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Lazer, infância e juventude:
continuidades e descontinuidades

   
Prof. do Curso de Educação Física da Unisinos.
Mestrado em Ciências do Movimento Humano/UFRGS.
 
 
Edmilson Santos dos Santos
profedsantos@yahoo.com.br
(Brasil)
 

 

 

 

 
Resumo
     Estamos familiarizados com a idéia de que existe uma infância e que a fase da vida que a sucede é a juventude. Quando buscamos enquadrar estas fases em um escopo etário, percebemos que ele é objeto de disputa e de desencontros. A fim de identificar se há diferenças, em nível de comportamento, no âmbito do lazer, entre crianças e jovens do bairro Guajuviras, resolvemos testar a hipótese etária que nos é dada pela ONU. A amostra do estudo foi composta por 2.112 estudantes matriculados no sistema público de ensino do bairro Guajuviras que participaram do Mapa do Lazer Juvenil. É possível destacar que as experiências vividas pelas meninas são diferentes daquelas experimentadas pelos meninos, independentemente da fase. Neste sentido, não há como pensarmos as juventudes e as infâncias longe de outros arranjos sociais e históricos que tornam esta operação contingencial e imbricada em diferentes níveis de relações de poder.
    Unitermos: Infância. Juventude. Lazer.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 121 - Junio de 2008

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Introdução

    Estamos familiarizados com a idéia de que existe uma infância e que a fase da vida que a sucede é a juventude. Quando buscamos enquadrar estas fases em um escopo etário, percebemos que ele é objeto de disputa e de desencontros. Esta disputa desloca nossa atenção de um objeto que, em nível de senso comum, alguns acreditam pré-existir, principalmente através da marcação etária, para uma alternativa que recoloca o debate numa outra perspectiva. Tanto a infância como a juventude seriam construções discursivas cujo dado etário apareceria apenas como um subproduto de uma operação arbitrária imersa dentro um dado regime discursivo. Nos dois casos, os contextos históricos e sociais seriam os grandes protagonistas na elaboração do que é ser infante e do que é ser jovem, bem como do que não é.

    No que diz respeito à infância, ficou mais claro perceber o caráter histórico e social das fases do desenvolvimento humano a partir do trabalho de Philipe Aries (1981). A tese do autor procura distanciar-se daquelas proposições que tentam identificar a infância como algo a-histórico, transcendental. Portanto, a infância se constituiu como uma construção discursiva que atende a determinadas necessidades socialmente constituídas.

    Uma das primeiras instituições a construir um regime discursivo sobre a infância foi a escola. A ela coube, juntamente com a pedagogia, a importante tarefa de caracterizá-la e definir quando deveria acabar Guraldelli Jr. (1995), Fernandes (1994) e Narodowiski (1998). A partir deste momento, uma série de outras instituições passaram a direcionar seu olhar à infância. Dentre estas instituições, mais recentemente, podemos destacar o mercado. Para Steinberg (1997) e Kincheloe (1997) o mercado tem assumido um papel importante no esvaziamento da infância.

    A transformação destes seres pequenos em consumidores, capazes de fazerem escolhas racionais e num cenário de liberdade de mercado, permitiria incorporar hábitos adultos que cumpririam a função de garantir o apressamento da infância e a ampliação do mercado consumidor. Larrosa (1998) ressalta que narrativas como progresso, desenvolvimento, futuro e competitividade foram transpostos para o mundo infantil a fim de integrá-los numa economia mundial. Outras crianças, por estarem excluídas socialmente deste universo, acabaram sendo integradas às avessas. Sua integração se deu pelo mundo das drogas, da prostituição infantil, do trabalho infantil e do crime organizado, ou seja pela lógica do abandono dos mais fracos. A luta pela redução da idade penal serve para exemplificar o que está ocorrendo na sociedade, transformando nossa compreensão do que é ser criança.

    Algumas análises, como aquela empreendida por Mannheim (1968), colocam a entrada no mercado de trabalho como o prenuncio da vida adulta, justificando, de alguma forma, a sua mudança de comportamento e sua aceitação ao mundo dos adultos. Para concluir esta passagem, o jovem deveria abandonar suas críticas ao mundo dos adultos e assumir uma postura conservadora, Peralva (1997).

    A sociedade sinaliza para ele, e para ela mesma, os benefícios desta nova fase. Já assentado num cenário conservador, caberia à sociedade regular as reservas vitais da espiritualidade do jovem, Ribeiro (2004), que carrega um gosto especial pelo novo, pela mudança, tentando seduzi-lo para o universo instituído do status quo. Políticas de estado são permanentemente produzidas e endereçadas aos jovens a fim de aprisionar seu desejo pelo novo e garantir-lhe uma transformação vigiada.

