para o século XXI, a maioria das idosas seriam viúvas, morando na casa dos filhos ou sozinhas.

    Quanto à prática diária e semanal de exercícios físicos, constata-se uma boa adesão a eles, pois todas as participantes de ambos os grupos praticam mais de 30 minutos de exercícios por dia mais de três vezes por semana. Os idosos, por efeito da divulgação de informações sobre a relação entre saúde e atividade física, estão se preocupando em manter a longevidade com independência.

    Na tabela 2 apresentam-se os dados sobre tabagismo, problemas de coração e sobre o uso de medicamentos para pressão arterial.Tabela 2. Resultados da aplicação do questionário: PAR-Q e Anamnese

   

Grupo 1

 

Grupo 2

 

  

Sim

Não

%

Sim

Não

%

Fumante

0

6

100

0

6

100

Problemas de Coração

1

5

83.3

1

5

83.3

Medicamentos Pressão Arterial

4

2

66,7

4

2

66,7

    A partir da análise do questionário PAR-Q, constatamos que a população estudada se apresentou como não fumante, algumas com problemas de coração e hipertensas usuárias de medicamentos.A tabela 3 apresenta os dados da avaliação da capacidade funcional. Entre as capacidades avaliadas estão: agilidade e equilíbrio dinâmico; coordenação; flexibilidade; força de membros superiores e a capacidade aeróbia.

Tabela 3. Resultados da Média (∑), desvio padrão (σ) e Test t de student das capacidades funcionais avaliadas

   

Grupo 1 (n=6)

  

Grupo 2 (n=6)

  

   

Antes

Depois

P- valor

Antes

Depois

P- valor

Flexibilidade (cm)

28.00± 9,01

53.75± 20,91

0.0051**

28.42±8,20

58.67±8,68

0.0001**

Coordenação (seg)

7.52 ± 0,55

7.14 ± 0,59

0.3753

7.77± 1,20

7.43± 1,49

0.4710

Força (n° de rep)

17.67± 3,93

23.67± 1.97

0.0105*

19.00± 2,00

22.33± 2,17

0.0041**

Agilidade e equilíbrio (seg)

15.35 ±1,54

12.50 ±1,87

0.0623

14.29±1,56

12.20± 2,27

0.014*

Capacidade aeróbia (seg)

 

496.83± 42,90

461.33± 28,24

0.0182*

496.3±46,40

486.83±51,46

0.1770

*, **, significativo a 5% e a 1%, respectivamente pelo teste t.

    Escolhemos avaliar essas capacidades, pois o FITNESS AFRID engloba tanto exercícios aeróbios, que trabalham o sistema cardiovascular, quanto exercício funcional (resistido), que visa justamente a treinar aqueles grupos musculares que servirão de base para movimentos do dia-a-dia.

    Os exercícios resistidos estimulam a força, potência, resistência, flexibilidade e coordenação. A resistência é aumentada devido ao prolongamento de esforços musculares intensos, a flexibilidade também aumenta porque os limites dos movimentos são solicitados nas amplitudes articulares disponíveis e a coordenação é melhorada por serem exercícios amplos e lentos, estimulando terminações nervosas proprioceptoras, responsáveis pelo incremento no equilíbrio, precisão de movimentos e consciência corporal (SANTAREM, 1999).

    Já o exercício aeróbio proporciona benefícios em relação à potência aeróbica em indivíduos idosos, provocando assim melhorias na aptidão física. Segundo Pechar (1974, In Mc Ardle et al., 1998), a especificidade do treinamento aeróbico está relacionada aos músculos que participam do desempenho desejado, já que as solicitações neuromusculares e motoras exigidas promovem adaptações fisiológicas específicas e correspondentes, a sobrecarga deve ser aplicada de modo a exercitar os grupamentos musculares específicos solicitados no desporto e com intensidade suficiente, estimulando aumentos no volume de ejeção e no débito cardíaco e atuando como facilitadora tanto no transporte de oxigênio quanto na utilização, no nível local, dos músculos treinados.

    Segundo Dantas (1998), o treinamento aeróbio pode ter finalidade estética, visando ao emagrecimento, ou seja, a diminuição da gordura corpórea, ou, até certo grau, visando à modelagem corporal com aumento de massa muscular.

    O treinamento aeróbio para esta população pode também ter fins profiláticos, protegendo os idosos de possíveis doenças geradas pela hipocinesia, ou ainda finalidade terapêutica, quando atua como coadjuvante em tratamentos de algumas patologias em idosos com a finalidade de estabilizar disfunções ou afecções advindas de certas doenças como, por exemplo, o diabetes.

    Foram observados ganhos em quase todas as capacidades funcionais analisadas em ambos os grupos. Porém, o G1 apresentou diferenças significativas estatisticamente nas variáveis: flexibilidade, força e capacidade aeróbia. Já o G2 apresentou diferenças significativas estatisticamente nas variáveis: flexibilidade, força, agilidade e equilíbrio dinâmico. O ganho de flexibilidade e força se deu nos dois grupos pela característica do programa FITNESS AFRID, que visa a trabalhar valências funcionais com o uso de elásticos, melhorando a força, e com o uso de alongamentos que proporcionaram uma melhora da flexibilidade.

