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As contribuições do Programa Segundo Tempo para os
discentes de uma escola estadual de Santa Maria (RS):
um estudo de caso fenomenológico

 

*Especialista em Ciência do Movimento Humano na UNICRUZ e em Esporte Escolar na UNB – UFSM

Professora da rede pública de Santa Maria (RS). Integrante do GEPEF/UFSM (Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física)

**Doutor em Educação e Ciência do Movimento Humano pela UFSM

Coordenador do GEPEF/UFSM

(Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física)

Marta Nascimento Marques*

martinhanm@yahoo.com.br

Hugo Norberto Krug*

hnkrug@bol.com.br

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          O presente estudo teve como objetivo analisar as contribuições positivas e negativas do PST para os discentes da Escola Estadual de Educação Básica Augusto Ruschi da cidade de Santa Maria – RS. Participaram da pesquisa 10 alunos de uma escola estadual de 4ª e 5ª séries do Ensino Fundamental, que participavam do PST. O instrumento utilizado na pesquisa foi a entrevista semi-estruturada. Através da análise fenomenológica foi constatado que as positividades relatadas sobrepuseram-se as negatividades, evidenciando que o PST trouxe inúmeros benefícios, não só aos alunos como a toda comunidade escolar. No entanto, os pontos negativos nos mostraram o tamanho desencanto dos alunos em ter acabado o PST, aí surge a realidade, que foi o descomprometimento do governo através dos projetos sem continuidade, os quais são de extrema importância para a inclusão social . Enquanto ativo na escola, o PST beneficiou muito os alunos participantes, por isso seria necessário que mais programas como o Segundo Tempo fossem implantados e que tivessem continuidade.

          Unitermos: Programa Segundo Tempo. Contribuições. Esporte escolar.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 124 - Setiembre de 2008

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Contextualização inicial

    Tem-se discutido nos últimos anos a Educação Física Escolar numa perspectiva cultural, e é a partir deste referencial que se considera a Educação Física como parte da cultura humana, ou seja, práticas, ligadas ao corpo e ao movimento, criadas pelo homem ao longo de sua história. Ela se constitui numa área de conhecimento que estuda e atua sobre um conjunto de: jogos, ginásticas, lutas, danças e esportes. É nesse sentido que se tem falado atualmente de uma cultura corporal, ou cultura física, ou ainda, cultura de movimento.

    Também a Educação Física Escolar consiste no desenvolvimento orgânico e funcional da criança, procurando, através de atividades físicas, melhorar os fatores de coordenação e execução de movimentos. Para atingir este objetivo, Barros; Barros (1972, p. 16) nos falam que:

    as atividades de correr, saltar, arremessar, trepar, pendurar-se, equilibrar-se, levantar e transportar, puxar, empurrar, saltitar, girar, pular corda, permitem a descarga da agressividade, estimulam a auto-expressão, concorrem para a manutenção da saúde, favorecem o crescimento, previnem e corrigem os defeitos de atitudes e boa postura.

    Assim fica claro a importância que o professor de Educação Física tem em proporcionar aos alunos atividades cuja caracterização permita aos mesmos uma movimentação constante e de exploração máxima do ambiente. É evidente que estas atividades devem ser adequadas ao estado de desenvolvimento de cada criança para assim fazer com que os movimentos sejam próprios ao seu grau de desenvolvimento morfofisiológico, o que contribui de maneira significativa para o avanço orgânico e funcional dos alunos em cada etapa de sua vida escolar.

    De Marco (1995 p. 77) salienta que a Educação Física também deve ser: “(...) um espaço educativo privilegiado para promover as relações interpessoais, a auto-estima e a autoconfiança, valorizando-se aquilo que cada indivíduo é capaz de fazer em função de suas possibilidades e limitações pessoais (...)”.

    Já Freire (1991) atribui à Educação Física um papel de ensino de movimentos respeitando as individualidades da criança, o estímulo à liberdade e à criatividade individual. Neste contexto o professor assume um “personagem” o qual deve aplicar as atividades físicas por meio de exercícios de fácil execução, com graduação para cada idade e tendo em conta a evolução física e psíquica do aluno, dando-lhe liberdade para movimentar-se espontaneamente e da forma que desejar. Estes movimentos de caráter mais subjetivo e espontâneo caracterizam o que Kunz (1994) denomina de mundo fenomenológico dos movimentos o qual, em sua opinião, afastaria de vez uma provável limitação existente na “Educação Física mecanizada” e desta forma o proveito pedagógico que poderia se tirar do processo ensino-aprendizagem seria bem maior.

