efdeportes.com

Estado nutricional e hábitos de vida entre participantes 

do NAIS, Núcleo de Atendimento Integrado à Saúde

Estado nutricional y hábitos de vida entre los participantes del NAIS, Núcelo de Atención Integral en Salud

 

*Analista de Processo Operacional de Lazer do SESI – Ilhéus, BA

**Programa de Pós-Graduação de Saúde Coletiva – Capes

***Discente do curso de Nutrição, FTC – Itabuna, BA

****Docente e Coordenadora do curso de Nutrição, FTC – Itabuna, BA

(Brasil)

Cristiano Araújo Dias*

cad10ba@hotmail.com

Saulo Vasconcelos Rocha**

sauloedfisica@yahoo.com.br

Evellin Damerie Venâncio Müller***

vellven@hotmail.com

Mônica Bomfim da Silva****

mbsilva.ita@ftc.br

 

 

 

Resumo

          Introdução: O aumento da incidência de obesidade (doença crônica caracterizada pelo exagerado acúmulo de gordura a ponto de comprometer a saúde) traz consigo vários fatores de riscos as doenças não-transmissíveis como diabetes, hipertensão e outras doenças cardiovasculares. Além disso, hábitos de vida como tabagismo, etilismo e não realização de atividade física no lazer podem aumentar a probabilidade de agravos à saúde provenientes da obesidade. Objetivo: Analisar o perfil do estado nutricional e os hábitos de vida (tabagismo, etilismo e atividade física de lazer) entre participantes do NAIS – Núcleo de atendimento Integrado à Saúde. Metodologia: Estudo transversal teve sua amostra constituída de 60 indivíduos, sendo 46 mulheres e 14 homens, com média de idade de 35,75 anos. O tabagismo, etilismo e atividade física de lazer foram referidos, sendo desconsiderada a quantidade e/ou intensidade de álcool, cigarros e atividade física. Resultados: Os resultados demonstraram que em relação a tabagismo 5% (n=3) são fumantes, em relação ao etilismo 26,6% (n=16) consomem algum tipo de álcool, Na atividade física de lazer 26,6% (n=16) realizam. Em relação ao IMC 8,3% (n=5) foram considerados abaixo do peso, 25% (n=15) normais, 28,3% (n=17) com sobrepeso, 38,4% (n=23) obesidade. Conclusão: Sendo assim, pode-se concluir que a incidência elevada de indivíduos com obesidade apresentou baixa freqüência com os hábitos de vida como etilismo e tabagismo e incidência para os classificados como obeso foi maior de inatividade física.

          Unitermos: Estado nutricional. Hábitos de vida. Atividade física de lazer.

 

Abstract

          Introduction: The increased incidence of obesity (chronic disease characterized by excessive accumulation of fat to the point of jeopardizing the health) brings several risk factors for noncommunicable diseases such as diabetes, hypertension and other cardiovascular diseases. Moreover, living habits such as smoking, alcohol and non-physical activity during leisure time can increase the likelihood of diseases from obesity. Objective: To analyze the profile of nutritional status and living habits (smoking, alcohol and physical activity for leisure) among participants of Nais - Center for the Health care Integrated Methodology: Cross-sectional study was its sample consisting of 60 individuals, 46 women and 14 men, mean age of 35.75 years. Cigarette smoking, alcohol and recreational physical activity were reported, and ignored the amount and / or intensity of alcohol, cigarettes and physical activity. Results: The results showed that for smoking 5% (n = 3) are smokers, in relation to alcohol consumption 26.6% (n = 16) consumed some alcohol, recreational physical activity in 26.6% (n = 16) held. In relation to BMI 8.3% (n = 5) were below the weight 25% (n = 15) normal, 28.3% (n = 17) were overweight, 38.4% (n = 23) obesity. Conclusion: Thus, we can conclude that the high incidence of individuals with obesity presented with low living habits like smoking and alcohol consumption and incidence to those classified as obese was greater for physical inactivity.

          Keywords: Nutritional status. Living habits. Physical activity for leisure.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 133 - Junio de 2009

1 / 1

Introdução

    O aumento da incidência de obesidade (doença crônica caracterizada pelo exagerado acúmulo de gordura a ponto de comprometer a saúde) traz consigo vários fatores de riscos as doenças não-transmissíveis como diabetes, hipertensão e outras doenças cardiovasculares.

    A obesidade, enquanto doença resultante do acúmulo do excesso de gordura corpórea tem sido tradicionalmente diagnosticada pelo indicador antropométrico índice de massa corporal (IMC), traduzido pela razão do peso pela altura ao quadrado (Lerário, 2002).

    As estatísticas de mortalidade apontam que, a cada ano, as doenças cardiovasculares são responsáveis por 45% das mortes na Argentina, 35% no Brasil, 29% no Chile e 20% no México, além de outros países da América Latina e Central. No Brasil, entre pessoas com mais de 45 anos esse número sobe para 40%, sendo que em 90% dos casos, a dislipidemia é um dos fatores de risco (Stamler, 1993)

    A prevalência de excesso de peso de 9,2% em escolas públicas e 20,4% em escolas particulares; em Recife, 35,0% dos escolares apresentaram excesso de peso corporal; em Salvador, a prevalência de obesidade foi de 30,0% nas escolas particulares e 8,0% nas públicas; no Rio de Janeiro, a prevalência de excesso de peso foi de 23,0% para as meninas e 19,0% para os meninos (Cabrera, 2001; Lessa, 1998; Marins, 2003).

