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Motivação em idosos praticantes de musculação

 

*Centro de Ciências da Saúde e do Esporte / CEFID

Universidade do Estado de Santa Catarina / UDESC.

**Orientador, Laboratório de Pesquisas em Biomecânica Aquática

Centro de Ciências da Saúde e do Esporte / CEFID

Universidade do Estado de Santa Catarina / UDESC

Leonardo Di Domenico*

Gustavo Ricardo Schütz**

gugaschutz@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          Atualmente, a busca por parte dos idosos pela prática de exercícios físicos para a promoção da saúde vem crescendo significativamente. Este estudo visou identificar os motivos de engajamento e permanência, na prática regular de exercícios físicos com idosos. Para a realização do mesmo foi aplicado um questionário composto por duas perguntas discursivas, para 50 alunos de academias da Grande Florianópolis. Os resultados apontam os motivos citados para o engajamento: Manutenção da Saúde (36%); Indicação médica (30%); Influência da família (14%) e ocupação do tempo livre (20%). E também os motivos da permanência na atividade: Manutenção da saúde (28%); Auto-estima/estética (16%); amizades (26%); Bem-estar (22%) e indicação médica (8%). Com esses indicadores, promover programas voltados à promoção da saúde e das necessidades dos idosos fará jus a uma população que tem motivos de sobra para se afastar de vez do sedentarismo e das doenças associadas à idade.

          Unitermos: Musculação. Idosos. Motivação.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 130 - Marzo de 2009

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Introdução

    Com o avanço da medicina, a expectativa de vida da população mundial está cada vez maior, fato que serve de alerta aos profissionais da saúde para que se tenha maior atenção com relação à oferta de exercícios físicos para essa população.

    O processo de envelhecimento é habitualmente acompanhado por uma redução da atividade física e, conseqüentemente, diminuição da capacidade para desempenhar as tarefas do dia-a-dia. Esta é uma das grandes preocupações dos indivíduos idosos que vêem sua qualidade de vida diminuir à medida que a sua dependência de terceiros aumenta.

    Atualmente, a musculação é uma atividade física muito indicada para indivíduos que ingressam na terceira idade. Sabe-se que o treinamento com pesos é muito eficaz na prevenção e tratamento de doenças como a osteoporose, obesidade, hipertensão arterial e diabetes, e tem como objetivo aumentar a massa muscular, densidade óssea, aperfeiçoando o desempenho relacionado à força, melhorando as condições funcionais do aluno, fazendo com que ele realize os esforços da vida diária com mais segurança, disposição, facilidade e sem a dependência de terceiros.

    Como conseqüência do conhecimento dos males que o avanço da idade aliado ao sedentarismo ocasiona no organismo, muitos idosos estão procurando as academias de musculação para que através da atividade física possam reduzir, manter ou ate mesmo melhorar as condições físicas, pois muitos visam uma qualidade de vida digna e independente.

    É de extrema importância um conhecimento aprofundado, por parte dos profissionais de Educação Física, no que diz respeito a exercícios propostos aos idosos, para que os mesmos possam elaborar planos de atividades que despertem o interesse nesse tipo de clientela.

    Para que se obtenham resultados satisfatórios ao aplicar musculação à terceira idade é necessário que os profissionais e os proprietários das academias conheçam as características psicossociais e os interesses dos alunos. A realização deste estudo é com o objetivo de esclarecer o perfil motivacional destes idosos visando saber o que eles realmente buscam nas academias, facilitando a compreensão dos responsáveis a fim de trazê-los, agradá-los, e mantê-los como alunos em suas academias.

    Diante destes aspectos acima citados acerca da musculação e seus benefícios para com os idosos, surgiu o interesse em saber: qual o principal motivo que leva ao engajamento e à permanência de idosos na prática da musculação como atividade física?

Revisão de literatura

Musculação - Histórico e conceitos

    Segundo Cossenza (1995), a musculação é algo tão antigo quanto os relatos de civilização humana, há muitos séculos que o homem já faz exercícios com pesos progressivos como forma de fortalecer os músculos e conseqüentemente adquirir maior força, como forma de sobrevivência, pois o sucesso na caça e a defesa das terras não eram obtidos pelos mais fracos.

