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Exercícios resistidos para idosos

 

*Aluno do curso de Educação Física da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), campus Carazinho

**Mestre em Educação (UPF), docente do curso de Educação Física da ULBRA, campus Carazinho

Especialista em Atividade Física e Qualidade de Vida (UPF)

Licenciada em Educação Física, orientadora

(Brasil)

Amilton Rogério Morais Jr*

amiltonzulu@hotmail.com

Patrícia Carlesso Siqueira**

patriciasiqueira@wavetec.com.br

 

 

 

Resumo

          O presente estudo tem por objetivo se verificar a contribuição de um programa personalizado de exercícios resistidos para idosos.A pesquisa caracteriza-se por ser do tipo estudo de caso e está sendo realizada no município de Carazinho com um idoso do sexo masculino com 65 anos. As atividades estão sendo realizadas tendo por base as necessidades do participante e envolvem em todas as sessões exercícios de alongamento, caminhadas, treinamento contra-resistência e relaxamento. Antes de iniciar as sessões de treinamento, realizou-se uma anamnese e uma avaliação antropométrica (protocolo de Petróski de quatro dobras)o qual apresentava o peso total de 73 Kg, 28,39% de gordura corporal, peso gordo de 20,72 kg e massa magra de 52,28 Kg. Após a realização de 12 sessões, mensurou-se novamente a avaliação, onde, constatou-se que o individuo apresentava 73 Kg de peso total, 26,15% de gordura, peso gordo de 18,83 Kg e massa magra de 53,17 Kg. A partir dessas constatações percebe-se que um trabalho personalizado de exercícios resistidos podem reduzir o percentual de gordura e aumentar o índice de massa magra. Com isso, percebe-se que o exercício físico poderá ser um dos fatores para a melhora da qualidade de vida dos idosos.

          Unitermos: Treinamento resistido. Exercício físico. Idosos.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 124 - Setiembre de 2008

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    Os estudos relacionados à problemática do envelhecimento populacional têm atraído a atenção de profissionais das mais variadas áreas do conhecimento, em especial dos educadores físicos e profissionais da saúde.

    Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (2006), uma das causas da baixa qualidade de vida entre os indivíduos acima de 60 anos é a pouca capacidade funcional e a falta de aptidão física dessas pessoas. A capacidade cardiovascular, massa muscular, força muscular e flexibilidade sofrem declínio com o avançar da idade e aumentam com a falta de movimentos do corpo.

    Dentre os hábitos saudáveis encontra-se a prática regular de exercícios físicos, Várias pesquisas comprovam que o, quando bem orientado, promove efeitos benéficos à saúde. Conforme Berger e McInman, (1993 apud Samulski, 2002, p. 308), a influência do exercício físico no processo de envelhecimento afeta diretamente a qualidade, se não a quantidade de vida.

    De acordo com os estudos de Kura et al. (2007, p. 120), para tentar minimizar os declínios fisiológicos que são inevitáveis durante o processo de envelhecimento, muitas instituições de saúde estão propondo a utilização de exercícios físicos como estratégia viável para melhorar as condições de saúde dos idosos.

    Segundo Simão et al. (2003), é reconhecido que a melhora da aptidão física pode contribuir significativamente para a saúde, elevando o nível da qualidade de vida. Dentre as atividades físicas que podem melhorar a saúde, a prática de exercícios resistidos (ER) vem sendo recomendada pelas principais agências normativas da atividade física.

    A quantidade de massa muscular perdida com o envelhecimento também depende da atividade física, e a taxa de perda é menor naquelas pessoas que mantêm um regime regular de atividade física. Assim, a atividade física, e em especial o treinamento com pesos, pode minimizar ou mesmo reverter a síndrome da fragilidade física que prevalece entre indivíduos mais velhos.

    O processo de envelhecimento incluindo a fragilidade física era tradicionalmente tratado como inevitável, hoje em dia sabe-se que essa opinião tradicional sofreu uma mudança drástica, agora o envelhecimento cronológico não se enquadra na noção sombria de que a perda de estrutura corporal e de capacidade funcional não pode ser alterada. (Mcardle, Katch e Katch, 2002, p. 100).

    Para tanto, isso requer um redimensionamento a fim de que esse potencial possa ser atingido, o que exige dos profissionais repensar as bases de formação e de novas práticas de intervenção para esta parcela da população.

    O presente estudo tem por objetivo, vislumbrar as questões que norteiam a atividade física, o envelhecimento humano e o trabalho resistido adaptado a idosos.

    Conforme se envelhece, observa-se uma redução na massa muscular; isso pode ser causado pela diminuição no tamanho ou perda das fibras musculares ou ainda, ambos. O treinamento resistido, mais do que qualquer outro, estaria auxiliando na diminuição dos efeitos negativos do envelhecimento sobre os aspectos neuromusculares, proporcionando mais saúde e independência aos mais velhos.

    O exercício age positivamente na promoção da saúde global do idoso devido à sobrecarga gradativa e controlada que este treinamento envolve. De acordo com estudos de Mcardle; Katch, Katch, (2002), o processo de envelhecimento e a fragilidade física eram tradicionalmente tratados como inevitáveis; hoje se sabe que essa opinião tradicional sofreu uma mudança drástica. Agora o envelhecimento cronológico não se enquadra na noção sombria de que a perda de estrutura corporal e de capacidade funcional não pode ser evitada.

