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Educação corporal ecológica e perfil sócio-econômico

comportamental dos alunos do Projeto de iniciação 

esportiva Bom de Bola Bom de Nota

Educación corporal ecológica y perfil socioeconómico comportamental de los alumnos 

del Proyecto de iniciación deportiva Bueno para la Pelota Bueno en las Notas

Education bodily ecológic and outline associate-economic behavior of schoolboys 

of the design of initiation sporting Good of Ball Good of Banknote

 

*Programa de Graduação em Educação Física

Universidade Federal de Viçosa, MG

(Brasil)

**Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em

Avaliação das Actividades Físicas e Desportivas – UTAD

(Portugal)

Rodrigo Dias Ribeiro*

André Luiz Zanella**

Dihogo Gama de Matos**

Rafael Savóia**

Mauro Lúcio Mazini Filho**

zanellasc@hotmail.com

 

 

 

Resumo

          Este estudo procurou desvendar a realidade em torno dos jovens e crianças viçosenses, alunos integrantes do Projeto Social de Iniciação Esportiva, Bom de Bola Bom de Nota, com intuito de compreender a importância do esporte em suas vidas, tendo em vista a realidade sócio econômica a qual estão inseridos e que, de fato, os segrega. Portanto a analise dos dados desses alunos, bem como o estudo sócio ambiental da cultura ocidental, permeou a elaboração da proposta de Educação Corporal Ecológica, que prima em suas ações, pela formação de alunos emancipados que sejam agentes de harmonia sócio- ambiental, incluindo-os na sociedade de modo a promoverem o desenvolvimento sustentável do nosso ecossistema. Situação que, nos dias de hoje, tornou-se imprescindível diante do advento tecnológico que, em favor do desenvolvimento econômico das nações, privilegiou o crescimento material em detrimento ao crescimento pessoal, determinando a destruição do nosso meio ambiente.

          Resumo: Projeto social. Educação corporal ecológica. Bom de bola bom de nota.

 

Abstract

          This study search take the lid off the reality in lathe young and childrens viçosenses, Sporting Communal integral schoolboys of the Design of Initiation, Good of Good Ball of Banknote, with have of appreciate the amount of the sport in your affairs, have in eyesight at reality social-economic at which be insert and that, indeed, of segregate. Hence at analyse given of that schoolboys, asset consume the study west environmental associate of the culture, with the create of the nomination of Education Bodily Ecológic, that cousin in your stock, coat formation of schoolboys emancipate that be agents of harmony associate- environmental, include in the association of manner at advance the tenable development of the ours ecossistem. Setup that, us present-day days, assume-whether indispensable before the aadvent technological that, in of the development economic of the nations, agree the growth bodily in detriment at individual growth, detriment the corruption of the ours environment.

          Keywords: Communal design. Education bodily ecologic. Good of good ball of Banknote.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 130 - Marzo de 2009

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Introdução

    No presente estudo, a Proposta de iniciação esportiva federal 2º Tempo, que determina as bases pedagógicas do Projeto Bom de Bola Bom de Nota da cidade de Viçosa, tem como principal objetivo democratizar o acesso ao esporte educacional de qualidade, como forma de inclusão social, ocupando o tempo ocioso de crianças e adolescentes na condição de risco social visando o seu desenvolvimento integral.

    O projeto municipal possui em seu corpo um professor graduado em Educação Física e estagiários da área, atuando como monitores das modalidades, no total de doze, sendo um deles coordenador. As respectivas modalidades do projeto são:

  • Futsal;

  • Natação;

  • Jiu Jitsu;

  • Judô;

  • Ginástica Rítmica Desportiva (GRD);

  • Voleibol;

  • Basquetebol.

    Portanto, sendo a nossa disciplina incumbida de atuar no ensino e na coordenação do projeto, cabe a nós, professores e estudantes de Educação Física suscitar idéias e propostas para a melhoria da qualidade do esporte educacional, bem como possibilitar através desse, a inclusão social de jovens e adolescentes de baixa renda.

    Para tanto, incorporar ao esporte, o caráter educacional depende, sobretudo, de uma leitura adequada da sociedade. Prospectando a formação do aluno emancipado, que seja agente de harmonia sócio ambiental, visa-se oportunizar através deste estudo, o principal objetivo da Concepção de Educação Corporal Ecológica, que é o desenvolvimento sócio-ambiental sustentável.

    Os alunos emancipados nessa Concepção são formados através do processo participativo de ensino e aprendizagem, que proporcione a apreensão dos conhecimentos de forma integral, obtidas por uma abordagem holística do conhecimento, onde no presente estudo foi aplicado ao esporte, no intuito de promover o despertar do comportamento ecológico, fator determinante ao desenvolvimento integral do aluno.

    Portanto, a quantificação de dados sócio-ambientais e comportamentais de crianças e jovens do Projeto Bom de Bola Bom de Nota, bem como a análise do histórico desse, tornam-se relevantes quanto à identificação da realidade em torno dos alunos, de modo a orientar as bases da Proposta de Educação Corporal Ecológica.

Métodos

    Para realização deste estudo, objetivando mapear o perfil sócio-economico e comportamental dos alunos do projeto de iniciação esportiva Bom de Bola Bom de Nota, bem como adequar a proposta de Educação Corporal Ecológica ao esporte, foi elaborado um questionário padrão, com questões sob forma aberta e múltipla escolha, com a possibilidade de marcar mais de uma alternativa dentre todas propostas.

    A aplicação dos questionários realizou-se no local da pratica esportiva do Projeto Bom de Bola Bom de Nota, situado na Associação Esportiva Viçosense (AEV), mediante a autorização dos monitores, durante as aulas.

    A amostra compreendeu crianças e jovens de ambos sexos com idade variando entre 9 e 18 anos, sendo os alunos das seguintes modalidades: Jiu Jitsu, Judô, Natação, Futsal, GRD (Ginástica Rítmica Desportiva), Vôlei e Basquete.

