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"GÊNERO" E "MULHER" NA INTERNET:
ALGUMAS POSSIBILIDADES DE NAVEGAÇÃO

Silvana Vilodre Goellner (Brasil)
goellner@nutecnet.com.br



Mestre em Ciências do Movimento Humano e Doutoranda em Educação.
Professora da Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Coordenadora da cevgener-l (lista de discussão sobre "gênero" e "mulher" do Centro Esportivo Virtual.


Sobre "gênero" e "mulher"
Escrever sobre a Internet como uma possibilidade de pesquisa sobre as temáticas "gênero" e "mulher" pressupõe, antes, escrever sobre a pesquisa, na medida em que entendo ser esse texto e também esse livro, um guia capaz de auxiliar aqueles/aquelas interessados por essa tecnologia da informação, vinculados ou não aos cursos de pós-graduação e programas de pesquisa.

Por certo, temas como "gênero" e "mulher" têm sido recorrentes na produção cientifica da Educação Física e Ciências do Esporte nos últimos anos, visíveis nos títulos e nos conteúdos de teses, dissertações, artigos, cursos, livros, palestras, etc., mas não foi sempre assim. O conceito de gênero e seu entendimento como uma categoria analítica e a tematização da mulher como objeto/sujeito de pesquisa, são produções acadêmicas da contemporaneidade derivadas, mais especificamente, dos estudos feministas da década de 60, cuja intervenção se deu no sentido denunciar a segregação política e social da mulher.

Se por um lado, o feminismo, através de suas lutas específicas, chamou a atenção para a desigualdade política, jurídica, social e econômica das mulheres, por outro, buscou aprofundar reflexões no sentido da teorização da desigualdade, possibilitando o aparecimento de trabalhos que tematizassem questões como "relações de gênero" e "mulher" discutindo argumentos historicamente tomados como "naturais".

O principal deles, ancorado na idéia da diferenciação biológica/sexual de homens e mulheres como justificadora das desigualdades social foi, desde o início, refutado pelos estudos feministas que, através de suas diferentes matizes, procuraram demonstrar que as identidades do masculino e do feminino se constróem, cotidianamente, na esfera do social não pelas características sexuais mas pela forma como essas características são valorizadas e representadas em diferentes contextos históricos.

Se os temas "gênero" e "mulher" são conflituosos dentro das academias porque matizados por diferentes olhares e interpretações o são também fora dos seus limites porque dizem do cotidiano das relações profissionais e/ou afetivas de cada um de nós. Dizem da nossa vida e da nossa identidade.

Espero, portanto, que esse texto possa ser acolhido por mulheres e homens cuja sensibilidade e inteligibilidade estejam atentas à cotidianidade das relações humanas, no sentido de melhor as compreender e vivenciar.


Sobre a pesquisa e sobre a Internet
Creio na pesquisa como um direito de mulheres e homens concretamente situados em contextos sociais e culturais diferentes. Creio na pesquisa como uma atitude investigativa e criadora que faz pulsar em nós o desejo de conhecer algo que desconhecemos ou que pouco conhecemos. Creio na pesquisa como um aprendizado, porque necessária de ser forjada em cada um de nós, na medida em que vivemos num tempo onde a superficialidade das informações e a rapidez com que são produzidas e divulgadas colaboram para que nos tornemos acomodados diante do que é exposto, muitas vezes, travestido como verdade irrefutável.

Creio na pesquisa como um ato de desconfiança que questiona os conhecimentos e não apenas os consome, porque desconfiar/questionar implica levantar outras possíveis respostas e também outros possíveis caminhos para se chegar a uma ou várias possíveis respostas. Implica apurar o olhar para uma leitura mais atenta, aguçar a inteligência e ir além da aparência do que se lê/vê.

Crer na pesquisa, na contemporânea sociedade industrial, significa também pensar nas novas tecnologias de produção, reprodução e difusão de informações e conhecimentos. Isto significa perceber, por exemplo, a Internet como uma fonte/instrumento de investigação, na medida em que pode colaborar para que homens e mulheres construam e reelaborem conhecimentos, estabeleçam verdades, mesmo que provisórias, analisem hipóteses, produzam teorias, experimentem resultados, confrontem dados, enfim, pesquisem. Pesquisem e colaborem com o ser humano no seu processo de humanização porque este deveria ser o princípio básico da pesquisa: o desenvolvimento da técnica e a produção de conhecimentos com vistas a minimizar o sofrimento, as dores e as misérias humanas.

É inegável que no nosso tempo a Internet já faz parte da intelegibilidade e da sensibilidade de crianças, jovens e adultos. É uma realidade que não pode mais ser desconsiderada no âmbito da pesquisa porque faz circular múltiplas e distintas formas de ampliar conhecimento e estabelecer contatos, seja através do acesso direto a sites de indivíduos, grupos ou instituições, seja na participação de grupos e listas de discussão com temáticas específicas, seja através da leitura e da publicação em periódicos eletrônicos (revistas, boletins), seja através da visitação a bibliotecas nacionais e internacionais, à consultas à teses e dissertações produzidas, seja através da participação em seminários/cursos realizados na rede e, mesmo, através da participação em tempo real em eventos, entre outros.