    Já Bittencourt (1986) relata os métodos de treinamento utilizados por Milos de Crotona na época de 500 a 580 a.C.. Milos era um atleta Olímpico de lutas e utilizava o mesmo método utilizado nos dias de hoje, o de evolução progressiva de carga, sendo que este carregava um bezerro nas costas para aumentar os níveis de força de membros inferiores, e sua força aumentava na mesma proporção do aumento de peso do bezerro.

    Para Santarém (1996), atualmente a musculação ocupa um lugar de destaque entre os métodos de treinamento físico mais populares existentes em todo o mundo. Tudo isso graças à consagração desse antigo método de treinamento físico, que conseguiu reconhecimento universal em função das suas inúmeras qualidades.

    “A musculação pode ser conceituada como atividade física desenvolvida, predominantemente, através de exercícios analíticos, utilizando resistências progressivas fornecidas por recursos materiais tais como: halteres, barras, anilhas, aglomerados, módulos, extensores, peças lastradas, o próprio corpo e/ou seus segmentos” (GODOY, 1994).

    Para Godoy (1994), a musculação de uma forma geral pode ser classificada com as seguintes finalidades: 

  1. Competição: sendo realizado o Fisiculturismo, Levantamento Olímpico ou Potência. 

  2. Meio de preparação física: desenvolvimento das qualidades físicas relacionadas às estruturas neuromusculares. 

  3. Profilática: atua na prevenção dos desvios posturais e distúrbios funcionais oriundos de hipocinesias e lesões atléticas. 

  4. Terapêutica: atua na correção e estabilização dos desvios e disfunções orgânicas, reabilitações, etc. 

  5. Estética: tem ênfase no desenvolvimento e manutenção da estética corporal.

    Bittencourt (1986) ainda salienta que a musculação terapêutica atua como um trabalho de peso que visa o fortalecimento músculo-articular, após toda e qualquer intervenção cirúrgica nessas estruturas corporais, auxiliando o fortalecimento muscular durante o período de imobilização articular através de contrações isométricas que irão evitar o acentuamento de atrofias musculares e como conseqüência uma melhoria mais acelerada das lesões.

Musculação e os idosos

    De acordo com Nahas (2003), a meia idade inclui a faixa etária de 45 a 64 anos em países com maior expectativa de vida e de 40 a 59 anos em países em desenvolvimento, como o Brasil. Velhice, terceira idade, idade avançada, são expressões utilizadas para rotular a fase em que as pessoas ultrapassam 65 anos nos países desenvolvidos ou 60 anos, nas regiões menos desenvolvidas.

    O uso do treino de musculação para idosos atua de forma a diminuir os declínios de força muscular relacionado com o avanço da idade, o que resulta numa melhor condição e qualidade de vida. Campos ainda coloca que existem centenas de pesquisas sobre os benefícios do treinamento de força resistida para idosos com mais de sessenta anos, onde eles apresentam ganho de força muscular, melhorando assim sua saúde e capacidade funcional, tornando-se mais entusiasmados e independentes no dia-a-dia.

    Santarém (2002) ressalta que com os benefícios já citados acima, a musculação proporcionará ao idoso maior condição física para realizar atividades básicas do cotidiano como se vestir, amarrar os sapatos, se banhar, entre outras atividades solicitadas no decorrer do seu cotidiano.

    Para Mazo (2001), o treino resistido ou musculação pode amenizar ou retardar a perda de força, massa muscular, flexibilidade e densidade óssea relacionada à idade, possibilitando a manutenção de um ótimo estado de saúde, boa capacidade funcional, e conseqüentemente uma vida mais digna e independente.

    A prática do treinamento de força regular por indivíduos idosos pode resultar num aumento da resistência com leve ou moderada hipertrofia muscular. Os exercícios regulares com pesos podem levar a um aumento da densidade óssea nas mulheres idosas, homens que se exercitam regularmente têm densidade óssea maior do que os inativos ou sedentários. Segundo Simões (1995), a musculação aplicada à terceira idade resulta em benefícios musculares e ósseos, com isso os idosos conseguem se manter ativos e aptos a realizarem as tarefas da vida diária por mais tempo.

