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Avaliação dos níveis séricos de PSA pré e pós-exercício 

físico de compressão prostática em indivíduos saudáveis

 

*Biomédico

**Professor titular da disciplina de Imunologia Clínica

do curso de Biomedicina do Centro Universitário Feevale

Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul

Fernando do Nascimento Hackbart*

Gustavo Müller Lara**

gustavoml@feevale.br

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          O PSA é um dos exames mais solicitados entre os médicos urologistas para monitorar alterações na próstata e essa medida pode ser prejudicada se o parâmetro exercício físico não for avaliado, pois alguns autores relatam a existência de valores séricos para esse marcador enquanto que outros afirmam não existir diferença significativa. Foram utilizados 24 atletas com idade média de 26 anos que realizaram bike-spinning e abdominal inferior. Os resultados observados mostraram não haver diferença significativa entre os valores de PSA antes e após o exercício realizado

          Unitermos: Antígeno prostático específico. Exercício físico. Exame dígito retal

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 132 - Mayo de 2009

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Introdução

    O antígeno prostático específico (PSA), embora amplamente utilizado na clínica, possui relações particulares com o desenvolvimento de câncer ou outras doenças da próstata [1].

    De acordo com a Sociedade Americana de Cancerologia, o exame dígito retal (DRE) e a medida anual de PSA a partir dos 50 anos de idade deve ser realizada em todos indivíduos pertencentes a grupos de risco [2].

    Ambos os exames possuem baixo custo e uma ótima sensibilidade e especificidade na detecção do câncer de próstata [3], porém algumas situações, muitas vezes não explicadas aos pacientes podem resultar em alterações no marcador sérico, entre elas, suspeita-se que o aumento sanguíneo no plexo pélvico ou manuseio da próstata possa ser motivos importantes destas alterações[4-6].

    Devido a este paradoxo é considerável a preocupação da existência de falso-positivos relacionados à compressão prostática como uso de bicicleta, considerada um meio de transporte importante em algumas cidades e também devido a prática constante de exercícios variados como terapia de baixo custo para reduzir os efeitos colaterais da tereapia com restrição androgênica e radiotereapia [7-10].

    O objetivo deste trabalho é verificar o nível de PSA em pacientes saudáveis e compara-lo após uma sessão de bike-spinning.

Materiais e métodos

Delineamento do estudo

    Estudo de prevalência, experimental, onde o fator de exposição é definido pelo investigador, com eixo do desfecho estático, não comparado a um grupo controle, com amostras não aleatórias, pareadas colhidas antes e após exercício de compressão prostática.

Pacientes

    Foram selecionadas 24 atletas profissionais saudáveis pertencentes ao Esporte Clube Novo Hamburgo, com idades entre 18 e 35 anos.

Critérios de inclusão

    Idade inferior a 40 anos, não fumantes, não usuários de drogas, não usuários de bebidas alcoólicas e sem casos de câncer de próstata na família. O critério de exclusão foi não se encaixar nos critérios de inclusão. Após a seleção, os pacientes foram encaminhados para um academia de ginástica onde foram realizados os exercícios.

Métodos

    O PSA foi determinado utilizando um imunoensaio comercial quimioluminescente pelo aaprelho ACCESS – Beckman Coulter ®, antes da análise das amostras dos pacientes, o aparelho foi calibrado e com o uso de um controle de qualidade verificou-se a precisão e exatidão dos resultados. O critério de referência para classificar as amostras como normais foi até 4,0 hg/mL.

    As medidas sorológicas dos níveis de PSA foi realizada em duas etapas, denominadas E1pré (antes do exercício) e E1pós (imediatamente após o exercício), onde os atletas foram submetidos a rigorosos 15 minutos de bicicleta ergométrica no terceiro nível de esforço. Outro grupo submeteu-se a exercícios de abdominais inferiores. A coleta da amostra seguiu o mesmo parâmetro do exercício anterior e foram denominadas de E2pré e E2pós, respectivamente.

    A escolha dos exercícios foi indicada por profissional habilitado em Educação Física, baseados na intensidade de compressão da região pubiana e foram selecionados aqueles que apresentaram maior efetividade na compressão prostática.

    As amostras foram transportadas da academia de ginástica até o Laboratório de Biomedicina do Centro Universitário Feevale em caixa de isopor com gelo reciclável, centrifugadas durante 15 minutos a 3000 rpm e o soro foi separado e armazenado em tubos eppendorf de 1,5mL e congelados até o momento da análise.

Análise Estatística

    Utilizou-se análise estatística descritiva e a comparação entre as medidas foi feita através da do teste t de Student. Foi adotado o nível de significância de 5%. O programa SPSS 12.0 foi utilizado para a análise dos dados.

Resultados

    Participaram da pesquisa 24 atletas de futebol profissional pertencente ao Esporte Clube Novo Hamburgo com idades variando entre 18 e 35 anos (média 26 anos), não foi distinção entre considerando cor, classe social ou nível de escolaridade. Os dados obtidos das amostras dos indivíduos, diferenciadas por grupo de exercício, que participaram do experimento são mostrados na tabela I.

