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Jogos recreativos: o pensar de professores de Educação Física

Juegos recreativos: qué piensan los profesores de Educación Física

 

*Graduada em Educação Física pela Universidade Luterana do Brasil

**Graduado em Educação Física pela Universidade Luterana do Brasil

(Brasil)

Natália Trombetta Enderle*

Amilton Rogério Morais Junior**

amiltonmoraisjr@yahoo.com.br

 

 

 

Resumo

          A presente pesquisa buscou investigar qual o pensar dos professores de Educação Física a respeito dos jogos recreativos no ensino fundamental-séries finais. O estudo caracterizou-se por uma pesquisa descritiva do tipo qualitativo. Utilizou-se de entrevista semi-estruturada com questões abertas e fechadas. A mesma foi submetida a 11 professores que atuam na disciplina de Educação Física, no Ensino Fundamental - séries finais, dos municípios de Constantina, Engenho Velho e Liberato Salzano, no estado do Rio Grande do Sul. O estudo revelou que os professores acreditam que os Jogos Recreativos são importantes para o desenvolvimento tanto afetivo quanto cognitivo dos educandos de 5ª a 8ª séries. Dentre os jogos recreativos mais trabalhados, destacam-se com 27, 20% os Jogos Pré-desportivos e com 18,18% cada, os Jogos Cooperativos e as Atividades Rítmicas. Concluiu-se, assim, que os jogos recreativos são importantes para a formação afetiva e cognitiva, sendo um excelente meio para a integração do indivíduo na sociedade e na escola, embora as aulas de Educação Física continuem com um caráter mais esportivo.

          Unitermos: Jogos recreativos. Educação Física. Ensino Fundamental

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 133 - Junio de 2009

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Introdução

    A Educação Física tem suas origens marcadas por influências e objetivos bastante discutíveis na atualidade. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), no século passado, por exemplo, ela esteve vinculada às instituições militares e à classe médica, fato esse que determinou o caráter higienista dessa disciplina nas escolas do Brasil.

    Dentre vários outros aspectos da Educação Física, em sua trajetória de legitimação nas escolas, Castellani Filho (2003) cita o caráter tecnicista, buscando detectar novos talentos, com base no decreto n. 69.450 de 1971, enfatizando a iniciação esportiva como objetivo principal da Educação Física na escola.

    Felizmente, na década de 80, iniciou-se uma profunda crise de Identidade nos pressupostos e no discurso da Educação Física, o que os Parâmetros Curriculares Nacionais,(1997) tratam como mudança significativa nas políticas educacionais, enfocando o desenvolvimento psicomotor do aluno.

    A partir daí, os jogos recreativos surgem como possibilidade de integração e socialização dos alunos na escola e na sociedade, pois por intermédio deles é possível simular situações do dia-a-dia, com as quais convivem diariamente e muitas vezes não sabem como lidar. Desse modo, os jogos contribuem para a formação de cidadãos mais humanos, críticos, responsáveis, que sabem se expressar.

    O período escolar que vai da 5ª a 8ª série abrange diversas faixas etárias, desde crianças até adolescentes. É um período em que ocorrem muitas mudanças na rotina escolar dos alunos, pois eles passam a ter mais professores e mais disciplinas e começam a sofrer mudanças físicas e psicológicas típicas da puberdade. Conseqüentemente, surge o preconceito e a vergonha do corpo. Além disso as paqueras também surgem nessa época. Todas essas mudanças refletem na vida escolar e pessoal dos educandos.

    As crianças que se encontram nessa etapa dos estudos, sofrem o aumento de cobranças de seu comportamento, tanto em casa como na escola, aumentando assim, suas responsabilidades. Tais mudanças se refletem em seu comportamento e em suas atitudes: alguns mostram-se rebeldes; outros, inquietos ou quietos demais; e, conseqüentemente, surgem os problemas de convivência na escola.