Adaptações dos exercícios resistidos no sistema musculoesquelético

    Verdéri (2005) aborda que, qualquer movimento envolve a ação de vários músculos esqueléticos em diferentes articulações que, em um movimento voluntário, existe um grande número de ações musculares automáticas ou semi-automáticas.

    Bandy e Sanders (2003) afirmam que um músculo é constituído de milhares de fibras musculares. Cada fibra muscular tem uma cobertura de tecido conectivo denominado endomísio. As fibras musculares individuais se agrupam em fascículos que são cobertas por uma camada mais espessa de tecido conectivo frouxo, chamado de perimísio. Dantas (1999) aborda que os músculos esqueléticos constituem-se de milhares de fibras contráteis individuais cilíndricas, denominadas de fibras musculares; essas fibras são células longas, finas e multinucleadas, possuindo uma membrana conhecida como sarcolema. Dentro do sarcolema existe um protoplasma aquoso denominado sarcoplasma que contém enzimas, substratos alimentares, organelas e as proteínas contráteis.

    O músculo esquelético é o principal responsável pela conversão de energia química em energia cinética. Segundo Pereira e Souza Jr (2002), ele é composto por fibras musculares multinucleadas, rodeadas por uma membrama plasmática excitável eletricamente, denominada de sarcolema.

    O músculo esquelético é composto por feixes de fibras, seu diâmetro varia de 50 a 100 micrômetros e sua extensão vai de apenas alguns milímetros a 60, 70 cm. ( Verderi, 2005, p. 13)

    Para Bandy e Sanders (2003), o perimísio envia divisórias de tecido conectivo denominadas de trabéculas aos feixes para subdividi-los parcialmente; alguns feixes compõem o ventre total do músculo sendo então recobertos por um tecido conectivo, chamado de epimísio. Como a fibra muscular não se estende por todo o comprimento do músculo, as bainhas de tecido conectivo (endomísio, perimísio e epimísio) são necessárias para transmitir aforça de contração muscular de uma fibra a outra, de fascículo a fascículo, até os tendões que agem sobre os ossos.

    Nas extremidades dos músculos as fibras musculares tornam-se escassas, até que as bainhas de tecido conjuntivo que as envolviam se compactam formando os tendões ou as aponeuroses. São estes tecidos que vão se inserir no periósteo. ( Dantas, 1999, p. 41)

    De acordo com Foss e Keteyian (2000), a principal função do músculo esquelético é a contração, que resulta em movimento.

    Uchida et al (2003) afirmam que, o músculo esquelético é um tecido com uma surpreendente capacidade de adaptar-se às cargas que lhe são impostas. Isso implica um processo que inicia com a contração muscular e perdura muito após esta ter sido interrompida.

    O músculo é composto por unidades celulares chamadas fibras musculares, que possuem de 20 a 100 micrômetros de diâmetro. Segundo Simão (2003), as fibras musculares contêm estruturas contráteis em forma de miofibrilas, que possuem cerca de um micrômetro de diâmetro. São feitas de filamentos de proteína arranjados em unidades chamadas de sarcômeros.

    A velocidade máxima de encurtamento do músculo é, em parte, determinada pelo número de sarcômeros em série e seu comprimento e também pela velocidade intrínseca de encurtamento dos sarcômeros. ( Simão,2003, p. 41)

    De acordo com Mello e Tourinho Filho (2004), os exercícios resistidos solicitam os dois tipos básicos de fibras musculares que formam os músculos esqueléticos: fibras brancas e fibras vermelhas.

    As fibras vermelhas também são identificadas como lentas, oxidativas ou do tipo I; as brancas são conhecidas como rápidas glicolíticas ou do tipo II. Alguns grupos musculares humanos apresentam predominância de fibras brancas; outros de fibras vermelhas; isso explica a facilidade com que as pessoas realizam determinadas atividades físicas. As fibras vermelhas são geralmente utilizadas em atividades de baixa intensidade, quando a tensão muscular durante a contração é pequena e o metabolismo energético predominantemente é o aeróbio.

    Weineck (2003) relata que simplificadamente existem 02 tipos de fibras: as fibras brancas que são espessas e rápidas denominadas de Fast Twist (contração rápida) e as fibras vermelhas, que são finas e lentas, também denominadas de Slow Twitch (contração lenta). Para Mello e Tourinho Filho (2004), as fibras brancas, com metabolismo predominante anaeróbio, são ativadas preferencialmente nas atividades de velocidade e nas tarefas de força; nesse último caso, no entanto, geralmente em conjunto com as fibras vermelhas.

    Os diferentes tipos de fibras musculares usam distintas estratégias para o acúmulo de proteína, e que as fibras do tipo II têm o volume de síntese aumentado e as do tipo I tem a sua degradação diminuída, As fibras do tipo II são recrutadas em momentos específicos, como no trabalho de potencia ou em contrações de alta intensidade, mas quando são recrutadas e super-requisitadas, elas tendem a hipertrofiar rapidamente. ( Uchida et al, 2003, p. 49)

    Mcardle, Katch e Katch (2002) relatam que nem todas as fibras musculares sofrem o mesmo grau de aumento com o treinamento resistido. O crescimento muscular varia do tipo de fibra muscular ativada e do padrão de recrutamento da mesma.

    De acordo com Uchida et al (2003), as fibras do tipo I tem um menor poder de hipertrofia do que as do tipo II, em exercícios de baixa intensidade e longa duração e na atividade postural, as fibras do tipo II dificilmente são recrutadas. Weineck (2003) cita que a proporção, no corpo humano, entre fibras brancas e vermelhas é determinada geneticamente.