    Monteiro (1998) preconiza uma prescrição segura e eficiente do trabalho de força em idades mais avançadas de encontrar seus alicerces na determinação das cargas de esforço. Outro ponto importante é o conhecimento das características clínicas e da integridade do aparelho locomotor do praticante para a determinação da série de exercícios. O autor ainda complementa que, se adequando corretamente estes aspectos individuais, o treinamento tenderá a exercer efeitos favoráveis à saúde do idoso.

    Já para Santarém (2002), a segurança é outro aspecto importante do treinamento com pesos. Os exercícios em aparelhos de musculação podem ser mais suaves do que a própria caminhada. Não apenas as cargas podem ser adaptadas para as pessoas mais debilitadas, mas também as amplitudes de movimento, possibilitando a execução dos exercícios por pessoas com maiores problemas articulares. Não existem grandes esforços no treinamento bem orientado e a possibilidade de quedas e acidentes é mínima.

    A avaliação física de um treinamento de musculação será de fundamental importância para que possamos monitorar seu progresso com base em testes científicos, para discriminar variáveis morfológicas e funcionais. Essa avaliação deve ser minuciosa, constando de uma anamnese clinica, procurando especificar quais medicamentos o aluno consome, qual seu tipo de dieta alimentar, e outras informações necessárias para que se possa iniciar o treinamento com pesos de maneira segura (NETO, 1994).

    Monteiro (1998) sugere ainda que, no início do treinamento deverá ser trabalhada uma série de cada exercício, progredindo para três de acordo com a evolução do condicionamento do idoso. O número de repetições iniciais será de vinte, reduzindo para doze, depois oito com seu desenvolvimento dentro dos treinamentos.

    Já Guedes (1998) afirma que a intensidade do treinamento deve ser moderada, evitando exageros com cargas elevadas e exercícios isométricos intensos. As séries e repetições devem ser pouco intensas, sendo ajustadas de acordo com as capacidades individuais de cada um.

    Rodrigues (1986) afirma que se deve dar ênfase a exercícios aeróbios, tais como bicicleta e esteira, onde a duração seja de 20 minutos com uma intensidade de 60% da freqüência cardíaca máxima. A freqüência de treinamento deve ser de 3 sessões por semana. Antes de cada sessão, o idoso deverá fazer um aquecimento geral através de exercícios de flexibilidade passiva, trabalhando músculos e articulações de todo o corpo.

    Nahas (2003) ressalta que os benefícios de maior importância para essas pessoas são: 

  1. Benefícios Fisiológicos – controle dos níveis de glicose, maior capacidade aeróbia, melhoria da flexibilidade e equilíbrio; 

  2. Psicológicos – relaxamento, redução na ansiedade, melhoria na saúde e diminuição do risco de depressão; 

  3. Sociais – indivíduos mais seguros, integração com a comunidade funções sociais preservadas; 

  4. aspectos de saúde, como postura, locomoção, mobilidade, circulação periférica, visando melhorar a qualidade de vida dos idosos e torná-los indivíduos mais ativos.

Estágios de mudança de comportamento frente ao exercício

    Ultimamente, um modelo teórico referido como Teoria dos Estágios de mudança, tem surtido efeitos nos programas de mudança de comportamento, incluindo a cessação do habito de fumar, o controle do peso, desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis e a adoção de um estilo de vida mais ativo. Esse modelo, também chamado de Modelo Transteórico, descreve a mudança de comportamento como um processo no qual indivíduos progridem através de uma série de fases discretas ou estágios de mudança de maneira cíclica e não linear, pois muitas não têm sucesso em suas tentativas de manter mudanças em seu estilo de vida.

    Os cinco estágios de mudança, descritos por Prochaska e Norcross (1992), são os seguintes:

    Estágio de pré-contemplação: estágio no qual o individuo não tem intenção de mudar um comportamento num futuro próximo, por poder estar desmoralizada pro sua incapacidade de mudar ou até mesmo desinformadas sobre os benefícios em longo prazo de seus comportamentos.

    Contemplação: o individuo começa a considerar a necessidade de mudar o comportamento num futuro próximo. As pessoas geralmente permanecem por um longo período de tempo nesse estágio, avaliando continuamente os custos e benefícios da mudança de comportamento. Aqui, a percepção de barreiras e facilitadores, assim como o apoio de amigos e familiares, são de fundamental importância.

