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O exercício físico no controle da hipertensão arterial

El ejercicio físico en el control de la hipertensión arterial

 

*Estudante do VIII semestre do Curso de Licenciatura Plena em Educação Física

**Estudante do II semestre do Curso de Licenciatura Plena em Educação Física

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Campus de Jequié

(Brasil)

Ramon Missias Moreira*

Lande Landulfo Caribé**

ramonefisica@hotmail.com

 

 

 

Resumo

          O exercício físico provoca uma série de respostas fisiológicas, resultantes de adaptações que vão influenciar o sistema cardiovascular. Sabemos da importância da prática de exercícios físicos, onde através dos diversos estudos podemos demonstrar os efeitos do exercício físico sobre a hipertensão arterial. A partir de então, procurou-se desenvolver nesse estudo uma breve revisão bibliográfica acerca dos benefícios do exercício físico no controle da hipertensão arterial. Onde através das nossas leituras, passamos a considerar esse aumento da pressão arterial como uma doença multifatorial, na qual a prática de exercícios físicos se mostra como um dos fatores auxiliares ao tratamento farmacológico.

          Unitermos: Exercício físico. Pressão arterial. Hipertensão

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 134 - Julio de 2009

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Introdução

    Atualmente, a hipertensão arterial é um dos principais problemas de saúde pública, contribuindo significativamente para o aumento da mortalidade da população em geral. De acordo com a V Diretrizes de Hipertensão, no Brasil, em 2003, 27,4% dos óbitos foram decorrentes de doenças cardiovasculares, atingindo 37% quando são excluídos os óbitos por causas mal definidas e a violência.

    Com o crescimento das cidades, surge a industrialização e consequentemente a hipertensão apresenta-se em altas proporções por toda essa sociedade industrializada. Com isso, existe um aumento significativo do risco para o desenvolvimento de inúmeras doenças e problemas cardiovasculares e respiratórios. O aumento da pressão arterial em populações de idades mais avançadas está geralmente associado com o desenvolvimento da ateroesclerose.

    A principal importância acerca da hipertensão não consiste na doença no sentido usual, mas no fato de ser o fator isolado mais valioso que habilita o profissional da área de saúde a fazer prognóstico sobre o futuro risco de comprometimento vascular, o qual pode ser evitado pelo controle e abaixamento da pressão arterial (GUYTON, 1978).

    Segundo Heyward (2004), a pressão arterial (PA) é a medida da força ou pressão exercida pelo sangue nas artérias. A mais alta reflete a pressão nas artérias durante a sístole do coração, quando a contração do miocárdio força grande volume de sangue no interior das artérias, a pressão cai na diástole, ou fase de enchimento do coração. Para a Organização Mundial de Saúde (1998) os valores admitidos são: 120x80mmHg, em que a pressão arterial é considerada ótima e 130x85mmHg sendo considerada limítrofe. A pressão arterial diastólica é mais baixa na artéria durante o ciclo cardíaco. Dessa forma, a pressão arterial mantém o sangue circulando no organismo e tem início com o batimento do coração, e a cada vez que bate, o coração joga o sangue pelos vasos sangüíneos, onde as paredes dessas artérias são elásticas o que proporcionam as artérias a possibilidade de se esticarem e relaxarem a fim de manter o sangue circulando por todas as partes do organismo.

    Valores pressóricos superiores a 140x90mmHg denotam Hipertensão. Conforme a IV Diretrizes Brasileira de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia, compreende-se em estágios: 1 leve - 140x90mmHg e 159x99mmHg, 2 moderada - 160x100mmHg e 179x109mmHg e 3 grave - acima de 180x110mmHg. Mas sabemos que qualquer indivíduo pode apresentar pressão arterial acima de 140x90mmHg sem que seja considerado hipertenso. E isso justamente por sabermos que a pressão pode ser elevada por diversos fatores. Apenas a constante frequência de níveis permanentemente elevados, em múltiplas medições, em diferentes horários e posições e condições (repouso, sentado ou deitado) caracteriza a hipertensão arterial.

Efeitos do exercício físico na hipertensão arterial

    A hipertensão é considerada uma doença multifatorial, associada às alterações metabólicas, hormonais e fenômenos hipertróficos. Podendo ela ser idiopática ou essencial (quando a sua origem é desconhecida) resultando de diversos fatores, onde segundo Pitanga (1998) podem ser fatores genéticos, níveis elevados de sal na dieta, obesidade, sedentarismo e estresse emocional. Pode-se afirmar que 90% dos portadores de hipertensão arterial apresentam “hipertensão essencial” (POLLOCK, 1986). A hipertensão pode ser bastante prejudicial no funcionamento orgânico devido a dois efeitos primários: sobrecarga de trabalho ao coração e danos as próprias artérias pelo excesso de pressão (PITANGA, 1998).

    Estudos realizados nas últimas décadas mostram que existem poucas dúvidas quanto ao efeito benéfico do exercício físico crônico na hipertensão arterial (NEGRÃO, 2001). Após algumas semanas de exercícios físicos  regulares, o hipertenso se beneficia dos efeitos agudo tardio e efeito crônico sobre a pressão arterial. O exercício físico também é capaz de promover a angiogênese, aumentando o fluxo sanguíneo para os músculos esqueléticos e para o músculo cardíaco (IRIGOYEN, 2003).

