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Teoria e prática dos métodos avaliativos propositivos

sistematizados nos colégios públicos e particulares de Jequié

 

*Acadêmico do 6° semestre do Curso de Educação Física

da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

**Graduado em Educação Física pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

***Acadêmica do 4° semestre do Curso de Psicologia

da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FTC)

(Brasil)

Rafael Carlos Lavigne Diniz

rafaldiniz@yahoo.com.br

Franck Nei Monteiro Barbosa

francknei@yahoo.com.br

Diana Frutuoso Machado

dianafrutma@yahoo.com.br

 

 

 

Resumo

          O presente artigo procurou tratar de um tema que envolve o dia a dia de muitos profissionais da Educação Física Escolar: A Avaliação. Visa explicitar as abordagens propositivas sistematizadas, Crítico Superadora e Aptidão Física e Saúde, por acreditar que as mesmas apontam princípios norteadores e uma proposta teórica metodológica que oferecem um direcionamento ao trabalho docente. Busca-se nesta pesquisa investigar se há coerência de ações dos professores de Educação Física, no que diz respeito às teorias avaliativas que defendem e a prática avaliativa que realizam. O objetivo foi investigar em qual perspectiva avaliativa o professor de Educação Física da rede pública e particular do município de Jequié-Bahia se referenda, e se na prática ele realmente consegue materializar sua proposta defendida na teoria. Metodologicamente esta pesquisa tem uma abordagem qualitativa, por investigar um nível de realidade que não pode ser quantificado. É uma pesquisa exploratória com delineamento no estudo de campo, tendo como método para coleta de dados o método observacional e como técnica de coleta de dados, questionário estruturado com 10 questões objetivas, como também, observação direta das aulas dos professores pesquisados. O universo pesquisado foram os professores da educação básica do município de Jequié, sendo 4 professores de escolas da rede particular de ensino e 6 professores da rede pública de ensino, compondo assim uma amostra não probabilística. Ao analisar os resultados pôde-se observar que os professores estão realizando uma prática articulada com a teoria que defendem, procurando ser coerentes com a teoria defendida. Percebi que a avaliação está sendo realizada forma processual, onde o processo de aprendizagem é mais importante do que o produto dessa avaliação.

          Unitermos: Avaliação. Educação. Educação Física.

         

O artigo é produto da disciplina Métodos e Técnicas da Pesquisa Cientifica, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 125 - Octubre de 2008

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1.     Introdução

    As abordagens em Educação Física são divididas em propositivas e não-propositivas. As propositivas são ainda divididas em sistematizadas e não sistematizadas.

    Neste artigo serão trabalhadas as abordagens propositivas sistematizadas, por entender que elas, além de apontarem princípios norteadores, também contém uma proposta teórica metodológica.

    Essas duas abordagens, Critico Superadora e Aptidão Física e Saúde, pelos motivos expostos, são freqüentemente utilizadas nas escolas brasileiras e por isso mesmo são alvo de estudos de muitos intelectuais que se debruçam sobre a Educação Física escolar.

    É de pretensão deste artigo investigar se há coerência de ações dos professores de Educação Física, no que diz respeito às teorias avaliativas que defendem e a prática avaliativa que realizam.

    O projeto aqui explicitado será de grande valia para a comunidade cientifica, pois, fornecerá subsídios para uma melhor compreensão do agir metodológico do professor do ensino publico e particular do município de Jequié, fornecendo dados que servirão de referência para, se preciso for, realizar uma reflexão das práticas docentes.

2.     Fundamentação teórica

Abordagem critico superadora

    Nessa abordagem, o movimento social é caracterizado pela luta entre as classes a fim de afirmarem seus interesses. Para manter seu status quo, a classe dominante desenvolve determinadas formas de consciência social (ideologias), que veicula seus interesses, seus valores, sua ética e sua moral como universais, inerentes a qualquer individuo, independente de sua origem ou posição de classe social. Já a classe trabalhadora deve buscar a transformação da sociedade de forma que os trabalhadores possam usufruir do resultado de seu trabalho. Como pode se perceber, os interesses de classe são diferentes e antagônicos, por isso mesmo, não pode se entender que a sociedade capitalista seja aquela onde os indivíduos buscam objetivos comuns, nem tampouco que a conquista desses objetivos depende do esforço e do mérito de cada individuo isolado, pois assim se mascara a realidade social e o conflito entre as classes sociais no movimento de afirmação de seus interesses.