    Uma forma interessante de estimular os educandos é a utilização dos jogos recreativos. Por meio deles, os alunos conseguem se expressar, mostrar seus sentimentos, seus desejos, suas angústias. Aprendem a conviver e aceitar as diferenças, respeitando e ajudando-se mutuamente. Dessa forma, a recreação torna-se um excelente instrumento de trabalho para o professor de Educação Física.

Referencial teórico

    A recreação surgiu na pré-história. Segundo Guerra (1982), nasceu das comemorações e das festividades que esses homens faziam quando chegava a temporada de caça, e na habitação de uma nova caverna. O movimento sistemático da recreação teve início em 1774, na Alemanha. A partir daí, a recreação ganha maiores dimensões, com a criação de instituições que davam lhe uma ênfase maior. Parques e pátios de recreação ou playgrounds foram criados nos Estados Unidos, em meados de 1885. E cada vez mais a recreação foi tomando proporções maiores, devido a sua qualidade de agregar, dentro de uma única atividade, o intelecto e o físico. No Brasil, o pioneiro foi o Rio Grande do Sul, que montou praça de recreação e implantou o projeto Recom (Recreação – Educação – Comunicação), que nada mais era do que recreação móvel.

    “A palavra recreação provém do verbo latino Recreare, que significa recrear, reproduzir, renovar” Guerra (1982, p. 11). E compreende as atividades espontâneas, criadoras e prazerosas, que a pessoa busca para ocupar melhor o seu tempo livre.

    Para Miranda (1989), a recreação tem responsabilidade no enriquecimento e na formação da personalidade do indivíduo, ajudando a criar uma ordem social. A recreação é uma atividade física ou mental através da qual, segundo Teixeira e Figueiredo (1970), o indivíduo é estimulado naturalmente, para satisfazer necessidades físicas, psíquicas e/ou sociais, que lhe dão prazer.

    Nota-se a importância da recreação na vida de uma pessoa, pois através dela é possível o indivíduo imaginar e divertir-se, possibilitando criar um vinculo social e afetivo com outros indivíduos, o que por si só é muito importante, principalmente nos dias de hoje, pois cada vez mais a competitividade está tomando conta das relações sociais. E assim como a recreação, que vem como um contraponto a essa competitividade, os jogos têm objetivo de descontrair, divertir e socializar, além de estimular o pensamento e ajudar no desenvolvimento biopsicosocial do indivíduo.

    Para Antunes (2001, p. 11), o jogo em seu sentido etimológico, “expressa um divertimento, brincadeira, passatempo, sujeito a regras que devem ser observadas quando se joga”. Ele é um elemento constante, que segundo Teixeira e Figueiredo (1970), é um seguro natural que desperta a capacidade do educando, criando situações nas quais o indivíduo revela o seu caráter, permitindo ao professor intervir direta e oportunamente em suas ações.

    Para Piaget (1978), o jogo aparece como um comportamento reconhecível, facilmente elucidado a partir da mímica, do riso, da ação da criança. O jogo não é um fim, segundo Brougère (1998, p.115), mas sim um dos meios, “mais freqüentemente sob sua forma dirigida, de acesso ao exercício físico”. E completa, dizendo que o jogo recreativo é uma “forma de diversão conferida às lições e exercícios”.

    [...] Jogo é o que o vocabulário científico denomina ‘atividade lúdica’, quer essa denominação diga respeito a um reconhecimento objetivo por observação externa ou ao sentido pessoal que cada um pode ter, em certas circunstâncias, de participar de um jogo[...] (BROUGÈRE, 1998, p. 14)

    Os autores, ao se referirem sobre a maneira que se dá a aprendizagem com o uso dos jogos, concordam quanto à forma divertida e espontânea que se dá a aprendizagem. Sendo que alguns enfatizam mais o jogo como forma de exercício físico, e outros, como uma maneira de educar corpo e mente, dando importância para os sentimentos do educando.