    Segundo Barros Neto (1997), dentre os vários meios de desenvolver a Educação Física tem-se o esporte e ao contrário do que muitos pensam, a Educação Física escolar não deve ser totalmente dissociada do esporte, já que um de seus objetivos consiste em promover a socialização e interação entre seus alunos. O grande questionamento que se faz a respeito do esporte na escola é que ele muitas vezes transfere para o aluno uma carga de responsabilidade muito alta quanto à obtenção de resultados, o que afeta a criança psicologicamente de uma forma negativa.

    Também o esporte é um dos fatores de inclusão social, pois é um poderoso mecanismo de integração entre crianças e adolescentes, podendo ser considerado como ferramenta pedagógica na escola (ou fora do contexto escolar) dependendo das ações desencadeadas pelos professores ou monitores como na realização de projetos, onde se desenvolva uma educação esportiva com qualidade. É importante compreender que a prática de jogos e esportes não é necessariamente baseada na reprodução de movimentos e sim na capacidade de se envolver no jogo, e ao se tratar de jogo deve-se lembrar que a aceitação das diferenças e das diferentes possibilidades de resposta dentro de jogos e esportes ajudará na inclusão de personagens em nosso país esportivo (ESPORTE E SOCIEDADE, 2004, v.1)

    Considerando o exposto acima e os diferentes papéis atribuídos à Educação Física e ao esporte, pretende-se com este estudo responder ao seguinte questionamento: “Quais são as contribuições positivas e negativas que o Programa Segundo Tempo (PST) trouxe para os discentes da Escola Estadual de Educação Básica Augusto Ruschi da cidade de Santa Maria, RS?”

    Este estudo objetivou analisar as contribuições positivas e negativas do Programa Segundo Tempo para os discentes da Escola Estadual de Educação Básica Augusto Ruschi da cidade de Santa Maria, RS.

    Justifica-se esta investigação considerando que a Educação pelo esporte se faz na escola e na comunidade, no dia-a-dia. O esporte não é somente um meio de canalizar energias, de disciplinar indivíduo superficialmente. Ele é um meio mais amplo, que envolve a prática, a criação, o aprender fazendo, o ensinar aprendendo.

    O esporte educa pelo desenvolvimento das potencialidades criadoras, pelo fazer, e para isso é preciso sensibilizar as pessoas que através do esporte, é possível mostrar novas alternativas para que a juventude encontre novos caminhos para a manifestação do seu ser.

    As crianças e jovens encontram-se em fase de amplo desenvolvimento, e sofrem influências de todos os meios que os circundam. Se os meios que banalizam a violência são insistentes, veiculando a radicalização da inversão de valores, pregando à desunião, à competição indiscriminada, a submissão à vontade de interesses escusos, a transmissão da noção de que só os "espertos" se dão bem na vida, é necessário que a educação se torne insistente, redobrando seus esforços, mostrando a todos que a convivência com valores humanos centrados em bons princípios é capaz de provocar mudanças positivas para a vida de cada um, e permitindo que haja essa vivência realmente.

A metodologia da investigação

    Esta pesquisa constituiu-se de uma investigação fenomenológica, no qual se realizou um estudo de caso com abordagem qualitativa, com as informações coletadas na bibliografia existente e com entrevistas semi-estruturadas, gravadas e transcritas pela própria autora, tendo sua interpretação seguida pela análise fenomenológica. Os atores que tornaram-se membros do estudo se caracterizaram por serem 10 alunos da Escola Estadual de Educação Básica Augusto Ruschi de 4ª e 5ª séries do Ensino Fundamental, que participavam do PST.

● Corrente do pensamento: Fenomenologia.

● Abordagem da pesquisa: Qualitativa.

● Forma assumida (tipo): Estudo de caso.

● Coleta de informações: Bibliográfica, entrevista.

● Interpretação das informações: Análise fenomenológica.

