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Avaliação da aptidão física de árbitros e arbitros 

assitentes cearenses através da bateria da testes da CBF

 

*Alunos Graduação

**Profs. Orientadores. Mestres, Professores da UNIFOR (Universidade de Fortaleza)

(Brasil)

Anderson Moreira de Farias*

André Accioly Nogueira Machado*

Alex Soares Marreiros Ferraz**

Fernanda Goersch Fontenele**

ferrazalex@hotmail.com

 

 

 

Resumo

          O Brasil há muito tempo é conhecido como o país do futebol devido aos seus grandes jogadores e aos seus cinco títulos mundiais, feito esse que nenhuma outra seleção conseguiu alcançar. Nesse contexto o árbitro de futebol tem papel importante e ás vezes determinantes, por isso o presente trabalho tem como principal objetivo analisar o condicionamento físico dos arbitro e árbitros assistentes cearenses, participantes da bateria de testes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), realizadas pela Federação Cearense de Futebol (FCF) e dessa forma contribuir para as discussões sobre esse tema. Foram investigados dois grupos de árbitros e árbitros assistentes, o primeiro credenciado a FCF e o segundo, alem disso, pertencente ao quadro da CBF. O primeiro formado por 17 indivíduos, e segundo formado por 21 indivíduos. Foram coletados os dados dos testes aplicados pela FCF que consistiam de: corrida de 12 minutos, 200 metros e 50 metros. A partir desses dados pode-se deduzir que não houveram diferenças estatisticamente significantes entre os árbitros e árbitros assistentes credenciados a CBF e FCF no que diz respeito a aptidão física, e que quando comparados a outros estudos percebe-se uma ligeira inferioridade dos resultados dos árbitros cearenses em relação a esses grupos.

          Unitermos: Futebol. Árbitro. Aptidão física.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 127 - Diciembre de 2008

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Introdução

    O árbitro de futebol surgiu em 1868, mais somente em 1881 que ele apareceu definitivamente para o futebol (SILVA; RODRIGUEZ-AÑEZ, 2003). No inicio o árbitro dirigia as partidas sem uma regra que estipulasse quais seus direitos e deveres, ele só era consultado nas jogadas quando uma das equipes reclamasse. Somente em 1878 o apito começou a ser utilizado, com o objetivo de facilitar a comunicação entre os árbitros e os jogadores, principalmente para aqueles que falavam idiomas diferentes. Na realidade para haver uma partida de futebol, essa deve ser conduzida por no mínimo três árbitros. Sendo um árbitro principal (aquele que apita a partida) e os outros dois como árbitros assistentes, conhecidos popularmente como bandeirinhas, existe ainda um quarto arbitro conhecido como regra três que tem a função de substituir qualquer um dos três árbitros responsáveis pela partida, no caso de que um deles não esteja em condições de seguir atuando. (CBF 2005)

    Vale lembrar que ele é um ser humano e o qual está sujeito a cometer tais erros, sendo que esses que podem estar ligados ou não a sua forma física, por exemplo, um mau posicionamento do arbitro durante uma jogada pede acontecer em decorrência de sua má condição física. Sobre esse aspecto SILVA et. al. 2004, que um dos principais fatores para uma boa arbitragem é a preparação física dos árbitros. Devido a importância de sua função no futebol, é que a comunidade científica passou a considerá-lo como objeto de investigação para melhor compreender a sua intervenção e fundamentar a sua preparação (SILVA; RODRIGUES-AÑES, 2003).

    Para um árbitro de futebol, vários são os elementos necessários para compor sua aptidão física, alguns de origem metabólica, tais como: resistência anaeróbia alática, onde a principal fonte de energia para essas atividades de “curtíssima” duração, piques com até 10 segundos, provém principalmente dos estoques de ATP-CP do músculo; resistência anaeróbia lática, onde em atividades de “curta” duração, cerca de 40 segundos, como deslocamentos e um setor a outro do campo de futebol, a energia provém principalmente do metabolismo do glicogênio muscular, sem participação significante do oxigênio; e resistência aeróbia que pode ser entendida como a capacidade que um individuo tem em realizar uma atividade física com duração superior a quatro minutos, como as realizadas se tomarmos como referencia cada tempo de jogo em que o arbitro participa, onde a energia requerida provém primordialmente do metabolismo oxidativo dos nutrientes (MATSUDO, 1982).

    Dessa forma para que um árbitro possa exerça sua função com êxito, é mais do que necessário que ele esteja em excelente forma física. Pesquisas realizadas com o árbitro principal, para avaliar a distância percorrida durante jogos oficiais, observaram que essa distância varia de 7 a 11 km,acreditando-se que o árbitro tenha desgaste similar ao de um jogador de futebol, Asami te al.(1988) e D´Ottavio & Castana (2001) apud Barros & Guerra (2004).