    Os jogos nas aulas de Educação Física são um meio interessante de educar. Segundo Faria Jr. (1974, p. 95) os jogos contribuem para o “desenvolvimento integral do educando, uma vez que eles atuam sobre o desenvolvimento físico, psicológico e social dos alunos”.

    Para Santin (1990, p. 20), o jogo é uma forma do indivíduo encontrar-se com sua corporeidade com liberdade e espontaneidade. “O jogo é uma maneira de compreender o processo de organização de estruturas existentes no mundo[...]”, podendo ainda ser uma forma de possibilitar e enriquecer atitudes motoras. Isso porque o jogo tem uma importância particular “por dar a cada indivíduo a possibilidade de se exprimir graças à prática lúdica de significados inconscientes”. (FARIA Jr, 1999, p. 416)

    Pois é o jogo, e nada mais, que dá à luz todo hábito. [...] Todo hábito entra na vida como brincadeira, e mesmo em suas formas mais enrijecidas sobrevive um restinho de jogo até o final. Formas petrificadas e irreconhecíveis de nossa primeira felicidade, de nosso primeiro terror, eis os hábitos. [...] (BENJAMIN, 1984, p.75)

    O jogo, segundo Rosamilha (1979), é um “modo de estar com o mundo, um modo de lidar com os absurdos da condição humana”. Para o autor, o jogo tem essência criativa, sendo fundamental para lidar com situações de choques e conflitos. É uma forma construtiva e útil de vivenciar novas experiências. Por meio dele é possível, para o sujeito, criar atalho entre a fantasia e o real, entre o mundo em que gostaria de estar e o mundo em que tem que viver. Tal possibilidade, segundo Antunes (2001, p. 37), contribui para a estimulação da inteligência. “O jogo é o melhor caminho de iniciação ao prazer estético, à descoberta da individualidade e à mediação individual”.

    Para Brougère (1998), o jogo é uma forma de chamar a atenção, de conquistar a criança, de levá-la a expressar-se naturalmente, de testar suas possibilidades e suas atitudes diante de diferentes situações, além de ser uma forma de refazer as forças do aluno para que este esteja novamente disposto a realizar as tarefas da aula.

    Dessa forma o jogo assume um papel importante nas aulas de Educação Física, já que possibilita ao indivíduo de uma forma prazerosa, descontraída, sem muitas cobranças, mostrar seu potencial e seu poder de criação, oportunizando a descoberta de sua corporeidade, do autocontrole e do respeito com o próximo.

    O jogo e a brincadeira são tratados aqui num mesmo sentido, com o mesmo significado, pois tanto o brincar como o jogar, referem-se às atividades que permitam ao educando criar, imaginar, construir e aprender, da forma que melhor se adaptem, tudo ao seu tempo, de maneira que esse aprendizado se torne prazeroso para ele.

    [...]brincar é essencial à saúde física, emocional e intelectual do ser humano. Brincar é coisa séria, também, porque na brincadeira não há trapaça, há sinceridade, engajamento voluntário e doação. Brincando nos reequilibramos, reciclamos nossas emoções e nossa necessidade de conhecer e reinventar. E tudo isso desenvolvendo atenção, concentração e muitas outras habilidades. (FRIEDMANN, 1992, p. 35)

    O brincar, segundo Winnicott (1975, p.80), faz bem para saúde e facilita o crescimento. É brincando que o adulto ou a criança liberta a criação. É brincando que o indivíduo “pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu”.

    Ao brincar, o indivíduo domina a suas angústias e controla seus impulsos, além de estabelecer contatos sociais, desenvolver habilidades, conhecimentos e estimular a sua criatividade. Para Kude e Bonamigo (1991), brincar é uma forma natural de aprendizado e de desenvolvimento, “o brincar é uma forma de educar completa” (p.555), onde o educando, a partir da experiência de brincar, cresce física, social, cognitiva e emocionalmente.