Educação Corporal Ecológica

    Ao propor fundamentos educacionais com base nos conhecimentos acumulados ao longo de toda vida acadêmica, foi idealizado a Educação Corporal Ecológica por sua terminologia abranger as vastas possibilidades humanas diante a natureza. No entanto não há problema em referir-se a concepção como Educação Física Ecológica, pois questões terminológicas são pouco relevantes.

    De acordo com CAPRA (1982), “a evolução biológica da espécie humana cessou há uns 50 mil anos, corpo e cérebro permaneceram essencialmente os mesmos em estrutura e tamanho”. Portanto, a evolução a partir desse tempo, processou-se não de forma genética, mas de modo social e cultural. Nessa perspectiva o papel do professor como agente de conhecimento em intervir na evolução, é eminente e fundamental a nossa civilização. O conhecimento ecológico sobretudo, é a forma de aliar a educação, efetiva transformação sócio cultural.

    Para tanto, a sistematização do conhecimento deve aliar ao saber cientifico linear, o saber não linear intuitivo, próprio aos índios americanos e populações camponesas, que possuem um conhecimento refinado de meio ambiente e guiam suas vidas em sentido ao fluxo dos fenômenos naturais A partir da explosão tecnológica de nossa civilização modificou-se a tal ponto o meio ambiente, que nós, sobretudo seres urbanos, perdemos contato com nossa base biológica e ecológica.

    A abordagem da realidade na transmissão dos conhecimentos, deve-se dar de forma qualitativa e não quantitativa. Um acontecimento possibilita a ocorrência de outros numa reação em cadeia, que reflete o todo real, com isso analisar e determinar respostas a uma dimensão limita o desenvolvimento holístico do individuo.

    A Educação Física que já sofreu por crises de identidade e legitimidade, hoje não mais vive esse momento, pois creio que conferir legitimidade a uma disciplina depende da competência de seus profissionais e não a sujeição de modelos sociais ou divergências de ideais internos que, quando relevados no dia-dia em primeiro plano, desfaz-se a unidade do corpo da disciplina. .

    O desenvolvimento histórico da disciplina transcorreu em corrente ao cientificismo cartesiano resguardando à função de criar corpos saudáveis para guerra, que através da influencia militar e ginástica, limitou-se o conhecimento ao trato específico do físico.

    No Brasil, a Instituição esporte também norteou os caminhos da Educação Física. Vendido pela mídia e industrias, como agente civilizador que profere a imunização das pessoas da marginalidade aliado a toda rentabilidade gerada as empresas que gerenciam o esporte. Tornou a instituição, no imaginário popular, algo como segunda natureza da disciplina, ou seja Educação Física pressupõe esporte.

    Segundo SALVADORI, citado por LUCENA (2000), “no estado moderno a partir do esporte, começa a existir um controle estatal e societário das emoções e das paixões com intuito de evitar a exarcebação destes instintos em detrimento dos membros de um mesmo grupo nacional.” (LUCENA, 2000, p. 4).

    Veicula-se ao esporte no Brasil sobretudo no futebol, designado nacionalmente como esporte “bretão”, o espaço de palco das emoções populares coletivas, onde as pessoas manifestam seus sentimentos refletindo as agruras sociais, seja sobre a forma de brigas entre facções de torcidas organizadas, violência e repressões policiais, que por sua vez amenizam a dialética do povo em relação ao Estado sucumbindo à revolta popular com má distribuição de renda e corrupção nas instituições públicas.

    Releva-se entretanto, entre as emoções populares, o aspecto de irreverência nos jogos, como apostas e brincadeiras entre amigos. Situação a qual nos remete a antiga ética romana de “pão e circo” para o povo, onde no contexto atual a TV, como maior meio de massificação de informações, assume o papel do estado.

    A influencia esportiva cristalizada na sociedade, desnorteia o referencial epistemológico adquirido pelo professor durante sua vida acadêmica atribuindo-lhe a função de treinador, ou seja, aquele responsável por ensinar e educar o gesto motor desenvolvendo os aspectos cognitivos humanos para o maior rendimento.

    No contexto atual o esporte de alto nível não vale-se apenas de si para a conquista de vitórias. A aptidão física entre os atletas de diferentes clubes se equivalem em aspectos de Vo2max, força, potência, resistência e velocidade.

    A nutrição esportiva e treinamento de força alcançaram patamares avançados, o aporte energético aplicado de acordo com os diferentes metabolismos dos atletas, mantém as reservas de glicogênio em alta subsidiadas pela hidratação antes durante e depois dos jogos, que está associada a ingestão de bebidas e compostos carbohidratados.

    O que se apresenta como valências diferenciais dos clubes e atletas de maior escores, provem da incorporação de psicólogos e terapeutas ao corpo profissional, que organizam suas atividades em torno do desenvolvimento da motivação e confiança, através de praticas que estimulem a força mental dos atletas.

    A otimização do rendimento fisiológico esbarra aos limites naturais humanos, hoje insere-se no quadro esportivo o aumento do numero de lesões e até mesmo morte súbita decorrentes esforço físico demasiado ou overtraining.

    Em contrapartida, um aspecto não muito explorado no esporte é a transferência de aprendizado e atividades funcionais. Exercícios funcionais que utilizem a resistência do próprio corpo, tensões elásticas e bolas medicinais podem ser vitais ao fortalecimento articular.

    A transferência de aprendizado consiste em ampliar a propriocepção do individuo através da implementação de exercícios próprios a outras modalidades despertando o maior número de respostas coordenativas a um determinado estimulo. Um exemplo claro desse benefício seria a implementação de atividades como quedas, rolamentos, deslocamentos e esgrimas próprios ao Jiu-Jitsu e Judô à modalidades como: futebol, basquetebol e handebol que envolvem contato físico e elevado numero de saltos durante o jogo

    Os jogos populares e esportes amadores representam as tradições e regionalismos culturais, construídos a partir das relações sócio-ambientais estabelecidas entre os indivíduos de determinadas regiões. Por isso assumem papel essencial dentre os conteúdos da Educação Corporal Ecológica, pois referem-se ao o jogo como manifesto cultural ecológico do homem envolto em costumes naturais e tradições familiares, que possuem regras e condutas próprias, criadas sobretudo em favor da diversão, proporcionando a característica de jogo, pelo prazer de jogar.

