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O histórico da menstruação e sua relação com a saúde da mulher

 

*Fisioterapeuta e Mestranda do Programa de Pós-Graduação

em Reabilitação e Inclusão - PPGRI/IPA.

**Docente do Programa de Pós-Graduação

em Reabilitação e Inclusão - PPGRI/IPA

(Brasil)

Fabiana Carvalho*

fabi@cybermais.net

Atos Prinz Falkenbach**

atos.falkenbach@metodistadosul.edu.br

 

 

 

Resumo

          O presente artigo desenvolve reflexões acerca do histórico e das repercussões sociais na menstruação feminina. O estudo desenvolve reflexões a partir das posições teóricas de três principais referenciais sobre o tema que são os autores: Coutinho, Berenstein e Cheniaux Junior. Apresenta as posições dos teóricos acerca dessa importante característica fisiológica feminina e relaciona com a realidade contemporânea da mulher. O estudo é de caráter qualitativo e bibliográfico. As reflexões realizadas permitem compreender que o histórico do fenômeno da menstruação feminina em nada se parece com o momento atual da mulher, bem como destaca os posicionamentos convergentes e divergentes dos autores acerca de aspectos como: pontos positivos e negativos da menstruação, aprendizagem comportamental relacionada ao processo da menstruação e a sexualidade na menstruação.

          Unitermos: Desenvolvimento humano. História. Saúde da mulher.

 

Abstract

          The present article develops reflections concerning the description and of the social repercussions in the feminine menstruation. The study it develops reflections from the theoretical positions of three main referenciais on the subject that are the authors: Coutinho, Berenstein and Cheniaux Júnior. It presents the positions of the theoreticians concerning this important feminine physiological characteristic and relates with the reality contemporary of the woman. The study it is of qualitative and bibliographical character. The carried through reflections allow to understand that the description of the phenomenon of the feminine menstruation in nothing is looked like the current moment of the woman, as well as it detaches the convergent and divergent positionings of the authors concerning aspects as: positive and negative points of the menstruation, mannering learning related to the process of the menstruation and the sexuality in the menstruation.

          Keywords: Human development. History. Woman health

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 135 - Agosto de 2009

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Introdução

    O ciclo menstrual feminino sempre foi motivo de especulações, seja por ser uma incógnita, seja por ser um determinante de alguns rótulos ao longo do tempo. Durante o desenvolvimento de nossa civilização, as mulheres passaram por diversas situações, que atualmente vemos de forma cômica ou desumana. Principalmente nas eras primitivas, a menstruação, mesmo sem os seres humanos o saberem de fato, era vinculada ao sexo, e é inegável essa correlação.

    O presente ensaio apresenta reflexões acerca das idéias de Coutinho (1996) que é médico ginecologista que propõe a supressão da menstruação com base na análise do desenvolvimento feminino sob o aspecto da menstruação em várias épocas da história humana. Também reflete as compreensões de Berenstein (2001) médico ginecologista e relacionadas com a visão do médico psiquiatra Cheniaux Junior (2001). Os três autores serão comparados na tabela ao final do texto.

    O estudo do fenômeno da menstruação é interessante pelo fato de apresentar compreensões históricas que efetivamente podem ser desconhecidas desse processo fisiológico. A história do comportamento humano e suas relações com o processo da menstruação possuem estreita relação, tal aspecto é fundamental para as compreensões acerca do comportamento humano e da realidade histórica do ser humano.

Compreensões de Coutinho acerca do histórico da menstruação

    Segundo Coutinho (1996) as mulheres na pré-história apresentavam um ciclo menstrual que iniciava normalmente aos 18 anos, devido supostamente ao quadro de subnutrição que as mulheres da época deveriam ter, principalmente pelas longas caminhadas da vida nômade e da escassez de alimentos. Quando entravam na menarca (primeira menstruação), elas passavam a chamar a atenção dos homens da tribo, e as relações sexuais ocorriam naturalmente pela atratividade das fêmeas e pela agressividade sexual dos machos. As fêmeas humanas sempre disponíveis tornavam-se mais desejáveis nos dias que precedem e nos dias em que ocorrem as ovulações, seguindo o instinto natural da oscilação dos hormônios. Normalmente a concepção ocorria naturalmente nos primeiros ciclos, o que determinava a amenorréia (ausência da menstruação) durante a gravidez e a lactação. Como a expectativa de vida nesse período do desenvolvimento humano era em torno de 33 anos para o homem e de 28 para as mulheres, a suposição de que a mulher paleolítica estaria a maior parte da vida grávida ou amamentando, ou seja, em amenorréia contínua durante sua vida, é reforçada por evidências que demonstram que naquela época o número de homens era três vezes maior que o de mulheres, sendo difícil para as mulheres escaparem do assédio sexual dos homens, engravidando muitas vezes. A mortalidade feminina era maior, principalmente por problemas reprodutivos, e muitas mulheres morriam durante o parto. Como as mortes infantis também eram freqüentes, embora houvesse muitas gestações, a população crescia muito pouco.