    Para Santin (1990), o indivíduo que brinca é espontâneo, e ao brincar, a realidade é transformada, onde os personagens e mundos de ilusão são criados, colocando-se diante de riscos, de imprevistos, de suspenses. Segue ainda, “[...] a ludicidade é uma dimensão humana que alegra ao perceber outras possibilidades de ver as coisas, ou de retratá-las” (p.27).

    A ludicidade vem com o mesmo sentido de brincadeira, quando referindo-se à formação integral do educando. Dessa forma, o lúdico tem um importante papel na Educação Física escolar, pois trabalhando os próprios jogos coletivos com ludicidade, estar-se-á contribuindo para a formação individual e social do educando.

    O lúdico assume fundamental papel na formação cognitiva, afetiva e social do educando, de modo que através dele é possível possibilitar a socialização e a integração do aluno na sociedade. Nesse sentido, é importante incorporar o aspecto lúdico nas atividades diárias de sala de aula.

Analise e discussão dos resultados

    Analisaram-se os resultados a partir das entrevistas semi-estruturadas, realizadas com os professores da rede pública dos municípios de Constantina, Engenho Velho e Liberato Salzano. Assim, os dados coletados foram transformados em 1 (um) quadro e 9 (nove) gráficos, utilizando-se para isso a respostas dos professores que participaram do presente estudo.

Sujeitos

Sexo

Formação

Pós Graduação

Município

A

M

Educação Física

X

Constantina

B

M

Educação Física

 

Constantina

C

M

Acadêmico do curso de Educação Física

 

Constantina

D

M

Acadêmico do curso de Educação Física

 

Constantina

E

M

Acadêmico do curso de Educação Física

 

Constantina

F

M

Acadêmico do curso de Educação Física

 

Constantina

G

M

Educação Física

 

Constantina

H

M

Educação Física

 

Engenho Velho

I

M

Acadêmico do curso de Educação Física

 

Liberato Salzano

J

F

Educação Física

 

Liberato Salzano

L

F

Educação Física

 

Liberato Salzano

Quadro 01. Representação dos sujeitos da amostra

 

Gráfico 01. Representação, em percentual, do tempo de atuação na disciplina de Educação Física

    O Gráfico 01 descreve que 45,50% dos professores que fazem parte da amostra trabalham de 2 a 4 anos com Educação Física; 27,20% trabalham a mais de 6 anos; 18,20% trabalham de 1 a 2 anos e 9,10% dos professores trabalham de 4 a 6 anos com a disciplina de Educação Física, em escolas públicas. Pode-se observar então, que muitos dos professores estão em início de carreira, sendo que 5 deles são ainda acadêmicos do Curso de Educação Física.

Gráfico 02. Representação, em números reais, do porquê trabalhar

    Analisando os dados, observou-se que 100% da amostra trabalham os Jogos Recreativos em suas aulas, sendo que os motivos citados pelos professores para trabalhar os Jogos foram esses: 5 (cinco) vezes foi citada a integração entre os alunos; 3 (três) vezes a promoção do desenvolvimento integral do aluno; e foram citados, 1 (um) vez cada. a psicomotricidade, o desenvolvimento da afetividade, o uso como instrumento pré-desportivo, o uso para desenvolvimento da responsabilidade/ auto-controle e para trabalhar o mental/físico.

    O motivo mais citado pelos professores foi a integração que esses jogos proporcionam. Santin (1990), confirma isso quando afirma que ao brincar se está junto com o outro, sentindo o gesto, o calor, o olhar do companheiro. Assim, o brincar é uma forma de aproximar as pessoas, de torná-las amigas e ser feliz.

    O segundo motivo pelo qual os professores que participaram deste estudo trabalham os Jogos Recreativos, é o fato destes proporcionarem o desenvolvimento integral dos educandos. Nesse sentido, Faria Jr. (1974, p. 95), afirma que os jogos contribuem para o “desenvolvimento integral do educando, uma vez que eles atuam sobre o desenvolvimento físico, psicológico e social dos alunos”.