    Portanto a importância de uma abordagem holística dos manifestos culturais humanos culmina em proporcionar o aprendizado ecológico que provem das esferas socio-ambientais, psicológicas, culturais e biológicas.

    Sobretudo, mediante jogos esportivos, lúdicos, brinquedos, cirandas, dança, lutas, cantos e ritos populares que estão enraizados na cultura corporal popular, de forma a desvincular, o foco do aprendizado apoiado nos aspectos cognitivos obtidos através da repetição de gestos motores.

    A absorção do conhecimento na perspectiva ecológica indica que adquirir conhecimento depende do entendimento de uma gama de realidades sócio culturais apreendidas através da percepção corporal e indução pela ciência .

    A Educação Corporal Ecológica em sua concepção prima pela formação do cidadão crítico emancipado. Emancipação sobretudo, adquirida no sentido de avançar nas relações sócio-ambientais promovendo harmonia. Ou seja, partindo de um estado de desordem para a ordem.

    O senso harmônico não corrobora a superação do sistema, agir criticamente na esfera ecológica não consiste em contestar, como um sujeito político, mas sim, harmonizar como um sujeito humano.

    Portanto, a acepção de uma proposta pedagógica depende de uma leitura adequada da realidade. O esporte em todas suas nuances, inclusive o alto nível que engloba o caráter competitivo, é também conteúdo da Educação Corporal Ecológica. Afirmar-se diante da burguesia e do sistema capitalista, politizando o cidadão, é superficial à formação holística do ser humano.

    Excluir a competição das aulas de Educação Física é de certo desmotivante. Através da sistematização pedagógica, o papel do professor consiste em, incorporar ao aspecto auto-afirmativos da competição, o senso cooperativo nas atividades, transportando para criança a noção de um ser coletivo, de modo que ele não reproduza da mesma forma a agressividade e sobrepujança do universo adulto de trabalho que lhe é tão cedo incutido pela mídia e aspirações familiares.

    Para Schüller, "Há um saber corpo... O corpo sabe o mundo, convive com ele. Sabe as coisas ao tocá-las. Conhece e reconhece. Os corpos comunicam-se, interpenetram-se" (Schüller, 2001).

    O corpo dança, canta, pula, corre, vence, perde, luta, brinca, ama e odeia . Fica intrínseco nesse homem um registro corporal vivido que é redescoberto ao longo dos anos mediante a situação recorrente possuir aspectos semelhantes a um fato passado. A percepção que induz a redescoberta (feedback) provém do universo dos sentidos humanos que incluem os cinco responsáveis pela audição, olfato, tato, visão e audição mais o comportamento, que é constituído das relações sócio-ambientais estabelecidas ao longo da vida.

    A percepção emerge através da união desses fatores aleatoriamente, ou incluem a possibilidade da redescoberta (feedback) provir de um único sentido.

    Logo, a construção do conhecimento e comportamento ecológico são erguidos num processo participativo entre alunos e professor, que, direciona as percepções, análises e sentimentos da turma, à luz do senso harmônico do corpo na natureza, sobretudo através de um ambiente envolto em emoções positivas, que reforçam o aprendizado.

    A inserção social do conhecimento ecológico é possibilitada através de conteúdos que sejam relevantes ao contexto sócio-ambiental do aluno. Todo conteúdo cientifico ou cultural transmitido devem ser transpostos para a realidade do jovem.

    Assim, pressupõe se que a Educação Corporal Ecológica, prima em proporcionar ao aluno um entendimento crítico do que se passa na aula, na escola, na sociedade e que tudo isso faz parte da história construída pelo homem e não simplesmente uma aula isolada. Essa perspectiva de totalidade implica contribuir na superação de dicotomias relacionadas a corpo-mente, homem-sociedade, sociedade-meio ambiente, etc.

    Sintonizar com o dia-dia dos jovens proporciona, a conhece los, logo, possibilita se que as interações didáticas ocorram no mesmo nível. Desta forma cria se um ambiente agradável para que ocorra a troca de idéias, emoções e sentimentos durante as aulas, aliado a isso, um novo conhecimento epistemológico ou erudito, permeia-se a construção do conhecimento ecológico.

    A sistematização da ECE emerge em contraponto as demais pedagogias que advém das relações estabelecidas de acordo com o materialismo dialético de Marx. Em suma, a proposta marxista designa que a luta entre duas correntes (burguesia e ploretariado) resultam na construção da realidade, e para tanto, agir nessa perspectiva depende dessa resultante oriunda de conflitos.

    Segundo CAPRA (1982) “A tendência auto-afirmativa, oriunda do século XIX, defendida pelos darwinistas sociais, sustentam a idéia de que a vida em sociedade deve ser uma luta pela existência regida pela “sobrevivência dos mais aptos””.

    Para tanto, a Educação Corporal Ecológica propõe que a resultante entre a relação de duas forças, provém de um processo dinâmico (holístico) de relações sócio ambientais, que descentralizam, portanto o foco sobre a luta de classes como o principal agente de transformação humana.

    Desta forma incorpora-se à disciplina o caráter cooperativo ao competitivo, onde, todos os sujeitos envolvidos no processo educativo tenham uma intencionalidade coletiva, buscando solucionar os problemas com o grupo, o que leva ao crescimento de cada indivíduo e do grupo como um todo.

    Tendo em sua base, ambas forças (competição/cooperação) como essenciais à sobrevivência humana. Qualifica-se toda ação didática durante as aulas na busca pela harmonia corporal, que libera a formação emancipada do homem, em seu meio natural.