    Para Barbosa (2005), no treinamento resistido, a tensão muscular atua como um estímulo localizado e os músculos se tornam mais fortes em resposta à sobrecarga imposta, ou seja, o estresse empregado no músculo pode ser continuamente aumentado. O aumento de força induzido pela prática de exercícios ocorre pela hipertrofia, que aumenta a quantidade de miofibrilas nas fibras musculares. Conforme Santarém (2003), ocorre também pelo aprimoramento de coordenação, no seu aspecto de recrutamento de unidades motoras.

    A hipertrofia muscular ocorre devido, principalmente, à sobrecarga tensional e metabólica. Para Guedes (2007), a sobrecarga tensional causa a hipertrofia miofibrilar devido ao aumento do conteúdo de proteínas contráteis nas miofibrilas e a sobrecarga metabólica causa a hipertrofia sarcoplasmática (aumento de creatina, fosfato, glicogênio e água, que ocorre graças ao tempo prolongado de contração). Para Santarém (2007), sempre que a contração muscular encontra uma resistência, ocorre tensionamento em todas as estruturas do músculo, a qual, se aumentada, estimula os mecanismos de hipertrofia.

    De acordo com Uchida et al (2003), hipertrofia muscular é um aumento na secção transversa do músculo, e isso significa aumento no tamanho e no número de filamentos de actina e miosina e na adição de sarcômeros (menor unidade contrátil) dentro das fibras musculares.

    Conforme Santarém (2003), a proliferação do endomísio, perimísio e epimísio (tecido conjuntivo funcional) apresenta uma pequena contribuição para o volume muscular. A maior hidratação do músculo treinado decorre do aumento das reservas de glicogênio, que é reposto no período de recuperação dos exercícios.

    Cada grama de glicogênio retém quase três gramas de água e a quantidade de glicogênio pode triplicar no músculo treinado.esse mecanismo é responsável pelo auemento da consciência do músculo treinado, os exercícios com pesos são os mais eficientes para estimular todos os mecanismos responsáveis pelo aumento do volume muscular e diminuir os efeitos da sarcopenia. (Santarém, 2003, p. 17)

    Ferreira (2007, p. 64) define sarcopenia como um declínio na massa muscular, desempenho físico, qualidade de vida e perda da independência. Para Mcardle, Katch e Katch (2002), os fatores que contribuem para o declínio na força muscular incluem certamente o envelhecimento biológico, os efeitos cumulativos de doenças, um estilo de vida sedentário e inadequações nutricionais.

    Segundo os estudos de Barbosa (2007), os indivíduos idosos têm uma boa capacidade de aumentar a força muscular, desde que devidamente estimulados com um treinamento adequado. Para Fleg e Lakaha (1988), com um programa de treinamento resistido, bem elaborado, pode-se aumentar a área muscular total em 11,4% no indivíduo idoso.

    Com uma simples modificação nos hábitos de vida, ou seja, fazer exercícios resistidos pode levar a uma velhice mais tranqüila, e aumentando os níveis de força, potência e equilíbrio levarão a qualidade de vida fundamental para a independência física, propiciando diminuição no risco de quedas, que poderiam vir a comprometer a saúde, diminuindo assim a capacidade de realizar tarefas cotidianas e essenciais na vida de qualquer pessoa. (Ferreira, 2007, p. 67).

    Mcardle, Katch e Katch (2002) salientam que, o declínio de massa muscular nos idosos resulta essencialmente de uma síndrome de desuso. Um programa apropriado de treinamento resistido deverá reverter ou, pelo menos, tornar mais lenta a perda da função muscular.

    Conforme Baechle e Westcott (2001), uma pesquisa com 1132 adultos sedentários revelou que após dois meses de treinamento resistido, eles obtiveram uma boa quantidade de massa muscular. Os homens ganharam, em média, cerca de 1,5kg de músculo e as mulheres ganharam,em média, 0,8kg de tecido muscular.

    Nieman (1999) enfatiza que um número crescente de estudos demonstrou que os idosos mesmo aos 90 anos, são capazes de aumentar a massa muscular. Muitos especialistas acreditam que o treinamento resistido adequado pode melhorar a qualidade de vida, e que o aumento de massa e força musculares estão entre os principais benefícios do exercício na velhice.

Adaptações dos exercícios resistidos no tecido ósseo

    O surgimento do tecido ósseo está associado provavelmente à necessidade de contrapor-se à ação da gravidade por parte dos organismos multicelulares que, em sua linha evolutiva, cada vez mais crescem. Segundo Dantas (1999), além de proteger as vísceras, o esqueleto fornece a indispensável estrutura de sustentação dinâmica, capaz de propiciar as alavancas que o corpo necessita para se movimentar.

    Para Campos (2001), o osso é um tecido dinâmico que está em constante remodelação; durante o envelhecimento o processo de degradação óssea excede a taxa de síntese de um novo osso, reduzindo gradualmente a densidade mineral e as sobrecargas que podem ser toleradas.

    Dantas (1999) cita que o osso é composto de aproximadamente 30% de água e 70% de compostos minerais, tais como o fosfato e o carbonato de cálcio. Simão (2003) aborda que a remodelagem óssea é uma função de fadiga e esforço, encontrada pelo osso. A adaptação do osso é modificada por vários fatores, incluindo os nutricionais, os hormonais e o esforço funcional.