    Quando os seres humanos primitivos passaram a viver em grupos e a se entender por meio de linguagem, chegamos à fase de civilização. Nessa fase a situação da mulher passou a mudar, e a organização social que passou a existir, dividia a vida em tarefas específicas para homens e mulheres, que teriam que prestar contas de seus atos a alguém, que no caso eram os mais velhos e experientes membros da comunidade. Para atender aos interesses da sociedade, a liberdade sexual praticada anteriormente na vida selvagem não era mais permitida, e o acasalamento obedecia a regras pré-estabelecidas, surgindo a oficialização do casamento. Dessa forma, ter filhos passou a ser um objetivo de grande interesse social, devido a grande mortalidade existente nessa época devido as guerras, as endemias e epidemias. Começou-se a condenar os casais sem filhos, ou os jovens que permanecessem solitários e não criassem filhos, ou, mais cruel ainda, a jovem que não fosse deflorada nem engravidasse.

    Nessa época os casamentos monogâmicos passaram a ser arranjados pelos pais na infância ou até mesmo antes do nascimento dos filhos. Quando chegava à puberdade a menina deixava sua família para ser introduzida na família do esposo e lá permanecia até a morte, a não ser que fosse estéril o que determinava a rejeição por parte de esposo. Devido às solicitações da época, as mulheres assim casadas tinham filhos sucessivamente, menstruando, portanto, só raramente. Menstruar regularmente durante muitos anos era destino reservado para as mulheres que não conseguiam ter filhos, e assim sendo, eram consideradas doentes, sendo rejeitadas pelos maridos e condenadas à prostituição.

    Normalmente as prostitutas eram inférteis, ou quando não eram inférteis, elas não desejavam ter filhos, praticando o aborto ou infanticídio. A profissão de prostituta, considerada a mais antiga do mundo, tinha na época das civilizações mais primitivas, uma estreita relação com a incapacidade de ter filhos e constituir família.

    As prostitutas mantinham uma função social de preservação da família (dos outros), uma vez que evitava os perigos do adultério, atraindo os homens para os prazeres sem conseqüências e sem perspectivas de concepção proporcionadas por profissionais que não engravidavam.

    Já na época da Grécia Antiga, grandes vultos como Pitágoras, Aristóteles, Sócrates e Hipócrates, dentre outros, transformaram a Grécia no berço da sabedoria em praticamente todas as áreas do conhecimento. No caso da medicina e menstruação, Hipócrates, sem ter como examinar cadáveres humanos, pensava que o útero fosse subdividido internamente, formando inúmeras subdivisões e saliências, e que o seu interior contivesse tentáculos e ventosas. Ainda assim Hipócrates foi quem primeiro analisou o fenômeno da menstruação, atribuindo ao mesmo uma função benéfica à saúde.

    Durante o Império Romano (século II a.C. até o século IV), em torno do ano 60, Plínio, o velho, escreveu História Natural, a primeira enciclopédia da história. No volume de biologia, ele descreve o sangue da menstruação como um veneno fatal que mata os insetos, definha as plantas, murcha as flores, apodrece as frutas e cega as navalhas. Para ele, se a menstruação coincidir com um eclipse da lua ou do sol, os males serão irremediáveis. Relações sexuais com uma mulher menstruada podem ser fatais para o homem. A autoridade dele não era desafiada, seja por falta de fonte confiável, seja por que as afirmações não podiam ser testadas. Resumindo: ele atribuía ao sangue menstrual um caráter venenoso e considerava a sua descarga mensal um fenômeno purificador para a mulher, porém perigoso para aqueles que entrassem em contato com ela. Somente após catorze séculos depois de ter vivido é que sua influência diminuiu. Essa má impressão dos antigos sobre os sangue menstrual transformou-se em verdadeiro tabu, adotado por todas as religiões que excluem a mulher da vida social durante o período menstrual por encontrar-se impura. Ainda em Roma, cerca de um século depois, a menstruação ainda era alvo de rótulos negativos. Com a reputação de “sangue ruim”, o sangue menstrual deveria ser expurgado, argumento reforçado por Galeno, médico famoso da época que escreveu sobre os benefícios dos sangramentos purificadores.

