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Dança escolar: sua contribuição no processo ensino-aprendizagem

Danza escolar: su contribución al proceso de enseñanza-aprendizaje

Dance school: its contribution in the teaching-learning process

 

Licenciatura Plena em Educação Física

Pós-Graduada em Treinamento Desportivo e Personal training pelo

Centro Universitário de Formiga – MG

Mestranda em Educação, Cultura e Organizações Sociais pela

Fundação Educacional de Divinópolis – FUNEDI/UEMG

Professora de Educação Física na rede municipal e estadual de ensino de Formiga – MG

Marcela de Melo Fernandes

marcelamelo29@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          O presente artigo analisa a Dança Escolar, considerando os aspectos culturais e sociais. A metodologia utilizada é uma revisão bibliográfica, enfatizando a dança no processo de aprendizagem da criança, correlacionado-a as Inteligências Múltiplas de Howard Gardner e sua contribuição na formação do indivíduo de uma forma global, na construção do conhecimento. A Dança-Educação é um referencial para as questões que permeiam a educação de nossos tempos, apresenta novos olhares para o ser humano, mostra o quanto ele pode criar, expressar, aprender, socializar e cooperar, se educado também pela dança.

          Unitermos: Dança–educação. Inteligências Múltiplas. Aprendizagem. Conhecimento

 

Abstract

          The current study analyzing the dance in the school , considering the cultural and social. Aspectos the dance into the learning process from child, correlate the dance with the Multiple Inteligence of Howard Gardner and its contributions on formation of the individual from a global form, on building of the knowledge. The Dance - Education its a reference about the questions what involve the education in our time, presents new look about to the human, shows how much the human can you create, express , learn , socialize and cooperate , if educated also by dance.

          Keywords: Dance–education. Intelligence Multiple. Apprenticeship. Knowledg

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 135 - Agosto de 2009

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Introdução

    Por muito tempo, a dança e a Educação mostraram-se pertencentes a universos antagônicos, diferentes, distantes e isolados, a ponto de Fontanella (1985), afirmar que uma nega a outra, não podendo estar aliadas porque [...] a dança unifica o homem, a educação precisa dividi-lo; a dança une os homens, a educação os separa; a dança não visa à produção, a educação visa primeiramente e fundamentalmente à produção. Já é chegada a hora da desmistificação de tal concepção e mostrar o elo Dança-Educação, diante das contribuições que apresenta para a formação crítica e para o desenvolvimento integral do ser humano.

    Ao ingressar na escola a criança traz consigo um conhecimento amplo a respeito de seu corpo, mas que muitas vezes não foi despertado. A criança nasce, desenvolve-se e cresce, vivenciando experiências através do próprio corpo. Este é o meio de ação para explorar e conhecer o espaço em que vive, interagindo com as pessoas que a cercam. Em todas as fases, observa-se a importância do corpo como forma de expressar emoções. Não é possível ouvir uma música sem que seu corpo a traduza em movimentos. Antes de o homem falar, ele dançou. Foi por meio do movimento que ele comunicou com os seus e com a natureza. A dança ligada à música foi a primeira manifestação humana. Ela foi na pré-história uma forma de comunicação, religião, divertimento e conhecimento. Desta forma, não poderia a dança ser uma forma de educação? Segundo Steinhilber (2000, p. 8): “Uma criança que participa de aulas de dança [...] se adapta melhor aos colegas e encontra mais facilidade no processo de alfabetização.”

    Para Ferreira (2005, p. 59): “A aprendizagem dos movimentos complexos da dança e de outros esportes faz com que cresçam mais conexões entre neurônios, aprimorando a memória; assim ficamos mais aptos a processar informações e aprender.”