    De acordo com COLETIVO (1992, pág 27), a função social do currículo é ordenar a reflexão pedagógica do aluno de forma a pensar a realidade social desenvolvendo determinada lógica. Para desenvolvê-la apropria-se do conhecimento cientifico, confrontando-o com o saber que o aluno traz do seu cotidiano e de outras referências do pensamento humano: a ideologia, as atividades dos alunos, as relações sociais, entre outras.

    Para isso deve-se desenvolver a lógica dialética, com a qual o aluno seja capaz de fazer uma outra leitura e de acordo com COLETIVO DE AUTORES (1992, pág 28):

    O eixo curricular procura delimitar o que a escola pretende explicar aos alunos e até onde a reflexão pedagógica se realiza. O quadro curricular, ou seja, a lista de disciplinas, matérias ou atividades curriculares irá se delinear a partir do eixo curricular. O currículo capaz de dar conta de uma reflexão pedagógica ampliada e comprometida com os interesses das camadas populares tem como eixo a constatação, a interpretação, a compreensão e a explicação da realidade social complexa e contraditória.

    O ensino da educação física deve proporcionar um entendimento e a pratica de atividades lúdicas buscando instigar a criatividade humana para a adoção de uma postura produtiva e criadora de cultura, tanto no mundo do trabalho como no do lazer.

    Para COLETIVO DE AUTORES (1992, pág 40) A expectativa da educação física escolar, que tem como objeto a reflexão sobre a cultura corporal, contribui para a afirmação dos interesses da classe das camadas populares, na medida em que desenvolve uma reflexão pedagógica sobre valores como solidariedade substituindo individualismo, cooperação confrontando a disputa, distribuição em confronto com apropriação, sobretudo enfatizando a liberdade de expressão dos movimentos - a emancipação -, negando a dominação e submissão do homem pelo homem.

    O conhecimento necessita ser tratado metodologicamente de forma que venha a favorecer a compreensão dos princípios da lógica dialética materialista, que são: totalidade, movimento, mudança qualitativa e contradição. Nessa perspectiva, o esporte, que é um dos temas da cultura corporal, deverá ser tratado pedagogicamente na escola de forma critico superadora, para que se evidencie o sentido e o significado dos valores que procura inculcar e as normas que deverão regulamentá-lo dentre de nosso contexto sócio-historico. Esta forma de organizar o conhecimento não desconsidera a necessidade do domínio dos elementos técnicos e táticos, porém não os coloca como único conteúdo da aprendizagem dos alunos.

    O ensino e a aprendizagem têm como referência básica o ritmo particular de cada aluno com as aulas sendo ministradas no horário regular do turno em que o aluno freqüenta a escola. A metodologia na perspectiva critico superadora implica um processo que acentue, na dinâmica da sala de aula, a intenção prática do aluno para apreender a realidade. Por isso, entende-se a aula como um espaço intencionalmente organizado para possibilitar a direção da apreensão, pelo aluno, do conhecimento especifico da educação física e dos diversos aspectos das suas praticas na realidade social.

Avaliação do processo ensino aprendizagem na abordagem critico superadora

    A avaliação do processo ensino aprendizagem vincula-se ao projeto pedagógico que a escola defende, e também ao processo de trabalho pedagógico, processo inter-relacionado dialeticamente com tudo o que a escola assume, corporifica, modifica e reproduz e que, portanto, é próprio do modo de produção da vida em uma sociedade capitalista, dependente e periférica.

    Para compreender a questão da avaliação, não se pode cair nas armadilhas dos reducionismos de um universo meramente técnico de entendimento, sendo de grande valia a consideração de outras dimensões desse processo como, por exemplo, as suas significações, implicações e conseqüências pedagógicas, políticas e sociais.

    É papel da avaliação do processo ensino-aprendizagem em educação física fazer com que ela sirva de referência para a analise da aproximação ou do distanciamento do eixo curricular que, como foi explicitado neste trabalho, norteia o projeto pedagógico da escola.

    A proposta de avaliação da educação física deve levar em conta a observação, analise e conceituação de elementos que compõem a totalidade da conduta humana e que se expressem no desenvolvimento de atividades.

    É de fundamental importância que se busque realizar práticas produtivas-criativas e reiterativas procurando imprimir para a avaliação, uma perspectiva de busca constante da identificação de conflitos no processo ensino-aprendizagem, bem como a superação dos mesmos, através do esforço critico e criativo coletivo dos alunos e as orientações do professor.

    Ao aluno deve ser dado o direito de expressar seus objetivos de ação e participar da avaliação dos mesmos, levando-se em conta que uma das funções da avaliação é informar e orientar para a melhoria do processo ensino-aprendizagem. Durante a aula, portanto, os alunos devem participar criticamente da reinterpretação dos valores e procedimentos que sustentam a avaliação.