    Do mesmo modo, a organização de todas nossas ações, na Educação corporal ecológica, apresenta por maior finalidade, viabilizar o desenvolvimento sustentável de nosso ecossistema.

    Perceber globalmente e agir localmente.

Jiu Jitsu e Artes Marciais, ponto de partida para construção da Educação Corporal Ecológica

    Segundo alguns historiadores o Jiu-Jitsu ou "arte suave", nasceu na Índia e era praticado por monges budistas. Preocupados com a auto defesa, os monges desenvolveram uma técnica baseada nos princípios do equilíbrio, do sistema de articulação do corpo e das alavancas, evitando o uso da força e de armas. Com a expansão do budismo o jiu-jitsu percorreu o Sudeste asiático, a China e, finalmente, chegou ao Japão, onde desenvolveu-se e popularizou-se (Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu).

    O Jiu Jitsu foi criado pelos monges a partir de uma serie de ataques armados sofrido por eles durante o percurso das trilhas em meio às matas, que desemborcavam nos mosteiros.

    A aversão dos monges às mentes fracas que produziam as armas culminou na criação da arte marcial mais perfeita e eficiente de defesa pessoal que já existiu. O Jiu Jitsu por ser completo foi base para origem de outras artes marciais como o Judô e o Karate.

    Para REIDE & CROUCHER, no que tange as Artes Marciais, implica-se que: “é o conteúdo intelectual que distingue uma arte marcial de uma arte de luta. Acrescenta-se que, além deste, o conteúdo das particularidades culturais estabelecem diferenças vitais entre o que é e não é arte marcial”. Logo a filosofia budista é essência do Jiu Jitsu onde: “os ensinamentos das artes marciais não têm por limite uma compreensão do aspecto físico do ser humano. No decorrer de toda a História, os mestres de artes marciais sempre provaram que, além de guerreiros e médicos, são também pensadores e religiosos, seres profundamente conscientes da necessidade de uma atividade moral” (REIDE & CROUCHER 2003).

    As propriedades biomecânicas concebidas pelas técnicas da Arte milenar proporcionam um praticante, até 30 kilos mais leve, superar o adversário mais pesado, logo, fica intrínseco ao Jiu Jitsu o sentimento de alto confiança, tolerância e sobretudo o respeito ao adversário, pois ele é responsável pela grandeza da nossa vitória.

    No Brasil, atualmente, distúrbios comportamentais de jovens que utilizam-se das técnicas do Jiu jitsu para a violência, em nada condiz com a doutrina filosófica da arte. São praticantes que sujam o nome do Jiu Jitsu e infelizmente são evidenciados pela mídia, que deturpa a arte milenar rotulando os praticantes em geral como Pit boys(mistura de garoto com o cão de rinha Pit Bull). Não se vê na mídia, sobretudo na tv, veicular noticias sobre a gama de trabalhos sociais desenvolvidos através do Jiu Jitsu, bem como os benefícios dele a saude e à auto estima dos praticantes.

    “A arte suave” provinda dos monges possui em sua essência, a ética harmônica budista de viver em harmonia com o TAO que é o “caminho” da natureza, caracterizado como um processo de continuo fluxo e mudança, em seu movimento incessante em todos os aspectos naturais, sejam no mundo físico ou nos domínios psicológicos e sociais.

    Segundo LIETCHTI (1994), “O Tao, em geral traduzido por Caminho, é uma explicação da origem do universo, de como se interpenetram as forças em jogo no dito universo e de como as pessoas se podem harmonizar com a natureza aderindo ao Tao”.

    As forças que regem o “caminho” são pólos opostos denominados Yin e Yang e o conceito de harmonia, prove da busca pelo equilíbrio de ambos.

    CAPRA (1992) de acordo com a filosofia chinesa propõe as seguintes associações:

YIN

YANG

Feminino

Contrátil

Conservador

Receptivo

Cooperativo

Intuitivo

Sintético

Integração

Masculino

Expansivo

Exigente

Agressivo

Competitivo

Racional

Analítico

Auto-afirmação

    Em nossa sociedade manifestam-se nas relações sócio ambientais que incluem política, economia e hierarquias sociais de orientações racistas e sexistas, a predominância do pólo Yang como percussor dessas relações.

    O sistema patriarca reforçado pelos darwinistas sociais subjugou a mulher e a natureza ao ego masculino caracterizando na sociedade a prevalência da tendência auto afirmativa em detrimento à integrativa. Culminando nos desastres sócio ambientais como guerras, destruição do meio ambiente e sobrepujança de nações.

    Na esfera educacional, segundo CAPRA (1982) a reprodução desses valores se apresentam se da seguinte forma: “a auto afirmação é recompensada no que se refere ao comportamento competitivo, mas é desencorajada quando se expressa em termos de idéias originais e questionamento da autoridade”.

    Para tanto, a proposta da ECE surge em contraponto à tendência predominante do pólo YANG em nossa sociedade, reconhecendo a sua importância, no entanto, buscando integrar os valores femininos YIN de forma harmônica ao processo ensino aprendizado e seleção de conteúdos curriculares.

    Visa se dessa forma proporcionar a formação holística e emancipada do aluno, através do apreensão do conhecimento ecológico, resultante do processo participativo de ensino-aprendizado, que vem a oportunizar a associação da consciência ecológica aos alunos, tornando os agentes fundamentais ao desenvolvimento sustentável de nosso ecossistema.