    A criança necessita de experiências que possibilitem o aprimoramento de sua criatividade, atividades que favoreçam a sensação de alegria, que a partir daí, ela possa retratar e canalizar o seu humor, seu temperamento, através da liberdade de movimento, explorando-o e permitindo que suas fantasias aflorem em seus movimentos, numa corporeidade plena e consciente. Dançar é, pois, a efetivação da corporeidade através de uma experiência transcendente, na qual se vivencia o processo de aprendizagem na educação. O trabalho da dança educacional, quando preocupado em deixar fluir dos educando suas emoções, seus anseios e desejos, através dos movimentos que não necessariamente envolvam a técnica, permitirá que o sujeito se revele e desperte para o mundo, numa relação consigo e com os outros, de forma consciente. Ao fazer alusão ao movimento consciente, Oliveira (2001, p. 96) aponta que:

    É importante que as pessoas se movimentem tendo consciência de todos os gestos. Precisam estar pensando e sentindo o que realizam. É necessário que tenham a 'sensação de si mesmos', proporcionada pelo nosso sentido cinestésico [...] normalmente desprezado. Caso contrário, estaremos diante da 'deseducação física' (OLIVEIRA, 2001, p. 96).

    Através das atividades de dança, a criança evolui quanto ao seu domínio corporal, desenvolve e aprimora suas possibilidades de movimentação, descobre novos espaços, novas formas, supera suas limitações e condições para enfrentar novos desafios.

    A dança na escola, e/ou associada à Educação Física, deverá ter um papel fundamental enquanto atividade pedagógica e despertar no aluno uma relação concreta sujeito-mundo. Atividades que irão estimular na criança sua capacidade de solucionar problemas de maneira criativa; desenvolver a memória; o raciocínio; a autoconfiança e a auto-estima; fazendo com que a mesma tenha uma melhor relação com ela e com os outros; ampliando o seu repertório de movimentos. A estas propostas podemos verificar a dança e a sua contribuição para o desenvolvimento das inteligências múltiplas de Howard Gardner. Para ele todos nós temos potenciais diferentes, nascemos com capacidade para desenvolver todas as inteligências. Fazemos isso naturalmente. (GARDNER, 1995)

    A Dança-Educação é um referencial para as questões que permeiam a educação de nossos tempos, apresenta novos olhares para o ser humano, mostra o quanto ele pode criar, expressar, aprender, socializar e cooperar se educado também pela dança.

    Assim este artigo verifica como a dança contribui no processo de educação e formação da criança, de forma que ela passa a ter uma função educacional pedagógica.

Método

    Conforme Marconi e Lakatos (2003), faremos uso da técnica da pesquisa bibliográfica, utilizando as fontes bibliográficas do tipo de publicações, encontradas em livros, artigos, publicações avulsas, etc.

A dança e o desenvolvimento da criança

    A dança no espaço escolar busca o desenvolvimento não apenas das capacidades motoras das crianças e adolescentes, como de suas capacidades imaginativas e criativas, o corpo expressa suas emoções podendo ser compartilhadas com outras pessoas.

    Por sua natureza, a dança está ligada às capacidades criativas e motoras do indivíduo. Composta pelas relações estabelecidas entre o dançarino, seu instrumento (corpo) e a sociedade, através de um processo que se desenvolve conscientemente a partir de elementos existentes ou descobertos (SOARES et. al., 1998).

    Alguns julgam que, para ocorrer a aprendizagem, é preciso que o aluno esteja sempre sentado e quieto. Privilegiar a mente e relegar o corpo pode levar a uma aprendizagem empobrecida. É preciso ver o homem como ser total e único que quer aprender de forma dinâmica, prazerosa, envolvente (SCARPATO, 2001).

    O aluno imóvel nem sempre está envolvido com o que ocorre na sala de aula, pode estar internamente inquieto, querendo se movimentar, assim tornar-se fundamental desenvolver a corporeidade em todas as aulas, não apenas nas áreas afins.

    [...] Infeliz educação a que pretende, pela explicação teórica, fazer crer aos indivíduos que podem ter acesso ao conhecimento pelo conhecimento e não pela experiência. Produziriam apenas doentes do corpo e do espírito, falsos intelectuais inadaptados, homens incompletos e impotentes. (FREINET, 1991, p. 42)

    A educação deve ser global. O uso da dança na sala de aula, contudo, não visa apenas proporcionar a vivência do corpo e diminuir tensões decorrentes de esforços intelectuais excessivos. Na medida em que favorece a criatividade, pode trazer muitas contribuições ao processo de aprendizagem, se integrada com outras disciplinas. O trabalho com o corpo gera a consciência corporal. O aluno questiona-se e começa a compreender o que passa consigo e ao seu redor, torna-se mais espontâneo e expressa seus desejos de modo mais natural.