    Preparação: as pessoas nesse estágio estão se exercitando um pouco, mas ainda não regularmente. Porém normalmente os indivíduos têm planos de ação e começam a agir de maneira consistente na direção do novo comportamento.

    Ação: nesta fase o individuo põe em prática seu plano de mudança e começa a exercitar-se regularmente e de maneira consistente na direção do novo comportamento.

    Manutenção: este é o estágio final de mudança comportamental, com o novo comportamento já incorporado à rotina pessoal, pois a pessoa já se exercita regularmente por mais de seis meses e pode ser considerada verdadeiramente ativa.

    Nahas (2003) afirma que pessoas progridem mais efetivamente quando processos apropriados a cada um deles são utilizados, ou seja, a determinação do estágio de mudança de comportamento de um individuo serve de orientação para as estratégias de intervenção mais adequadas.

Os benefícios da musculação para os idosos

    De acordo com Santarém (2002), a perda de massa muscular dos idosos é um dos mais sérios problemas do envelhecimento. Entre os 25 e 50 anos, perde-se em média 10% da massa muscular, e dos 50 aos 80 anos 30%. Com isto, diminui a taxa metabólica do organismo, o que favorece a instalação de várias doenças e também diminui a proteção das articulações e a capacidade de trabalho. Mulheres idosas conseguem aumentar em 10% a massa muscular e em até 200% a força em poucos meses de treinamento de musculação.

    Para Dantas (1998), alguns motivos que levam os idosos a procurarem um programa de exercícios físicos orientados são: ocupação do tempo livre, convivência e a socialização, manutenção da saúde, retardo do envelhecimento, estética corporal e sentimento de produtividade e participação.

    A atividade física como experiência corporal caracteriza-se por propósitos socializadores, procurando ampliar, incentivar e ajudar a perpetuar o intercurso social entre os indivíduos. O processo de socialização ocorre por meio das relações sociais e é a base para o desenvolvimento de sua compreensão de como a vida social é organizada, mantida e manipulada (FARIA JUNIOR, 1997).

    Para Matsudo (1997), a musculação traz inúmeros benefícios à terceira idade: 

  1. melhora do autoconceito; 

  2. melhora da auto-estima; 

  3. melhora da imagem corporal; 

  4. diminuição dos níveis de estresse e ansiedade; 

  5. diminuição da tensão muscular e da insônia; 

  6. melhora das funções cognitivas; 

  7. promoção da socialização.

Motivação

    A motivação é caracterizada como um processo ativo, intencional e dirigido a uma meta, o qual depende da interação de fatores pessoais (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos) (SAMULSKI, 1995). A motivação intrínseca se define como a motivação para participar de uma atividade por causa dela mesma (orientada pela ação, diversão, superação, prazer, orgulho) e possui duas subdivisões : 

  1. Tarefa: quando a motivação se dá em razão do prazer ou orgulho realizar a atividade; 

  2. Ego: quando a motivação é fruto de necessidade de realizar a tarefa para alcançar uma melhora física, psíquica ou intelectual, visando bem-estar geral. Já a motivação extrínseca se define como a motivação controlada externamente através de indicações externas, influência de outras pessoas e reforços positivos e negativos, e também possui duas subdivisões: 

    1. Recompensa: quando a motivação se dá para que se possa alcançar algum beneficio ou recompensa através da atividade; 

    2. Aprovação Social: motivação se dá por estar junto com um determinado grupo ou até mesmo ser bem visto por ele. (ROBERTS ET AL., 1986).

    Já para Sage (1977), motivação pode ser definida como a direção e a intensidade de nossos esforços. Segundo o mesmo autor, a direção do esforço refere-se a se um individuo procurar, aproximar-se ou ser atraído a certas situações ou atividades esportivas. Já a intensidade do esforço refere-se a quanto esforço uma pessoa coloca em uma determinada tarefa. Por fim, a relação entre direção e intensidade: quanto maior for a direção do esforço, maior será a intensidade desse esforço e quanto menor a direção menor a intensidade.