    A constituição da juventude foi garantida com a permanência maior dos indivíduos nas instituições de formação. Nos países desenvolvidos, este processo vai até a conclusão do ensino universitário, o que se dá por volta dos vinte e cinco anos. Nos países em desenvolvimento há um menor tempo de permanência na escola, portanto o ingresso precoce no mercado de trabalho impõe uma nova dinâmica (CORSEUIL, SANTOS e FOGUEL, 2001). A complexidade deste cenário, principalmente diante das disparidades sociais, produz um campo aberto de experimentação da juventude.

    Como pudemos perceber, a passagem da criança para a vida adulta deveria ser desencadeada por uma fase de transição denominada juventude. Ela representaria o hiato existente entre um ser que já não é mais considerado criança, mas que ainda não pode receber os direitos do mundo dos adultos. Se entendermos que a infância e a juventude são projetos discursivos que não podem ser desprendidos de suas âncoras sociais e históricas, não podemos caracterizar no singular toda a complexidade que elas engendram.

    Para Bourdieu (1983) a juventude é apenas uma palavra, pois não há um referente único do outro lado desta predicação. Tratá-la de uma forma singular, como uma unidade social, já constituí uma manipulação, portanto as juventudes são múltiplas. Na mesma direção, Carrano (2000) e Abramo (2005) apontam que a juventude é detentora de uma complexidade variável, pois são muitas formas de viver este projeto. Martucelli (2000) acrescenta: na modernidade nenhuma totalidade se impõe, à medida que a experiência individual não é trilhada por formas sociais fixas. Conseqüentemente, é no campo social que as diferenças vão ser estabelecidas, constituindo aquilo que denominamos de criança e juventude.

    Sendo contextual, a juventude e a infância seriam projeto que são reféns de outros elementos, como por exemplo: o gênero, a classe social e o lazer. No que diz respeito a este último elemento, Brenner, Dayrell e Carrano (2005) destacam que bases socioeconômicas desiguais oportunizam desigualdades de oportunidades de lazer. Na mesma direção, Pais (1990) aponta que com uma juventude sociologicamente diversificada apresentariam práticas culturais heterogêneas advindas do campo do lazer. Logo, viver a juventude seria um projeto de múltiplos significados.

    Nos dois casos (infância e juventude), há alternativas no campo conceitual que buscam estabelecer um regime discursivo que cinge a existência destas categorias a uma grande síntese: ser criança é; ou, ser jovem é. Este pensamento simplificador deságua necessariamente no enquadramento etário como uma conseqüência inevitável deste raciocínio. Porém, quando procuramos estabelecer distinções, em nível de comportamento entre infantes e jovens, nos escapa um critério menos simplificador.

    A fim de identificar se há diferenças, em nível de comportamento, no âmbito do lazer, entre crianças e jovens do bairro Guajuviras, resolvemos testar a hipótese etária que nos é dada pela Organização das Nações Unidas - ONU. Ela estabelece como juventude o período compreendido entre os quinze e os vinte e cinco anos de idade. Os cenários analisados foram: lazer dentro e fora do bairro; dentro e fora de casa; lazer público e privado; em atividades e contextos miméticos. Como objetivo específico, buscamos verificar o papel desempenhado pelo gênero.


Método

    A amostra do estudo foi composta por 2112 estudantes matriculados no sistema público de ensino do bairro Guajuviras que participaram da pesquisa Mapa do Lazer Juvenil. Participaram do inquérito todos estudantes que compareceram à aula no dia em que o questionário foi aplicado, nos turnos da manhã, tarde e noite. O grupo dos infantes é formado pelos estudantes com idades entre dez anos e quatorze anos, que corresponde a 1398 indivíduos. O grupo dos jovens é formado pelos estudantes com idades entre quinze e vinte três anos, correspondendo a um total de 714 indivíduos.

    Antes da aplicação do questionário, as escolas conheceram a finalidade do estudo e cada direção ficou com a síntese do projeto para apresentar aos professores. Em cada turno o inquérito foi aplicado simultaneamente pelos professores. Como uma das intenções do estudo foi verificar como os jovens organizam suas atividades de lazer no final de semana, escolhemos aplicar o estudo na segunda-feira para projetar com uma maior precisão a rotina realizada no final de semana anterior a sua aplicação.