    O aprendizado da dança deve integrar o conhecimento intelectual e criatividade do aluno, desenvolvendo os pilares da educação:

  1. aprender a conhecer;

  2. aprender a fazer;

  3. aprender a viver juntos;

  4. aprender a ser. (DELORS, 2000).

    As propostas de Laban e Freinet podem integrar-se numa proposta de ensino de Dança Educativa nas escolas, por contribuírem para o desenvolvimento do educando nos aspectos:

  1. aprendizagem

  2. compromisso

  3. cidadania

  4. responsabilidade

  5. interesse

  6. senso-crítico

  7. criatividade

  8. desenvolvimento

  9. socialização

  10. comunicação

  11. livre – expressão

  12. respeito

    A proposta de Rudolf Laban possibilita ao aluno expor-se por seus próprios movimentos. Não ensina apenas a forma ou a técnica, mas educa conforme o vocabulário de movimento de cada um, contribuindo para o desenvolvimento emocional, físico e social do participante.

    Para Achcar (1998), a dança desenvolve estímulos como:

  1. tátil – sentir os movimentos e seus benefícios para o corpo;

  2. visual – ver os movimentos e transformá-los em atos;

  3. auditivo – ouvir a música e dominar o seu ritmo;

  4. afetivo – emoções e sentimentos transpostos na coreografia;

  5. cognitivo – raciocínio, ritmo, coordenação;

  6. motor – esquema corporal, coordenação motora associada ao equilíbrio e flexibilidade.

A dança correlacionada às Inteligências Múltiplas de Howard Gardner

    Howard Gardner (1995), define inteligência como a habilidade para resolver problemas ou criar produtos que sejam significativos em um ou mais ambientes culturais. Ele identificou as inteligências em:

Inteligência

Características

Lingüística ou verbal

· habilidade de expressão;

· possui amplo vocabulário;

· transmite informações complexas com facilidade.

Lógico-matemática

· facilidade para detalhes e análises;

· prefere abordar os problemas por etapas (passo a passo);

· discernimento de padrões e relações entre objetos e números.

Espacial

· sua percepção do mundo é multidimensional;

· facilidade para distinguir objetos no espaço;

· bom senso de orientação.

Musical

· bom senso de ritmo;

· a música evoca emoções e imagens;

· boa memória musical.

Corporal-cinestésica

· boa mobilidade física;

· prefere aprender “fazendo”;

· facilidade para atividades como dança e esportes corporais.

Interpessoal

· facilidade para comunicação;

· aprecia a companhia de outras pessoas;

· prefere esportes em equipe.

Intrapessoal

· reflexiva e introspectiva;

· capaz de pensamentos independentes;

· auto desenvolvimento e auto-realização.

Naturalística

· confortável com os elementos da natureza;

· bom entendimento de funções biológicas;

· interesse em questões como a origem do universo, evolução da vida e preservação da saúde.

GARDNER, H. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre, Artes Médicas, 1995.