Os achados da investigação

1.     As essências das contribuições positivas do Programa Segundo Tempo para os discentes

Primeira essência: a competência do professor para ensinar

    Uma das essências das contribuições positivas do PST para os discentes foi “a competência do professor para ensinar”. Alguns depoimentos foram: “eu gostei porque (...) e aprendia, também os professores(as) ensinavam com calma”(Discente 4); “a competência dos professores com nós (...)”(Discente 6); “teve muitas coisas legais como o handebol e as explicações dos professores” (Discente 12). Segundo Siedentop (1983) a competência pedagógica é o domínio da atividade do professor no processo pedagógico, entendendo como uma relação de reciprocidade entre aluno e professor, sob a direção deste.

Segunda essência: o gosto pelas aulas

    Uma outra essência identificada foi que “o gosto pelas aulas” é decorrente das atividades legais e do divertimento em praticá-las. Alguns discentes disseram o seguinte: “eu gostei porque nós se divertia”(Discente 4); “teve muitas coisas legais”(Discente12). Para Snyders (1992) o elemento lúdico, inerente ao ser humano e ao esporte, ao ser abordado didaticamente na escola requer ser tratado como alegria da cultura mais elaborada.

Terceira essência: aprender handebol

    “Aprender handebol” foi mais uma essência de contribuição positiva do PST para os discentes. Alguns depoimentos foram: “eu nem sabia o que era handebol (...)”(Discente2); “eu gostava do Segundo Tempo porque eles ensinavam a jogar handebol”(Discente 7). Para Falkenbach (2002) os jogos com um sentido recreativo e cooperativo são os que mais se adaptam ao espaço físico e as finalidades educacionais.

Quarta essência: hora do lanche

    Outra essência de contribuição positiva para os discentes foi a “hora do lanche”. Eis algumas falas: “a hora que nós lanchava era a hora sagrada”(Discente3); “nós fazia refeições (...)”(Discente 6); “era bom que davam lanche” (Discente 7). Para Teixeira (1996) a alimentação adequada, sono suficiente e treinamento são as condições indispensáveis para um bom desempenho físico.

Quinta essência: a afetividade com os professores

    Uma outra essência facilmente identificada nos depoimentos dos discentes foi “a afetividade com os professores”. Alguns depoimentos foram: “os professores não brigavam com a gente, só com quem precisava, mas comigo não” (Discente 9); “os professores eram bem queridos” (Discente 13). Para Cunha (1996) a aula é um lugar de interação entre pessoas e, portanto, um momento único de troca de influências. Assim, a relação professor-aluno no sistema formal é parte da educação e insubstituível na sua natureza. Destaca que o aluno espera ser reconhecido como pessoa e valoriza no professor as qualidades que os ligam afetivamente.

Sexta essência: praticar esporte

    Outra essência positiva na visão dos discentes foi “praticar esporte”. Algumas falas são: “(...) eu tive um esporte para fazer na 4ª série e isto me desenvolveu (...)” (Discente 2); “(...) nós se reunia para fazer passes e balacas”(Discent 3). Portanto a idéia de jogar com e não contra se desenvolve nas aulas de Educação Física e permite entender os colegas que participam como verdadeiros “colegas”. Não é necessário o espírito de guerra que Santin (1995) assinala existir nas atividades esportivas, competitivas e de rendimento, para que os mesmos sejam envolventes e cheios de emoção. Contudo Falkenbach (2002) entende o esporte como um meio prático e eficiente de contribuir na educação das crianças e dos jovens.

Sétima essência: aprender

    Uma outra essência de contribuição positiva do PST para os discentes foi “aprender”. Alguns depoimentos foram: “eu gostei porque nós aprendia” (Discente 4); “(...) nós aprendemos mais com as aulas”(Discente 10). Chicati (2000) coloca que a aprendizagem é uma modificação relativamente duradoura do comportamento, através do treino, experiência e observação. No entanto, para que ocorra esta aprendizagem se faz necessário que o indivíduo esteja motivado, pois a experiência, a observação entre outros fatores somente estará presente no cotidiano do aluno se este possuir motivos que o levem a executar as tarefas.

Oitava essência: estar na escola em vez de ficar em casa

    “Estar na escola em vez de ficar em casa” foi mais uma essência positiva para os discentes. O discente fala que: “o Segundo Tempo para mim foi muito bom porque todas as segundas e quartas em vez de ficar em casa eu ia para a escola ter aula” (Discente 1). Para Falkenbach (2002), a prática no grupo permite aos participantes perceberem-se como uma unidade que é composta pelas diferenças, bem como aprenderem na troca que estabelecem. A escola é o lugar de desenvolver a Educação Física que provoca as trocas e aprendizagens entre as pessoas.