    Tem sido sugerida a existência de um esforço efetivo mínimo que é o menor esforço necessário para manter a remodelagem balanceada e preservar o osso em valores relativamente constantes. Entretanto a magnitude é somente um fator que contribui para o esforço funcional, que é um estímulo para a remodelagem do osso, os três fatores modificadores do osso são a magnitude do esforço, a taxa de esforço e a distribuição de cargas. ( Simão, 2003, p. 206)

    Segundo Campos (2001), o tecido ósseo é um dos mais resistentes e rígidos do corpo humano. Como tecido especializado em suportar pressões, serve de suporte para as partes moles, protege órgãos vitais como o cérebro, pulmões, coração e medula espinhal; aloja e protege a medula óssea que forma as células do sangue; proporciona apoio aos músculos esqueléticos, transformando suas contrações em movimentos do corpo, além de estar envolvido no armazenamento de minerais essências como o cálcio e o fósforo e constituir um sistema de alavancas que amplia as forças geradas pela contração muscular.

    Ramos (2002) cita que o osso, após o fechamento dos discos de crescimento, perde a sua capacidade de crescer em comprimento, mas, quando o assunto é o diâmetro, o quadro muda completamente de figura, visto que esse fenômeno pode ocorrer praticamente durante toda a vida de uma pessoa.

    Conforme Wilmore e Costill (2001), os exercícios resistidos constituem o mais eficiente estímulo ambiental para o aumento de massa óssea. Esse efeito abre perspectivas não apenas para tratamento da osteoporose, mas também para a sua prevenção.

    De acordo com Fleck e Kraemer (1999), os exercícios com pesos constituem o mais eficiente estímulo para aumentar a massa óssea. Idosos praticantes dessa atividade chegam a apresentar 40% a mais de tecido ósseo nas vértebras em relação a sedentários, efeito que abre perspectivas, não apenas para o tratamento da osteoporose, mas também para a sua profilaxia.

    Conforme Mello e Tourinho Filho (2004), a adaptação básica do tecido ósseo aos exercícios é o aumento de sua massa: maior quantidade de matriz protéica bem calcificada. Esse efeito se deve à sobrecarga gravitacional, que vem a ser a aplicação de forças compressivas sobre o esqueleto. Segundo Mello e Tourinho Filho (2004), os exercícios terrestres também são eficientes para estimular a massa óssea; no entanto,o impacto sobre o solo, que possibilita estimular o processo de aumento de massa óssea também aumenta as chances de lesões, podendo produzir fraturas e micro lesões das cartilagens articulares.

    Para Santarém (2007), os exercícios resistidos ou com pesos são recomendados para estimular massa óssea, e não apresentam os inconvenientes do impacto observados nos exercícios terrestres. O princípio dos benefícios dessa atividade para a massa óssea está associado diretamente à tensão muscular (estresse mecânico), envolvendo a musculatura acionada. De acordo com os estudos de Wilmore e Costill (2001, p. 268), essa deformidade momentânea ativa o estimulo piezoelétrico que transforma a energia mecânica em elétrica, estimulando, assim, a função osteoblástica que são células que sintetizam a parte orgânica da matriz óssea, dispondo na superfície do osso, lado a lado. Possuem prolongamentos citoplasmáticos, que se prendem aos dos osteoblastos vizinhos.

    Segundo Silva (2003), a sobrecarga mecânica provocada pelo treinamento resistido estimula o efeito piezoelétrico no osso que, assim, gera maior atividade osteoblástica, aumentando a formação óssea pelo incremento na síntese de proteínas e de DNA, tornando-os menos suscetíveis às fraturas ósseas que geralmente acompanham pessoas idosas, principalmente as mulheres.

    Shephard (2003) relata que, as tensões mecânicas estimulam a atividade dos osteoclastos, sendo que, coordenada com a atividade dos osteoblastos, o osso fortalece ao longo das linhas onde a tensão tenha sido aplicada.

    A saúde óssea é promovida pelas atividades físicas de sustentação de pesos que utilizam a força e a potência muscular, exercendo força sobre o esqueleto acima das quantidades normais. Conforme Wilmore e Costill (2001, p. 270), o treinamento resistido resulta na melhoria do equilíbrio, do nível total da atividade física e da massa muscular; assim, tem um efeito sobre os principais fatores de risco para uma fratura de osso por osteoporose.

    Segundo Santarém (2003), à semelhança dos efeitos verificados sobre a massa óssea, os exercícios com pesos são muito eficientes, também, para o fortalecimento das articulações, em razão das sobrecargas e amplitudes controladas. O organismo em processo de envelhecimento é aprimorado pelo uso não excessivo, e deteriora-se rapidamente com o desuso. Então os exercícios com pesos e os alongamentos aumentam as amplitudes articulares do individuo idoso, com limitações dos movimentos.

    Baechle e Westcott (2001) citam que, embora outros fatores como os genéticos, hormonais e nutricionais desempenhem papéis importantes na saúde óssea, o treinamento resistido é uma atividade que desenvolve um sistema musculoesquelético mais forte e ajuda os ossos a resistirem à deterioração.

    De acordo com os estudos de Simão (2003, p. 206, 207), o treinamento de força pode mais adequadamente satisfazer o critério para a remodelagem óssea, pois a taxa de esforço é um dos fatores imprescindíveis para que aconteça a remodelagem e o aumento da densidade mineral óssea.