    Para Weinberg & Gould (2001), cada um de nós desenvolve uma visão pessoal de como a motivação funciona, uma teoria sobre o que motiva as pessoas, geralmente através da prática de observar. Embora haja muitas visões individuais a maioria delas encaixa seu conceito de motivação em uma das três orientações gerais que incluem a visão de motivação centrada no traço, a visão centrada na situação e a visão interacional. A visão centrada no traço também conhecida como visão centrada no participante, sustenta que o comportamento motivado se dá em função das características individuais. Ou seja, a personalidade, necessidades e os objetivos do aluno são os determinantes principais do comportamento motivado. Já a visão centrada na situação sustenta que o nível de motivação é determinado primariamente pela situação. Por fim, a visão interacional é a visão de motivação mais amplamente aceita por psicólogos do esporte e do exercício hoje. Os interacionistas afirmam que a motivação não resulta apenas nem somente de fatores relacionados aos indivíduos, nem somente de fatores situacionais, a melhor maneira de entender a motivação é examinar o modo como esses dois conjuntos de fatores interagem.

    De acordo com Cratty (1984), a motivação deve ser entendida como os fatores e os processos que levam as pessoas a agirem ou ficarem inerentes a determinadas situações.

    A motivação tem um papel primordial na determinação dos objetivos da ação, podendo-se distinguir as seguintes formas de ação baseadas em suas formas de motivação: 

  1. ação de performance; 

  2. ação de adesão; 

  3. ação de poder; 

  4. ação de auxilio; 

  5. ação de agressão. 

    Estas decorrências da ação podem ser amenizadas por meio de um padrão de processos de motivação que se compõem das seguintes divisões: solicitação, motivação, execução, auto-analise e conseqüências da ação. (THOMAS, 1983).

    Para Sabrini (1990), a motivação é a força propulsora da conduta, sendo que é a condição interna que ativa o individuo e o predispõe a emitir certas respostas e a executar determinadas ações. Para Lobo (1973), o motivo e a motivação indicam um fenômeno que não pode ser medido e reconhecido diretamente, mas que se efetivam nas observações do comportamento. A ação baseia-se em objetivos e motivos, que são disposições de valores generalizados, justificados pela própria existência humana e pela necessidade de prolongamento e manutenção destas condições, aspectos que não são inatos ao homem, mas que, por assim dizer, fazem sua vida continuar, tornando um processo cíclico de estabelecimento e prolongamento das metas e busca das satisfações das mesmas.

    De acordo com Feijó (1992), o motivar é fazer das necessidades já existentes comportamentos capazes de satisfazê-los, ou seja, é transformar o que almeja em realidade buscando os meios para o alcance desses desejos. Já para Cratty (1983), a motivação é o que leva as pessoas a optarem por uma determinada tarefa com maior ou menor empenho do que outras, ou ainda persistir numa atividade por tempo maior ou menor que outras.

Motivação para prática de atividade física

    Nahas (2003) salienta que, nas sociedades urbanas modernas, níveis adequados de atividade física e aptidão física, somente são mantidos quando uma forte motivação está continuamente presente, ou seja, quando o individuo percebe os benefícios deste comportamento como grande valor para a sua vida, superando as dificuldades para realizar tais ações, e quando as forças sociais oferecem mais facilitadores do que barreiras. O autor ainda ressalta que a motivação para a pratica de atividade física, para saúde ou bem-estar é resultante de uma complexa interação de diversas variáveis psicológicas, sociais, ambientais e até genéticas. Entre os diversos fatores destacam-se: o conhecimento, a atitude, o apoio social e familiar, disponibilidade de espaço e instalações, barreiras percebidas pela pessoa (tempo, distância, recursos) e as normas sociais (leis, regras, regulamentos).

    Pollock & Wilmore (1993) afirmam que os exercícios físicos devem se constituir num objetivo para toda a vida e, conseqüentemente, a motivação apropriada representa um fator crítico para a comunidade na participação de um programa. Um dos principais aspectos que auxiliam no desenvolvimento da motivação é a educação adequada dos participantes sobre o porque da prática regular de exercícios representar um importante componente em um estilo de vida mais saudável.

Motivação para prática de atividade física em geral.