Nona essência: atividades em grupo

    Outra essência de contribuição positiva para os discentes foram as “atividades em grupo”, pois para eles era importante a convivência com os colegas. Eis uma fala: “eu gostava quando nós se reunia todos em grupo para fazer passes e praticar esportes”(Discente 3). Montagu (1996) explica a importância do toque corporal de qualidade na educação humana, bem como para as experiências de iniciativa e criatividade. As aulas de Educação Física pela sua característica vivencial e prática permite o desenvolvimento concreto da autonomia e afetividade.

Décima essência: jogar

    “Jogar” também foi uma essência positiva do PST para os discentes. Um deles fala que: “o Segundo Tempo era legal porque tinha jogo de bola”(Discente8). O jogo infantil, segundo Leontiev (1991) apud Falkenbach (2002), manifesto em sua ação/expressão motriz, não somente auxilia aos professores como ferramenta pedagógica, mas é, em sua totalidade, a manifestação significativa das crianças. Neste sentido cabe aos professores a compreensão do verdadeiro sentido dos jogos manifestos pelos grupos de crianças.

2.     As essências das contribuições negativas do Programa Segundo Tempo para os discentes

Primeira essência: poucos dias de aulas semanais

    Facilmente podemos desvelar na fala dos discentes o descontentamento em ter tido “poucos dias de aulas semanais”, pois eles gostariam de ter mais dias com atividades esportivas. Alguns disseram: “tinha muito pouco tempo, era só dois dias e podia ser mais”( Discente 4); “poderia ser melhor com mais aulas” (Discente 10); “eu gostaria que tivesse todos os dias” (Discente 7). Para os discentes era motivante e importante estar na escola praticando atividades esportivas, por isso, queriam que tivesse mais dias de aula.

Segunda essência: término do Programa Segundo Tempo

    “O governo mandou parar com o Segundo Tempo, nós todos achamos ruim que acabou”( Discente1 ); “(...) ter acabado o Segundo tempo e não ter todo ano”( Discente 9); “(...) deveria ter continuado”( Discente 5). Nestas falas desvelamos que o “Término do Programa Segundo Tempo” foi mais uma essência de contribuição negativa do PST para os discentes. O Estatuto da Criança e do adolescente, no capítulo IV, art.59, legitima –“Os Municípios, com apoio dos Estados e da União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e juventude”. A Lei de Diretrizes e Bases (9.394/96), que normatiza a educação nacional, também valoriza em seus princípios as atividades extra-curriculares, dentre elas o Esporte, como fator imprescindível ao desenvolvimento escolar infanto-juvenil (MANUAL DE DIRETRIZES E ORIENTAÇÕES DO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO, P.4).

Terceira essência: pouco tempo de aula

    Outra essência negativa do PST para os discentes foi o “pouco tempo de aula” que eles tinham, pois gostariam de ter mais tempo com atividades esportivas: “tinha muito pouco tempo de aula e era só dois dias na semana”( Discente 4); “era pouco tempo de esporte”( Discente 2); “eu acho que tinha que ter mais tempo, porque era muito pouco a hora em que a gente jogava”( Discente13). Segundo Gadotti (2004, p.32) o aluno é estimulado, através de atividades esportivas ou assistido, a permanecer na escola em tempo integral para garantir um melhor desempenho.

Quarta essência: falta dos professores

    Uma outra essência negativa que desgostava os discentes era a “falta dos professores”. Eis algumas falas: “nunca gostava quando os professores não vinham e nós tinha que voltar para casa”( Discente 7); “era ruim quando eles não vinham”( Discente 6). Segundo Magil ( 1984), o professor é o responsável pela aprendizagem, sendo assim, deverá ter o conhecimento dos fatores que poderão vir a ser benéficos e maléficos para a aprendizagem de seus alunos, visando a um melhor aproveitamento e aprendizagens duradouros.