    O professor deve fazer da nota um resultado que permita constatar a aproximação ou o distanciamento do eixo curricular privilegiado no projeto pedagógico e não um castigo ou compensação para o aluno. A equipe pedagógica deve estar envolvida nas práticas avaliativas da educação física, para que se possa buscar a coerência das ações com o projeto pedagógico da escola. É preciso levar em conta na avaliação, o sentido, finalidade, forma e conteúdo que a mesma assume no processo ensino-aprendizagem.

    Segundo COLETIVO DE AUTORES (1992, pág 108) “O desempenho do aluno(conhecimentos, habilidades, atitudes) precisa ser entendido e explicado não somente na sua aparência, mas também naquilo que é possível reconhecer, enquanto determinantes de tais desempenhos. Isto deve ser fruto de um esforço pedagógico coletivo de professores e alunos”.

    É muito importante que o professor se atente para a variedade de eventos avaliativos “informais” que acontecem em uma aula. A avaliação informal pode ser identificada nas posturas corporais que os professores manifestam, em ações verbais, em seus olhares e etc, as quais durante as aulas exercem influência sobre os alunos, dando indicadores a respeito de seus conhecimentos, habilidades e atitudes, referenciando pois, seus níveis de expectativa na turma. Desse modo cabe ao professor estar atento a esses eventos avaliativos para que possa observar as suas conseqüências pedagógicas.

    A avaliação tem como objetivo a busca pela concretização de um projeto pedagógico articulado com um projeto histórico de interesses da classe trabalhadora. Projeto político pedagógico que tem como eixo curricular à apreensão e interferência critica e autônoma na realidade. O conteúdo que será trabalhado advém da cultura corporal e é selecionado em função de sua relevância para o projeto pedagógico e histórico e em função de sua contemporaneidade.

Abordagem aptidão física e saúde

    Essa abordagem alerta para a necessidade de se repensar os programas de Educação Física Escolar, argumentando com base em dados estatísticos que muitas crianças possuem critérios insatisfatórios de saúde, apresentam muitas deficiências nas suas atividades motoras e altos índices de adiposidade.

    Cabe a escola, criar mecanismos alternativos que levem os educandos a perceberem a importância de se adotar um estilo de vida saudável. À Educação Física Escolar cabe fornecer oportunidades para que se viabilizem aos educandos a adoção de um estilo de vida ativo ao longo de toda sua existência.

    Saúde para essa abordagem é uma condição de dimensão física, social e psicológica, cada uma caracterizada por um conteúdo com pólos positivos e negativos, onde a saúde positiva é associada à capacidade de apreciar a vida e resistir aos desafios do cotidiano e não meramente a ausência de doenças, e a saúde negativa está associada com a morbilidade e no extremo; a mortalidade. A saúde é algo dinâmico e torna-se necessário adquiri-la e reconstruí-la de forma individual constantemente ao longo da vida, apontando para o fato de que a saúde é educável, podendo ser tratada em um contexto didático – pedagógico.

    Um conceito para aptidão física, foi fornecido por Pate (1983), para esse autor aptidão física é entendida “como sendo a capacidade de realizar atividades físicas vigorosas, sem fadiga excessiva e com demonstração de capacidades e características de atividade física que são coexistentes com risco mínimo de desenvolver doenças hipocinéticas”.

    A aptidão física relacionada à saúde envolve quatro aspectos: a dimensão morfológica, a dimensão funcional – motora, a dimensão fisiológica e a dimensão comportamental. A dimensão morfológica agrupa componentes que se relacionam com a composição e a distribuição da gordura corporal as quais apresentam alguma relação com um melhor estado de saúde; A dimensão funcional – motora engloba a função cardio-respiratória, ou seja, o VO2 máximo, além de englobar também a função músculo-esquelético, que se constitui da resistência muscular localizada, força e flexibilidade; A dimensão fisiológica envolve algumas variáveis hemodinâmicas como: Pressão sangüínea e Freqüência Cardíaca, a tolerância à glicose, os níveis de lípides sangüíneos, além de outros aspectos; A dimensão comportamental está associada à tolerância ao estresse, sendo esse um dos seus principais aspectos.

    Guedes (1994) com base nas informações reunidas em sua tese de doutorado sobre as características de crescimento, composição corporal e desempenho motor de crianças e adolescentes, sugere :

    “Desenvolver estudos para adequar os atuais currículos desenvolvidos nas aulas de Educação Física nas escolas de 1º e 2 º graus, a fim de que se possa resgatar no contexto educacional a prática da atividade física como meio de promoção da saúde”.