    Compreender a função mediadora da Dança-Educação no desenvolvimento da criança, buscando as contribuições da Teoria de Howard Gardner, parte-se da concepção de Dança-Educação e suas tendências no contexto educacional. A dança é conceituada por inúmeros autores em infinitas palavras, mas sendo difícil abordá-la em sua totalidade, utilizando como meio, apenas a palavra falada ou escrita, uma vez que a dança é movimento. Robato (1994), considera a dança como a arte de movimentos. Analisando a Dança-Educação com a Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner, observa uma melhor relação com a inteligência corporal-cinestésica. Para Gardner (1995), a inteligência corporal-cinestésica é a capacidade de resolver problemas ou de elaborar produtos utilizando o corpo inteiro, ou partes do corpo, sendo que dançarinos, atletas e artistas apresentam esta em alto desenvolvimento. A característica dessa inteligência é a capacidade de usar o próprio corpo de maneiras altamente diferenciadas e hábeis para propósitos expressivos. Refere-se à capacidade de trabalhar com objetos, tanto os que envolvem coordenação motora fina, e/ou coordenação motora grossa. Gardner (1994) coloca que, de todos os usos do corpo, nenhum atingiu ápices maiores, ou foi mais variavelmente desenvolvido pelas culturas do que a dança, para ele podemos definir a dança como seqüências culturalmente padronizadas de movimentos corporais não verbais que são propositais, intencionalmente rítmicos e apresentam valor estético aos olhos daqueles para quem o dançarino está se apresentando. A dança e os esportes são as duas opções mais aceitas de expressão cinestésica, pois ambas enfatizam o desempenho de padrões estabelecidos de movimentos, geralmente não permitindo inovações. Em contraponto, as crianças têm necessidade de experimentar improvisações e conformidade no campo cinestésico e precisam sentir seu próprio equilíbrio mente-corpo nas mais variadas situações da vida. A Dança-Educação está surgindo como tendência que tem por objetivo propiciar as crianças vivências motoras, ou seja, o processo de acentuar o sentido cinestésico. Com base nos estudos de Gardner (1995), a evolução dos movimentos é uma vantagem para os seres humanos, esta adaptação é ampliada através do uso do corpo. Assim, parece que o conhecimento corporal-cinestésico satisfaz muito dos critérios de uma inteligência. Podemos observar também que a dança possibilita desenvolver outras inteligências como:

  1. espacial: capacidade de formar um modelo mental preciso de uma situação espacial, em um sentido de direção;

  2. musical: aptidão para se expressar por meio dos sons, para organizá-los de maneira criativa;

  3. interpessoal: capacidade de se relacionar bem com as pessoas;

  4. intrapessoal: habilidade de estar bem consigo mesmo.

A dança na escola

    [...] a dança é um conteúdo fundamental a ser trabalhado na escola: com ela, pode-se levar os alunos a conhecerem a si próprios e/com os outros; a explorarem o mundo da emoção e da imaginação; a criarem; a explorarem novos sentidos, movimentos livres [...]. Verifica-se assim, as infinitas possibilidades de trabalho do/para o aluno com sua corporeidade por meio dessa atividade (PEREIRA et al 2001, p. 61) .

    A dança hoje é percebida por seu valor em si, muito mais do que um passatempo ou divertimento. Na educação, ela deve estar voltada para o desenvolvimento global da criança e do adolescente, favorecendo todo tipo de aprendizado que eles necessitam. Uma criança que na pré-escola teve a oportunidade de participar de aulas de dança, certamente, terá mais facilidade para ser alfabetizada. (PRISCILA TREVISAN, 2006).

    A dança educativa1 revela a alegria de se descobrir através da exploração do próprio corpo e das qualidades de movimento. Através da utilização de uma metodologia específica, busca-se o alcance de qualidades físicas e psíquicas próprias da infância e da adolescência.

    A dança na escola não deve priorizar a execução de movimentos corretos e perfeitos dentro de um padrão técnico imposto, o que gera competitividade entre os alunos. Deve partir do pressuposto de que o movimento é uma forma de expressão e comunicação do aluno, objetivando torná-lo um cidadão crítico, participativo e responsável, capaz de expressar-se em variadas linguagens, desenvolvendo a auto-expressão e aprendendo a pensar em termos de movimento.

    As atividades a serem aplicadas com as crianças devem ser naturais envolvendo o andar, correr, saltar, saltitar, equilibrar, rodopiar, girar, rolar, pendurar, puxar, empurrar, deslizar, rastejar, galopar e lançar.  Desenvolvimento da noção de tamanho, forma, agrupamento e distribuição (PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS, 1996).