    Estudos têm demonstrado o impacto de tais fatores de risco sobre os índices de morbidade e mortalidade por doença cardiovascular. Contudo, pode-se observar que os principais fatores de risco são modificáveis por medidas simples de mudanças no estilo de vida, como abandono do sedentarismo através da incorporação de hábitos de atividade física diária e utilização de uma alimentação mais saudável (Fischmann, 2002)

    Os principais fatores de risco (FR) para a doença arterial coronariana (DAC) são: sexo, idade, antecedentes familiares, hipertensão arterial sistêmica (HAS), hipercolesterolemia, hiperglicemia, tabagismo, obesidade, sedentarismo e nível sócio-econômico (Fischmann, 2002).

    Além disso, comportamentos de risco a saúde como tabagismo e etilismo podem aumentar a probabilidade de agravos à saúde provenientes da obesidade.

    Reconhecendo a importância do conhecimento sobre comportamentos saudáveis na população, a pesquisa objetiva analisar o perfil do estado nutricional e os hábitos de vida (tabagismo, etilismo e atividade física de lazer) entre participantes do NAIS – Núcleo de atendimento Integrado à Saúde.

Metodologia

    Esse estudo transversal realizado em 2008 no NAIS – Núcleo de Atendimento Integrado à Saúde.

    A amostra selecionada de forma intencional foi constituída de 60 indivíduos, com média de idade de 35,75 anos, atendidas no NAIS.

    A obesidade foi verificada por meio do índice de massa corpórea (IMC), calculado pela equação: peso corporal (Kg) / altura (m2), sendo considerado abaixo do peso IMC menor que 18,5, normal IMC entre 18,5 a 24,9, sobrepeso IMC entre 25 a 29,9 e obesidade IMC maior ou igual a 30. O tabagismo, etilismo e atividade física de lazer foram auto-referidos, sendo considerado tabagista aquele que referiu consumir cigarros (independente da quantidade), consumista de bebida alcoólica aquele que referiu consumir bebida alcoólica (independente de quantidade) e ativo no lazer o que referiram realizar atividade física desconsiderando-se intensidade e freqüência.

    Os dados foram tabulados e analisados através de ferramentas de informática (Programa Excel) na criação do banco de dados. Na análise dos dados foram utilizados procedimentos da estatística descritiva (média, desvio padrão e percentagem) no software SPSS 15.0.

    A pesquisa seguiu as normas da resolução 196/96 (Conselho Nacional de Saúde), que requer autorização de cada participante do estudo, devidamente assinada.

Resultado

    Em relação à distribuição de sexo na população estudada foram encontradas 46 mulheres (76,6%) e 14 homens (23,4%), sendo faixa etária média de 37,75 anos, com mínimo 20 anos e máximo de 55 anos.

    Os resultados demonstraram que em relação ao etilismo 26,6% (n=16) consomem algum tipo de álcool (Tabela I), sendo desses 25% (n=4) do sexo masculino e a grande maioria, 75% (n=12) do sexo feminino.

    Em relação ao tabagismo 5% (n=3) são fumantes (Tabela I), sendo que 2 (duas) mulheres e 1 (um) homem, os outros indivíduos 95% (n=43) referiram não consumirem cigarro.

    Na população pesquisada 26,6% (n=16) realizam algum tipo de atividade física no lazer e 73,4% (n=44) não realizam nenhum tipo de atividade física no lazer. (Tabela I)

Tabela I. Hábitos de Vida de risco entre pacientes atendidos no NAIS/Itabuna-Ba, 2008 (n=60)

Variável

  

N

%

Etilismo

Sim

16

26,6%

Não

44

73,4%

Tabagismo

Sim

03

5%

Não

57

95%

Atividade Física de Lazer

Sim

16

26,6%

Não

44

73,4%

    Em relação ao IMC 8,3% (n=5) foram considerados abaixo do peso, 25% (n=15) normais, 28,3% (n=17) com sobrepeso e 38,4% (n=23) obesidade (Tabela II).

Tabela II. Distribuição do Estado Nutricional dos participantes atendidos no NAIS/Itabuna-Ba, 2008 (n=60)

Variável

n

%

Abaixo Peso

5

8,3%

Normal

15

25%

Sobrepeso

17

28,3%

Obesidade

23

38,4%

    Quando analisado a presença de hábitos de vida negativos, consumo de álcool e cigarro entre as pessoas que apresentaram-se com obesidade (n=23; 38,4%) (Tabela II) não foram encontrados altas freqüências, ou seja, apenas 26,9% (n=6) consumem álcool e 4,3% (n=1) fuma, como apresentados na Tabela III e, especificamente, em relação a atividade física no lazer, 65,2% (n=15) indivíduos obesos não praticavam atividade física no lazer (Tabela III).