    Conforme Moser, Melo e Santos (2004), o tipo de exercício pode influenciar diretamente na massa óssea, sendo o exercício resistido o mais benéfico para a saúde óssea.

    Para Baechle e Westcott (2001), o treinamento resistido ajuda a manter a força óssea e, desse modo, pode atuar como uma excelente medida preventiva contra a osteopenia e osteoporose. Segundo Nieman (1999), o “American College Sports of Medicine” no seu parecer sobre a osteoporose, descreveu que exercícios resistidos que melhoram a força, coordenação e flexibilidade são as atividades ideais para pessoas mais velhas.

    Dantas (1999), aborda que o aumento da solidez do osso é função de uma maior pressão aplicada sobre ele, o qual pode resistir a uma tensão de ate 6 vezes aquela que normalmente suporta, estado que pode ser alcançado com um treinamento adequado.

Adaptações dos exercícios resistidos no tecido adiposo

    De acordo com Silva et al (2006, p. 2), Os lipídios são uma classe de macromoléculas orgânicas cuja insolubilidade em solvente aquoso é a principal característica. Isso lhes confere uma importância biológica, pois as células podem utilizar essa insolubilidade para dividir dois compartimentos que devem ser isolados: o meio intra e o extra-celular.

    Além disso, devido a sua característica hidrofóbica, os lipídeos podem ser armazenados de forma anidra e representar uma importante reserva energética.Os lipídios podem ser divididos em estruturais (constituintes de membranas) e de armazenamento (utilizados como fonte energética). Dentro da classe estrutural, a característica insolúvel é dada pela longa cadeia hidrocarbônica de ácidos graxos. O modelo de membrana, entretanto, é determinado por apresentar uma característica insolúvel (apolar) e solúvel (polar). Essa parte polar é dada por alguns compostos que apresentam uma maior solubilidade em meio aquoso. Como fonte de armazenamento, a maior parte dos lipídios encontra-se na forma de triglicerídeos que possuem três ligações éster entre um grupo polar – o glicerol – e três moléculas de ácidos graxos.

    Conforme o indivíduo envelhece, o excesso de energia ingerida aumenta o armazenamento de gordura. Fleck e Kraemer (1999) enfatizam que o balanço positivo e a falta de atividade são dois dos principais fatores que contribuem para uma atenuação no percentual de gordura no corpo e uma diminuição de massa magra com o envelhecimento.Segundo Wilmore e Costill (2001), acima dos trinta anos de idade, a massa isenta de gordura diminui, sobretudo por causa da diminuição da massa muscular e da massa óssea. Então, realizando um treinamento físico programado, a pessoa retarda essas alterações na composição corporal.

    Para Baechle e Westcott (2001), devido à perda muscular, o metabolismo diminui em 5% a cada década de vida adulta; isso ocorre porque cada grama de músculo utiliza muitas calorias por dia só para se sustentar, assim sendo, quando se perde musculatura, as calorias que antes eram usadas para conservar os tecidos metabolicamente ativos passam a se armazenar sob a forma de gordura.

    Conforme Mello e Tourinho Filho (2004), a única maneira de reduzir a quantidade de tecido adiposo é ingerir menos calorias do que as necessárias, para que as reservas energéticas sejam mobilizadas. Qualquer atividade física contribui para o emagrecimento, por gastar calorias.

    Os exercícios resistidos ou com pesos consomem mais calorias na unidade de tempo, mas são interrompidos durante a sessão para um descanso entre as series, quando não ocorre o gasto de calorias na atividade, assim sendo após uma hora de exercícios é consumida a mesma quantidade de calorias que em outras atividades físicas (Mello e Tourinho Filho, 2004, p. 203).

    Para Campos (2001), os exercícios anaeróbios, como o trabalho de força na musculação, não utilizam gordura como substrato energético durante o exercício. Por isso, a maioria dos profissionais da saúde entendia que este tipo de atividade não traria benefícios e só recomendava os exercícios aeróbios como maneira de aumentar o gasto calórico e a oxidação de ácidos graxos.

    Segundo Santarém (2003), os exercícios anaeróbios que utilizam grandes quantidades de glicogênio podem auxiliar no emagrecimento, de modo semelhante aos aeróbios. Bandy e Sanders (2003) enfatizam que o ganho de massa muscular através do treinamento contra-resistência aumenta a taxa metabólica em repouso em 7% e as necessidades calóricas diárias em 15%, em repouso 0,5 kg de músculo adicionado necessita de 35 calorias por dia para a manutenção tecidual, com isso, a probabilidade de acumular tecido adiposo vai reduzindo conforme o aumento de massa muscular.

    Baechle e Westcott (2001) relatam que, o treinamento resistido aumenta tanto a massa muscular quanto a atividade do tecido, que, por sua vez, produz um padrão metabólico mais acelerado e um dispêndio, diário, maior de energia. De acordo com Santarém (2003, p. 08), isso se explica porque, após os exercícios, todo o glicogênio gasto tem que ser reposto no músculo; para tanto, é utilizado o carboidrato alimentar, que passa a não fornecer calorias para o metabolismo basal, pois é desviado para o músculo, de modo que tudo que se passa como se a pessoa não o tivesse ingerido.

    As calorias que faltaram na alimentação para manter as funções vitais serão obtidas do tecido adiposo, em repouso. Para Santarém (2003), caso o idoso não restrinja a ingestão calórica, os exercícios serão menos eficientes ou inúteis para a redução de tecido adiposo.