    Para Rangel (2002), a dança possui definições relacionadas a vários enfoques, envolvendo sempre o movimento, como:

  1. relação com os deuses, relação consigo, com os outros e com a natureza;

  2. transcendência;

  3. emoção, expressão, sentimentos;

  4. símbolos, linguagem e comunicação;

  5. interação entre aspectos fisiológicos, psicológicos, intelectuais, emocionais;

  6. tempo, espaço, ritmo;

  7. arte;

  8. educação.

    Atividades que estejam voltadas para uma seqüência pedagógica que inicie do simples para o complexo, do concreto para o abstrato, do espontâneo para o específico, das atividades de menor duração para as de longa duração e de um ritmo inicialmente lento. Atividades que envolvam emoções, sentimentos e identificação de sua imagem pessoal, atividades que exijam do aluno agir, reagir e interagir com seu grupo e com outros grupos. As aulas devem evoluir ricas em variação de estímulos, tanto da parte musical como da corporal. Da corporal, exploração do conhecimento do corpo e suas capacidades e da musical, noções básicas de diferentes ritmos e estilos de dança (dança de roda, clássicas, modernas, folclóricas, danças de salão). Um fator muito importante a ser relevado é o de não adotar uma didática massificante e mecânica (cópia de movimentos) para o ensino da dança na escola, pois estaria tirando a individualidade da criança e bloqueando sua criatividade e espontaneidade.

    O professor tem que saber explorar o potencial do aluno, possibilitando seu desenvolvimento natural e favorecer o despertar da criatividade.

    Através da dança, podem ser trabalhadas as perspectivas espaço- temporais, em habilidades específicas que facultam às crianças a transição de experiências corporais para estimular a cognição e afetividade. Durante toda a vida do indivíduo, a percepção corporal irá influenciar a visão que tem de si próprio, construída através das suas experiências motoras (NANNI, 2003).

    Nanni (2003, p. 25), apresenta em seu quadro as variações de tempo-espaço e eixos de movimentos que ajudam na elaboração de atividades, podendo correlacioná-las á dança.

1. Variação no tempo-espaço, objeto e eixos do movimento - Habilidades motoras

Tempo

Espaço

Objeto

Noções de Movimento

Rápido

lento
acelerado
desacelerado

 

direção: frente, atrás, lado, subindo e descendo.


níveis: alto, médio e baixo.


planos: sagital, frontal e horizontal.

extensões: pequenas e grandes.

corda
jornal
bola
arco
lençol
instrumentos musicais
sucatas,
e outros.

Vivenciar movi-mentos das articulações da cabeça, cintura escapular, cintura pélvica, cotovelo e outras formas

    Desta forma o professor deve saber explorar o potencial do aluno, possibilitando seu desenvolvimento natural e favorecer o despertar de suas habilidades e de sua criatividade. Desta forma um programa que busque desenvolver a educação através da dança e do movimento, aulas bem elaboradas devem atingir metas tais como (FREIRE, 2001):

  1. “desenvolver por meio do movimento a consciência de um indivíduo integral: corpo - mente e emoção centralizados;

  2. ampliar o repertório de movimento;

  3. facilitar o autoconhecimento corporal por meio da interação social;

  4. observar e analisar o movimento;

  5. promover a formação estética;

  6. favorecer que os participantes possam opinar sobre as atividades realizadas;

  7. buscar técnicas propícias, levando-se em conta a singularidade de cada corpo;

  8. produzir conhecimento a partir da experiência e divulgar.”

Conclusão

    A dança na escola quando aplicada com metodologia adequada e, principalmente com consciência pedagógica, possibilita ao educando uma formação corporal global, ampliando suas capacidades de interação social e afetiva, desenvolvendo as capacidades motoras e cognitivas. Quando realizada de forma lúdica e não competitiva, a dança escolar passa a ser agente de formação e transformação, possibilitando oportunidades de humanização e integração entre todos os alunos, aumentando assim a auto-estima colocando em prática o sentido de uma educação voltada para a inclusão. Os professores são responsáveis por programar ou, melhor, saber “criar” um ensino que possibilite aos seus alunos para o envolvimento, a motivação, o entusiasmo, a curiosidade, o sentido de humor e o espírito crítico. As artes, assim como a dança proporcionam essa possibilidade. A influência do professor no fenômeno da aprendizagem é enorme e deve ser construída a partir da empatia e da qualidade afetiva.