Gráfico 03. Representação, em números reais, dos conteúdos mais trabalhados nas aulas de Educação Física de 5ª a 8ª séries

    O Gráfico 03, mostra que, em primeira opção, o conteúdo mais trabalhado pelos professores de Educação Física, participantes deste estudo, são os Esportes Coletivos, seguidos da Recreação. Em segunda opção, a Recreação é a mais trabalhada, seguida dos Esportes Coletivos. Em terceira opção, ficou a Dança, como conteúdo mais trabalhado, seguida dos Conhecimentos sobre o Corpo (fisiológicos, psicológicos e sociais). Em quarta opção, a Dança também ficou como a mais trabalhada, seguida dos Conhecimentos do Corpo e da Recreação. Finalmente, em quinta opção, ficaram outros conteúdos, como por exemplo, as drogas, paz, sexualidade, estética, saúde, hábitos de higiene e afetividade.

Gráfico 04. Representação, em números reais, das justificativas dos professores sobre a importância dos Jogos Recreativos de 5ª a 8ª séries

    No Gráfico 04, é possível observar que 100% da amostra concordam que os Jogos Recreativos são importantes para a formação afetiva e cognitiva dos alunos. Foi citado 5 (cinco) vezes o Desenvolvimento da Socialização, como um dos fatores pelo qual se faz importante trabalho com Jogos Recreativos; a Minimização da Competição foi citada 2 (duas) vezes; foi citado 1 (uma) vez cada: o Desenvolvimento de Habilidades Motoras, de forma natural; a Manifestação de Estados Emocionais, e a Contribuição para a Desinibição do educando, como fatores determinantes, pelos quais os Jogos Recreativos são importantes no desenvolvimento afetivo e cognitivo dos educandos de 5ª a 8ª séries.

Gráfico 05. Freqüência, em percentual, da utilização dos Jogos Recreativos de 5ª a 8ª séries

    O Gráfico 05 mostra que 63,60% trabalham às vezes os Jogos Recreativos e 36,40% sempre trabalham os Jogos Recreativos. Nota-se, então, que os Jogos Recreativos são trabalhados nas aulas de Educação Física das escolas públicas de Constantina, Liberato Salzano e Engenho Velho.

Gráfico 06. Representação, em porcentagem, do momento da aula que é utilizado o Jogo Recreativo

    O Gráfico 06, mostra que 36,36% dos professores trabalham os Jogos Recreativos como parte principal da aula; 36,36% dos professores trabalham como parte inicial da aula; 18,18% dos professores, como parte inicial e final da aula; e 9,10% dos professores trabalham os Jogos Recreativos nos momentos de tensão.

    Além desses dados pode-se perceber que alguns professores utilizam esses jogos como alternativa de aula nos dias chuvosos. Isso ocorre devido a falta de estrutura física, pois a maioria das escolas não possuem quadra coberta, o que obriga muitos dos professores a trabalharem em sala de aula nesses dias.

Gráfico 07. Representação, em números reais, do objetivo pelo qual se trabalha Jogos Recreativos de 5ª a 8ª séries

    Observando os dados representados no Gráfico 07, nota-se que os Jogos Recreativos são trabalhados de diferentes maneiras e com vários fins. Sendo que foi citada 4 (quatro) vezes a Socialização, como objetivo para se trabalhar os Jogos Recreativos; 3 (três) vezes foi citado o Desenvolvimento da Criatividade, a Expressão, a Desinibição, o Aquecimento; 2 (duas) vezes foi citada a Descontração; e foi citada 1 (uma) vez cada a utilização da Recreação como método para o Desenvolvimento Integral, o Espírito Cooperativo, a Afetividade, as Capacidades Físicas e Motoras, a Minimização da Competição, e como jogo pré-desportivo/aquecimento.