Tabela III. Freqüência dos Hábitos de Vida nas categorias do IMC (n=60)

Variável

Etilismo

Tabagismo

Atividade Física

Sim

Não

Sim

Não

Sim

Não

Baixo Peso

1

4

0

5

1

4

Normal

5

10

1

14

2

13

Sobrepeso

4

13

1

16

5

12

Obesidade

6

17

1

22

8

15

Discussão

    É muito comum a utilização do índice de massa corporal (IMC) para a determinação epidemiológica das doenças cardiovasculares (CERVATO et al. 1997; FISBERG, STELLA e LATORRE. 2001).

    A elevada prevalência de obesidade nessa população 38,4% (n=23) esteve de acordo com os preocupantes índices apresentados na literatura. Matos et al., 2004 observaram uma prevalência, ainda maior, de 58 % de indivíduos com IMC acima de 30.

    Estudo de Ribeiro et al., 1999 detectou prevalência total de fumantes de 15,5% em uma universidade de São Paulo, enquanto Sabry et al., 1999 encontraram uma taxa de 26,2 % no Ceará, na população estudada os valores encontrados foram abaixo com percentagem de 5% de pessoas fumantes.

    Estudo realizado por Barclay, 2009 não houve interação entre IMC e estado de consumo de cigarro, o que corrobora com nossa freqüência encontrada de tabagismo em indivíduos com obesidade que foi de apenas 1 (uma) pessoa.

    O consumo de bebidas alcoólicas foi referido por 26,6% (n=16) da amostra de nosso estudo, Sabry et. al., 1999 encontraram uma prevalência de 57,7%. No presente estudo, 26,6% (n=16) dos entrevistados referem realizar atividade física de lazer, Ducan, 1993; Matos et al. 2004 encontraram em seus estudos altas prevalências de sedentarismo no lazer, variando de 47% até 63% da população.

    A elevada freqüência de sedentarismo é preocupante em virtude de se tratar de uma população predominantemente jovem. A inatividade física é um problema mundial de saúde pública. No Brasil, dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (SAÚDE, 2008), inquérito realizado no ano de 2006, em todas as capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal, descreveram um elevado percentual de indivíduos adultos inativos fisicamente.

Conclusão

    O estudo evidenciou uma elevada prevalência de sobrepeso/obesidade entre os entrevistados, esse resultado pode ser explicado pela alta freqüência de indivíduos sedentários neste levantamento.

    Com relação aos outros hábitos de vida (tabagismo/etilismo) foi detectada baixa prevalência de fumantes e etilistas. No entanto, ações de incentivo a mudança de estilo de vida, podem reduzir ainda mais os fatores de risco cardiovasculares.

    Estudos transversais produzem dados momentâneos da situação de saúde, não avaliando adequadamente a relação causa/efeito dos eventos ocorridos. Outro aspecto é que apenas indivíduos atendidos no NAIS participaram do estudo, esses limites, portanto, não permitem generalizar os resultados encontrados.

Referências

  • BOREHAM, C; RIDOOCH, C. The physical activity and health of children. J Sports Sci. 2001;19:915-29.

  • CABRERA MAS, Jacob Filho W. Obesidade em idosos: prevalência, distribuição e associação com hábitos e co-morbidades. Arq Bras Endocrinol Metab 2001; 45:494-501.

  • DUNCAN BB, SCHMIDT MI, POLANCZYK CA et al. Fatores de risco para doenças não-transmissíveis em área metropolitana na região sul do Brasil. Prevalência e simultaneidade. Rev Saúde Pública 1993; 27(1):143-8.

  • FISCHMANN, A., MEDINA, C. B., GUS, I. Prevalência de Fatores de Risco para a Doença Arterial Coronariana no Estado do Rio Grande do Sul. Arquivos Brasileiro de Cardiologia 2002; 78 (5): 478-83

  • LERÁRIO, DDG; GIMENO, SG; FRANCO, LJ; LUNES. M; FERREIRA, SRG. Excesso de peso e gordura abdominal para a síndrome metabólica em nipo-brasileiros. Rev Saúde Pública 2002; 36:4-11.

  • MATOS MFD, SILVA NAS, PIMENTA AJM et al. Prevalência dos fatores de risco para doença cardiovascular em funcionários do centro de pesquisas da Petrobrás. Arq Bras Cardiol 2004; 82(1):1-4.

  • RIBEIRO SA, JARDIM JK, LARANJEIRA RR et al. Prevalência de tabagismo na Universidade Federal de São Paulo, 1996- dados preliminares de um programa institucional. Rev Ass Méd Brasil 1999; 45(1):39-44.

  • SABRY MOD, SAMPAIO HA, SILVA MGC. Tabagismo e etilismo em funcionários da Universidade Estadual do Ceará. J Pneumol 1999; 25(6):313-20.

  • STAMLER, J. Epidemic obesity in the United States. Arch Intern Med 1993; 153: 1040-4

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/

revista digital · Año 14 · N° 133 | Buenos Aires, Junio de 2009  
© 1997-2009 Derechos reservados