    Nessa perspectiva o presente estudo tem como principal objetivo analisar o condicionamento físico dos árbitros e árbitros assistentes participantes da bateria de testes da CBF realizada pela FCF, e comparar com estudos já realizados por outras entidades, visto que bons níveis de condicionamento físico dos árbitros de futebol é condição importante para o bom desempenho de sua função em campo (SILVA; RODRIGUEZ-AÑEZ, 2003).

Metodologia

    O presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa, transversal, do tipo pesquisa bibliográfica e foi submetido ao Comitê de Ética da UNIFOR-COETICA para apreciação, sendo aprovado pelo parecer n° 119/2006.

    Foram investigados dois grupos de árbitros e árbitros assistentes, o primeiro credenciado a Federação Cearense de Futebol (FCF) e o segundo, além disso, pertencente ao quadro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O primeiro com árbitros e árbitros assistentes(CBF) formado por 17 indivíduos, e segundo com árbitros e árbitros assistentes(FCF) formado por 21 indivíduos.

    Para a coleta dos dados, foi utilizada uma planilha para anotação dos resultados obtidos pela FCF, constantes das fichas de avaliação individual de cada árbitro e de cada árbitro assistente. Os dados foram coletados na sede da Federação Cearense de Futebol (FCF), a partir das fichas citadas, dos referidos árbitros e árbitros assistentes que participaram dos testes de aptidão física adotados pela Confederação Brasileira de Futebol. Que constam dos seguintes testes: corrida de 12 minutos, 200 metros e 50 metros (CBF NEWS, 2005). Todos aplicados pela Federação Cearense de Futebol –FCF, realizados no dia 17 de dezembro de 2005, na pista olímpica de atletismo da Universidade de Fortaleza (UNIFOR).

Resultados e discussão

Árbitros

    Os valores médios e os respectivos desvios padrões da idade são apresentados no Gráfico 1, os valores para árbitros CBF e FCF são 33,5 ± 4,9 anos e 31,6 ± 6,8 anos respectivamente, esses resultados não apresentaram diferenças estatisticamente significantes entre si.

Gráfico 1. Média e Desvio Padrão das idades dos Árbitros CBF e FCF (p<0,005)

    Os valores médios de idade dos sujeitos aqui analisados são similares os dos indivíduos estudados por (SILVA; RODRIGUEZ-AÑEZ, 2003)

    Os Gráficos 2, 3 e 4, apresentam os resultados dos testes de 12 minutos, 200 e 50 metros respectivamente. Para o teste de 12 minutos os resultados obtidos mostraram-se similares, entre os dois grupos 2827,6 ± 146 metros e 2795,1 ± 67,9 metros para os árbitros CBF e FCF.

Gráfico 2. Média e Desvio Padrão da distancia percorrida pelos

Árbitros CBF e FCF, durante o teste de 12 minutos (p<0,005)

    Os valores obtidos pelos grupos, indicam um nível de aptidão física considerado muito bom segundo a tabela de classificação proposta por Cooper para uma população geral. E mostraram-se similares aos valores citados por (SILVA; RODRIGUEZ-AÑEZ, 2003). 2883,75 ± 147,84m, e (SILVA; RODRIGUEZ-AÑEZ, ARIAS 2004) 2842,28 ± 204,77m.

    Os resultados para os dois tiros de 200 metros, também se apresentaram iguais estatisticamente. E mostraram que os árbitros têm um nível de aptidão para os testes considerando o limite estabelecido pela FIFA sendo 29,6 ± 1,8s e 30,8 ± 2,0s para o primeiro e segundo tiros dos árbitros CBF e 29,9 ± 1,3 e 31,4 ± 1,8 para o primeiro e segundo tiros dos árbitros FCF. Esses valores encontram-se ligeiramente superiores aos apresentados por SILVA; RODRIGUEZ-AÑEZ (2003) que foram de 28,10 ± 1,66 e 29,59 ± 1,90, e SILVA; RODRIGUEZ-AÑEZ, ARIAS (2004) 28,83 ± 1,61 e 29,90 ± 1,65.

Gráfico 3. Média e Desvio Padrão do tempo obtido pelos

Árbitros CBF e FCF, durante o teste de 200 metros (p<0,005)

    Já para os dos tiros de 50m os resultados obtidos também se encontram igual estatisticamente, com os valores de 7,1 ± 0,4 e 6,9. ± 0,4 para o primeiro e segundo tiro dos árbitros CBF e 29,9 ± 1,3 e 31,4 ± 1,8 para o primeiro e segundo tiro dos árbitros FCF. E mostram que os árbitros têm um bom nível de aptidão física considerando o limite estabelecido pela FIFA. E esses valores quando comparados com o primeiro (6,74 ± 0,43 e 6,74 ± 0,35) e com o segundo (6,95 ± 0,40 e 6,91 ± 0,37) trabalhos citados anteriormente, apresentam-se ligeiramente superiores.

