efdeportes.com

Equipamento para criança com paralisia 

cerebral para uso na prática de hidroterapia

 

Grupo de Pesquisa Informática na Educação

Centro Universitário Feevale

Novo Hamburgo, RS

(Brasil)

Regina de Oliveira Heidrich

Raul de Souza Nunes | Thaís Serafini

rheidrich@feevale.br

 

 

 

Resumo

          Os portadores de deficiências causadas por Paralisia Cerebral têm muitas barreiras em seu dia-a-dia. Mesmo sem a possibilidade de reabilitação total, o correto tratamento é de grande importância para que o quadro não se agrave. Para evitar o agravamento das lesões são utilizadas algumas técnicas de fisioterapia como a hidroterapia. Nesta técnica, são utilizados aparelhos de apoio como bóias, flutuadores e barras, que ajudam na realização dos exercícios, mas exigem muito do acompanhante do paciente, pois, em geral, os portadores de PC têm dificuldades na sustentação do tronco. Neste sentido, o presente projeto tem por objetivo desenvolver um aparelho de apoio para hidroterapia para indivíduos com PC que atenda as necessidades ergonômicas, tais como conforto e usabilidade.

          Unitermos: Hidroterapia. Design. Equipamento. Paralisia cerebral.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 128 - Enero de 2009

1 / 1

1.     Introdução

1.1.     Problematização

    Este trabalho trata-se do estudo de caso de uma criança de sete anos de idade, com paralisia cerebral e que é pratica hidroterapia.

    O termo paralisia cerebral (PC) designa distúrbios cerebrais estacionários, os quais são causados por lesão ou anomalias do desenvolvimento durante a gestação ou nos primeiros meses de vida. Estes distúrbios são caracterizados por falta de controle sobre os movimentos, modificações nos comprimentos dos músculos e, em alguns casos, deformidades ósseas (SHEPHERD, 1983).

    Em termos de diferenciação de dificuldades motoras encontradas em pessoas com PC, as classificações utilizadas segundo RATLIFFE (2000), são de acordo com a qualidade do tônus muscular (resistência passiva ao alongamento oferecida por um grupo de músculos à manipulação externa), com o padrão de comprometimento motor e com a gravidade. Na PC, uma das qualidades do tônus muscular é a espasticidade, levando o indivíduo a apresentar sinergias anormais de movimento, como reações associadas e padrão extensor ou flexor de movimento com esforço.

    Na diplegia, todo o corpo é afetado (BOBATH, 1984), porém as pernas são mais afetadas que os braços, já na quadriplegia todo o corpo é afetado e na triplegia, o comprometimento apresenta em um hemicorpo e também em uma perna ou em um braço contralateral.

    Pacientes com uma grave deficiência da sensibilidade não apresentam o ímpeto para movimentar-se freqüentemente, apesar de terem somente uma espasticidade moderada. É um fato interessante que muitos pacientes têm uma discriminação sensitiva nas pernas e nos pés mais apurada do que nos braços e mãos. A razão para isto pode ser que a perna e o pé são usados para ficar em pé e andar, desde cedo, ao passo que a mão pode nunca ser utilizada. (BOBATH, 1978, p. 3).

    Um dos tratamentos da qual esta criança faz parte é a Hidroterapia. Segundo CAMPION (2000) os exercícios na água são uma maneira mais útil e eficaz de ampliar a experiência dos movimentos deficientes em crianças especiais e possuem como principais efeitos terapêuticos: alívio da dor e espasmos musculares, aumento da amplitude de movimento das articulações, fortalecimentos de músculos enfraquecidos e reeducação dos músculos paralisados, além de encorajamento de atividades funcionais e melhoria do equilíbrio e da postura. Estes resultados obtidos com exercícios aquáticos devem-se principalmente ao empuxo da água, pois este alivia o estresse sobre as articulações que sustem o peso e assim permitem a realização de movimentos mesmo antes de serem possíveis no solo.

    O empuxo da água alivia o estresse sobre as articulações e permite que se realize movimentos em forças gravitacionais reduzidas. A imersão na água e a temperatura também trazem benefícios já que permitem que o corpo trabalhe em temperatura constante, sem as alterações normais que ocorrem no ambiente externo. Entre os benefícios do exercício na água temos o alívio de dor e espasmos, o aumento na amplitude de movimento das articulações, fortalecimento dos músculos e melhoria da circulação.

    Especificamente para crianças diplégicas, como analisado neste estudo de caso, a atividade aquática permite o desenvolvimento do relaxamento e o aumento da amplitude dos movimentos. Ainda segundo CAMPION (2000), estas crianças devem começar as atividades aquáticas na posição vertical e de supino, porém pode haver ansiedade e tensão por a criança possivelmente não possuir uma extensão cervical e de tronco suficientes para ficar com o rosto fora da água para respirar, criando dificuldades também para o desenvolvimento da atividade e para a sustentação por parte do fisioterapeuta. Por estas razões propõe-se a criação de um equipamento de apoio e sustentação de crianças diplégicas com características semelhantes a deste estudo de caso.

    Este equipamento propicia a realização das atividades aquáticas de maneira mais confortável e segura de sustento da criança e traz também maior liberdade de movimentos para a criança. Porém o principal ganho é na facilidade de manejo e no desenvolvimento de atividades que CAMPION (2000) cita e considera importantes para o tratamento destes pacientes, como: estabilização da posição do corpo, extensão dos membros inferiores juntamente com a abdução para alterar a forma da criança diplégica e a realização de atividades que possuem rotação lateral.