Resultados

    Gráficos

1.     Idade

 

9à 11= 34 ------------- 41.5%

12à 16= 38 ----------- 46.3%

+16 =10 -------------- 12.2%

total = 82 ------------- 100%

 

2.     Sexo

 

masculino = 59 ----------- 72%

feminino = 23 ------------ 28%

 

3.     Profissão dos pais

 

pai desconhecido=12 14.6%

mãe desconhecida=4 5%

não sabe=3 3.6%

 

    demais profissões: pedreiro,domestica, carregador, lavador de carros, manicure, carreteiro, mecânico, comerciante, balconista, dona de casa, contador, ajudante de motorista,ajudante em lanchonete, marceneiro, vendedora, pasteleiro, faxineira, servente, azulejista, trabalha em casa, vidraceiro, entregador, cozinheira, comerciante, massagista, auxiliar de farmácia, lavadeira, jogador de futebol amador, aposentado, cabeleireira, segurança, serralheiro, motorista, auxiliar de enfermagem, funcionário publico, musico.) = 63 ------- 76%

4.     Problema físico

 

a. auditivo = 5 ----------------- 6.1%

b. visual = 4 ------------------ 4.9%

c. motor = 2 ------------------ 2.4%

d. mental = 2 ----------------- 2.4%

e. outro = 3 ------------------- 3.7%

f. nenhum = 66 --------------- 81%

5.     Modalidade

 

GRD =10 ----------------- 12,2%

JUDO = 10 -------------- 12,2%

FUTSAL= 14 ------------ 17.1%

BASQUETE = 5 -------- 6.1%

JIU = 14 ------------------ 17.1%

VOLEI =10 -------------- 12,2%

NAT =19 ----------------- 23.2%

6.     O que você espera ao final do projeto?

 

a. Tornar se profissional do esporte = 52 ----------------------------------- 63,5%

b. Praticar esportes por diversão = 13 --------------------------------------- 16%

c. Tornar se praticante de finais de semana = 9 ---------------------------- 11%

d. Abandonar a pratica esportiva e fazer outras atividades = 5 ----------- 6%

e. Outros = 3 --------------------------------------------------------------------- 4%

7.     O professor durante as aulas utiliza algum material didático?

 

8.     Você tem acesso ao computador?

 

Sim = 54 ---------------------------- 66%

Não = 28 --------------------------- 34%

Total = 82 -------------------------- 100%

9.     Qual conteúdo você acessa na Internet com maior frequência?

 

a. Jogos = 29 ------------------------------- 25%

b. MSN = 13 ------------------------------- 12%

c. Orkut = 24 ------------------------------- 21%

d. Trabalhos escolares = 21 -------------- 19%

e. Outros = 12 ------------------------------ 11%

f. Não tem acesso = 13 ------------------- 12%

Total de respostas = 112 ------------------ 100%

10.     Você pratica outra atividade?

Lista de atividades:

Futebol= 33 ---------------------------------------- 40%

Vôlei = 3 ------------------------------------------- 4%

SAIR COM AMIGOS = 7----------- ----------- 8%

PROJETO GENTE DO FUTURO = 1--------- 1.2%

IGREJA = 5 ---------------------------------------- 6%

PASSEAR NA UFV = 3 ------------------------ 4%

BASQUETE = 4 ---------------------------------- 5%

NATAÇAO = 7 ----------------------------------- 8%

GRUPO DE JOVENS (EAC) = 1-------------- 1.2%

TRILHA DE BIKE = 1--------------------------- 1.2%

TORCE PRO PAI = 1---------------------------- 1.2%

PETECA = 3-------------------------------------- 4%

QUEIMADA = 2 ------------------------------- 2.4%

JOGOS = 1 --------------------------------------- 1.2%

CICLISMO = 3 ---------------------------------- 4%

INFORMATICA = 1 --------------------------- 1.2%

ARTESANATO = 1 --------------------------- 1.2%

CORRER = 1----------------------------------- 1.2%

BALLET = 1 ---------------------------------- 1.2%

CAMINHADA = 1 ---------------------------- 1.2%

CAPOEIRA = 2 --------------------------------- 2.4%

Total de Respostas = 75 ----------------------- 100%

Sim = 76 ------------------------------------- 93%

Não = 6 -------------------------------------- 7%

Total = 82 ------------------------------------ 100%

11.     O quê você faz pela sua vitória ou vitória do seu time?

 

a. trabalha o máximo = 47 --------------------------------------------57%

b. faz pressão no juiz para que ele apite a seu favor = 3 ----------4%

c. joga para se divertir = 23 -------------------------------------------28%

d. tenta descontrolar o adversário irritando-o = 2 ------------------2%

e. parte para briga se necessário = 7 ---------------------------------9%

f. outros = 0 -------------------------------------------------------------0%

Total de Respostas = 82 -------------------------------------------------100%

12.     Qual(is) tipo de música você gosta?

 

a. funk = 45 ---------------------------------- 33%

b. rock = 9 ------------------------------------ 6%

c. Samba = 11 ------------------------------- 8%

d. hip-hop = 35 ------------------------------ 25%

e. Sertaneja = 7 ------------------------------ 5%

f. Racionais MC = 16 ---------------------- 11%

g. Outros = 17 ------------------------------- 12%

Total de respostas = 140 ------------------- 100%

13.     O que motiva sua participação no projeto?

 

a. Amizade = 39 ----------------------- 28%

b. Saúde = 32 -------------------------- 23%

c. Esporte = 46 ------------------------ 34%

d. Lazer = 17 --------------------------- 12%

e. Outros = 4 --------------------------- 3%

Total de Respostas = 138 ------------- 100%

14.     Qual(is) tipo de bebida(s) você mais gosta?

 

a. Refrigerante = 53 ------------------------ 31%

b. Água = 47 -------------------------------- 26%

c. Cerveja = 13 ------------------------------ 7%

d. Ice = 8 ------------------------------------- 4%

e. Suco = 43 --------------------------------- 25%

f. Vodka = 3 -------------------------------- 2%

g. Energético = 5 --------------------------- 3%

h. Outros = 2 -------------------------------- 2%

Total de Respostas = 178 ------------------- 100%

15.     Você gosta de ler?

 