    Na época do Paganismo e do Politeísmo e a ascensão do Cristianismo, a situação mudou profundamente, porque a nova religião pregava a abstinência sexual como a melhor forma de servir a Deus.

    Durante a Idade Média, houve uma prolongada estagnação da ciência e a igreja católica passou a dominar a escrita e o pensamento. Foram séculos dominados pela superstição e medo, pela busca do céu e a fuga do inferno. As solteiras estavam condenadas a menstruar a vida inteira, e como para os médicos era benéfico para a saúde “jogar aquele sangue fora”, não havia quem não aceitasse resignadamente a ocorrência da menstruação. Nessa época não eram apenas as inférteis, prostitutas e doentes que menstruavam, mas as mulheres mais “puras”, as “santas”, que repudiavam o sexo, apesar de férteis, também menstruavam a vida toda.

    Do mesmo modo que as fêmeas dos primatas não-humanos quando segregadas dos seus machos no cativeiro, as mulheres passaram a menstruar repetidamente quando foram sujeitas à indisponibilidade sexual e conseqüente não existência de gravidez imposta pelos interesses da sociedade.

    Com a Renascença foi possível a retomada das iniciativas da ciência, e foi possível, pela primeira vez, conhecer a anatomia e fisiologia da mulher por meio de estudos que permitiram afastar conceitos absurdos e fantasiosos sobre o útero feminino e sobre a circulação do sangue.

    Somente no final do século XIX e principalmente no século XX, a partir da descoberta dos hormônios, se tornou possível compreender de fato o que era a menstruação, um fenômeno inteiramente governado pela atividade endócrina do ovário, cuja repetição mensal resulta exclusivamente de uma falha reprodutiva. A progressiva redução da idade da menarca através dos tempos continuou até o século XX, quando as mulheres ocidentais passaram a menstruar em torno de 10 a 11 anos de idade, principalmente pelo fato de que cada vez mais precocemente se atinge o peso necessário para desencadear a menarca.

Concepções de Berenstein sobre o histórico da menstruação

    De acordo com o autor Berenstein (2001), médico ginecologista, a análise histórica da menstruação como feita pelo autor Elsimar Coutinho não foi realizada, porém ele escreve sobre o ancestral do Homo Sapiens, os Australopithecus afarensis, chamados de símios, e com isso faz uma relação semelhante ao autor descrito anteriormente. A diferença é que ele descreve a rotina desses ancestrais, que são extremamente instintivos. O que ele relata sobre o possível cotidiano deles é impressionante devido à instintividade relacionada à atividade sexual. Nessa descrição vemos que a atividade sexual dessa espécie obedecia exclusivamente a uma ação hormonal, e o ato sexual ocorria quando as fêmeas entravam no cio e liberavam uma substância chamada de ferormônio. Os machos atraídos pelo odor copulavam com a fêmea em uma sedução que ocorria apenas pela bioquímica dos genitais. Se elas ficassem grávidas, outros hormônios eram liberados (gonadotrofina coriônica), que afastavam os machos, fazendo com que as fêmeas não tivessem mais interesse pelo ato sexual. Seus interesses estavam voltados para as demais fêmeas, que iriam auxiliar no parto e nos cuidados à prole. Quando estavam amamentando liberavam outro hormônio, a prolactina, que também as mantinha afastadas dos machos, principalmente porque precisavam garantir a sobrevivência dos filhotes. A espécie humana é a única em que a mulher faz sexo estando grávida ou amamentando, mesmo tendo a influência dos mesmos hormônios. Após essa explanação ele continuou fazendo o relato da forma como nossos ancestrais foram evoluindo até chegarmos ao Homo Sapiens. Isso inclui a alteração do posicionamento dos órgãos genitais externos, que ficavam para trás, abaixo da coluna lombar; para frente, entre as pernas. Com isso a posição dos parceiros durante a cópula mudou, e, um ato totalmente instintivo que ocorria sem que os parceiros se olhassem – por trás, foi trocado para o ato como o conhecemos hoje, em que os parceiros passaram a se olhar, e com isso o afeto começou a tomar espaço nas atividades sexuais, além da bioquímica.

    Apesar dessa concordância sobre instintos, ele mostra os benefícios da menstruação.