    O estudo de Susan Cotrim Santos e Jorge Dorfman Knijnik, objetivou verificar os motivos de adesão à prática de atividade física regular por adultos entre 40 e 60 anos, na idade adulta intermediária, além de salientar os motivos que os mantém praticando e aferir os possíveis motivos de desistência e empecilhos para a manutenção, e obtiveram os seguintes resultados: motivos iniciais de adesão : ordem médica, lazer e qualidade de vida, estética, saúde (ou condicionamento físico), e verificou que, apesar da principal adesão destes indivíduos não ser de cunho estético, os mesmos demonstraram uma certa preocupação com a imagem corporal perante a sociedade e a soma das necessidades torna a atividade física mais significativa.

    Já o estudo intitulado de “Aspectos motivacionais que influenciam a adesão e manutenção de idosos a programas de exercícios físicos” escrito por Clara Maria Silvestre, Marcela de Souza Santiago, Ana Tereza Viana, Ana Carolina Leão e Carmen Freyre, que objetivou identificar, classificar e discutir os aspectos socioculturais e educativos ligados à saúde e qualidade de vida do idoso (acima dos 60 anos), estabelecendo relação com os motivos de adesão e permanência na prática regular de exercícios físicos realizados em espaços públicos, teve como resultados: 

  1. motivos para a adesão: melhorar a saúde (84,2%); melhorar o desempenho físico (70,8%); adotar um estilo de vida saudável (62,5%); reduzir o estresse (60,8%); acatar prescrição médica (56,7%); recuperação de lesões (55%); melhorar a auto-imagem (50,8%), melhorar a auto-estima e relaxar (47,5%). 

  2. motivos para a permanência: melhorar a postura (75%); promover o bem-estar (74,2%); manter-se em forma (70,8%); sentir prazer (66,7%); ficar mais forte e receber incentivos do professor (57,5%). E teve como conclusão que promover programas voltados à promoção da saúde e das necessidades dos idosos fará jus a uma população que tem motivos suficientes para sair do sedentarismo.

    Outro estudo importante a ser abordado é o realizado por Adriana Baratela Ribeiro e Gislaine Cristina Vagetti, intitulado “Motivos que levam idosas a freqüentarem as salas de musculação”, que teve amostra composta por 24 idosas, com idade igual ou acima de 60 anos e objetivou conhecer os motivos que levam as idosas à prática de musculação. Seu resultado mostra os seguintes motivos que levam as idosas a praticarem musculação: manutenção da saúde como primeira opção; em seguida, indicação médica e fazer amigos.

Materiais e métodos

    No desenvolvimento deste trabalho foi aplicado um questionário a 50 pessoas, de ambos os sexos e com idade acima de 60 anos submetidas a exercícios resistidos visando manutenção de força, melhorias na parte neuromuscular e cardiovascular através de exercícios aeróbicos, que executam suas atividades físicas em academias da região da Grande Florianópolis. Um fato importante a salientar é que para participar da pesquisa o individuo deve ser praticante da modalidade a pelo menos 6 meses, no estagio de manutenção de acordo com o modelo transteórico.

    Este questionário foi proposto por Roberts, Spink e Pemberton (1986), adaptado para medir os motivos que levam idosos ao engajamento e à permanência na pratica da musculação. Consiste na elaboração de duas perguntas abertas e posteriormente a interpretação dos dados em uma tabela proposta pelos mesmos autores.

    Segundo Gil (1994), o método de realização do trabalho trata-se de uma pesquisa descritiva de levantamento.

Resultados e discussão

    A análise do material foi efetuada, e convém destacar que os motivos de engajamento levantados pelo questionário foram interpretados da seguinte maneira: Manutenção da Saúde (36%); Indicação médica (30%); Influência da família (14%) e ocupação do tempo livre (20%). Esses fatores indicam uma certa preocupação com um estilo de vida mais saudável e, por se tratar de locais com ampla infra-estrutura, houve também uma notável influência de membros da família e amigos que praticam outras modalidades e acabam auxiliando no inicio da prática da musculação por parte dessas pessoas. Nas Figuras 1 e 2 são apresentados os motivos de engajamento em valores totais e percentuais, respectivamente.

