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Diretrizes e prescrição de exercício físico para 

portadores de doença articular degenerativa

 

*Graduada em Educação Física. Universidade de Rio Verde, GO

** Doutorando em Ciências Nutricionais - UNESP Araraquara, SP

Docente da Universidade de Franca, SP (UNIFRAN)

e Centro Universitário de Patos de Minas, MG

***Doutorando em Ciências Nutricionais, UNESP Araraquara, SP

Docente da Universidade de Franca, SP (UNIFRAN)

e Centro Universitário de Patos de Minas, MG

****Docente da FC UNESP-Bauru, SP. Pesquisador do Lafine, UNAERP

Docente do Programa de Mestrado em Promoção de Saúde, UNIFRAN

Maria Cláudia Czeder*

David Michel de Oliveira**

davidef@unifran.br

Daniel dos Santos***

dsantos.ef@unifran.br

Cassiano Merussi Neiva****

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          A Osteoartrose é uma doença articular degenerativa que afeta: cartilagem, osso, sinóvia e a cápsula articular. De causa multifatorial, a osteoartrose pode aparecer como conseqüência de deformidade estrutural congênita, obesidade, excesso de uso da articulação e incapacidade física. As terapias utilizadas como forma de tratamento tem como objeto sanar o processo de dor. Segundo a literatura contemporânea, com o diagnóstico do estágio de evolução da doença, os exercícios físicos tem sido inseridos como uma opção de tratamento e de melhora da capacidade física. O esforço físico obtém e promove várias constituintes e adaptações que possam vir à promover a melhora da debilidade, entretanto, não se sabe ao certo qual modelo de protocolo de exercício indicado para estes grupos patológicos. O programa de exercícios físicos consiste de condicionamento cardiovascular, incremento na flexibilidade articular, alongamento facilitado, aumento da força muscular, resultando em uma melhora da função motora e diminuição dos sintomas.

          Unitermos: Osteoartrose. Diretrizes. Exercício físico.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 130 - Marzo de 2009

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Introdução

    A Osteoartrite e/ou Osteoartrose (Artrose) é conhecida como uma patologia degenerativa que apresenta sem causa definida, e que provoca dor articular com níveis variados de incapacidade motora, sendo uma patologia degenerativa na cartilagem articular, caracterizada como um distúrbio inicialmente assintomático, de evolução lenta, resultante em erosões focais que se transformam em ulcerações maiores e posteriormente em grandes áreas da cartilagem destruídas sobre a superfície articular. (ANDREOLI et al. 1989; COTRAN, KUMAR, COLLINS, 2000)

    De acordo com Beeson e McDermott (1977); Andreole et al (1989), a principal característica tecidual da osteoartrose é a formação de osteófitos nas margens das articulações afetas, provocando estreitamento do espaço articular interósseo e a esclerose subcondral.

    Supõe-se que a doença não resulta do processo de envelhecimento, embora alterações bioquímicas e estresses biomecânicos possam vir a afetar a cartilagem articular e que leva à incapacidade progressiva. (COIMBRA et al. 2002; VELOSA, TEODORO, YOSHINARI 2003).

    A debilidade é prevalente em indivíduos acima de 50 anos, ou seja, na idade moderna, podendo levar à incapacidade funcional dos membros afetados com substancial influência no bem-estar cotidiano. (PIZZOMO, 1995)

    Stevens (2002), afirma que a gênese patológica tem como manifestação provinda de alterações bioquímicas com modificações no metabolismo da cartilagem ou como conseqüências intervenientes, por exemplo, desvios estruturais congênitos, do excesso de peso sobre as articulações dos membros inferiores ou maus hábitos posturais.

    A destruição da cartilagem articular, por processos bioquímicos e biomecânicos são fatores determinantes da fisiopatologia da osteoartrose, contudo citocinas e fatores de crescimento estão associados a esses processos (MANEK, LANE, 2000).

    Para Ehrlich (2003) quanto a sintomatologia, a osteoartrose possui um quadro clínico inconstante provido de dores ou não, dificultando assim seu diagnóstico precoce e muitas vezes não preocupando o paciente para a busca de terapias preventivas.

    Frente a este quadro clínico e informações contemporâneas, diversas terapias tem sido utilizadas para o tratamento da moléstia, contudo, parece que os exercícios físicos têm ganhado destaque por ser de fácil acesso e possuir baixos custos, entretanto constitui efeitos colaterais ainda pouco elucidados.