    Conforme Campos (2001), apesar dos exercícios de força não utilizarem gordura no momento da execução (somente ATP-CP e Glicólise Anaeróbia), há uma grande utilização de lipídios entre uma série e outra por causa da atividade aeróbia aumentada no intuito de recuperar os sistemas anaeróbios depletados. Ainda, o metabolismo permanece alto por várias horas, o que aumenta a oxidação de gorduras.

    Com o início do exercício, existe um aumento na liberação de adrenalina e noradrenalina, as quais se ligarão aos receptores β das membranas dos adipócitos, desencadeando uma reação clássica de cascatas. Para Silva et al (2006), outros hormônios, como hormônio do crescimento (GH), tireóide estimulante (TSH) e adrenocorticotropina (ACTH) parecem ativar também as reações em cascatas. Entretanto, as catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) são as principais ativadoras, ao final da reação, a enzima hormônio sensível-lipase é fosforilada, passando da forma inativa para a ativa Essa enzima, junto com a enzima monoacilglicerol lipase, é responsável pela degradação do triglicerídeo em 1 molécula de glicerol e 3 de ácidos graxos.

    De acordo com os estudos de Silva et al (2006), o glicerol é liberado e transportado livremente pelo sangue até o fígado, onde pode ser utilizado na gliconeogênese ou servir como intermediário da glicólise na forma de gliceraldeido-3-fosfato. Uma vez desligado dos ácidos graxos, tanto no tecido adiposo quanto no muscular, o glicerol obrigatoriamente irá para corrente sangüínea, não podendo ser utilizado diretamente para a ressíntese de novos triglicerídeos, devido à ausência da enzima glicerolquinase nesses tecidos. Os ácidos graxos ligam-se à albumina porque são lipossolúveis e não conseguem ser transportados livres no plasma, sendo levados posteriormente até o músculo esquelético para serem utilizados como fonte energética.

    Para Baechle e Westcott (2001), o treinamento resistido bem orientado permite que homens e mulheres, com mais de 50 anos de idade, ganhem músculos, reduzam a gordura e se alimentem mais, tudo simultaneamente, e de modo saudável e seguro.

Adaptações dos exercícios resistidos no sistema cardiovascular

    Conforme Uchida et al (2003, p. 207), as adaptações cardiovasculares ao treinamento são afetadas pelo tipo de exercício (aeróbio e anaeróbio), freqüência, duração, volume e intensidade.

    A segurança cardiovascular depende de pequenos aumentos na freqüência cardíaca e na pressão arterial. Segundo Mello e Tourinho Filho (2004), com o aumento da freqüência cardíaca, as pessoas que apresentam elevação podem sofrer arritmias, angina, infarto ou até mesmo parada cardíaca, acarretando maior necessidade de oxigênio para o miocárdio; logo a queda de pressão arterial diastólica pode comprometer a perfusão coronariana.

    De acordo com os exercícios com pesos e de alongamento não apresentam risco cardiovascular, nesses exercícios, a pressão arterial sistólica aumenta perigosamente quando ocorrem contrações musculares máximas, caracterizadas por contração concêntrica (força muscular vence a resistência promovendo um encurtamento do músculo) lenta e apnéia, contra-indicados para pessoas com patologias cardíacas. (Mello e Tourinho Filho, 2004, p. 204).

    Para Uchida et al (2003), os indivíduos que fazem um programa de treinamento de força apresentam freqüência cardíaca e pressão arterial, em repouso, menor, como efeito do treinamento.

    De acordo com as pesquisas de Baechle e Westcott (2001), um estudo com 250 homens e mulheres acima dos 50 anos revelou uma redução de 4 % na pressão arterial em repouso, após oito semanas de exercícios resistidos padronizados.Uchida et al (2003, p. 208) citam que os estudos demonstram reduções na freqüência cardíaca em torno de 5% - 12%; essa redução é atribuída a uma diminuição da atividade simpática e um aumento da atividade parassimpática, quanto maior for o componente dinâmico treinamento resistido, maiores serão as respostas de diminuição da freqüência cardíaca em repouso.

    O treinamento resistido leva a reduções na pressão arterial sistólica e diastólica e como resposta a este treinamento ocorre um aumento na razão capilar fibra, associado a uma menor concentração de lactato muscular, segundo Uchida et al (2003). Portanto, essa maior densidade capilar gera uma diluição dos estímulos metabólicos acumulados no músculo esquelético durante a contração, estimulando os mecanorreceptores e quimiorreceptores, gerando uma atenuação da resposta reflexa cardiovascular (reflexo pressor do exercício)

    De acordo com Fleck e Kraemer (1999), no volume sistólico (quantidade de sangue bombeado a cada batimento cardíaco) ocorre um aumento em situação de repouso e é visto como uma adaptação positiva ao treinamento. Pessoas altamente treinadas em força tem volumes sistólicos absolutos normais ou acima do normal em repouso.O volume sistólico absoluto maior que o normal é causado por um diâmetro ventricular esquerdo diastólico significativamente maior. Indicando assim um maior enchimento do ventrículo com sangue antes de cada batimento e uma fração de ejeção ou percentual de sangue bombeado por batimento normal.