    Assim a dança, entendida como a arte de expressão em movimento, destaca na educação a ótica da sensibilidade, da criatividade e da expressividade, como uma nova direção que se quer dar para a razão, a ética, a cultura, e a estética – pelo saber através do sentir, da intuição, e com o objetivo de uma formação integral do aluno. Uma educação na sensibilidade, vivência no sentir o outro e na própria sensação de si mesmo.

Nota

  1. A terminologia Dança Educativa foi apresentada por Laban em seu livro Dança educativa moderna (São Paulo: Ícone, 1990). Há outras terminologias do ensino de dança em escolas: dança criativa, dança expressiva, movimento expressivo, educação pelo movimento, que usam na íntegra ou em partes a Teoria de Laban. As escolas em que trabalho preferem o termo Dança Educativa a Dança Criativa. É uma área ainda nova no Brasil e os educadores, na grande maioria leigos em dança, optam pelo termo Dança Educativa. O ensino de dança, valorizado e proposto nos PCNs (1996), tem como fundamento os pressupostos de Laban, embora só o citem na bibliografia.

Referências

  • ACHCAR, Dalal. Balé uma arte. Rio de Janeiro: Ediouro, 1998.

  • BRASIL. Secretaria de Educação fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Brasília: DF/SEF, 1996.

  • DELORS, J. Educação: Um tesouro a descobrir. Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI. Rio Tinto: Asa, 1996.

  • FERREIRA, Vanja. Dança escolar: um novo ritmo para a Educação Física. Rio de Janeiro: Sprint, 2005.

  • FONTANELLA, F.C. O corpo no limiar da subjetividade. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Educação da Unicamp. Campinas, 1985.

  • FREINET, C. Pedagogia do bom senso. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

  • FREIRE, Ida Mara. Dança-Educação: o corpo e o movimento no espaço do conhecimento. Cad. CEDES, v. 21, n. 53  Campinas, Apr. 2001.

  • GARDNER, Howard. O guru das inteligências múltiplas. Disponível em: http://www.novaescola.abril.com.br

  • GARDNER, H. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre, Artes Médicas, 1995.

  • ____ Estruturas da Mente: a teoria das inteligências múltiplas. Porto Alegre, Artes médicas, 1994.

  • LABAN, R. Domínio do movimento. São Paulo: Summus, 1978.

  • ____. Dança educativa moderna. São Paulo: Ícone, 1990.

  • MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de Metodologia Científica. 5ª edição. São Paulo: Atlas, 2003.

  • NANNI, D. Dança Educação: pré-escola à universidade. Rio de Janeiro, Sprint, 2003.

  • ___ Dança Educação: princípios, métodos e técnicas. Rio de Janeiro, Sprint, 2002.

  • OLIVEIRA, V. M. de. O que é educação física. São Paulo: Brasiliense, 2001.

  • PEREIRA, S. R. C. et. al., Dança na escola: desenvolvendo a emoção e o pensamento. Revista Kinesis, Porto Alegre, n. 25, p.60- 61, 2001.

  • RANGEL. N. B. C. Dança, educação, educação física: proposta de ensino da dança e o universo da educação física. Jundiaí: Fontoura, 2002.

  • SCARPATO, Marta Thiago. Dança Educativa: um fato em escolas de São Paulo. Cadernos Cedes, ano XXI, n. 53, abril/2001.

  • _____ O corpo cria, descobre e dança com Laban e Freinet. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Educação Física/Unicamp, Campinas, 1999.

  • SOARES, A. et al. Improvisação e dança: conteúdos para a dança na educação física. Florianópolis: Impressa Universitária, 1998.

  • STEINHIBER, J. Dança para acabar com a discussão. Conselho Federal de Educação Física- CONFEF, Rio de Janeiro, n. 5, nov/dez. 2000.

  • TREVISAN, Priscila Raquel Tedesco da Costa. Influências da dança na Educação das crianças. Disponível em: http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=862. Acesso em: 30 de junh. 2007

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