Figura 1. Valores totais de motivos de engajamento.

 

Figura 2. Valores percentuais de motivos de engajamento.

    Por se encontrarem na fase de manutenção, e estar em plena consciência dos benefícios adquiridos juntamente com a prática da modalidade, cabe aqui ressaltar os motivos mais apontados quando a questão abordada foi à permanência na atividade. São eles: Manutenção da saúde (28%); Auto-estima/estética (16%); amizades (26%); Bem-estar (22%) e indicação médica (8%). Com isso, podemos perceber que grande parte dos motivos está voltada a questões que proporcionam ao idoso uma melhor qualidade de vida, tornando-o um individuo menos dependente, com melhor convívio social, melhores condições físicas e conseqüentemente tendo uma melhor imagem corporal, deixando de lado doenças ou traumas causados pelo avanço da idade. Nas Figuras 3 e 4 são apresentados os motivos de permanência em valores totais e percentuais, respectivamente.

Figura 3. Valores totais de motivos de permanência.

 

Figura 4. Valores percentuais de motivos de permanência.

    Fato não menos importante a ser salientado na análise dos resultados, foi à prevalência da motivação Intrínseca (FIGURA 5), ou seja, os idosos passaram a procurar alternativas de atividade física sem grande influência de terceiros. Isso pode comprovar um maior conhecimento pessoal dos benefícios que a musculação orientada de maneira correta pode ocasionar a saúde e a qualidade de vida desses indivíduos.

Figura 5. Comparação entre os valores intrísecos e extrínsecos para engajamento e permanência.

    Outro ponto importante a ser levantado é uma maior incidência de fatores externos na questão do engajamento, principalmente a apuração de dados como a indicação médica e influência familiar, fato que não pôde ser observado em se tratando dos motivos de permanência, onde surgiram questões como auto-estima, convívio social e bem-estar. Com isso fica novamente evidente que os benefícios que a atividade proporciona são muito importantes e decisivos na manutenção e permanência dos indivíduos à prática regular dessa atividade.

    Comparando o presente estudo com os artigos mencionados, percebemos que os motivos mais importantes abordados foram semelhantes tanto nas questões de adesão quanto na permanência. Com isso fica evidente a observação de que fatores motivacionais relacionados à manutenção a saúde, bem-estar, convívio social, auto-estima e ausência de doenças são os principais responsáveis pela procura e manutenção da musculação como atividade física regular na vida dessas pessoas.

Conclusão

    Durante a realização desse estudo, objetivou-se ressaltar os motivos de engajamento e entender o porque do habito saudável de sua permanência de idosos na prática da musculação como atividade física regular.

    Considerando as respostas dos entrevistados na pesquisa, ratificou-se que os motivos de engajamento não coincidem na totalidade com os de permanência. Houve, no primeiro momento, uma forte influência da questão médica e familiar, fato que não pode ser observado no momento seguinte, onde os fatores externos deram lugar a questões que propiciam aos idosos uma sensação de melhoria na sua qualidade de vida.

    Com maior acesso à informação e à participação ativa em atividades físicas, o idoso vem se tornando mais ativo e tendo melhores condições de vida e saúde, na busca de um estilo de vida positivo, desfrutando ao Máximo os ganhos advindos do exercício físico.

    Acredita-se ser de fundamental importância a observação dos objetivos e preferências socioculturais do idoso, para que se possa planejar um programa de treinamento o mais ideal possível de acordo com essas características, evitando-se assim o desligamento do individuo àquela atividade regular e cotidiana.

    O sistema de posicionamento global tem grande potencial para aplicações na Vela. Em conjunto com os softwares existentes para análise e associação de coordenadas com a imagem real, essa técnica pode ser amplamente utilizada nos períodos de treino. No qual, o velejador poderá observar mudanças na vela e de atitude que vão influenciar diretamente na velocidade média e nos ângulos relativos à direção do vento.

    Além disso, essas informações podem ser decisivas nos períodos pré-competitivos, pois, com isso o velejador poderá ter mais certeza de qual percurso deverá optar na situação de regata, e conseqüentemente, poderá desenvolver uma melhor prova.

Referências

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Outros artigos em Portugués

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