    Ele confere à menstruação e à ciclicidade propiciada pela variação hormonal o fato de que as mulheres são mais maleáveis e se adaptam melhor a diversas situações, conseguindo ter criatividade de realizar e resolver várias atividades ao mesmo tempo, tais como cuidar da casa, dos filhos e do trabalho. Em uma referência a pesquisas realizadas, ele mostra que graças ao estrogênio as células nervosas do cérebro conseguem criar mais conexões.

    Ele faz referências ao ciclo como algo natural, e se ele ocasiona dor ou desconforto, estes devem ser tratados com medicamentos ou com terapias próprias para cada caso.

    O que é marcante na escrita de Berenstein (2001), é que ele identifica nas mulheres comportamentos determinados em cada fase do ciclo e que, se as mulheres conhecessem seu corpo e a fase do ciclo em que estão poderiam fazer com que os hormônios atuassem a seu favor. Seria mais ou menos como se elas aprendessem uma nova forma de agir e de evitar situações que prejudicariam suas relações interpessoais nas fases em que se encontram. Também mostra que estimular determinadas atitudes de acordo com a fase por outro lado melhoraria alguns aspectos dos relacionamentos que a mulher tem no dia-a-dia. A forma com que ele propõe isso é a realização de um hormonograma diário, que pode ser realizado pela própria mulher e que fornece um gráfico ao final do mês mostrando as oscilações hormonais a que ela está sujeita. Assim ela pode identificar cada fase e mudar atividades que – ela previamente responderia negativamente – e alterar suas relações interpessoais.

    Ele faz referência ao modelo feminino e masculino e faz algumas inferências a respeito dos hormônios que estão relacionados a isso. Ou seja, ele explica que as mulheres têm bioquimicamente mais diversidade hormonal, o que faz com que ela se desenvolva mais ricamente. Ela possui os andrógenos (embora em menor quantidade que os homens) hormônios com características masculinas, o que lhes confere certo grau de competitividade, agressividade, e os complementa com os hormônios femininos, estrogênio e progesterona. Já os homens têm a falta da progesterona por toda a fase de sua vida, o que pode explicar a limitação em entender determinados aspectos da feminilidade.

Reflexões de Cheniaux Junior sobre a menstruação e seu processo histórico

    O terceiro autor, Cheniaux Junior (2001), médico psiquiatra, aborda o aspecto da síndrome de tensão pré-menstrual (STPM), porém relata no início do livro dados que corroboram com a análise histórica da menstruação. Ele relata que o sangramento menstrual havia sido relacionado com sujeira, perigo, lesão, doença e magia. Embora mais simplista e pouco aprofundado, ele mostra que Aristóteles afirmou que o reflexo de uma mulher menstruada em um espelho poderia enfeitiçar qualquer pessoa que, em seguida o mirasse. Ele também faz referência a Plínio, que dizia que o fluxo menstrual azedava o vinho, estragava a colheita, destruía árvores e plantas, enferrujava o bronze e o ferro e enlouquecia cães.

    Até hoje tem sido impostas restrições comportamentais às mulheres menstruadas, como evitar manipular certos alimentos, pelo risco de contaminá-los, não podem comer determinados pratos, lavar a cabeça, tomar banho ou manter relações sexuais.

    O autor aborda que desde que a menstruação começou a ser estudada já se verificava que ela poderia causar problemas, muito conhecidos hoje como a STPM. Antigamente Hipócrates deu o nome de Doença das virgens à idéia de que a retenção da menstruação seria capaz de provocar alterações no comportamento, delírios, alucinações e ideação suicida. Diversos autores fizeram muitas correlações, até chegarem ao que temos hoje como definição de STPM.

    Enfim, sendo a menstruação um fenômeno puramente fisiológico, saudável e natural na maioria das mulheres, é incrível como chegue ao século XXI como um tabu, embora desconfortos menstruais devam ser resolvidos com uso de medicamentos ou terapias complementares. A menstruação deveria ser levada mais levemente, e não como um “fardo”, já que faz parte da fisiologia normal da mulher. Diversos estudos têm tentado mostrar o que é melhor: a supressão da menstruação ou a continuidade do ciclo, mas até agora não chegaram a um consenso nas respostas.

Considerações finais

    Abordaremos alguns pontos de comparação entre a visão dos três autores. Os pontos comparativos são os seguintes: ciclo menstrual feminino durante desenvolvimento da humanidade; menstruação vista como fenômeno negativo na análise histórica; desenvolvimento fisiológico da menstruação; pontos negativos e positivos da menstruação; sexualidade no ciclo menstrual; sexualidade na gestação e amamentação; aprendizagem comportamental das fases do ciclo menstrual em benefício da saúde; proposta para melhorar disfunções da menstruação.