    A busca por explicações para o efeito redutivo do exercício sobre a pressão em indivíduos normotensos e principalmente em hipertensos tem sido motivos para diversos estudos e pesquisas. Diversos são os fatores dessa queda na pressão arterial através do exercício físico, um deles é a diminuição no débito cardíaco que está associada ao decréscimo da freqüência cardíaca (NEGRÃO, 2001), outro importante é a queda na resistência vascular sistêmica. Uma redução significativa nos níveis da pressão arterial, depende diretamente do tipo de exercício físico, da intensidade e da duração do mesmo. São indicações da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2002) que o treinamento seja de baixa intensidade, pois, o exercício físico de baixa intensidade diminui a pressão arterial porque provoca redução no débito cardíaco, o que pode ser explicado pela diminuição na freqüência cardíaca de repouso e diminuição do tônus simpático no coração (NEGRÃO, 2001). Quanto à duração do exercício físico, têm sido recomendadas sessões com duração de 30 a 60 minutos, de três a seis vezes por semana, realizados com freqüência cardíaca entre 60% e 80% da máxima ou entre 50% e 70% do consumo máximo de oxigênio (SBC, 2003).

    A seguir disponibilizamos alguns estudos que procuraram observar as modificações ocorridas na pressão sanguínea em indivíduos submetidos à prática de exercícios físicos ou com maiores níveis de atividade física: MARCEAU et al. (1993) compararam o efeito do treinamento de baixa intensidade (50% VO2 max) e moderada intensidade ( 70% do VO2 max) sobre a pressão arterial medida por 24 horas. Participaram do estudo 9 sujeitos, 8 homens e 1 mulher, durante dez semanas de treinamento. Os resultados do estudo demonstraram que o efeito anti-hipertensivo do treino de baixa intensidade foi mais acentuado no período acordado, principalmente durante as primeiras horas do dia, enquanto o treino de moderada intensidade provocou reduções mais significativas na pressão sanguínea durante as horas de sono.

    Em seu estudo, Corraza et al. (2003) comparou os efeitos de curta a longa duração, do exercício físico aeróbio, sob a PA de mulheres da terceira idade adulta normotensas e hipertensas limítrofes. Foram avaliadas sete mulheres normotensas e sete hipertensas limítrofes, com idade entre 46 e 68 anos, realizando exercício de caminhada em esteira durante 30 min. Foi observada hipotensão pós-exercício em ambos os grupos, contudo, o exercício físico aeróbio foi capaz de provocar efeito hipotensor após o exercício por até 8 horas similarmente em mulheres normotensas e hipertensas limítrofes.

Considerações finais

    Podemos observar através desses estudos, que as reduções nos níveis tencionais aparecem em relação direta à prática dos exercícios físicos. Essa resposta poderia ser mediada pela vasodilatação periférica que persiste após o término do exercício, o que poderia diminuir o retorno venoso e consequentemente reduzir o débito cardíaco, além da liberação de substâncias vasodilatadoras na circulação, o que diminuiria a resistência periférica (PITANGA, 1998).

    A maneira mais eficaz de diminuir o impacto das doenças cardiovasculares em nível populacional é o desenvolvimento de ações de prevenção e tratamento dos seus fatores de risco, ou seja, o desenvolvimento de ações de políticas públicas para a promoção de saúde.

    Podemos concluir que os efeitos benéficos do exercício físico se dão no tratamento inicial do indivíduo hipertenso, objetivando evitar o uso e/ou diminuir o número de medicamentos que possivelmente venham ser utilizados. Já nos indivíduos sedentários e hipertensos, reduções significativas na pressão arterial podem ser conseguidas com o aumento progressivo na prática de exercícios físicos, com intensidade baixa e com as recomendações feitas anteriores pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Referências bibliográficas

  • BRASIL. Hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes mellitus (DM): protocolo. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2001. 94 p.

  • CORAZZA, D. I. et al. Hipotensão pós-exercício: comparação do efeito agudo do exercício aeróbico em mulheres normotensas e hipertensas limítrofes da terceira idade adulta. Rev. Bras. Ativ. Fís. Saúde, v.8, n.2, p.28-34, 2003.

  • HEYWARD, Vivian H.. Avaliação física e prescrição de exercício: técnicas avançadas. Porto Alegre: Artmed, 2004.

  • IRIGOYEN MC, Angelis K D, Schaan BDA, Fiorino P, Michelini LC. Exercício físico no diabetes melito associado à hipertensão arterial sistêmica. Revista Brasileira Hipertensão 2003;10:109-17.

  • ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS). Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial, 3, 1998, Campos do Jordão. S.P.

  • RIBEIRO, Artur Beltrame. Atualização em hipertensão arterial: clínica, diagnóstico e terapêutica. São Paulo: Livraria Atheneu, 1996. 231 p.

  • NEGRÃO, Carlos Eduardo. RONDON, Maria, U. P. B. Exercício físico, hipertensão e controle barorreflexo da pressão arterial. Revista Brasileira de Hipertensão 8: 89-95, 2001.

  • NEGRÃO C. E., Rondon MUPB, Kuniyosh FHS, Lima EG. Aspectos do treinamento físico na prevenção da hipertensão arterial. Revista Hipertensão, 2001;4.

  • SILVA, Daniela K.; NAHAS, Markus V.. Prescrição de exercícios físicos para pessoas com doença vascular periférica. Revista Brasileira Ciência e Movimento, Brasília, v. 10, n. 1, p. 55-66, jan. 2002.

  • SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO. III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial, 1998.

  • IV DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO 2002; cap. 5:13-14 – SBC.

  • V DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2003. – SBC.

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