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Nível de atividade física e composição corporal referenciada
no IMC de universitários da UESB-Jequié/BA

 

Licenciado em Educação Física-UESB/BA

Especialista em Gerontologia/Geriatria-UESB

(Brasil)

Wagner Barbosa Matias

wagneruesb@yahoo.com.br

 

 

 

Resumo

          O Índice de Massa Corporal (IMC) e o Nível de Atividade Física Habitual (NAFH) têm sido amplamente utilizados como indicadores de risco para o surgimento de doenças cardiovasculares. O Objetivo foi: determinar o perfil de universitários em relação ao IMC e NAFH, analisando possíveis diferenças entre os sexos. Metodologia: A amostra selecionada por conveniência constituiu de 250 universitários da UESB – Campus de Jequié (Média +DP: 22,4 ± 3,7 anos de idade, 169 ± 0,09cm de estatura e 63,0 ± 11,8kg de Massa Corporal Total), sendo 50,6% mulheres e 49,4% homens. O peso e estatura foram medidos com uma balança eletrônica de marca Filizola e com uma fita antropométrica colocada numa parede sem rodapé, obtendo a medida através de um esquadro de madeira. Foi utilizado o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) versão curta. A classificação do IMC seguiu as orientações da OMS (1997). Para a análise dos dados foram utilizados os procedimentos da estatística descritiva (média, desvio padrão, freqüência e percentagem). Resultados:observou-se que 24,38% dos homens e 34,63% das mulheres foram classificados como Sedentários ou Insuficientemente ativos, ou seja, abaixo do padrão recomendado de atividade física. Em relação ao peso, 20,31% dos homens e 6,29% das mulheres apresentaram sobrepeso/obesidade. Conclusão: Os homens apresentaram-se mais ativos e pesados em relação às mulheres. Vale destacar o alto percentual de sujeitos classificados como Sedentários e/ou Insuficientemente ativos, o que demonstra a importância do incremento de atividades físicas para estes indivíduos.

          Unitermos: Estilo de vida. Saúde. IMC.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 124 - Setiembre de 2008

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Introdução

    Na sociedade moderna o alto índice de gordura corporal vem afetando a cada dia a qualidade de vida dos indivíduos e sua prevalência tem aumentado de forma assustadora, principalmente em países industrializados, considerado um problema para saúde pública. A inatividade física é o fator mais importante no aumento da obesidade nas últimas décadas. Os exercícios físicos representam um componente importante em qualquer programa de emagrecimento. (CARNEIRO, 2006, p.15).

    Evidências epidemiológicas indicam que 1,4 bilhão de pessoas no mundo estão com excesso de peso e no Brasil 40% da população está com quilos a mais do que deveria (PITANGA,2004). Diante de tal situação a OMS no ano 2000 classificou a obesidade como epidemia mundial traçando como desafio o encontro de meios efetivos de controlar esta situação.

    A obesidade é uma condição de origem multifatorial com fatores genéticos, metabólicos, psicológicos, endocrinológicos e comportamentais interligados e atuando sobre bioenergética humana causando um desequilíbrio entre o consumo e o gasto de energia pelo organismo (LEITE,2000). Levantamentos realizados na população brasileira indicam que 6,8 milhões de brasileiros são obesos e 27 milhões apresentam excesso de peso (PITANGA, 2004). Tal realidade expõe a população ao surgimento de várias doenças sendo a obesidade é fator de risco à: hipertensão arterial, distúrbios orgânicos, doenças cardiovasculares, complicações osteo-articulares e renais, diabetes, cálculos biliares entre outras (LEITE,2000).

    Nos EUA, três em cada dez adultos são obesos (NAHAS, 2003) sendo que tal patologia encontra-se inversamente associada com a classe social, sendo 30% das mulheres da classe baixa são obesas, enquanto apenas 18% da classe média e 5% da classe alta (HOWLWY & POWERS, 2000).

    Um fenômeno parecido ocorre aqui no Brasil, onde, o país do "Fome Zero", com tantas pessoas vivendo em situações de calamidade, mesmo assim, apresenta um número elevado de pessoas obesas. Talvez isso se deva à qualidade da alimentação e ao acesso a informações voltadas a esse tema (COELHO,2005).

    A quantidade de gordura corporal é um predisponente para o surgimento de diversos distúrbios da saúde e a sua localização e concentração em determinados pontos do corpo pode ser um agravante. As pessoas que possuem obesidade do tipo andróide, caracteriza-se pelo acúmulo de gordura na região torácica e abdominal, são mais propícias à manifestação de doenças (NIEMAN,1999). Este fenômeno pode ser explicado pela proximidade do tecido adiposo com os órgãos vitais como coração e pulmão, propiciando o comprometimento de tais órgãos e ocasionando diversos distúrbios no funcionamento do organismo.