    O questionário com questões fechadas foi elaborado contemplando os seguintes eixos temáticos: caracterização do jovem (idade, sexo, raça, religião); escolaridade (ano em curso e turno); inserção no mercado de trabalho; inclusão digital e acesso à internet; acesso a equipamentos de diversão eletroeletrônica (vídeo game. Computador e TV); gosto musical, material esportivo, atividades de lazer acompanhadas de professor ou treinador durante a semana, quais o(s) interesse(s) na formação dos grupos de convivência e em quantos participa, local preferido para realização das atividades de lazer durante a semana, atividade mais importante realizada no final de semana, nos seguintes turnos: sábado à tarde, à noite e domingo de manhã, à tarde e à noite. O sábado pela manhã não compõe o estudo tendo em vista que em algumas escolas este período é dia letivo.

    As informações obtidas permitiram criar um banco de dados que foi submetido à análise de freqüência através do programa estatístico SPSS (Statistical Packge for the Social Sciences) para o Windows, versão 11. Para verificar possíveis associações entre variáveis utilizou-se o teste estatístico Qui-quadrado para análise de tabela de contingência e estabeleceu-se como nível de significância 5% (p<0,05). Para conhecimento das células que indicam uma relação de dependência entre as variáveis (atributos), foram analisados os resíduos ajustados na forma estandartizada.


Resultados e discussões

    Ser do bairro Guajuviras não significa apenas um dado para localização geográfica dos moradores. Reconhecido como um espaço de exclusão, repousa no imaginário social um rosário de preconceitos que vão da pobreza à violência que dificulta uma outra representação capaz de abarcar a complexidade, a diversidade e a riqueza das experiências vividas por esta comunidade.

    O bairro Guajuviras se confunde com a história de ocupação do Conjunto Habitacional Ildo Meneghetti que originou o maior assentamento urbano da cidade de Canoas localizada na Região Metropolitana de Porto Alegre. Este conjunto habitacional fez parte de programas que visavam o assentamento de populações pobres na periferia dos grandes centros urbanos nos anos 70 e 80. Uma característica importante destes programas foi sua forte preocupação higiênica. Esteticamente as regiões centrais não teriam mais que conviver lado a lado com imagens que corroem a estética da paisagem urbana e com o deslocamento de um contingente grande de pobres para regiões distantes do centro da cidade se garantia, através do controle do transporte coletivo, a circulação destas populações indesejadas, Polizelli (1999). Portanto, está implícito na concepção destes programas seu caráter higiênico.

    No Guajuviras, as casas e prédios estão localizados à margem esquerda e direita da avenida principal, responsável pela entrada e saída de seus 50.000 moradores. O processo desordenado de expansão do bairro gerou um conjunto de espaços (em sua maioria irregulares), ao longo da avenida, que abriga uma complexa rede de serviços. Excluindo o serviço bancário, todos os outros são realizados dentro do bairro. Existem ainda quatro escolas municipais, duas estaduais, dois postos de saúde, templos religiosos, supermercados, lojas e um posto policial.

    Há dois aspectos que devem ser analisados quando o olhar se direciona para o lazer no bairro. Um está relacionado à própria distribuição dos espaços de lazer na comunidade. O número reduzido de praças públicas sinaliza para uma secundarização do lazer como uma atividade importante a ser garantida. Isto, de alguma forma, representa uma contradição com o projeto de higienização da cidade, à medida que não há espaço suficiente para o desenvolvimento de atividades físicas no âmbito do lazer.


Lazer no bairro e fora do bairro

    Há dois elementos que devemos levar em consideração na análise do lazer realizado dentro do bairro quando em comparação com o que é realizado fora dele. Uma idade mais avançada poderia autorizar os jovens a terem facilidades na exploração de espaços fora do bairro. Sua maturidade permitiria desenvolver atividades longe do olhar regulador dos responsáveis ou da própria comunidade. Por outro lado, as condições sócio-econômicas das famílias do Guajuviras se tornaram um entrave à realização de experiências no campo do lazer fora do bairro. Neste caso, a diferença entre os dois grupos, crianças e jovens, não se estabeleceu.

    Na análise do sábado à tarde não encontramos associação, para os níveis estatísticos estabelecidos, entre as atividades realizadas dentro e fora do bairro entre os dois grupos. Preponderaram as atividades realizadas no bairro. O percentual encontrado entre os dois grupos (89,5% para crianças e 90,3% para os jovens) sugere pensarmos em duas hipóteses. Uma dirige nosso olhar para as opções de lazer que são apresentadas no próprio bairro. Elas apresentariam atrativos (em quantidade, qualidade e diversidade) capazes de estimular a presença dos sujeitos da pesquisa no bairro. Como são muito escassas, pouco diversificadas e desqualificadas não há elementos críveis para sua sustentação. A segunda está relacionada à condição financeira das famílias destas crianças e jovens. A restrição orçamentária e as dificuldades culturais na experimentação de outros universos simbólicos acabam esgotando as atividades em comparação àquelas desenvolvidas no próprio bairro.