    O fato de a agilidade ter sido significativa estatisticamente somente no grupo 2 se justifica pelo reduzido número de indivíduos na amostra.

    Já a capacidade aeróbia foi significativa apenas no grupo 1 e isso está relacionado ao maior tempo de treinamento deste grupo em relação ao segundo.

    Na tabela 4, são apresentados os dados da aplicação do questionário SF-36.Tabela 4. Distribuição das médias, desvios padrão dos domínios e componentes do SF-36 para o grupo de estudo

Dominio e componentes

(∑)

(σ)

capacidade funcional

80,83

13,46

aspectos físicos

89,58

16,71

dor

65,92

16,68

estado geral da saúde

86,00

13,42

aspectos emocionais

77,78

35,77

vitalidade

75,83

9,25

saúde mental

79,33

9,62

aspectos sociais

87,50

13,06

componente físico

52,10

5,92

componente mental

52,82

8,56

    A tabela 4 traz informações sobre a qualidade de vida dos idosos. As idosas avaliadas nesse questionário apresentaram melhor domínio nos aspectos físicos e mentais. Acreditamos assim, que a atividade física proporciona a esta população, juntamente com o convívio com outras pessoas, a diminuição do estresse, da ansiedade e minimização de dores, sendo importante o organismo humano apoiar-se nestes dois domínios.

Conclusão

    A especificidade do FITNESS AFRID se mostrou eficiente ao melhorar capacidades funcionais das idosas praticantes deste programa, como a flexibilidade em mais de 60%, coordenação, força de membros superiores, agilidade dinâmica e capacidade aeróbia, fundamentais para que tenham um envelhecimento com maior independência e saúde. Apesar de a coordenação motora não ter apresentado ganhos significativos estatisticamente, observou-se que houve melhora de acordo com o testemunho das voluntárias e pela observação do professor que ministrava a aula.

    O FITNESS AFRID, por ser um treinamento em grupo que estimula a comunicação, cria relações positivas entre os participantes, fazendo-os sentir-se parte de um grupo, torna a aula mais interessante e o aluno aproveita bem, gerando bem estar.

    Os benefícios extrapolaram a esfera física, atingindo também a psicossocial, como foi observado nas respostas aos questionários que visavam a avaliar a qualidade de vida relacionada com a prática de atividade física regular. Quanto melhores forem as condições de um indivíduo em relação a esses aspectos, menor será sua vulnerabilidade ao estresse psicológico, com frequência causador de outras doenças. Desta maneira, as atividades físicas precisam ser adequadas para os idosos, visando à especificidade e funcionalidade de suas atividades de vida diária.

    O estudo identificou o perfil dos idosos praticantes de atividade física e verificou que atividades com essa característica têm aumentado e/ou mantido os níveis de satisfação com a vida e a autopercepção positiva de suas habilidades físicas.

    Acreditamos que os dados contidos neste trabalho poderão subsidiar os educadores físicos e profissionais da área de Gerontologia, da Assistência Social e outros, que lidam com a população de melhor idade em suas ações, permitindo-lhes planejar trabalhos com intervenções mais adequadas a atingir o objetivo de um envelhecimento independente e saudável. O FITNESS AFRID foi proposto a fim de servir aos idosos como uma opção diferente e divertida, mais não menos eficiente para a promoção da qualidade de vida.

Referências bilbiográficas

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  • BERQUÓ, E. Algumas considerações demográficas sobre envelhecimento da população no Brasil. Anais do I Seminário Internacional Populacional: uma agenda para o final do século. Brasília: Ministério da Previdência, Assistência Social e Secretaria da Assistência Social, 1996.

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  • DANTAS, E.H. A prática da Preparação Física 4°ed. Rio de Janeiro: Shape 1998

  • D`ÈLBOUX, Maria José; NÈRI, Anita Liberalesso; CACHIONI Meire. Saúde e qualidade de vida na velhice – Campinas, SP Editora Alínea, 2004

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  • Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (IBGE). Capturado ás 18:36 do dia 08/09/07 em http://www.ibge.gov.br.

  • KOPILER, Daniel Arkader. Atividade física na terceira idade/ Anging Health. Rev SocerJ, 1997.

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  • MAZO, G. Z, LOPES, M. A. e BENEDETTI, T. B. Atividade física e o idoso: concepção gerontológica. PortoAlegre: Sulina, 2001. 240 p.

  • MCARDLE, W.D., KATCH, F.I. & KATCH, V.L. Fisiologia do Exercício - Nutrição e Desempenho Humano. 4°ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998

  • SANTAREM, J. M. Treinamento de força e potência. In: O exercício: preparação fisiológica, avaliação médica, aspectos especiais e preventivos. São Paulo: Atheneu, 1999.

  • SHEPARD, Roy J. Envelhecimento, Atividade Física e Saúde – São Paulo: Porte, 2003. Tradução: Maria Aparecida da Silva Pereira Araújo.

  • ZAGO, Anderson Saranz; GOBBI Sebastião. Valores normativos da aptidão funcional de mulheres de 60 a 70 anos- R. Bras Ci. Mov Brasília, 2003

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