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Diagnóstico primário de fatores de risco coronarianos 

em professores e técnicos administrativos do 

Centro de Ciências Agrárias da UFV

 

Universidade Federal de Viçosa

Departamento de Educação Física

LAPEH – MG

(Brasil)

Osvaldo Costa Moreira

moreiraoc@yahoo.com.br

Cláudia Eliza Patrocínio de Oliveira

João Carlos Bouzas Marins

jcbouzas@ufv.br

 

 

 

Resumo

          As doenças crônico-degenerativas estão adquirindo status de epidemia global. Assim conhecer as causas que desencadeiam essas doenças é de fundamental importância na elaboração de estratégias que visem intervir no processo de desenvolvimento dessas patologias, a fim de minimizar ou erradicar sua participação. 

          Objetivo: Realizar um diagnóstico primário da prevalência de fatores de risco de doença coronariana, nos professores e técnicos administrativos do CCA da UFV. 

          Metodologia: No presente estudo, aplicou-se uma abordagem descritivo transversal, sendo avaliados 110 indivíduos, na faixa etária média de 48,9 + 8,2 (25 e 65 anos), de ambos os gêneros, através do questionário de risco coronariano da Michigan Heart Association, que trata-se de uma tabela contendo oito fatores de risco, onde cada resposta representa um escore e a soma dos pontos totais representa o risco relativo. A análise estatística empregada limitou-se a análise descritiva, através da média e desvio padrão além da identificação do percentual da ocorrência do risco relativo. 

          Resultados: O risco coronariano médio obtido foi de 23,7 ± 4,7 pontos, classificado a Michigan Heart Association, como “risco médio”, com valores limítrofes entre 14 e 37 pontos. Para os homens a média de risco foi de 24 ± 4,6 pontos, com valores limítrofes entre 17 e 37 pontos, para uma faixa etária média de 49,1 ± 8,3 anos (31 a 65 anos). Para as mulheres a média de risco foi de 21,2 ± 4,4 pontos, com valores extremos entre 14 e 27 pontos, para uma faixa etária média de 47,3 ± 7,5 anos (36 a 60 anos). De acordo com a ordem de prevalência, os fatores mais encontrados foram: a idade (90,2%); o sedentarismo (72%); a hereditariedade (56,1%); o sobrepeso (46,3%); e a hipercolesterolemia (42,7%). Os resultados dos percentuais por classificação do risco encontram-se na tabela abaixo.


Tabela 1. Perfil do Risco Coronariano no CCA da UFV

Risco Relativo

Bem abaixo da Média

Abaixo da Média

Médio

Moderado

Alto

Muito Alto

% Geral (n=110)

0%

(n=0)

8,2%

(n=9)

54,5%

(n=60)

30,9%

(n=34)

6,4%

(n=7)

0%

(n=0)

Homens

(n=98)

0%

(n=0)

7,1%

(n=7)

54,2%

(n=53)

31,6%

(n=31)

7,1%

(n=7)

0%

(n=0)

Mulheres

(n=12)

0%

(n=0)

25%

(n=3)

50%

(n=6)

25%

(n=3)

0%

(n=0)

0%

(n=0)


          Discussão:
A idade e a hereditariedade são fatores nos quais não se pode intervir, entretanto, o sedentarismo, o sobrepeso e a hipercolesterolemia podem ser alterados com a adoção de mudanças no estilo de vida, através da prática de atividade física regular e do equilíbrio na ingesta alimentar.

          Conclusão: Foi evidenciada a presença de casos de “alto risco”, alertando para a necessidade da elaboração e inserção de políticas de promoção de saúde, a fim de minimizar as possibilidades de ocorrência de eventos coronarianos, sobretudo em uma população de idade elevada.

          Unitermos: Epidemiologia. Fatores de risco cardiovascular. População universitária.


 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 126 - Noviembre de 2008

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Introdução

    Segundo Pitanga (2004), a epidemiologia é uma ciência que estuda quantitativamente a distribuição dos fenômenos saúde/doença e seus fatores associados, nas populações humanas. Seu principal objetivo é a prevenção e o controle de doenças por intermédio do conhecimento de suas causas (POWERS e HOWLEY, 2000).

    A aterosclerose é uma doença das artérias, encontrada principalmente naquelas calibrosas, caracterizada pelo desenvolvimento de lesões gordurosas ou placas de ateroma. A formação dessas placas de ateroma está relacionada aos níveis séricos, e o processo inflamatório e fibroproliferativo da parede arterial, pode evoluir para quadros de oclusão total da artéria (GUYTON, 1997).