Gráfico 4. Média e Desvio Padrão do tempo obtido pelos

Árbitros CBF e FCF, durante o teste de 50 metros (p<0,005)

Árbitros assistentes

    Os valores médios e os respectivos desvios padrões da idade são apresentados no Gráfico 5, os valores para os árbitros assistentes CBF e FCF são 33,5 ± 4,9anos e 31,6 ± 6,8anos respectivamente, esses resultados não apresentaram diferenças estatisticamente significantes. E apresentam-se similares aos valores observados por SILVA; RODRIGUEZ-AÑEZ (2003), 32,9.

Gráfico 5. Média e Desvio Padrão das idades dos Árbitros Assistentes CBF e FCF (p<0,005)

    Os Gráficos 6 e 7, apresentam os resultados dos testes de 12 minutos e 50 metros respectivamente. Para o teste de 12 minutos os resultados obtidos mostraram-se similares, entre os dois grupos 2827,6 ± 146 metros e 2795,1 ± 67,9 metros para os árbitros assistentes CBF e FCF. E ligeiramente inferiores aos valores (3030,0 ± 97,0 ) obtidos pelo estudo a cima citado.

Gráfico 6. Média e Desvio Padrão da distancia percorrida pelos

Árbitros Assistentes CBF e FCF, durante o teste de 12 minutos (p<0,005)

    Já para os resultado dos tiros de 50m que são apresentados no gráfico 7 e encontra-se entre 7,2 ± 0,6 e 7,1 ± 0,6 para o primeiro e segundo tiro dos árbitros assistentes CBF, e 6,8 ± 0,3 e 6,8 ± 0,3, para o primeiro e segundo tiros dos árbitros assistentes FCF, sendo iguais estatisticamente entre si, e similares aos obtidos por SILVA; RODRIGUEZ-AÑEZ (2003) 6,9 ± 0,3 e 6,9 ± 0,2

Gráfico 7. Média e Desvio Padrão do tempo obtido pelos Árbitros

Assistentes CBF e FCF, durante o teste de 50 metros(p<0,005)

Conclusão

    Através dos dados aqui apresentados, pode-se inferir que quando comparamos os árbitros e árbitros assistentes CBF e FCF não há uma diferença estatisticamente significante entre os mesmos, em termos de aptidão física. Pode-se atribuir esse fato a semelhança nas rotinas de treinamento realizado para ambos os grupos independente da entidade a qual eles pertencem.

    Comparados com estudos similares realizados em outros estados brasileiros, nota-se uma ligeira inferioridade dos resultados obtidos pelos árbitros cearenses.

    Acredito que esse trabalho ira contribuir para o incremento da literatura relacionada a esse tema além de servir de ponto inicial de discussão sobre a importância do condicionamento físico para a boa atuação de uma das figuras mais polemicas de nosso país, o árbitro de futebol.

Referências

  • BARROS, GUERRA. Ciência do Futebol. Local Barueri, SP: Manole, 2004.

  • CBF NEWS. Prova física dos árbitros – índices (artigo publicado em 29/08/2005) Disponíveisem: http://www2.uol.com.br/cbf/circulares/CIRCULAR009-005-PROVAFISICADOSARBITROS.pdf . Acesso em: 27/10/2005.

  • CBF. Regras do Jogo 2004-2005. Local Hitzigweg SUÍÇA. FIFA, 2004.

  • HERZER, E. Aptidão física um convite à saúde (artigo publicado em: 23/09/00). Disponível em: http://members.tripod.com/~everton_herzer/edfisica_saude.htm. Acesso em: 25/10/05.

  • MATSUDO, V.K.R. Testes em Ciências do Esporte. Local São Caetano do Sul- SP: CELAFISCS, 1982.

  • SEDEC/CBMRJ. Aptidão física e seus componentes. (artigo Publicado em: 18/08/2005) Disponível em: http://www.defesacivil.rj.gov.br/modules.php?name=Content&pa=showpage&pid=345. Acesso em: 25/10/05.

  • SILVA, RODRIGUES-AÑES. Níveis de aptidão física e perfil antropométrico dos árbitros de elite do Paraná credenciados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Revista Portuguesa de Ciências do Desporto. V. 3, nº. 3, 18-26, 2003.

  • SILVA, RODRIGUEZ-AÑEZ, ARIAS. Níveis de aptidão física de árbitros de elite da Federação Paranaense de Futebol. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. V.12, nº 1, 63-70, 2004.

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