    Outro aspecto importante, para que se possa fazer uma analise dessa proposta pedagógica, diz respeito às sugestões que vêm sendo apresentadas para a elaboração de um planejamento de ensino de forma seqüencial e progressiva, para que o que se ensina hoje, guarde alguma relação com o que já foi ensinado, e o aquilo que será ensinado futuramente.

    A preocupação em construir um modelo de currículo vertical (contínuo) ou desenvolvimentista, deve-se, em grande parte a situação atual em que se encontra o ensino da Educação Física em nossas escolas, tanto do ensino fundamental, quanto do ensino médio, no qual predomina um quadro marcado pela esportivização das aulas de Educação Física, a ausência de uma prática pedagógica orientada para as reais necessidades da população e a falta de gradação dos conteúdos de ensino. Há uma crença entre epidemiologistas e especialistas em Educação Física, na qual a infância e a adolescência representar períodos ótimos para uma intervenção pedagógica no sentido de estimular hábitos e comportamentos de saúde, para que se possam manter esses hábitos e comportamento durante toda as etapas da vida.

    O currículo escolar deve alicerçar-se na valorização e relevância de seus objetivos em direção a uma formação integral e consciente dos educandos, para que possa despertar nos mesmos uma conscientização para a necessidade de se adequarem ao momento histórico em que vivem, para que sejam sujeitos de uma sociedade moderna e democrática, em que as atividades motoras passam a adquirir grande relevância na medida em que se torna necessário de alguma forma compensar os efeitos nocivos dos estilos de vida provocados pela sociedade moderna.

    A Educação Física enquanto parte especifica deste currículo escolar, deve se ater na essência de sua função e não apenas fixar-se na formação de cidadãos de extraordinária competência social, cultural, e política, pois é função da Educação Física contribuir para que os alunos, no futuro, apresentem uma vida produtiva, criativa e bem sucedida. A escola tem como função educacional interferir decisivamente na tentativa de procurar modificar a atual realidade.

    A escola deve assumir um protagonismo ímpar num projeto de educação para a promoção da saúde, e além disso, o professor deve assumir responsabilidades, tendo em conta a especificidade da disciplina no currículo escolar que trata, entre outros objetivos, das relações entre atividade física e saúde. Ainda com relação ao conteúdo, a educação física escolar no ensino fundamental e médio, deve ter elementos que deverão nortear a atuação dos professores em unidades de ensino. Nas unidades, o professor deverá ser capaz de diagnosticar e acompanhar os níveis de crescimento, composição corporal, e desempenho motor dos educandos, assim como ser detentor de conhecimento sobre o funcionamento morfofuncional do organismo humano, para que o conhecimento selecionado possa estar relacionado a atividades que possam permitir aos mesmos a aquisição de hábitos saudáveis de vida, que serão adquiridos valendo–se da prática regular de atividades físicas (brincadeiras recreativas, jogos e competições esportivas).

    Os programas para a promoção da saúde, quando relacionados à educação e, especificamente à educação física devem trazer no seu bojo iniciativas intencionais que se destinem a mobilizar um número cada vez maior de indivíduos, de diferentes idades, status socioeconômico e nível educacional, para que possam viver num estilo de vida mais ativo e saudável. Deve trazer ainda conceitos como fatores de risco, modificação de comportamento, motivação, experiência de exercício e aptidão física, sendo por natureza, um domínio de intervenção multidisciplinar, ocorrendo um processo interdisciplinar com determinantes educacionais, culturais, biológicas e comportamentais.

    O objetivo desses conteúdos deverá ser a aquisição e manutenção da aptidão física, que virá por meio da formação do hábito da prática regular de exercícios físicos , que deverá prolongar para além dos anos de escolarização.

Avaliação do processo ensino aprendizagem na abordagem aptidão fisíca e saúde

    A avaliação em aptidão física e saúde inclui testes da função aeróbia, composição corporal e função músculo-esquelética. A função aeróbia inclui a capacidade de resistência geral considerada como a capacidade de realizar esforços de baixa ou média intensidade por períodos mais ou menos longos de tempo utilizando grandes massas musculares. A composição corporal (IMC) fornece indicações do grau de magreza ou adiposidade do corpo. O IMC representa um índice da relação da massa corporal com a estatura. A função músculo esquelética é um componente que combina medidas de força, resistência muscular e flexibilidade de evidente relevância no desempenho das atividades cotidianas, bem como na prevenção de problemas posturais, lombalgias, osteoporose, etc.

    A avaliação na aptidão física e saúde é efetivada através de critérios de referência, ou seja, adotam-se valores pré-determinados específicos de desempenho denominados pontos de corte sobre os quais se presume, estejam relacionados com o risco de doenças degenerativas.