    As doenças do sistema circulatório, sobretudo as doenças cardiovasculares estão adquirindo características de epidemia mundial. Dados da Organização Mundial da Saúde (WHO, 2005), mostram que no ano de 2005, 60% dos óbitos mundiais foram em decorrência de alguma doença crônico-degenerativa.

    Nas últimas décadas, as doenças crônico-degenerativas passaram a liderar as causas de óbito no país, ultrapassando as taxas de mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias, e modificando de maneira significativa o perfil epidemiológico brasileiro (BRASIL, 2005). Dentro desse novo panorama, as doenças cardiovasculares passam a se destacar como a principal causa morte na população adulta brasileira, com cerca de 30%, sendo esse índice mais alarmante nas regiões metropolitanas (BRASIL, 2006).

    Existem indicativos que a epidemiologia da doença cardiovascular e seus fatores determinantes no Brasil, são semelhantes a outros países do mundo. Avezum, Piegas e Pereira (2005) confirmam as evidências que a predisposição para doença aterosclerótica no Brasil é muito semelhante àquela observada em países da Europa e América do Norte. De acordo com dados do estudo desses autores, no Brasil, as doenças cardiovasculares acometem cerca de 300.000 de pessoas por ano, sendo uma das principais causa de óbitos (840/dia) e gerando grande impacto nos gastos com assistência médico-hospitalar para o SUS.

    No ambiente laboral, a interação entre fatores genéticos, ambientais e comportamentais pode causar doenças cardiovasculares. Advém desse quadro a importância em se conhecer e identificar os fatores de risco. Esse é o primeiro passo para a adoção de estratégias que visem averiguar a prevalência dos fatores de risco para doenças cardiovasculares.

    Os estudos de Matos et al. (2004), com funcionários da Petrobras e de Ceschini et al. (2007), com bancários da cidade de São Paulo; são alguns exemplos de pesquisas que demonstram a elevada prevalência dos fatores de risco coronariano no ambiente laboral, sobretudo pela interferência desses fatores de risco nos hábitos de vida dos trabalhadores.

    Especificamente em servidores universitários, são encontradas características peculiares, visto que, além de fatores como obesidade, sedentarismo, hereditariedade, hipercolesterolemia e etnia, existe um agravante: o estresse a que é submetida essa população. No Brasil, tem-se o registro de estudos de Conceição et al. (2006), em servidores universitários, de Moreira e Marins (2006), em estudantes de graduação, de Moreira et al. (2007), em servidores universitários, e de Moreira e Marins (2006), em professores universitários.

    Estudar a prevalência dos fatores de risco coronariano, notadamente no ambiente universitário, em especial a UFV, que apresenta uma população do interior do Brasil, e grupo de professores de diferentes regiões do país, torna-se importante para o planejamento e estabelecimento de políticas preventivas, que objetivem promoção de saúde, tendo como finalidade de minimizar a probabilidade de ocorrência de acidentes cardiovasculares.

Objetivos

    Este trabalho objetivou diagnosticar a prevalência de fatores de risco coronariano em professores e técnicos administrativos do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Viçosa.

Métodos

a.     Amostra

    Foi elaborado e aplicado um desenho epidemiológico observacional, transversal, no ano de 2007, em amostra representativa da população de professores e técnicos administrativos do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Viçosa, de ambos os gêneros. Tal centro possui em se quadro de funcionários um total de 680 indivíduos, dos quais quase 40% não se encontram acessíveis, seja por trabalharem em outras cidades, seja por trabalharem nas zonas rurais da cidade de Viçosa, reduzindo o universo de possíveis avaliados para cerca de 400 indivíduos. Realizou-se amostragem por conglomerado, de modo que cada Departamento relacionado ao Centro de Ciências Agrárias, fora considerado um conglomerado.

    De forma aleatória simples, foram avaliados 110 sujeitos, representando cerca de 25 % do total de professores técnicos administrativos do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Viçosa. A faixa etária média dos indivíduos da amostra foi de 48,9 + 8,2 anos, com valores limítrofes inferior de 25 anos e superior de 65 anos. Do total de avaliados, 98 sujeitos eram do gênero masculino e 12 sujeitos eram do gênero feminino.

b.     Procedimento Metodológico

    Para chegar a entrevistar os professores e técnicos administrativos eram realizadas três etapas: etapa 1, em que era solicitada ao chefe de cada departamento permissão para a realização da pesquisa e uma lista contendo nome e número do ramal telefônico de cada indivíduo; etapa 2, em que era realizado o contato telefônico com o sujeito, a fim de esclarecer os termos e procedimentos da pesquisa e agendar o dia, local e horário para aplicação do questionário; e etapa 3, que era a aplicação do questionário, no dia, local e horário, preestabelecidos pelo avaliado.