    De acordo com o ponto: ciclo menstrual feminino durante desenvolvimento da humanidade, Coutinho (1996) chegou à conclusão que a mulher não menstruava na maior parte do tempo, na maioria dos séculos. Já Berenstein (2001) expõe que as mulheres seguiam os instintos do ciclo menstrual, porém não cita o fato de que acontecendo isso não menstruavam, pois estavam sempre grávidas ou amamentando. Ele se aprofundou mais na fisiologia e de que forma ocorreu a evolução do homem, até chegar ao Homo Sapiens. Cheniaux Junior (2001) concorda com demais autores, porém é bem mais breve e superficial em suas colocações sobre esse ponto de análise, e expõe mais sobre a visão antiga, que era negativa, da menstruação.

    Em relação ao ponto: menstruação vista como fenômeno negativo na análise histórica, Coutinho (1996) mostra como as diversas culturas viam a menstruação como algo impuro e que ocasionava desgraças, sendo considerada negativa. Berenstein (2001) também mostra que a humanidade em suas várias fases vê a menstruação como algo perigoso. Esse autor mostra que atualmente defensores da supressão da menstruação fazem eco às teorias remotas. Já Cheniaux Junior (2001) mostra muito superficialmente (não é o objetivo do livro) como a humanidade em suas diferentes fases via a menstruação como algo negativo.

    Sobre o desenvolvimento fisiológico da menstruação, os três autores explicam o processo atual sobre a fisiologia do ciclo menstrual. Considerando os negativos da menstruação, todos os autores concordam que a menstruação tem pontos negativos, principalmente quando esse ciclo apresenta alguma disfunção, como já apresentado no transcorrer do texto. Já em relação aos pontos positivos da menstruação, Coutinho (1996) não apresenta em seu livro aspectos positivos da menstruação, e Cheniaux Junior (2001) também não, pois seu livro trata da síndrome de tensão pré-menstrual, que é uma patologia menstrual. Berenstein (2001) apresenta aspectos positivos, relacionados à aprendizagem comportamental das fases do ciclo menstrual em benefício da saúde. O autor explica que, se a mulher souber identificar corretamente qual fase do ciclo está, pode fazer com que os hormônios atuem ao seu favor, ou seja, a menstruação sendo sua aliada.

    Em relação à sexualidade no ciclo menstrual, gestação e amamentação, o autor que aborda detalhadamente esses dados é Berenstein (2001), que explica que durante o ciclo menstrual existem flutuações da libido, que variam de acordo com a fase do ciclo em que a mulher passa. Já na gestação e amamentação, ele relata que a libido também diminui em função dos hormônios predominantes nessas fases, principalmente a progesterona e prolactina, uma vez que durante esses períodos a mulher fica com suas taxas hormonais diferentes das taxas encontradas no período pré-gravídico.

    Por fim, cada um dos autores aborda em seus livros, propostas diferenciadas para tratar disfunções menstruais. Coutinho (1996) apresenta a proposta de supressão da menstruação, que vai desde a utilização de medicamentos que inibem a ovulação, até a retirada do útero (histerectomia) e ovários (ooforectomia), uma solução mais radical e não muito utilizada com a finalidade apenas de supressão da menstruação. Já Berenstein (2001) propõe o autoconhecimento, e expõe que as mulheres que têm problemas menstruais, principalmente a síndrome de tensão pré-menstrual, deveriam conhecer bem as fases de seus ciclos menstruais e com isso evitar situações que pudessem desencadear respostas negativas em seus relacionamentos interpessoais. Por fim, Cheniaux Junior (2001), que aborda em seu livro a síndrome de tensão pré-menstrual (STPM), apresenta o tratamento medicamentoso como proposta para melhorar as disfunções menstruais. Ele utilizou em suas pesquisas a amitriptilina e paroxetina, pensando nos aspectos de depressão e ansiedade relacionados à STPM.

Referências

  • BERENSTEIN, Eliezer. A inteligência hormonal da mulher: como o ciclo menstrual pode ser aliado, e não inimigo, do equilíbrio feminino. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

  • CHENIAUX JUNIOR, Elie. Síndrome pré-menstrual: um ponto de encontro entre a psiquiatria e a ginecologia. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001.

  • COUTINHO, Elsimar. Menstruação, a sangria inútil: uma análise da contribuição da menstruação para as dores e os sofrimentos da mulher. São Paulo: Gente, 1996.

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