Objetivo

    Realizar um levantamento bibliográfico sobre as principais diretrizes para prescrições de diversos tipos de tratamento incluindo o exercício físico para portadores de osteoartose.

Tratamento

    Diversos estudos vêm investigando qual a metodologia adequada para o tratamento a ser utilizado com o paciente, com o objetivo de impedir e/ou até mesmo inibir o progresso degenerativo da cartilagem articular. Testes e avaliações permitem avaliar clinicamente o grau de severidade para a conduta de tratamento. (IMAMURA, IMAMURA, 1999; EHRLICH, 2003).

    De acordo com Andreoli et al (1989), se tratar de uma disfunção articular mecânica, com pouca inflamação e dor, é suficiente o uso de um agente analgésico e/ou antiinflamatório, casos mais avançados como perda progressiva e irreversível da função articular; dor noturna e menor capacidade de realizar com autonomia as atividades da vida diária podem requerer um controle cirúrgico.

    Para Archibeck, et al (2002), os avanços nas pesquisas apontam meios de alívio da dor, contudo, até o momento não existe nenhum medicamento, confirmado por estudo, capaz de reparar a estrutura da cartilagem danificada pela osteoartrose.

    O início do tratamento com diagnóstico precoce, e com correções de fatores de risco como a obesidade e deformidades articulares, (valgismo) podem retardar ou impedir a incapacidade. O tratamento da osteoartrose é de ordem multidisciplinar e visa a melhora funcional, mecânica e clínica. (HINTERHOLZ e MUHLEN, 2003).

Tratamento convencional não farmacológico

    O tratamento convencional parece estar baseado fundamentalmente nos programas educativos, esclarecimentos sobre a doença, que está relacionada com a incapacidade funcional, modificações de estilo de vida, reabilitação, uso adequado de calçados e atividade física. (ARCHIBECK et al, 2002; COIMBRA et al, 2002; HINTERHOLZ e MUHLEN, 2003; ALEJANDRO, YENIMA, JOSE MARIÑO, 2004).

Modificação do estilo de vida

    Segundo Alejandro, Yenima, Jose Marino (2004), a modificação do estilo de vida consiste em evitar atividades com alto impacto nas articulações afetadas, evitar trabalhos com demasiado esforço e ter repouso adequado para aliviar os sintomas;

Reabilitação

    Segundo Coimbra et al (2002), Alejandro, Yenima e Jose Marino (2004) o sucesso na reabilitação depende principalmente do grau de comprometimento e das expectativas do paciente, a combinação de aplicação de calor, hidroterapia, ultrassom e crioterapia deve ser em situação ajustada para cada paciente.

Calçados

    Segundo Alejandro, Yenima, Jose Marino (2004) deve-se dar preferência para aqueles calçados com sistema de amortecedor afim de reduzir o impacto nas articulações afetadas por osteoartrose dos membros inferiores.

Exercício Físico

    A prática da atividade física oferece estímulos às estruturas biomecânicas ativas e as respostas a esses estímulos são alterações e adaptações das estruturas do tecido conjuntivo.

    De acordo com Coimbra et al (2002), o indivíduo com osteoartrose deve ser esclarecido sobre a doença, motivado e envolvido como o agente ativo do seu programa de tratamento.

    O tratamento deve ser multidisciplinar, pois a prescrição medicamentosa isolada não é suficiente para o controle ideal da patologia. (COIMBRA et al, 2002)

    De acordo com (Coimbra et al, 2002) exercer alguma atividade física diária (compatível com a saúde e condicionamento físico) é extremamente importante.

    São indicados exercícios para manter o movimento das articulações, fortalecimento muscular, condicionamento físico, tal conduta melhora o sistema cardiovascular e força, sensação de bem estar, a função mental, reduz a ansiedade e depressão. (COIMBRA et al, 2002).

    Para Vuori, (2003) a atividade física regular, feita diariamente, visando a manutenção do peso ideal, constitui as bases necessárias para manter músculos alongados e funcionalidade das estruturas articulares. Essas qualidades, ajudam proteger as articulações de lesões, e de amplitudes limitadas do movimento, e ainda assegura a boa nutrição e lubrificação da cartilagem articular.