    Os professores que praticam essa abordagem, limitam suas práticas avaliativas enfatizando o processo de medição, o desempenho dos alunos nas capacidades físicas, habilidades motoras e medidas antropométricas, com o objetivo de conferir uma nota. Nessa abordagem existe um modelo ideal e os testes servem para fornecer as informações quantitativas que devem ser comparadas como uma norma, tabela ou padrão.

    A avaliação nesta perspectiva consiste em aplicar testes em prazos determinados, entende-se também que a avaliação é algo que acontece somente no final de um prazo pré-estabelecido. A nota, portanto é um instrumento de controle e serve para classificar alunos de acordo com suas capacidades físicas.

3.     Metodologia

    Esta é uma pesquisa qualitativa, pois a preocupação foi aprofundar-se num nível de realidade que não pode ser somente quantificado. É uma pesquisa exploratória com delineamento no estudo de campo. Como técnica de coleta de dados, foram utilizados questionário estruturado com dez questões e observação direta das aulas dos professores pesquisados.

    O universo pesquisado foram professores de quatro escolas públicas e três escolas particulares do município de Jequié-Bahia sendo a nossa amostra não probabilística. Foram pesquisados 6 professores da rede pública e 4 professores da rede particular.

4.     Resultados e discussões

    Através das análises das respostas obtidas podemos perceber que os professores estão se conscientizando da importância de uma busca constante pelo conhecimento, e de como ele pode melhor transmitir esse conhecimento, buscando cada vez mais realizar uma avaliação processual, no qual as individualidades dos alunos são respeitadas.

    Dos professores pesquisados encontramos os seguintes resultados: 

  1. no que diz respeito a abordagem que subsidia sua prática avaliativa, 50% dos professores se pautam na abordagem Crítico Superadora, 30% se baseiam na abordagem da Aptidão Física e Saúde, 20% em outras abordagens; 

  2. métodos avaliativos: 70% dos entrevistados afirmaram fazer 3 avaliações por unidade, 20% realizam 2 avaliações por unidade e 10 fazem 4 avaliações por unidade; 

  3. como instrumento avaliativo, a prova, o seminário e os trabalhos em equipe se sobressaíram na maioria das resposta.

    A educação, e em especial a educação física, ganham muito em qualidade quanto o professor está comprometido com a formação do aluno, procurando transformá-los em cidadãos conscientes e conhecedores dos seus direitos e deveres, capazes de intervirem na sociedade, sempre procurando agir de forma honesta e responsável.

5.     Considerações finais

    De acordo com as respostas obtidas no questionário e na constante observação das aulas ministradas pelos professores pesquisados, pôde-se constatar que na grande parte dos casos, os professores realizam uma prática articulada com a teoria que defendem.

    A avaliação processual é uma constante entre esses professores, pois os mesmos estão enxergando a avaliação como um processo que precisa ser construído e reconstruído diariamente.

    Uma boa surpresa nesse trabalho, foi o modo como lidam com a avaliação os professores que se dizem ligados à teoria da aptidão física e saúde, pois os mesmos mostraram-se favoráveis a uma avaliação processual, avaliando não somente o produto, mas todo o processo em si.

    Todos sem exceções, afirmaram realizar leituras continuas de livros e artigos relacionados com a Educação Física Escolar, mostrando uma grande preocupação em estar sempre atualizado com questões condizentes com a educação.

    A esportivização das aulas de Educação Física parecem estar caindo em desuso, ou muito provavelmente, esta sendo revisto pelos professores, visto que a grande maioria deles não considera as competições e o domínio das técnicas, praticas avaliativas. A participação, o interesse e a vontade de estar aprendendo está definitivamente contando muitos pontos para esses professores, que parecem estar se conscientizando que a avaliação não pode ser estanque e sim processual no qual os alunos são respeitados e avaliados de acordo com suas particularidades.

Bibliografia 

  • BRACHT V. Educação Física e aprendizagem social. Porto Alegre: Magister, 1992.

  • BETTI, M. Educação física e sociedade. São Paulo: Movimento, 1991.

  • COLETIVO DE AUTORES (1992) Metodologia do ensino da educação física. São Paulo: Cortez

  • SOARES,C.L.et al. Metodologia do ensino de educação física. São Paulo-SP. Cortez, 1992.

  • DARIDO, Suraya Cristina. Apresentação e análises das principias abordagens da Educação Física Escolar. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, p. 58- 65,1998.

  • NAHAS, M.V. (1989). Atividade Física, Aptidão Física Saúde. Florianópolis, SC: Material Didático.

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revista digital · Año 13 · N° 125 | Buenos Aires, Octubre de 2008  
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