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Prática de atividade física e acompanhamento nutricional

de freqüentadores de um clube de São Paulo

 

* Alunas do curso de Nutrição do Centro Universitário São Camilo.

** Nutricionista pelo Centro Universitário São Camilo
Coordenadora do Departamento de Nutrição do Clube Esperia

*** Nutricionista, especialista em Nutrição Hospitalar

pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP

Mestre em Nutrição Humana Aplicada (USP)

Doutora em Saúde Pública pela FSP (USP)

Docente do Curso de Nutrição do Centro Universitário São Camilo

e da Universidade Paulista.

(Brasil)

Alessandra Migliorança*

Carina Augusto de Melo* | Fabiane de Poli Guerra*

Juliana Jorge* | Juliana Silvério Bergamasco*

Maíra Vilela Tumani*

Monique Gonçalves*

Sílvia Fuentes Caropreso*

Vanessa Reis**

Marcia Nacif***

alemigli@ig.com.br

 

 

 

Resumo

          Atualmente, a busca por qualidade de vida e saúde, provocou um aumento de academias de ginástica assim como uma maior qualidade dos serviços oferecidos por este setor. Desta forma, é natural que cresça o número de pessoas que procuram orientação de professores de Educação Física, Nutricionistas, Fisioterapeutas, dentre outros profissionais nas academias de ginástica e clubes esportivos. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a freqüência e os motivos que levaram atletas e desportistas a procurar um nutricionista. Foi aplicado um questionário que continha questões sobre dados pessoais, satisfação com a performance, peso e imagem corporal, benefícios e a importância do acompanhamento nutricional. Foram avaliados 42 indivíduos praticantes de atividade física, com idade média de 36,05 anos, sendo 64,59% do gênero masculino e 35,71 do feminino. Verificou-se que a maioria dos indivíduos avaliados fazia atividade física em academias com objetivo de saúde e não realizava acompanhamento nutricional. No entanto, relataram a importância de um nutricionista para a melhoria do desempenho esportivo. Os desportistas que já haviam passado por este tipo de atendimento relataram benefícios como emagrecimento e reeducação alimentar.

          Unitermos: Atividade física. Acompanhamento nutricional. Saúde.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 129 - Febrero de 2009

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Introdução

    Nos dias de hoje, a busca por qualidade de vida e saúde provocou um aumento de academias de ginástica assim como uma maior qualidade dos serviços oferecidos por este setor (MELO et al, 2005).

    Sabe-se que o número de academias tem aumentado nos últimos anos. Conforme relatos da imprensa leiga, cerca de 3 milhões de pessoas praticavam exercícios físicos na cidade de São Paulo em 1998 e o total de academias de ginástica na cidade passou de 600 a 3 mil (excluindo as academias dentro de grandes empresas) na última década (PEREIRA et al, 2003).

    Estudos realizados nos últimos anos apontam o sedentarismo como um dos principais fatores de risco para doenças crônicas, havendo um crescimento na população de praticantes de atividade física visando não só a estética, mas a promoção e manutenção da saúde (AMARAL et al, 2004).

    Estudo realizado por Marcellino (2003), ao avaliar freqüentadores de uma academia de ginástica, verificou que 90% dos participantes da pesquisa consideram a freqüência a academias como uma de suas atividades de lazer, prazer, diminuição do estresse, relaxamento e socialização.

    Os estudos científicos vêm demonstrando que a performance e a saúde de atletas e desportistas, pode ser beneficiada com a modificação dietética (CARVALHO et al, 2003). Sendo assim, a nutrição adequada é um complemento dos mais importantes em qualquer programa de atividade física. Sabe-se que a atividade física, por si só, não garante a boa forma sendo de suma importância uma orientação nutricional individualizada (CAMÕES et al, 2004).

    Desta forma é natural que cresça o número de pessoas que procuram orientação e supervisão de professores de Educação Física, Nutricionistas, Fisioterapeutas, dentre outros profissionais nas academias de ginástica e clubes esportivos (JUNIOR e TIRAPEGUI, 2002).

    O presente estudo teve como objetivo avaliar a freqüência e os motivos que levaram atletas e desportistas a procurar um nutricionista na área esportiva.

Metodologia

    Trata-se de um estudo descritivo, transversal com coleta de dados primários. A amostra foi composta por atletas de alto nível e desportistas das modalidades atletismo, running, basquete e academia de ginástica, de ambos os gêneros, com idade média de 36,05 anos, de um clube particular de São Paulo.

    A coleta de dados foi realizada no período de agosto a setembro de 2008. Foi aplicado um questionário que continha questões abertas e fechadas sobre dados pessoais, satisfação com a performance, peso e imagem corporal, benefícios e a importância do acompanhamento nutricional.

    Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa do Centro Universitário São Camilo por meio do documento número 047/05.

Resultados

    Foram avaliados 42 indivíduos praticantes de atividade física, com idade média de 36,05 anos, sendo 64,59% do gênero masculino e 35,71 do feminino.

    Na tabela 1 pode-se verificar as modalidades praticadas pelos participantes do estudo. Em média os indivíduos faziam 3,9 vezes por semana de atividade física durante 2,18 horas.

Tabela 1. Modalidades esportivas praticadas pelos participantes do estudo. São Paulo, 2008.

Modalidade

N*

%

Academia

18

42,86

Running

11

26,19

Basquete

09

21,43

Atletismo

08

19,05

Ginástica

03

7,14

Tênis

01

2,38

Dança de Salão

01

2,38

*Resposta Múltipla

    Como visualizado na tabela 2, a maioria dos praticantes, relatou fazer exercício com o objetivo de saúde.

Tabela 2. Objetivos da prática de atividade física pelos participantes do estudo. São Paulo, 2008.

Objetivo

N*

%

Saúde

27

64,29

Competição

15

35,71

Estética

12

28,57

Outros

04

9,52

*Resposta Múltipla

    Também se verificou neste estudo que 85,71% dos avaliados estavam satisfeitos com sua performance. No entanto, ao serem questionados sobre a satisfação com seu peso corporal, 30,95% dos participantes relataram estar insatisfeitos. Destes, a maioria considerou-se acima do peso (84,62%).

    Em relação à imagem corporal a maior parte (71,43%) dos participantes do estudo relatou estar satisfeita com sua imagem. Quando os indivíduos foram questionados sobre acompanhamento nutricional, 34 (80,95%) relataram não realizar este tipo de atendimento, no entanto, disseram que um acompanhamento com um nutricionista seria importante principalmente para a melhora de desempenho (tabela 3).

Tabela 3. Importância do atendimento nutricional relatada pelos participantes do estudo. São Paulo, 2008.

Importância do atendimento nutricional

N*

%

Melhora de desempenho

11

36,66

Melhora da alimentação

10

33,33

Saúde

08

26,66

Melhora de condicionamento físico

04

13,33

Estética

01

3,33

Qualidade de vida

01

3,33

*Resposta Múltipla

    Dos 8 (19,05%) indivíduos que passaram por consultas nutricionais, 2 (4,76%) relataram benefícios como o emagrecimento, 1 (2,38%) relatou melhor funcionamento do sistema digestório, 3 (7,14%) disseram ter aprendido a se alimentar de forma correta e 2 (4,76%) relataram bem-estar.

Discussão

    A atividade física refere-se a qualquer movimento corporal produzido pela musculatura esquelética que resulta em um aumento substancial de gasto energético basal (AMARAL et al, 2004).

    Segundo Carvalho et al (1996), os estudos epidemiológicos vêm demonstrando expressiva associação entre estilo de vida ativo, menor possibilidade de morte e melhor qualidade de vida. Os malefícios do sedentarismo superam em muito as eventuais complicações decorrentes da prática de exercícios físicos, os quais, portanto, apresentam uma interessantíssima relação risco/benefício.

    Apesar dos estudos demonstrarem a importância da atividade física, a maioria da humanidade ainda leva uma vida sedentária. No Brasil, quase a metade dos escolares não tem aulas regulares de educação física; o percentual, que era de 42% em 1991, caiu para 25% em 1995. Estudo realizado em escolas públicas no Rio de Janeiro apontou índice de sedentarismo de 85% entre adolescentes do sexo masculino e de 94% nos do sexo feminino. A participação em atividades físicas declina consideravelmente com o crescimento, especialmente da adolescência para o adulto jovem (ALVES et al, 2005).

    Por outro lado, nesta última década, a busca por melhor condicionamento físico e o forte apelo da forma física, tem levado pessoas de todas as idades à prática de várias modalidades de exercícios físicos. A qualidade de vida, a recuperação e/ou manutenção da saúde, a estética, o ganho e a definição de massa muscular, a perda de peso, as relações interpessoais, o treinamento para competições (amadoras e profissionais), entre outros, são alguns dos motivos que vem levando as pessoas a procurar cada vez mais as academias (JUNIOR et al, 2003). No presente estudo observou-se que a maioria dos participantes (64,29%) realiza atividade física para promoção da saúde.

    Em relação à imagem corporal, no presente estudo observou-se que 71,43% dos participantes estão satisfeitos com a mesma. Nos dias de hoje nota-se a aderência à prática de atividade física em busca da qualidade de vida e saúde, mas principalmente pelo corpo perfeito (MELO et al, 2005). A busca deste corpo perfeito tem gerado excessos e preocupado profissionais da área de saúde e do desporto, mas por outro lado, relatos vêm sendo apresentados em que profissionais de Educação Física não estão estabelecendo limites a seus alunos, nem mesmo distinguindo uma prática saudável de um exercício obsessivo (RUSSO, 2005).