Sim = 72 --------------------- 88%

Não = 10 --------------------- 12%

Total = 82 -------------------- 100%

Qual (is) tipo(s) de leitura

GIBI = 10--------------------------------14%

TERROR/ SUSPENSE = 5------------ 7%

COMÉDIA = 2 ------------------------- 3%

POESIA/POEMA = 11---------------- 16%

AVENTURA = 6----------------------- 8.6%

LENDA = 1----------------------------- 1.4%

AMIZADE = 1------------------------ 1.4%

REVISTA = 4------------------------- 6%

CARTAZES =1----------------------- 1.4%

CASOS POLICIAIS = 2 ----------- 3%

JORNAL = 2------------------------- 3%

LIVROS EM GERAL = 21--------- 30%

CLÁSSICA/FABULAS = 3------- 4%

ATUALIDADES = 1---------------- 1.4%

Total de Respostas = 70 ------------ 100%

16.     Como se comporta quando você ou seu time perde?

 

a. Abaixa a cabeça fica no seu canto e não fala nada com ninguém = 21 ----- 24%

b. Xinga quem estiver perto, com raiva de ter sido derrotado. = 5 ------------- 6%

c. Coloca a culpa na arbitragem ou nos companheiros de time = 2 ------------ 2%

d. Aceita naturalmente pois o importante é competir = 36 ---------------------- 42%

e. Parabeniza o adversário pela vitória = 17 -------------------------------------- 20%

f. Parte para agressão física = 3 ----------------------------------------------------- 4%

g. Outros = 2 --------------------------------------------------------------------------- 2%

Total de Respostas = 86 --------------------------------------------------------------- 100%

17.     Você fuma?

 

a. Cigarro = 0 ------------------- 0%

b. Charuto = 0 ------------------ 0%

c. Cachimbo = 0 ---------------- 0%

d. Gudan = 0 -------------------- 0%

e. outros = 2 ------------------- 4%

f. nenhum = 80 ----------------- 96%

Total de Respostas = 82 -------- 100%

18.     Você teme alguém?

 

a. família = 14 -------------------------------------- 16%

b. polícia = 19 -------------------------------------- 21%

c. amigos = 3 --------------------------------------- 3%

d. traficantes = 32 ---------------------------------- 36%

e. outros = 2 ---------------------------------------- 2%

f. nenhum = 20 ------------------------------------- 22%

Total de Respostas = 90 --------------------------- 100%

19.     O professor do projeto transmite outros ensinamentos que não pertencem á modalidade esportiva que você participa?

 

 

SIM = 41--------------- 50%

NÃO = 39-------------- 48%

NÃO SEI = 2----------- 2%

 

Ensinamentos à que respeito?

 

FUTEBOL = 3 ------------------------------------------------ 10%

ARTESANATO= 1------------------------------------------- 3,3%

RESPEITO = 6------------------------------------------------ 20%

ELE FALA O QUE É PRA FAZER= 2-------------------- 6.6%

ALERTA SOBRE DROGAS = 3--------------------------- 10%

NÃO FAZER COISA ERRADA = 1----------------------- 3,3%

NÃO BRIGAR NA RUA= 1--------------------------------- 3,3%

ALONGAMENTO= 1---------------------------------------- 3,3%

EDUCAÇAO= 3----------------------------------------------- 10%

NÃO ROUBAR= 1-------------------------------------------- 3,3%

VOLEI NA AGUA = 1--------------------------------------- 3,3%

NÃO BRINCAR EM AULA= 1----------------------------- 3,3%

QUEIMADA= 1------------------------------------------------ 3,3%

TER ESPORTIVA=1 ----------------------------------------- 3,3%

COMPORTAR NA ESCOLA= 1---------------------------- 3,3%

TREINAMENTO = 2------------------------------------------ 6,6%

APRENDER A CONVERSAR= 1--------------------------- 3,3%

NÃO XINGAR= 1---------------------------------------------- 3,3%

PENSAR NO FUTURO= 1------------------------------------ 3,3%

Total de Respostas = 32 -------------------------------------- 100%

 

 

Perfil dos ensinamentos

 

* Técnico esportivo: TREINAMENTO = 2

ELE FALA O QUE É PRA FAZER= 2

ALONGAMENTO= 1

TER ESPORTIVA=1

Subtotal= 6 ---------------------------- 19%

*Socio-Ambiental

RESPEITO = 6

ALERTA SOBRE DROGAS = 3

PENSAR NO FUTURO= 1

Subtotal= 10 --------------------------- 31%

*Jogos

QUEIMADA= 1

VOLEI NA AGUA = 1

FUTEBOL = 3

Subtotal= 5 ----------------------------- 16%

*Artísticos

ARTESANATO= 1

Subtotal= 1 ----------------------------- 3 %

 

*Disciplinar

EDUCAÇAO= 3

NÃO BRIGAR NA RUA= 1

NÃO FAZER COISA ERRADA = 1

NÃO ROUBAR= 1

APRENDER A CONVERSAR = 1

COMPORTAR NA ESCOLA= 1

NÃO XINGAR= 1

TER ESPORTIVA=1

Subtotal= 10 --------------------------- 31%

Total de Respostas = 32 -------------- 100%

Análise e discussão

    Os gráficos 1 e 2 ilustram que a amostra compreendeu crianças e jovens com idade variando entre 9 e 18 anos, de ambos os sexos, onde há uma predominância do sexo masculino, correspondendo a 72 % da amostra, estando todos os alunos em fase de desenvolvimento educacional.

    No que diz respeito à origem dessas crianças, todas elas estão de acordo com o perfil suscitado pelo público alvo, designado através das bases do projeto 2º Tempo, que é seguido pelo Projeto Municipal, Bom de Bola Bom de Nota, que consiste em crianças expostas a riscos sociais.

    No gráfico 3, relacionado à profissão dos pais, dentre a amostra total, 20% dos jovens entrevistados desconhecem os pais, sobretudo a figura paterna, que compreende 15% desses. O quadro de profissões ficou caracterizado por atividades de baixa renda, como exemplo: doméstica, lavador de carros, ajudante em lanchonete, servente, entregador, cozinheira, dentre outros. Apresentando-se desta forma, mais um fator de risco social, onde os alunos estão inseridos em uma estrutura familiar de baixa renda e, sobretudo, residindo nas periferias da cidade, o que transporta para estes jovens uma visão peculiar da realidade.