    Há muito tempo sabe-se que as adaptações cardiovasculares ao treinamento aeróbio são diferentes das adaptações ao treinamento resistido. Conforme em geral essas diferenças são causadas pela necessidade de bombear um grande volume de sangue a uma pressão relativamente baixa durante os exercícios de resistência aeróbia, ao passo que, durante o treinamento de força, um volume relativamente pequeno de sangue e bombeado em uma pressão alta. Essa diferença entre o treinamento aeróbio e o de força resulta em adaptações diferentes ( Fleck e Kraemer, 1999, p. 138)

    Para Campos (2004), o melhor indicador das solicitações de oxigênio e trabalho do miocárdio e, portanto, da demanda por um aumento do fluxo sangüíneo nas artérias coronárias, é o duplo-produto (relação entre freqüência cardíaca e pressão arterial sistólica) nos exercícios resistidos, que é relativamente baixo em indivíduos condicionados por treinamento resistido. Vários estudos reportaram um reduzido duplo-produto em repouso e durante o exercício resistido submáximo em idosos e cardiopatas.

    De acordo com Mello e Tourinho Filho (2004), o aumento no VO2 máx. de pico ocasionado pelo treinamento de força é substancialmente menor do que os aumentos de 15% até 20% associados com os programas tradicionais de resistência aeróbia. Assim, se o objetivo principal de um programa de treinamento for o aumento do consumo máximo de oxigênio, deverá ser incluída no programa alguma forma de treinamento de resistência aeróbia.

    Para Fleck e Kraemer (1999), o sistema cardiovascular em repouso melhora com o treinamento de força; as mudanças na morfologia cardíaca, capacidade de bombeamento, freqüência cardíaca e pressão sangüínea indicam uma função cardiovascular otimizada.Conforme os estudos de Vianna ( 2002, p. 04), o treinamento resistido eleva a taxa total de hemoglobina e beneficia a dinâmica circulatória, o que facilita a capacidade de fornecimento de oxigênio aos tecidos.

Metodologia

    Este estudo caracterizou-se por ser um de caso, do tipo qualitativo, objetivando-se verificar os benefícios na composição corporal com um programa de treinamento resistido para idosos. A população do estudo foi composta dois indivíduos idosos, residentes no município de Carazinho/RS, sendo um indivíduo idoso do sexo masculino, 65 anos, e um indivíduo idoso do sexo feminino, 60 anos. Os participantes do estudo leram e assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido sobre os procedimentos que envolviam o presente estudo, seguindo a resolução do Conselho Nacional de Saúde, Lei 196/96.

    Os instrumentos e materiais utilizados foram: adipômetro, balança, trena, programa de avaliação física “Body Move”, computador, impressora, som, cds, colchonetes, caneleiras, halteres, bola suíça, “rubber-band”, esteira, aparelhos de musculação (Academia Vida Ativa de Carazinho).

Procedimentos

    Inicialmente foi realizada uma revisão bibliográfica, na qual se obteve informações e conhecimentos atualizados acerca dos temas que norteiam a Educação Física, envelhecimento humano, saúde e qualidade de vida, como também recorrer a outras áreas do conhecimento e da saúde como: Psicologia, Enfermagem e Fisioterapia, visando-se encontrar subsídios para a elaboração de um programa de treinamento resistido, tendo por base os seguintes aspectos: a) o que propõe a literatura para o treinamento resistido de idosos; b) a adequação às características individuais dos participantes. Antes da realização das sessões, executou-se uma anamnese com os dados sobre a saúde de cada um dos participantes e uma avaliação física onde foi mensurado percentual de gordura e índice de massa magra.

    Em um segundo momento, aplicou-se 20 sessões para cada participante do estudo, de acordo com as individualidades de cada pessoa, bem como o que se refere a. literatura para treinamento resistidos em idosos, com duração de 60 minutos, três vezes por semana, no ambiente domiciliar e algumas sessões no contexto da academia.Após a realização de todas as sessões, realizou-se a mensuração das dobras cutâneas no indivíduo idoso do sexo masculino através do protocolo de Petroski, com as dobras suprailíaca, triciptal, sub- escapular e panturrilha e no indivíduo idoso do sexo feminino através do protoclolo de Petroski com as dobras suprailíaca, axilar-média, panturrilha e coxa onde a partir dos resultados se recorreu aos referencias teóricos para a obtenção das análises dos resultados.

Resultados e discussões

    O presente estudo foi desenvolvido sob a forma de estudo de caso, do tipo qualitativo, com dois indivíduos idosos, um do sexo masculino, com 65 anos, e outro do sexo feminino, 60 anos, do município de Carazinho - RS. O trabalho foi desenvolvido sob a forma de treinamento personalizado, utilizando-se, exercícios de alongamento, caminhadas monitoradas e exercícios resistidos, de acordo com a individualidade e condicionamento de cada participante. Realizou-se inicialmente uma avaliação física, com a mensuração de dobras cutâneas ( Protocolo de Petroski) e peso corporal; durante o estudo foram realizadas vinte sessões, de sessenta minutos cada; logo após a finalização da última sessão, realizou-se novamente a mensuração das dobras, bem como a verificação do peso corporal.

    De acordo com os dados coletados, constatou-se que:

Cliente A - sexo masculino 65 anos - avaliação em 03/09/2007-73 kg.

Gráfico 1. Avaliação 1, percentual de gordura cliente A em 03/09/2007

Fonte: Pesquisa do autor

    De acordo com o gráfico 01, percebe-se que o cliente A, na avaliação realizada em 03/09/2007, apresentava peso gordo de 20,72 kg totalizando 28% e peso magro de 52,28 kg totalizando 72%.