    No que se refere à satisfação com o peso corporal, 30,95% dos participantes relataram estar insatisfeitos. A maioria considerou-se acima do peso (84,62%). Infelizmente, as manias de dietas e o abuso de suplementos alimentares são estimulados pelo desconhecimento no que diz respeito à nutrição. A prova mais concreta dessa falta de informação é a grande lacuna que existe entre a orientação nutricional saudável para os atletas e desportistas, ou seja, aquela comprovada cientificamente e os hábitos alimentares reais de muitos esportistas (APPLEGATE, 1996).

    Cabe ao nutricionista, principalmente aquele dedicado à nutrição esportiva, orientar e elaborar uma dieta específica para pessoas que praticam atividade física. Devem ser considerados fatores importantes, tais como: necessidades específicas decorrentes de doenças prévias (caso existam), novas demandas impostas pela atividade física e o objetivo da prática de atividades físicas (JUNIOR, 2000).

    Quanto à importância do atendimento nutricional, a maioria (80,95%) respondeu achar importante a presença de um nutricionista na área esportiva, sendo o principal motivo a procura por melhor desempenho (36,66%).

    Em um estudo realizado por Silva et al (2005), quando os participantes foram questionados quanto à importância do nutricionista dentro das academias, 23,1% da amostra o relacionaram com o oferecimento de um serviço de melhor qualidade para os alunos, 38,5% acreditam que a nutrição deve ser complementar à atividade física, 23,1% relataram que, com a participação da alimentação adequada os alunos atingirão resultados mais eficazes, 7,7% enfatizaram a importância do trabalho em equipe e 7,7% referiram à melhora do rendimento e à importância da educação nutricional.

    Em nosso estudo, dos participantes que passaram por consulta nutricional, todos relataram algum benefício, portanto, a presença de um nutricionista nestes locais é importante, já que é o único profissional apto a fazer alterações no padrão alimentar deste público visando desde a reeducação alimentar, estética, qualidade de vida a performance esportiva.

Referências bibliográficas

  • ALVES, J.G.B. et al. Prática de esportes durante a adolescência e atividade física de lazer na vida adulta. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. v. 11, nº 5, 2005.

  • AMARAL, C. R. et al.  Perfil nutricional de atletas por modalidade esportiva. Nutrição Brasil. v. 3, n. 4, p. 232-239, 2004.

  • APPLEGATE, L. A mania das dietas e a utilização de suplementos na prática desportiva. Gatorade Sports Science Institute, 1996.

  • CAMÕES, J. M. et al. Avaliação da ingestão nutricional em atletas de elite na modalidade de hóquei em patins. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto. v. 4, n. 3, p. 34-41, 2004.

  • CARVALHO, T. et al. Modificações dietéticas, reposição hídrica, suplementos alimentares e drogas: comprovação de ação ergogênica e potenciais riscos para a saúde. Diretriz Revista Brasileira de Medicina do Esporte. v. 9, n. 2, p. 1-11, 2003.

  • CARVALHO, T. et al. Posição oficial da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte: atividade física e saúde. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. v. 2, nº 4, 1996.

  • JÚNIOR, J. R. G.; VIVIANI, M. T. Análise dos conhecimentos sobre nutrição básica e aplicada de profissionais de Educação Física e Nutrição. Revista Nutrição em Pauta. São Paulo, 2003.

  • JUNIOR, J. R. G. Suplementos nutricionais na atividade física: Indispensáveis ou um excesso desnecessário? Revista Nutrição em Pauta. São Paulo, 2000.

  • JUNIOR, N. N.; TIRAPEGUI, J. Nutrição e atividade física (e outras questões). Revista da Educação Física. v. 13, n. 2, p. 113-117, 2002.

  • MARCELLINO, N. C. Academias de ginástica como opção de lazer. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. v. 11, n. 2, p. 49-54, 2003.

  • MELO, G. F. et al. Métodos mais utilizados em academias para avaliação de composição corporal. Revista Nutrição em Pauta. p. 45-48, 2005.

  • PEREIRA, R. F. et al. Consumo de suplementos por alunos de academias de ginástica de São Paulo. Revista de Nutrição da Puccamp. v. 16, n. 3, 2003.

  • RUSSO, R.; Imagem corporal: construção através da cultura do belo. Movimento & Percepção, v. 5, n. 6. Espírito Santo de Pinhal, 2005.

  • SILVA, A. M. et al. Análise da importância atribuída aos nutricionistas desportivos pelos administradores de academias de ginástica do distrito federal. EFDeportes.com, Revista Digital. n. 90, 2005.

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