Gráfico 08. Representativo do percentual de aceitação dos alunos quanto à prática dos Jogos Recreativos

    A análise dos dados mostra que 45,46% dos alunos têm uma aceitação regular quanto aos Jogos Recreativos; 18,18% dos alunos têm uma ótima aceitação em relação a esses jogos; entre 18,18% dos alunos a aceitação é muito boa; e 18,18% dos alunos têm boa aceitação.

    Considerando os dados do Gráfico 08, percebe-se que os alunos, de forma geral, gostam e aceitam o trabalho com Jogos Recreativos. Talvez, o que esteja faltando, sejam oportunidades para tal prática, ou ainda, que o professor enfatize ainda mais o trabalho, utilizando tais jogos em suas aulas.

Gráfico 09: Representação, em percentual, do tipo de Jogo Recreativo trabalhado de 5ª a 8ª série

    A análise dos dados mostra que os tipos de Jogos Recreativos variam muito, indo desde atividades pré-desportivas a brincadeiras rítmicas; 27,20% das atividades trabalhadas são pré-desportivos; 18,20% são jogos cooperativos; 18,20% são jogos rítmicos; 18,20% todos os jogos possíveis (como pega-pega, alerta, estafetas, entre outros); 9,10% são criação, por parte dos alunos, de brincadeiras; e 9,10% são brincadeiras de roda.

Considerações finais

    O estudo possibilitou identificar o pensar dos professores de Educação Física de Constantina, Engenho Velho e Liberato Salzano, quanto a utilização dos Jogos Recreativos no ensino fundamental- séries finais. Os 11 entrevistados acreditam ser importante o trabalho com esses jogos para o desenvolvimento afetivo e cognitivo dos alunos, e que os mesmos possibilitam a integração e a ajuda mútua, melhorando a convivência em sociedade. Porém o conteúdo mais trabalhado continua sendo os esportes como o futebol, o voleibol, futsal, basquete, entre outros. E a maioria dos jogos recreativos utilizados são os jogos pré-desportivos, que visam auxiliar no ensino dos esportes.

    Os resultados apontam que os esportes competitivos são os conteúdos mais trabalhados. Porém nota-se que os Jogos Recreativos começam a ter um espaço maior nas aulas de Educação Física do Ensino Fundamental – séries finais. O que não diminui a necessidade de incentivar cada vez mais a utilização desses jogos. Já que os mesmos são importantes para o desenvolvimento biopsicosocial dos educandos, proporcionando vivenciar, de forma agradável e sem muitas cobranças, as diversas possibilidades de movimento de seu corpo e a vida em sociedade.

    Sugere-se, assim, que outros trabalhos nesta área sejam realizados, a fim de diagnosticar o pensar dos professores sobre a recreação e, assim, possibilitar a elaboração de projetos que objetivem uma Educação Física mais inclusiva e humanista, resgatando no aluno o prazer pelo brincar.

Referencias bibliograficas

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  • FARIA Jr, Alfredo Gomes de. Introdução à didática de Educação Física. 2.ed. Botafogo: Fórum, 1974

  • FRIEDMANN, Adriana. O Direito de Brincar: a brinquedoteca. São Paulo: Scritta, 1992.

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  • ROSAMILHA, Nelson. Psicologia do Jogo e Aprendizagem Infantil. São Paulo: Pioneira, 1979.

  • SANTIN, Vilvino. Educação Física: outros caminhos. Porto Alegre: EST, 1990.

  • TEIXEIRA, Mauro Soares; FIGUEIREDO, Jarbas Sales de. Recreação para Todos: manual teórico-prático. 2. ed. São Paulo: Editora Obelisco, 1970.

  • WINNICOTT, D.W. O Brincar & a Realidade. Rio de Janeiro: Imado Editora LTDA, 1975.

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