    A adoção de um estilo de vida ativo constitui comportamento fundamental para combatê-la e para a manutenção da saúde em qualquer faixa etária, indivíduos fisicamente ativos tendem a apresentar menos mortalidade e morbidade pelas doenças degenerativas (SILVA ,1996).

Metodologia

Tipo de pesquisa

    Pesquisa de campo, quantitativa, com caráter descritivo de corte transversal. Segundo Oliveira (1997) a pesquisa de campo consiste na observação dos fatos que ocorrem espontaneamente, na coleta dos dados e no registro das variáveis presumivelmente para posteriores analises. A abordagem quantitativa tem suas bases no positivismo, tendo grane desenvolvimento na escola funcionalista. Parte do principio de que, para estudar o homem e a sociedade, é possível utilizar a mesma metodologia e instrumental das ciências naturais. Um outro aspecto deste estudo é ser descritivo, pois está relacionado com o fato de identificar as variáveis especificas, estas que podem ser entendidas como aquelas que apresentam diferenças, alterações, inconstância, que sejam importantes para explicar características de um problema de comportamento.

Amostra: 

    Selecionada por conveniência constituiu de 250 universitários da UESB – Campus de Jequié (Média + DP: 22,4 ± 3,7 anos de idade, 169 ± 0,09cm de estatura e 63,0 ± 11,8kg de Massa Corporal Total), sendo 50,6% mulheres e 49,4% homens.

Instrumento de coleta de dados 

    O peso e estatura foram medidos com uma balança eletrônica de marca Filizola e com uma fita antropométrica colocada numa parede sem rodapé, obtendo a medida através de um esquadro de madeira. Foi utilizado o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) versão curta.

Procedimento estatístico 

    Utilizou-se média, desvio padrão e porcentagem.

Resultados e discussão

Tabela1. Classificação do Nível de Atividade Física de universitários de ambos os sexos

Variáveis

NAF

Homens (n=123)

Mulheres (n=127)

Homens + mulheres (n=250)

Sedentário

Insuficientemente ativo

Ativo

Muito ativo

7,31%

17,07%

38,21%

37,39%

9,44%

25,19%

52,75%

12,59%

8,40%

21,20%

45,60%

24,80%

    Percebe-se que 30% do total do grupo pesquisado possui índices baixos de atividade física, o que aumenta os riscos destes indivíduos obterem ou agravarem as doenças DCNT`s. Dividindo o grupo por gênero nota-se que as mulheres possuem níveis piores. Werneck et al. (2003) em seu estudo também encontrou resultados semelhantes, nele apenas um terço das mulheres praticava algum tipo de atividade física, enquanto quase 40% dos homens realizavam alguma atividade física no período reservado ao lazer. No estudo de Gomes et al. (2001) com uma amostra representativa da população do Município do Rio de Janeiro encontraram que 36,8% dos homens participavam de atividade física, enquanto entre as mulheres o percentual era de apenas 19,3%. Em pesquisa realizada com funcionários de uma empresa estatal, Oliveira (2000) observou, também, que as mulheres realizavam menos atividade física do que os homens.

    Souza et al. (2005) analisando o nível de atividade física de 52 universitários da mesma instituição de ensino superior pesquisada neste estudo. Os resultados indicaram que 45,4% dos indivíduos eram insuficientemente ativos e destes 60% referiram uma condição de saúde negativa.

    Uma outra análise que este estudo predispôs afazer a foi em relação ao índice de massa corporal- IMC. Este possibilita aos indivíduos saberem como estão seu peso em relação a altura que possuem, apesar de não diferenciar “massa magra de massa gorda” o IMC é um dos índices mais utilizados por pesquisadores na verificação do estado de saúde de indivíduos e grupos populacionais.

    Em relação ao IMC encontrou os seguintes resultados:

Tabela 2. Classificação do Índice de Massa Corporal dos estudantes da UESB/Jequié

Variáveis

IMC

Homens (n=123)

Mulheres (n=127)

Homens+ mulheres (n=250)

Baixo Peso

Normal

Sobrepeso

Obesidade

3,25%

76,42%

18,69%

1,62%

16,53%

77,16%

3,93%

2,36%

10,00%

76,80%

11,20%

2%

    Moraes (2000) encontrou índices parecidos quando estudou alunos do curso de enfermagem de Ribeirão Preto. A prevalência de sobrepeso somada à de obesidade foi de 16,4% e proporção daqueles com IMC normal chegou a 83,6%.