Tabela I. Estatística descritiva em relação às dosagens de PSA por exercício físico

 

n

Média

Desvio padrão

Bicicleta

 

 

 

E1pré

12

0,452

0,207

E1pós

12

0,492

0,194

Abdominal

 

 

 

E2pré

12

0,582

0,360

E2pós

12

0,589

0,376

    Na figura 1 temos uma representação em forma de gráfico de Scatter, onde há o cruzamento de informações obtidas com os resultados das amostras pré e pós-exercícios 1, bem como os resultados das amostras pré e pós-exercício 2.

Figura 1. Gráfico de Scatter comparando os pares de amostras E1pré 1 E1pós (bicicleta) com as amostras E2pré e E2pós (abdominal).

    A tabela II apresenta, resumidamente, os valores obtidos entre o pareamento das medidas E1 (pré e pós) e E2 (pré e pós), mostrando não haver diferença significativa entre as análises.

Tabela II. Teste t de Student

Diferença dos pares

Par

Descrição

Média

Desvio padrão

Variância

gl

t crítico

t calculado

Par1

E1pré-E1pós

0,040

0,154

0,024

11

2,166

0,387

Par2

E2pré-E2pós

0,007

0,023

0,001

11

2,166

0,331

Discussão

    Os exercícios físicos realizados foram escolhidos por serem capazes de aumentar o fluxo sanguíneo na região pélvica e após a análise das amostras, as informações conhecidas anteriormente relatadas na literatura por alguns autores, confirmam a ideia de que atletas que percorrem longas distâncias com bicicleta não sofrem alteração nos níveis séricos de PSA[4, 5].

    Através da análise dos valores apresentados pode-se verificar a que a diferença não foi significativa entre as amostras tanto para o exercício bicicleta quanto para o exercício abdominal inferior.

Conclusões

    Pela verificação dos testes realizados durante o experimento houve uma constatação decidida de que alterações nos níveis de PSA, quando a próstata é submetida a uma compressão forte e constante são inexistentes ou não significativas, em pacientes saudáveis, concordando com os resultados de Fonseca e cols.[11], que também demonstra através de uma análise estatística não haver diferença significativa na liberação de PSA quando a próstata é submetida a compressão.

    Ao efetuar este estudo foi observada a importância de uma análise clínica correta, unindo os conhecimentos multidisciplinares de biomédicos, médicos e farmacêuticos, para um laudo coerente e preciso, uma vez que estamos tratando de uma das patologias mais severas para o homem atualmente.

    Portanto, torna-se importante ressaltar novamente a importância do laboratório como um auxiliar confiável para o corpo médico na realização de diagnósticos precisos e coesos, buscando sempre a principal finalidade dos profissionais da área da saúde, que é a luta para uma vida digna e livre de doenças da população em geral.

Referências bibliográficas

  1. Vidigal, D.J.A., et al., Dosagem e correlação do antígeno prostático específico com as alterações histológicas dos anexos sexuais do Hamster Sírio. Rev. Col. Bras. Cir, 2005. 32(3): p. 147-152.

  2. Smith, R.A., V. Cokkinides, and H.J. Eyre, American Cancer Society guidelines for the early detection of cancer, 2006. CA Cancer J Clin, 2006. 56(1): p. 11-25; quiz 49-50.

  3. Song, J.M., et al., Prostate-specific antigen, digital rectal examination and transrectal ultrasonography: a meta-analysis for this diagnostic triad of prostate cancer in symptomatic korean men. Yonsei Med J, 2005. 46(3): p. 414-24.

  4. Herrmann, M., et al., Long-distance mountain biking does not disturb the measurement of total, free or complexed prostate-specific antigen in healthy men. Clin Chem Lab Med, 2004. 42(3): p. 347-9.

  5. Kratz, A., et al., Effect of marathon running on total and free serum prostate-specific antigen concentrations. Arch Pathol Lab Med, 2003. 127(3): p. 345-8.

  6. Tymchuk, C.N., et al., Effects of diet and exercise on insulin, sex hormone-binding globulin, and prostate-specific antigen. Nutr Cancer, 1998. 31(2): p. 127-31.

  7. Galvao, D.A., et al., Exercise can prevent and even reverse adverse effects of androgen suppression treatment in men with prostate cancer. Prostate Cancer Prostatic Dis, 2007. 10(4): p. 340-6.

  8. Windsor, P.M., K.F. Nicol, and J. Potter, A randomized, controlled trial of aerobic exercise for treatment-related fatigue in men receiving radical external beam radiotherapy for localized prostate carcinoma. Cancer, 2004. 101(3): p. 550-7.

  9. Segal, R.J., et al., Randomized controlled trial of resistance or aerobic exercise in men receiving radiation therapy for prostate cancer. J Clin Oncol, 2009. 27(3): p. 344-51.

  10. Antonelli, J., S.J. Freedland, and L.W. Jones, Exercise therapy across the prostate cancer continuum. Prostate Cancer Prostatic Dis, 2009.

  11. da Fonseca, F.P., et al., Evaluation of prostate specific antigen in the prognosis of patients with advanced prostate cancer. Sao Paulo Med J, 1998. 116(5): p. 1798-802.

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