    Estando eles à margem social, traduzem seu comportamento através das influências musicais, como o funk, com 33%, e o hip hop, com 25% da amostra, caracterizando tais movimentos culturais como um fenômeno da periferia. Também foi citada, de forma relevante, a preferência de 11% pelos Racionais MC, que retratam em suas letras as agruras sociais, como o sistema carcerário, destruição das famílias pelo álcool e pelas drogas, bem como canções que de certa forma exaltam os marginais, que, em situações de desespero, utilizam-se de artifícios ilícitos para superar a desigualdade do sistema em que vivemos.

    Em contrapartida, movimentos musicais enraizados em nossa sociedade como o samba e a música sertaneja, foram pouco lembrados, respectivamente compreenderam, 8% e 5% do total da amostra. O que trás à tona o desligamento, por parte dos jovens, à movimentos culturais que são brasileiros em essência, perdendo, de certa forma, a identidade com a nossa cultura.

    Em relação à problema físico, 19% dos jovens possuem deficiências físicas, como deficiência auditiva, visual, motora e mental. O que implica a esses alunos, necessidades especiais no processo ensino-aprendizado, mas que, sobretudo, através do Projeto são integrados na sociedade. Entretanto a qualidade desta inclusão depende, sobretudo da forma em que são sistematizadas as aulas na abordagem da realidade sócio-ambiental desses alunos.

    O gráfico 5 refere-se à modalidade esportiva que os alunos entrevistados participam.

    O gráfico 6 apresenta a expectativa dos alunos em relação ao término das atividades no Projeto, sendo que, dentre as alternativas possíveis, 6% relataram abandonar a pratica esportiva e fazer outras atividades, 11% dizem preferir tornar-se praticantes de finais de semana, 16% suscitam praticar esportes por diversão e, por fim, a maioria, que compreende 64% da amostra, demonstrou interesse em tornar-se profissionais do esporte. O que está em desacordo com a situação estrutural do Projeto, bem como a impossibilidade de condições para que isso aconteça. Fica claro neste aspecto o fato dos alunos serem transportados, de forma precoce, para o universo adulto do trabalho, sobretudo norteado pela mídia e aspirações familiares, onde as atividades implementadas, nessa perspectiva, perdem o aspecto lúdico e ressalvam a obrigatoriedade de treinar para o melhor rendimento, em detrimento ao prazer de jogar, ou brincar.

    Para tanto, tornar-se profissional do esporte, os alunos necessitam de estrutura física, profissional e patrocínio, que estão além das capacidades e objetivos do Projeto de iniciação esportiva Bom de Bola Bom de Nota. Não há registro encontrado na historia do projeto em Viçosa, de um aluno que tenha se tornado atleta.

    O gráfico 7, representa a utilização de recursos didáticos por parte dos monitores, com intuito de enriquecer o conteúdo das aulas. 37% alegaram que o professor não utiliza outros materiais didáticos. 21% citaram a utilização de filmes, 9% a utilização de livros, 4% a utilização de revistas e 29% a utilização de outros materiais, durante as aulas.

    A questão 8, relativo ao acesso à computador, compreendeu que cerca de, 66% dos alunos tem acesso, enquanto 34% não tem. Situação que nos remete a necessidade de inclusão digital para esta parcela da população. As bases federais demandam verbas que facilitam essa inclusão, no entanto o corte de relações no âmbito das políticas sociais entre o governo do estado de Minas Gerais e governo federal impedem que os recursos reservados a toda demanda de alunos, cheguem por vias federais. Prejudica-se desta forma, a qualidade da formação educacional desses jovens.

    Com relação ao conteúdo acessado na Internet, implicou que a preferência dos alunos está na seguinte ordem: jogos 25%, orkut 21%, trabalhos escolares 19%, MSN 12%, outros conteúdos 11% e os que tem acesso ao computador, mas não tem acesso à Internet, equivalem a 12%.

    A preferência dos alunos pelos jogos e orkut, emerge-se no contexto atual, a situação que leva a virtualização das relações pessoais, quando estes conteúdos assumem primazia na vida dos jovens.

    Segundo a Revista Ciência Hoje (maio/2006), “a despeito desse novo tipo de mediação, os processos de interação social estabelecidos em espaços virtuais como o orkut, tendem em produzir círculos de interesses cada vez mais fechados, restritos a um universo de relações artificializadas, onde tudo é calculado e previamente delimitado”. Logo, havendo a predominância deste universo na vida dos alunos, cabe ao monitor direcionar conteúdos didáticos a serem acessados pelos alunos, promovendo discussões a respeito, durante as aulas.

    No que diz respeito a pratica e outras atividades que não sejam referentes à modalidade praticada no projeto, cerca de 93% afirmaram realizar outras atividades e 7% não praticam outras atividades. Dentre o quadro de atividades praticadas, o esporte foi o que teve maior número de respostas, compreendendo o total de 66%, incluindo o futebol com 40%, natação com 8%, basquete com 5%, vôlei com 4%, peteca com 4%, ciclismo com 4% e ballet com 1%.

    Dessa forma, fica explícita a preferência dos alunos pelo esporte, pois esse é um movimento culturalmente construído e, sobretudo massificado pela mídia. Logo, o esporte assume importância fundamental na vida dessas crianças. Portanto, aproveitar essa relevância consiste em agregar educação através do conhecimento ecológico à prática esportiva, que vem a oportunizar a inclusão emancipada dos alunos na sociedade.

    As demais atividades praticadas englobaram, sair com os amigos com 8%, jogos e grupo de jovens com 1% cada, dentre outras atividades, que também são relevantes à formação emancipada do aluno.