    O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística coloca que de cada 10 pessoas 1 é considerada obesa. Na pesquisa realizada o índice de obesidade é considerado baixo, mas se somado ao sobrepeso aumenta a preocupação com o estado de saúde da população pesquisada.

    Reis et al. (2005) em estudo com 171 universitários da UESB/Jequié encontrou dados mais preocupantes. Dos entrevistados 3,1% dos entrevistados apresentavam baixo peso, 50% estavam dentro da faixa recomendável pela organização mundial de saúde e 46,9% apresentavam-se com sobrepeso e obesidade.

    Um dado interessante dos resultados do estudo é que as mulheres possuem índices maiores de baixo peso do que os homens. Fato que pode ser justificado pelo padrão de beleza existente, ou seja, a atual sociedade valoriza as mulheres que possuem um corpo esteticamente magro. Isso pode está vinculado a um dos graves problemas de saúde que emergindo nestes últimos anos entre as mulheres a anorexia.

Considerações finais

    O público pesquisado foi bastante homogêneo, os homens apresentaram-se mais ativos e pesados em relação às mulheres. Vale destacar também o alto percentual de sujeitos classificados como sedentários e/ou insuficientemente ativos, o que demonstra a importância do incremento de atividades físicas para estes indivíduos. Sendo assim, sugere-se que a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, instituição pública e preocupada com a melhoria da qualidade de vida de seus estudantes, elabore e execute projetos voltados para a promoção da saúde através da prática regular de atividades físicas.

    Uma das formas de realizar isto é através da construção de projetos contínuos de extensão, onde os estudantes de Educação Física desta instituição orientasse as práticas realizadas, sendo assim, um espaço também de troca de conhecimentos.

Referências

  • COELHO, Cirilo Rodrigues. Atividade Física e Estado Nutricional de Adolescentes na faixa etária de 12 a 17 anos no município de Jequié/BA. UESB, 2005.

  • GOMES, V. B.; SIQUEIRA, K. S. & SICHIERI, R., 2001. Atividade física em uma amostra probabilística do Município do Rio de Janeiro. Cadernos de Saúde Pública, 17:969-976.

  • LEITE, P.F. Aptidão física, esporte e saúde. 3ª ed. São Paulo: Robe, 2000.

  • MORAES, Suzana Alves de. Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis, entre alunos de enfermagem de Ribeirão Preto-Brasil. Medicina, Ribeirão Preto, 33: 312-321, jul./set. 2000.Publica/Pan Am J Public Health 16(5), 2004.

  • NAHAS, Markus, V. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativam. 3ºed. Londrina: midiograf, 2003.

  • NIEMAN,D.C. Exercício e Saúde: como se prevenir de doenças usando o exercício como seu medicamento.SP: Manole,1999.

  • OLIVEIRA, C. C. M., 2000. Atividade Física de Lazer e sua Associação com Variáveis Demográficas e Outros Hábitos Relacionados à Saúde em Funcionários de Banco Estatal. Dissertação de Mestrado, Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz.

  • OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de metodologia cientifica: projetos de pesquisas, TGI, TCC, monografias, dissertações e teses. São Paulo: pioneira, 1997.

  • PITANGA, F.JG. Teste, medidas e avaliações em educação física e esportes. 3ª ed. São Paulo: Phorte, 2004.

  • POWERS, Scott. HOWLEY. Fisiologia do Exercício - Teoria e Aplicação ao Condicionamento Físico e ao Desempenho. São Paulo: Manole,2000.

  • REIS, Nelba.et all. Distribuição de IMC de Universitários da UESB/Jequié.  In. I Simpósio Internacional em avaliação em atividade física e saúde. Anais. Montes Claros-MG, 2005, p.53.

  • SILVA, Rosane c. Rosendo da. Malina, Robert M. Nível de Atividade Física em adolescentes do município de Niterói. Cadernos de Saúde Pública, V.16, nº4, 2000.

  • SOUZA, Lucas Matos de et all. Nivel de Atividade Física Habitual e Percepção de Saúde de Universitários da UESB. In. I Simposio Internacional em avaliação em atividade física e saúde. Anais. Montes Claros-MG, 2005, p.53.

  • WERNECK, Guilherme L. Associação entre fatores sócio-demográficos e prática de atividade física de lazer no Estudo Pró-Saúde. Cadernos de Saúde Pública, v.19 n.4  Rio de Janeiro jul./ago. 2003.

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