Cliente A - sexo masculino, 65 anos- avaliação em 17/10/2007- 73 kg.

Gráfico 2. Avaliação 02, percentual de gordura, cliente A, em 17/10/2007.

Fonte: Pesquisa do autor

    O gráfico 02 demonstra que o cliente A, apresentou na avaliação de 17/10/2007, peso gordo de 18,33 kg totalizando 26% e peso magro de 53.17 kg totalizando 74 %.

    De acordo com Robergs; Roberts (2002, p. 369), o treinamento resistido regular reverte as alterações adversas da composição corporal que é normalmente apresentada pelas pessoas mais idosas, ou seja, o exercício resistido preserva a massa corporal magra, minimiza os estoques de gordura, e estimula a síntese protéica.

Cliente B - sexo feminino, 60 anos - 70 kg avaliação em 03/09/2007.

Gráfico 3. Cliente B, sexo feminino, 60 anos, 70 kg - avaliação em 03/09/2007

Fonte: Pesquisa do autor

    No gráfico 03, o cliente B, na primeira avaliação realizada em 03/09/2007, apresentava peso gordo de 20,85 kg totalizando 30% e peso magro de 49,15 kg, totalizando 70%.

Cliente B - sexo feminino 60 anos, 70 kg - avaliação em 17/10/2007.

Gráfico 4. Cliente B, sexo feminino, 60 anos, 70 kg - avaliação em 17/10/2007.

Fonte: Pesquisa do autor

    O gráfico 04 demonstra que, na segunda avaliação realizada em 17/10/2007, o cliente B apresentou peso gordo de 20,27 kg, totalizando 29% e peso magro de 49,73kg, totalizando 71%.

    Segundo Baechle; Westcott (2001, p. 05), o treinamento resistido bem orientado permite que homens e mulheres com mais de 50 anos de idade ganhem músculos, reduzam a gordura.

    Robergs e Roberts (2002, p. 369) enfatizam que o exercício físico regular reverte as alterações adversas da composição corporal, normalmente apresentada pelas pessoas mais idosas, ou seja, o exercício preserva a massa corporal magra, minimiza os estoques de gordura e estimula a síntese protéica.

    Conforme Campos (2001, p. 156), apesar dos exercícios resistidos não utilizarem gordura no momento da execução (somente ATP-CP e glicólise anaeróbia), há uma grande utilização de lipídios entre uma série e outra, por causa da atividade aeróbia aumentada, no intuito de recuperar os sistemas anaeróbios depledados. Ainda, o metabolismo permanece alto por várias horas, o que aumenta a oxidação de gorduras.

Considerações finais

    O processo de envelhecimento demográfico é um fato que repercute nas diferentes esferas da estrutura social, econômica, política e cultural da sociedade, uma vez que os idosos, da mesma forma que os demais segmentos etários (crianças, jovens e adultos), possuem demandas específicas para a obtenção de adequadas condições de vida.

    Tais demandas fizeram da velhice um tema privilegiado de investigação nas distintas áreas de conhecimento, em especial no ramo da Educação Física, elevando substancialmente o volume de obras publicadas nos últimos tempos.

    Com relação ao cliente A, percebeu-se que ele obteve uma melhora na composição corporal devido ao aumento da massa magra e diminuição do percentual de gordura. O cliente B, de acordo com os dados obtidos na análise e discussão dos resultados, apresentou uma melhora na composição corpórea pela diminuição do percentual de gordura e aumento da massa magra.

    A partir da realização do presente estudo, e de acordo com os diversos referenciais consultados, foi possível constatar a eficácia gradual de um programa de treinamento resistido nos indivíduos idosos.Contudo, não foram obtidas diferenças estatisticamente significativas, o que demonstrou uma limitação no estudo, partindo da premissa de que foram realizadas somente vinte sessões com cada participante.

    Tem-se, como sugestão, propor-se um novo estudo que possa mensurar os resultados a partir de um estudo mais extenso, visto que o presente consistiu de um trabalho de conclusão de curso, e o tempo para sua efetivação tornou-se relativamente curto, para a obtenção de resultados mais visíveis. Contudo, de acordo com Fleck e Kraemer (1999, p.203), os exercícios com pesos constituem o mais eficiente estímulo para aumentar a massa óssea, efeito que abre perspectivas não apenas para o tratamento da osteoporose, mas também para sua profilaxia.

    Segundo Kura, Ribeiro e Tourinho Filho (2007, p.131), os estudos que empregaram treinamento resistido em populações que são consideradas debilitadas, ou seja, que possuem certo grau de fragilidade, tanto cardíaca como musculoesquelética, têm demonstrado que o treinamento resistido é seguro, provocando adaptações fisiológicas que podem melhorar a aptidão cardiorrespiratória dessa população.

    Cabe ressaltar que essa prática só trará bons resultados se for planejada e ministrada por profissionais de Educação Física, devidamente habilitados, e que tenham conhecimentos específicos na área, a fim de suprir as necessidades almejadas pelos idosos.

    Dessa forma, o Educador Físico comprometido com o idoso poderá ser um dos viabilizadores para que se possa oferecer a essa parcela da população melhores condições de saúde com a aplicação de programas adaptados e adequados a cada necessidade. Sendo assim, os exercícios resistidos podem auxiliar para a melhora da saúde do idoso, bem como ser um dos parâmetros para auxiliar na melhora da qualidade de vida dessa população.

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