    Os dados foram coletados em entrevista pessoal e individual, através do questionário Tabela de Risco Coronariano proposto pela Michigan Heart Association (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2001), que é constituído por oito fatores de risco; cada fator apresenta seis opções de resposta, nas quais cada resposta representa um escore; a soma dos escores indica o risco relativo, segundo classificação também proposta pela Michigan Heart Association, como visto na Tabela 2.

Tabela 2. Classificação de risco coronariano proposta pela Michigan Heart Association.

Tabela de risco relativo

Escore

Categoria de Risco Relativo

06-11

Risco bem abaixo da média

12-17

Risco abaixo da média

18-24

Risco médio

25-31

Risco moderado

32-40

Alto risco

41-62

Risco muito alto, consultar seu médico

    Os oito fatores de risco estudados foram a idade, a hereditariedade, o peso, o tabagismo, o exercício, o colesterol, a pressão arterial e o gênero.

    A análise estatística empregada limitou-se a análise descritiva, através da média e desvio padrão além da identificação do percentual da ocorrência do risco relativo.

Resultados

    O risco coronariano médio encontrado foi de 23,7 ± 4,7 pontos, com valores limítrofes entre 14 e 37 pontos, para uma faixa etária média de 48,9 + 8,2 (25 e 65 anos). Nos sujeitos do gênero masculino, encontrou-se um risco médio de 24 ± 4,6 pontos, com valores limítrofes entre 17 e 37 pontos, para uma faixa etária média de 49,1 ± 8,3 anos (31 a 65 anos). Já nos sujeitos do gênero feminino foi encontrado um risco médio de 21,2 ± 4,4 pontos, com valores extremos entre 14 e 27 pontos, para uma faixa etária média de 47,3 ± 7,5 anos (36 a 60 anos).

    A média do risco da população estudada, apresentada na Figura 1, bem como as médias dos riscos de homens e de mulheres, se enquadrou na categoria de “risco médio” para desenvolvimento de doenças cardiovasculares, segundo classificação da Michigan Heart Association, como visto na Tabela 2. A distribuição percentual de classificação do risco cardíaco nos professores e técnicos do Centro de Ciência Agrárias da Universidade Federal de Viçosa encontra-se, detalhadamente, na Figura 2.

    Por ordem decrescente, dentre os oito fatores que constam nas respostas do questionário, aqueles que mais estiveram prevalentes, foram: a idade, o sedentarismo, a hereditariedade, o sobrepeso e a hipercolesterolemia. A distribuição percentual de ocorrência dos fatores estudados encontra-se na Figura 3.

Figura 1. Classificação do risco coronariano em professores e técnicos administrativos do CCA da UFV, 

de acordo com o escore obtido na população total avaliada e segundo gênero.

 

Figura 2. Percentual de classificação de risco cardiovascular em professores e técnicos administrativos do CCA da UFV.

 

Figura 3. Percentual de ocorrência dos fatores de risco em professores e técnicos administrativos do CCA da UFV.

 

Tabela 3: Distribuição do percentual de sujeitos de acordo com sua faixa etária

Faixa Etária

Número de Sujeitos

Porcentagem da Amostra

21 a 30 anos

1

1,2%

31 a 40 anos

15

13,4%

41 a 50 anos

44

40,2%

51 a 60 anos

38

34,2%

Acima de 60 anos

12

11%

Discussão

    Devido ao caráter subjetivo contido em pesquisas que utilizam como instrumento de coleta de dados questionários, as respostas indicadas pelos indivíduos avaliados podem, ou não, sofrer significativa influência em sua fidedignidade. Porém, os questionários representam estratégias rápidas para a realização de um diagnóstico primário, colaborando para o estabelecimento de políticas preventivas.

    Como pode ser observado na Figura 1, o escore médio obtido na população estudada foi classificado como sendo de “risco médio” pela Michigan Heart Association, apresentando valores médios mais elevados no gênero masculino. A literatura referencia que o risco coronariano em homens é maior do que em mulheres, por diferenças hormonais relacionadas ao maior fluxo e refluxo dos níveis de estrogênio nas mulheres, que proporciona proteção contra eventos coronarianos (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2001). endo mais elevado no gsociation sendo de "omo intrumento de coleta de dados

    O percentual de classificação de risco cardiovascular em professores e técnicos administrativos do CCA da UFV apontou que, embora a maior parcela dos avaliados (63,4%) esteja classificado como risco “médio” ou “abaixo da média”, 30,5% dos servidores apresentou classificação do risco coronariano como sendo “moderado” e 6,1% apresentou “alto”, perfazendo uma fatia considerável da população avaliada, como demonstrado na Figura 2.