    Para (Baker e Mcalindon, 2000), os exercícios aeróbicos e alongamentos tem sido analisados como tratamento de osteoartrose com considerável variabilidade de resultados.

    A variabilidade pode ser devido aos diferentes tipos de estudos, de protocolos de exercícios e dos participantes das pesquisas. Embora ocorra variabilidade entre os estudos, é notável que a maioria dos resultados tem efeito positivo sobre a dor e a incapacidade. (BAKER e MCALINDON, 2000).

    Para Biasoli e Izola (2003), os exercícios físicos isométricos e dinâmicos com pouca carga e várias repetições, podem ser orientados para melhorar a reabilitação de paciente com osteoartrose.

    Os exercícios físicos relacionados à força são divididos em três classes: isométricos, isotônicos e isocinéticos. Os exercícios isométricos produzem contração muscular sem movimentar a articulação, potencializa a força e pode retardar a atrofia muscular por desuso.

    Os exercícios isotônicos e os isocinéticos são dinâmicos e podem ser utilizados níveis variados de intensidade e velocidade, favorece o aumento da massa muscular e melhora da resistência muscular localizada. Assim que o indivíduo estiver em condições físicas para suportar a carga de treinamento, pode-se ainda acrescentar ao programa técnicas de alongamento e correção postural, (BIASOLI e IZOLA, 2003).

    De acordo com Biasoli e Izola (2003) a hidroterapia seria uma outra técnica de exercícios físicos, por ser de fácil adaptação às condições físicas de debilidades variadas dos pacientes com osteoartrose.

Conclusão

    Conclui-se que através de diversos métodos pode-se melhorar a qualidade de vida, de pacientes portadores de osteoartrose. Entretanto parece-nos que o exercício físico têm uma inclinação de relevância, por ser de baixo custo, e ainda promover efeitos benéficos correlatos.Contudo, mais estudos sobre estas vertentes seriam de grande valia para elucidar tais fatos.

Referência

  • ÁLVAREZ, L. A. et al. Tratamiento conservador de la osteoarthritis de rodilla. Revista Cubana Ortop Traumatol 2004; 18(1).

  • American College of Sport Medicine. Programa de Condicionamento Fisico.ACSM Rio de Janeiro: Sprint 1999.

  • ANDREOLI, T. E. et al. Medicina interna básica, Rio de Janeiro, Guanabara, Koogan, 1989.

  • ARCHIBECK, M. J. et al. Knee reconstruction. En: Koval KJ.Orthopedic Knowledge Update. Am Acad orthop Surg 2002:513-20.

  • BEESON, P. B; McDERMOTT, W. Tratado de medicina interna de Cecil-Loeb, Rio de Janeiro, Interamericana Ltda. 1977.

  • BIASOLI, M.C; IZOLA, L. N. T. Aspectos gerais da reabilitação física em pacientes com osteoartrose. RBM- Revista Brasileira Méd. vol 60(3) março 2003.

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  • DIAS, J. M. D. Estudo da eficácia do exercício isocinetico na reeducação muscular do joelho de idosos com osteoartrite, USP, São Paulo, s.n; 1999.

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  • IMAMURA, S. T; IMAMURA, M; HIROSE-PASTOR, E. Efeitos do envelhecimento e do exercício físico sobre o colágeno do músculo esquelético humano. Rev. Brás. Reumatol. 39(1):35-40, jan/fev.1999

  • MANEK, N. J; LANE, N. E. Osteoarthritis: Current Concepts in Diagnosis and Management. Am Fam Physician 61:1795-804, 2000.

  • PIZZOMO, J, “Natural Medicine Approach to Treating Osteoarthritis”, Alt & Comp Ther, Jan/Fev, 1995:93-95.

  • STEVENS, A; LOWE, J. Patologias, 2ª ed. Catalogado na CIP. 1ª ed. brasileira, manole, Barueri-SSP, 2002.

  • VELOSA, A. P. P; TEODORO, W.R.; YOSHINAIRI, N.H. Colágeno na cartilagem osteoartrótica, Rev. Brás. Reumatol; 43(3): 160-166, mai-jun-2003.

  • VUORI, M. I; Health benefits of physical activity with special reference to interaction with diet, UKK Institute for Health Promotion Research, Tampere, Finland.2003.

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