É, pois, uma perspectiva concreta e crescente de intercâmbio e aprofundamento de conteúdos/temas/conhecimentos que podem/devem ser apropriados com vistas aos interesses/objetivos de nossas pesquisas, sejam elas pertencentes ao universo acadêmico da produção científica, sejam elas resultantes de nossa curiosidade individual.

Ainda que importante para o ato de pesquisar/aprender, a Internet exige uma leitura não ingênua sobre sua utilização. Na grande rede há, sim, muita bobagem, banalização do saber, conteúdos de pouca dificuldade intelectual, análises dicotômicas, preconceituosas e estereotipadas, simplificação do conhecimento e a vulgarização das relações humanas. Questões como essas não podem ser desconsideradas tanto porque vinculadas ao universo da globalização e da hegemonia da produção e acesso às informações como porque ligadas a legitimação do poder dominante, político e econômico.

Ainda em relação à Internet, é necessário pensar na questão do acesso e da democratização do seu uso e aqui recorro às palavras de Regina Mota quando afirma: "A importância que a televisão, o vídeo e a informática e suas diversas combinações têm para a educação é que elas promovem uma nova configuração do saber que implica em: 1. poder/saber acessar a informação; 2. Selecionar a informação; 3. Poder/saber usar/reciclar a informação". 1

Ou seja, não podemos observar esses dispositivos informacionais sem estarmos atento ao fato de que: primeiro, muitos ainda são aqueles/aquelas que estão excluídos da sua utilização (como também de vários direitos sociais que lhe asseguram, por exemplo, a própria noção de cidadania); segundo, a profusão de mensagens produzidas nos expõem, cotidianamente, a um infinito número de informações cuja seleção pode ou não favorecer nossa autonomia frente a essa confusão generalizada, pois que selecionada por uma leitura crítica; e, por último, saber utilizar com criatividade, sensibilidade e inteligência as informações colhidas atribuindo-lhes significados que as aproximem da formação de homens e mulheres que possam ler/entender criticamente a sociedade de seu tempo, intervindo nela em favor de um viver mais solidário.

Por aí penso ser possível caminhar ... utilizando-se dos modernos equipamentos de produção e reprodução informação como uma perspectiva a mais de pesquisa. Com certeza, não a única.


Sobre a cevgener-l (lista de discussão sobre gênero e/ou mulher)
Criada em 1996, inicialmente sob a coordenação de Helena Altmann 2 , a cevgener-l, sediada no Centro Esportivo Virtual conta hoje (março de 99) com 60 assinantes de 11 diferentes países (Alemanha, Argentina, Bélgica, Brasil, Chile, Colômbia, Espanha, Estados Unidos, Peru, Portugal e Uruguai), fazendo circular mais de 815 mensagens.

Não é uma lista eminentemente de especialistas/pesquisadores, ainda que os/as tenha entre os/as assinantes. A cevgener congrega homens e mulheres de diferentes idades, religiões, agrupamentos sociais, nacionalidades e raças que, nesse momento, estão conectados com outros homens e mulheres cuja disposição para a informação e o debate marcam um interesse comum, comprometidos ou não com a produção de pesquisas. E o interesse situa-se exatamente nas relações de gênero e nas temáticas relacionadas com estudos sobre mulheres.

Como uma lista de discussão, ou melhor, de divulgação de informações que é como tem se caracterizado, tem proporcionado ampliar referências para quem pesquisa os temas de lista ou ainda para quem tem curiosidade sobre eles, de forma a constituir-se como um interessante meio de acessar conhecimentos. Os links abaixo relacionados, de certa forma, fazem parte da vida da cevgener e são fontes que me utilizo para alimentar a lista, diariamente.

Para se inscrever enviar mensagem para listproc@server.nib.unicamp.br
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Endereços interessantes
Com certeza, os endereços destacados neste texto são ínfimos frente as inúmeras possibilidades de navegação que a Internet oferece no que diz respeito às temáticas de "gênero" e "mulher". No entanto, são possibilidades de navegação onde informações variadas são oferecidas acerca dos temas em questão. São eles:



Listas de discussão


Referências Bibliográficas

Notas

  1. Regina Mota, Tecnologia e Informação, p. 74-75.
  2. Professora de Educação Física e mestranda em Educação, Helena pesquisa sobre as relações de gênero nas aulas de Educação Física. Foi a primeira coordenadora da cevgener, no período de ... a setembro de 1997.


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Año 4. Nº 13. Buenos Aires, Marzo 1999.