    A questão 11, relativa à atitude do aluno para sua vitória, ou para a vitória do seu time, apresentou que: 57% afirmaram trabalhar ao máximo para atingir o objetivo; 28% jogam para se divertir; 9% partem para a briga se necessário; 4% fazem pressão no juiz para que ele apite a seu favor e 2% tenta descontrolar o adversário irritando-o.

    Mais uma vez fica refletido o transporte do universo de trabalho adulto para os alunos, que afirmaram, em sua maioria, trabalhar ao máximo, em detrimento a diversão do jogo. Logo prevalece o quadro de auto afirmação reforçado pela parcela que parte pra briga (9%), que fazem pressão no juiz (4%) e que tenta descontrolar o adversário (2%), nas atividades, alienando a perspectiva de cooperação mútua.

    Para tanto, incorporar aos aspectos competitivos e auto-afirmativos, a cooperação mútua e integração social, depende de uma leitura adequada da realidade. A proposta de educação corporal ecológica surge pra preencher essa lacuna sistematizada pela pratica esportiva por si mesma.

    A questão relacionada ao que motiva a participação dos alunos no projeto, apresentou que, cerca de 34% sentem-se motivados pelo esporte; 28% pela amizade; 23% pela saúde; 12% pelo lazer e 3% por outros motivos. A partir desses dados, delimitou-se o esporte assumindo outra vez, a maior importância na participação no Projeto.

    No que se refere ao tipo de bebida preferida dos alunos, o refrigerante obteve 30% da preferência, a água com 26%, suco com 25%, cerveja com 7%, ice com 4%, energético com 3%, vodka com 2% e outros com 2%. O que se mostra relevante nesta questão é que 13% das respostas determinaram o uso de bebidas alcoólicas. Logo, discorrer sobre este tema com os alunos, torna-se essencial, além de apresentá-los também, malefícios à saúde, causadas pelo refrigerante.

    A questão 15, referente ao gosto pela leitura, 88% da amostra afirma gostar de ler, enquanto 12% afirma que não gosta. Ressaltar os valores da literatura torna-se, no contexto dos alunos, essencial para ampliar o universo do conhecimento, sobretudo pelo fato dos jovens estarem mais entretidos com atividades virtuais, como delimitado no gráfico 9 (jogos 25%, orkut 21%).

    A questão 16, relativa ao comportamento dos alunos diante derrota, 42% afirma aceitar naturalmente, pois o importante é competir; 24% afirmou abaixar a cabeça, fica no canto e não falar nada com ninguém; 20% afirma parabenizar o adversário pela vitória; 6% afirma xingar quem estiver perto, com raiva da derrota; 4% afirma partir para agressão física; 2% afirma colocar a culpa na arbitragem ou nos companheiros do time e 2 % afirmam ter outras atitudes. A maioria das respostas afirmou que o importante é competir, provém disso o fato, que percebi em minha analise de campo, que os monitores ressaltam, durante as aulas, o valor do respeito, entretanto, não foi visualizado a pratica deste. Logo, abre-se a possibilidade dessa porcentagem ter sido atingida a partir de um jargão esportivo cristalizado na sociedade e transposto sem maiores reflexões para os alunos.

    Outro aspecto é o valor demasiado que a derrota assume na vida dos alunos, demonstrados pelos 24%, referentes a abaixar a cabeça e ficar em seu canto. Essas crianças e jovens submetidos a condições de risco social, tornam-se omissos e impassivos à realidade que os entorna. Portanto, é papel da sistematização pedagógica situar os alunos sobre as injustiças sociais e que estas, em nenhum momento, façam-os desistir ou abaixar a cabeça. Pois na derrota aprende-se com os erros e a vitória é engrandecida pelo respeito ao adversário.

    A questão que diz respeito ao uso de fumo por parte dos alunos, revelou que 96% não fumam e 4% faz uso de outro tipo de fumo que não seja, cigarro, cachimbo, charuto e gudan. Fato que indica a possibilidade do uso de drogas, por uma pequena parcela, o que remete a necessidade da discussão sócio ambiental com os alunos, sobre drogas.

    Ao serem questionados sobre temerem alguém, 36% afirmaram temer os traficantes; 21% temem a polícia; 16% temem a família; 22% não temem ninguém e 3 % temem amigos e 2% temem outras pessoas.

    Na sociedade em que os valores são cristalizados de forma maniqueísta, a polícia quase tanto quanto os traficantes assumiram o papel aterrorizador dos jovens. Além do fato de a família aparecer como elemento que causa medo.

    Identificar as discrepâncias entre a policia e traficantes, salientando a realidade sócio ambiental em que vivemos, torna-se fundamental para explicitar a realidade para as crianças.

    Na questão 19, foi suscitado se o professor transmite outros ensinamentos, que não pertencem à modalidade esportiva a qual o aluno participa. 50% afirmaram que sim; 48% afirmaram que não e 2% não souberam responder. De acordo com os alunos, os ensinamentos transmitidos pelo professor foram: ensinamentos técnico-esportivo, compreendendo 16%, como treinamento e alongamento; ensinamentos sócio-ambientais, compreendendo 33%, como respeito e alerta sobre drogas; ensinamentos sobre jogos, compreendendo 16%, como queimada e vôlei na água; ensinamentos artísticos, compreendendo 3%, como artesanato e ensinamentos disciplinares, compreendendo 32%, como não brigar na rua, não fazer coisas erradas e não roubar.

    A primazia pelo aspecto ensinamentos disciplinares relegou a importância dos jogos em favorecer um ambiente prazeroso de emoções positivas que possibilitam um melhor aprendizado e trazem à tona o professor assumindo o papel de treinador. A real disciplina é obtida através da harmonização das relações sócio ambientais e não somente por imposição heterônoma. O processo para a construção da disciplina deve partir do pressuposto da emancipação do aluno. A construção de regras deve surgir num processo participativo, que promova o comportamento ecológico, ou seja, partindo da realidade do aluno, o professor direciona discussões entre a turma, proporcionando a formação de um senso harmônico referente às atitudes e comportamentos sócio ambientais.

Referencial

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