    Ainda na Figura2, observa-se que no gênero masculino a prevalência de casos de risco acima da classificação média é ainda maior, acometendo 38,4% dos avaliados. Isso se deve ao fato de os homens serem mais propensos a eventos cardiovasculares por fatores fisiológicos, ambientais e comportamentais (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2001). Já no gênero feminino, encontrou-se uma maior prevalência de casos de risco “médio” ou “abaixo da média”.

    Na Figura 3, encontra-se o percentual de ocorrência de cada um dos fatores de risco em professores e técnicos administrativos do CCA da UFV, os quais serão discutidos no presente trabalho, obedecendo a ordem de prevalência dos mesmos.

    Como indicado na tabela 3, a faixa etária da população estudada, aponta que 85,4% do quadro de servidores está composto por de indivíduos com mais de 40 anos. Esse dado confere à idade o papel de principal fator de risco prevalente no CCA, denotando atenção, uma vez que ele possui caráter não-modificável, e a legislação de aposentadoria irá manter esses trabalhadores por mais tempo em seus postos, promovendo “envelhecimento” ainda maior e agravando ainda mais esse quadro.

    Os resultados obtidos para o fator de risco idade, talvez advenham do fato de o CCA ser o Centro de Ciências mais antigo da Universidade Federal de Viçosa, contribuindo para que os profissionais que alia atuam tenham uma faixa etária mais elevada se comparada a de outros Centros de Ciências da UFV.

    Níveis insuficientes de exercício foram apontados como o segundo fator de risco coronariano mais prevalente nos avaliados, atingindo 72% destes. A hipocinesia quando aliada a outro fator de risco como idade, peso, pressão arterial e colesterol, podendo acarretar a ocorrência precoce coronariopatias, se tornando um quadro preocupante.

    A Sociedade Brasileira de Cardiologia (2005), em seu estudo Corações do Brasil, indica que o sedentarismo é prevalente no Brasil, obedecendo a seguinte ordem, nas regiões: sul 77,4%; sudeste 79,2%; norte e centro-oeste 87,7%; nordeste 93,1%. Assim, os números constatados no presente estudo são análogos à prevalências das regiões sul e sudeste.

    No estudo Vigitel Brasil 2006, o Ministério da Saúde (2007), verificou que a insuficiência de atividade física foi prevalente em quase todas as capitais estudadas, visto que, os menores percentuais encontrados foram nas cidades de Fortaleza-CE (77,3%), Brasília-DF (75,3%) e Macapá-AP (74,4%).

    Como forma de redução da ocorrência das doenças cardiovasculares e de promoção de saúde, tem-se a participação em um programa de atividade física regular, ou mesmo o incremento de atitudes mais positivas quanto a um estilo de vida mais ativo, ainda mais se considerando a estrutura urbanista da UFV, que facilita a prática de exercícios físicos das mais diversas formas de manifestação.

    Foram encontrados valores de prevalência de hereditariedade no presente estudo de 56,1%, que são semelhantes aos demonstrados em pesquisas de Gus, Fischmann e Medina (2002), 57,3% em população adulta do Rio Grande do Sul e de Moreira e Marins (2005) com estudantes de Educação Física, os quais constataram 63,3% de prevalência.

    Ao observar que não se pode influenciar positivamente a alteração do prognóstico encontrado no referente à hereditariedade e idade, é necessário adotar medidas no intuito de atingir outros fatores que podem ser modificados, auxiliando na prevenção do processo de desenvolvimento de coronariopatias.

    Tem-se o excesso de peso como o quarto fator de risco mais prevalente, atingindo 46,3% da amostra. Não obstante, esse fator é ainda mais prevalente nas mulheres com 66,7%. A configuração desse quadro advém da correlação de dois outros fatores, a insuficiência ou falta de atividade física, que contribui para o baixo dispêndio energético e a ingesta calórica elevada, que coopera para o aumento do tecido adiposo.

    Os dados do Ministério da Saúde (2007) concordam com os resultados desse estudo, no que se refere ao excesso de peso, onde o valor mais alto de prevalência encontrado foi na cidade do Rio de Janeiro-RJ, com 48,3% e o valor mais baixo obtido foi na cidade de São Luís-MA, com 34,1%.

    O aumento do peso corporal nos brasileiros nos últimos anos vem ao encontro dos dados desse estudo. Tal fato é confirmado por Polanczyk (2005), quando afirma que, apesar de haver uma tendência mundial de diminuição da mortalidade por eventos cardiovasculares, no cenário nacional, em algumas regiões ainda é evidenciado aumento da mortalidade por essas doenças.