    Segundo CAMPION (2000) os apoios e a maneira pela qual a criança é segurada contribuem para a confiança e para os graus do progresso atingidos. A autora destaca também a necessidade de observação constante e de precisão dos apoios, que fornecem também a estimulação tátil e a melhora da consciência corporal.

    Os pontos de resistência contra os quais o ser humano trabalha no solo são removidos na água. O novo ponto de resistência – ou ponto de referência – é o centro do equilíbrio corporal. Este está localizado logo abaixo do nível da cintura e, dessa forma, os apoios devem ser nesse ponto ou ao redor dele. (CAMPION, 2000, p. 45)

 1.2. Objetivos

    O objetivo deste trabalho é desenvolver um aparelho para apoio do paciente portador de PC durante a sessão de hidroterapia.

1.2.1.     Requisitos

  • sustentar a criança no nível da cintura ou abaixo;

  • permitir movimentos dos membros inferiores e superiores;

  • permitir fácil colocação e remoção da criança para casos de emergência;

  • ser leve e de fácil construção;

  • permitir a condução e o manejo por parte do fisioterapeuta.

2.     Desenvolvimento

    A criança com diplegia apresenta uma forma alterada, de triângulo e esta forma tende a flutuar apontando para baixo. Assim, o paciente com diplegia deve começar as atividades aquáticas na posição vertical e de supino. Também é comum a criança não apresentar extensão cervical e de tronco para ficar com o rosto fora da água, tendo dificuldade para respirar, causando ansiedade, tensão e conseqüentemente, alteração da posição do exercício.

    Durante a realização dos exercícios, é importante que a criança sinta-se segura e confiante. Os apoios devem ser precisos, pois além da sustentação, fornecem estimulação tátil e a melhora da consciência corporal.

    Na água, os pontos de resistência normais (contato com o solo) são substituídos pelo centro de equilíbrio corporal, que está localizado logo abaixo da cintura. É nesta região que o apoio deve ser realizado. É importante que a quantidade de apoio seja a mínima para o paciente ainda trabalhe seu controle.

    As imagens a seguir ilustram as atividades realizadas pela paciente durante as seções de hidroterapia. Nela, pode-se notar o uso de acessórios diversos, a variação de posições e a presença constante da fisioterapeuta, auxiliando no posicionamento da paciente.

 

    Após o levantamento de dados e assistência a uma das sessões de hidroterapia com a participação da criança para a qual está sendo desenvolvido o equipamento, pode-se perceber que existe demanda para este equipamento. Justifica também o projeto os benefícios gerados pela hidroterapia.

    O uso do spaghetti facilita a flutuação, porém, utilizado sem outros equipamentos é muito instável para a manutenção da criança, bem como os demais similares analisados. Pretende-se, então, o uso da propriedade de flutuação do spaghetti com acessórios adicionais para o equipamento.

    Além disso, conclui-se que seria indicado o desenvolvimento de um equipamento que permitisse uma flutuação e sustentação mais segura da criança para que o acompanhante/fisioterapeuta possa movimentar seus membros superiores e inferiores na realização dos exercícios.

3.     Detalhamento

3.1.     Determinação dos parâmetros projetuais

3.1.2.     Revisão dos objetivos

    Houve mudança apenas no requisito de sustentação da criança, que deixa de ser ao nível da cintura e passa a ser ao nível da cabeça já que percebeu-se a necessidade de manter a criança mais submersa durante as atividades.

    As imagens a seguir mostram o teste do modelo durante uma seção de hidroterapia, acompanhada da fisioterapeuta e realizando a rotina de exercícios. Durante este teste, o produto auxiliou nas diversas atividades e foi aprovado. Abaixo o molde para a confecção do equipamento.

 

4.     Considerações finais

    Com o desenvolvimento deste equipamento para uma criança com paralisia cerebral comprova-se a necessidade de maior atenção por parte dos designers neste público, pois suas características são muito específicas.

    Este equipamento foi projetado para facilitar a realização da hidroterapia desta criança, e provou-se útil e apropriado, pois facilita o desenvolvimento das atividades e proporciona maior liberdade de movimentos por parte do fisioterapeuta facilitando o acompanhamento da criança. Além disso, promove a separação dos membros inferiores através do tecido, o que favorece e exercita as pernas que costumam ser fletidas para dentro.

    É importante ressaltar também que o aparelho foi projetado para ser utilizado com acompanhamento em todos os momentos em que estiver na água, pois é necessário vigilância constante para garantir a segurança.

Referências

  • CAMPION, Margaret Reid; BENNIE, Aliçon; EVANS, Georgina; FITZGERALD, David. Hidroterapia: princípios e prática. 1. ed. São Paulo, SP: Manole, 2000.

  • BOBATH, Berta. Hemiplegia no adulto: avaliação e tratamento. São Paulo, SP: Manole, 1978.

  • BOBATH, Karel. Uma base neurofisiológica para o tratamento da paralisia cerebral: (2ª edição de CMD 23 a deficiência motora em pacientes com paralisia cerebral). 2. ed. São Paulo, SP: Manole, 1984.

  • FISIOTERAPIA na clínica pediátrica: guia para a equipe de fisioterapeutas. 1. ed. São Paulo, SP: Santos, 2000.

  • SHEPHERD, Roberta B. Fisioterapia em pediatria. 3. ed. São Paulo, SP: Santos, 1996.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/

revista digital · Año 13 · N° 128 | Buenos Aires, Enero de 2009  
© 1997-2009 Derechos reservados