Quinta essência: nenhuma

    Outra essência identificada na fala dos discentes foi que não havia “nenhuma” contribuição negativa do PST para eles. Alguns depoimentos foram: “eu não achei nada de ruim”( Discente 2 ); “eu acho que o Segundo Tempo não teve nada de ruim”( Discente 12).

Sexta essência: não ter aula em dia de chuva

    Uma das essências negativas do PST para os discentes foi de “não ter aula em dia de chuva”. Eis uma fala: “eu achava ruim quando chovia e daí não tinha aula”( Discente 3). Para os discentes a chuva não era justificativa para não ter aula, porém na escola não havia espaço físico coberto para a realização de qualquer tipo de atividade.

Sétima essência : não praticar o esporte preferido

    Outra essência negativa para os discentes foi de “não praticar o esporte preferido”. Um diz que: “(...) em vez de nós jogar futsal, a gente jogou handebol”( Discente 3). ). Segundo Berger; Mcinman (1993) vários estudos comprovam a influência do professor de Educação Física na adesão das crianças às práticas esportivas extracurriculares, interferindo neste interesse a forma como os professores conduzem o envolvimento e o acompanhamento do aluno no processo de aprendizagem.

Oitava essência: atraso dos professores para dar aula

    O “atraso dos professores para dar aula”, foi outra essência de contribuição negativa para os discentes. O discente fala que: “eu não gostava era do atraso dos professores, pois era pouco tempo de esporte”( Discente 2). Segundo Dias (1995) apud Santos Junior et al (2004), destacam que na Educação Física, analisada como prestação de serviço, seja na escola ou fora dela, o professor terá que apresentar algumas características especiais para ser considerado um atendimento de qualidade, tais como: pontualidade, assiduidade, ter conhecimento específico e geral e outros.

Considerações finais

    Após o desvelamento de todos os depoimentos dos alunos são visíveis os pontos positivos e negativos que o PST teve para os discentes.

    O que mais chamou atenção foi que o Programa teve mais pontos positivos do que negativos, isso nos mostra o quanto os discentes se realizavam fazendo atividade física e esportiva, de como era motivante para eles estar na escola reunidos e a grande importância da Educação Física para os alunos.

    Entretanto, os pontos negativos nos mostram o tamanho desencanto dos alunos em ter acabado o PST, então aparece a realidade, que é o descomprometimento do governo através dos projetos sem continuidade, os quais, são de grande importância para a comunidade escolar auxiliando muito na inclusão, evitando a violência, pois enquanto essas crianças estão no ambiente escolar praticando algo que só lhes trarão benefícios para a vida não estão espostas à criminalidade das ruas.

    O aluno tendo gosto e estando envolvido com uma prática esportiva irá ter reflexos, positivos ou negativos, em toda a sua vida. Sendo assim, um programa de cunho esportivo pode contribuir muito na formação de um ser melhor e mais completo, fixando valores e qualidades valiosíssimos para a sua existência, porém se mal implementado, apenas desperdiça tempo e prejudica a formação dos alunos de determinadas instituições. Entende-se que boa parte do problema advém do interesse dos adultos em detrimento dos anseios das crianças e do real compromisso educativo. O erro não se encontra na oferta e implementação, e sim na sua insustentação devido a políticas públicas, no desmerecimento da educação e do profissional de Educação Física.

    Também como um dos fatores de inclusão social, o esporte eduacacional é um poderoso mecanismo de integração entre crianças e adolescentes, podendo ser considerado como ferramenta pedagógica na escola ou fora do contexto escolar. Entendendo o processo educacional de maneira ampla e com significados abrangentes, o ensino de esportes não fica limitado a concepções de Educação Física; tampouco se limita ao ensino de técnicas esportivas. É preciso que novos olhares para o esporte brasileiro sejam concretizados, para termos a médio e longo prazos mais praticantes de todas as idades.

    Assim, esta investigação teve como justificativa a possibilidade de contribuição para que as ações governamentais tomem consciência da realidade que os cercam, para que os futuros projetos sejam elaborados com um maior compromisso principalmente com a Educação e Inclusão Social.

Referencias

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  • CHICATI, Karen Cristina. Motivação nas Aulas de Educação Física no Ensino Médio. Revista da Educação Física. UEM. Maringá, v. 11, n. 1, p. 97 – 105, 2000.

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revista digital · Año 13 · N° 124 | Buenos Aires, Setiembre de 2008  
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