    A prevalência do fator de risco tabagismo foi verificada em 20,7% dos servidores, o que se assemelha aos dados encontrados em estudos de Conceição et al. (2006), 19,5% de prevalência em trabalho realizado com servidores universitários, de Veibig et al. (2006) com 22% em população da cidade de São Paulo; e Marcopito et. al. (2006) com 22,6 % , também em população da cidade de São Paulo.

    No Brasil, dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2005) apontam que o tabagismo atinge 25,2% na região sul e 27,6% na região sudeste, onde ocorreu a maior prevalência. Desta forma os resultados obtidos no presente estudo para o tabagismo apontam para um comportamento semelhante ao observado na região sul e sudeste.

    O comportamento observado nesse estudo quanto ao consumo do tabaco, pode estar sendo causado pelo nível educacional dos professores, e pelo convívio do ambiente acadêmico universitário, no caso dos técnicos administrativos, requerendo uma abordagem mais incisiva no que se refere a políticas de abstenção do tabaco no âmbito universitário, a fim de eliminar a contribuição desse fator no desenvolvimento de doenças.

    Em 42,7% dos avaliados se obteve registro da prevalência de colesterol total acima de 200 mg/dl, que é próximo aos valores observados em estudos desenvolvidos por Moreira et al. (2007), com 48,6% em professores e técnicos administrativos do CCE da UFV e por Cantos et al. (2006), que registrou 40% em pacientes do hospital universitário da UFSC.

    Os valores extremos observados no presente estudo apontam para a necessidade da implantação de um serviço de orientação nutricional, visando melhorar a ingesta de nutrientes por parte dos indivíduos avaliados. Cabe destacar, que os valores de colesterol indicados são referidos pelos avaliados e não por dosagem sanguínea, o que poderia interferir no resultado obtido.

    No presente estudo foi levado em consideração apenas o nível pressórico sistólico, em que se observou prevalência de 23,2% nos indivíduos da amostra. Esses dados contrastam com os achados de Moreira e Marins (2006), com 7,8% de prevalência em professores do CCb e CCH da UFV, e de Conceição et al. (2006), 37,9% em servidores da Universidade de Brasília.

    Valores próximos ao desse estudo foram referidos pelo Ministério da Saúde (2007), nas cidades de Brasília-DF (18,4%), Fortaleza-CE (18,5%), Manaus-AM (18,6%), Belém-PA, Boa Vista-RR, Goiânia-GO, Macapá-AP (todas com 18,9%). A Sociedade Brasileira de Cardiologia (2005) encontrou valores semelhantes ao do presente estudo nas regiões norte e centro-oeste com 19,4% de prevalência.

    Registros de prevalência de hipertensão arterial em algumas pesquisas nacionais que apresentam proximidade com a presente pesquisa, são referenciados por Moreira et al. (2007), com 19,7% de prevalência em servidores do CCE da UFV, por Marcopito et al. (2005), com 24,3 % em população da cidade de São Paulo, e por Roque et al. (2007), com 28% em freqüentadores de um parque público da cidade de São Paulo.

    O perfil de prevalência da hipertensão arterial evidenciado no presente estudo alerta para a necessidade de inquéritos mais profundos no intuito de melhor diagnosticar e fundamentar planos estratégicos de combate e erradicação desse fator de risco.

Conclusão

    Por meio das respostas ao questionário Tabela de Risco Coronariano constatou-se que o risco coronariano de professores e técnicos administrativos dos Centros de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Viçosa, é classificado como “risco médio”, segundo a Michigan Heart Association. Porém, devido a uma fatia considerável da população se enquadrar na categoria de “alto risco”, existe a possibilidade do surgimento de complicações cardiovasculares nesses indivíduos de risco.

    Pela verificação das elevadas prevalências do sedentarismo e sobrepeso, pode-se afirmar que, como medida preventiva e estratégia de promoção de saúde, recomenda-se a prática regular de atividade física, tanto na profilaxia, quanto no tratamento desses e dos demais fatores de risco modificáveis.

    É necessária a elaboração e a implantação de programas de promoção de saúde que atinjam, sobretudo, os fatores de risco modificáveis mais prevalentes, nesse caso, sedentarismo e sobrepeso, no intuito de minimizar a participação desses no processo de desenvolvimento das patologias cardiovasculares. Desse modo, se destaca a importância da inserção e do direcionamento de políticas de saúde, com caráter preventivo, visando atenuar a morbidade e mortalidade decorrente dos fatores de risco de doenças cardiovasculares.

Referências

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