    No sábado à noite, para os dois grupos, as atividades de lazer são realizadas dentro do bairro em um nível percentual superior do encontrado no turno anterior. Esta realidade traduz, de uma forma mais clara, que as festas, cinemas, boates ou outras opções culturais fora do bairro não estão ao alcance dos jovens. Este dado se revela na forma de um apartheid social. Mesmo não havendo restrições político-administravas, com relação à circulação dos jovens, há uma realidade social que os impede de estabelecer intercâmbios com o restante da cidade. Esta restrição no campo da circulação acaba repercutindo num menor intercâmbio cultural entre crianças e jovens de outras regiões.

    No domingo pela manhã, há um progressivo aumento, para os dois grupos, em relação ao sábado, das atividades realizadas dentro do bairro. No domingo à tarde o cenário permanece inalterado e há uma leve diminuição dos percentuais de acesso às atividades no Guajuviras que voltam a subir no domingo à noite. Dadas às características deste contexto, não foi possível encontrar alguma associação, no que tange a esta categoria de análise, entre os dois grupos.

    Neste sentido, a comparação entre as atividades de lazer dentro e fora do bairro não foi capaz de estabelecer diferenças no comportamento de crianças e jovens do bairro Guajuviras. Para os dois grupos, a cidade parece ser um ente distante de ser apropriado e vivenciado. Pesa sobre eles, a culpabilidade inocente de terem nascido em um bairro de periferia. A condição financeira atua democraticamente nos dois grupos impedindo-os de realizarem atividades de lazer fora do bairro. Neste caso, seus comportamentos não sinalizam diferenças na experimentação do lazer.


Lazer dentro de casa e fora de casa

    Diferente do que se pode imaginar, o lazer realizado dentro de casa carrega uma complexidade de atividades. As mais simples estão associadas àquelas realizadas com o intuito de garantir o descanso. A conversa com familiares, amigos, a possibilidade de escutar música, assistir programas de televisão, vídeo ou dvd, acessar a internet, ler, jogar carta ou envolver-se com algum hobby são capazes de desencadear uma série de estímulos a fim de seduzir as crianças e os jovens a realizarem atividades nos limites geográficos da residência. Porém, há impedimentos no campo simbólico que podem atuar restringindo a circulação destes sujeitos dentro e fora de casa.

    A sensação de violência, trazida pelo espaço anônimo das ruas, a chegada da noite ou as obrigações com as tarefas familiares podem desencorajar crianças e jovens a permanecerem fora de casa. Assim sendo, a residência estaria associada a um espaço de abrigo, confinamento, clausura e não necessariamente a um espaço de convívio com a intimidade.

    No sábado à tarde o estudo identificou uma associação entre ser criança e realizar atividades dentro de casa. Diferentemente do que poderíamos imaginar, são os jovens que mais permanecem em casa. As crianças estão associadas a realizarem atividades de lazer fora de casa 81,4% fizeram esta opção. Os jovens atingiram o índice de 74,8%. Se compararmos com outro dado do estudo, que identificou como principal atividade de lazer realizada no bairro, no sábado à tarde, a prática do esporte, desconstitui-se uma tese muito comum em outros espaços de que o espaço público, seja a praça ou a rua, principalmente nos bairros pobres, se apresenta como território de imposição ou experimentação da violência, principalmente naqueles locais onde há uma grande concentração de habitantes por áreas livres disponíveis. Conforme Fernandes (2004) são estes grupos que vivem nas comunidades de periferia que são mais vulneráveis as externalidades geradoras de violência. As crianças se deslocam com maior desenvoltura por estes espaços. Podemos interpretar este movimento como uma necessidade de vivenciarem as práticas sociais que são endereçados aos mais velhos como a liberdade de trânsito, exploração dos territórios e exposição e/ou exibição pública. Um exercício de experimentação da vida jovem.

    Num território de grande restrição espacial, para o desenvolvimento de atividades de lazer (em espaços formais como as praças), a disputa pela sua ocupação tenderia a garantir a supremacia dos corpos mais velhos, mais fortes ou mais violentos. Portanto, a inexistência desta supremacia, na ocupação dos espaços públicos, sugere pensarmos que as atividades de lazer desenvolvidas possuem uma função mimética, Elias & Dunning (1992), importante no bairro. A vivência pública em práticas como as esportivas, oportunizaria um maior controle dos descontroles emocionais advindos, principalmente, dos contextos miméticos.

    Dunning (2003) compreende que o divertimento se constituiu, ao longo do tempo, em um dos principais aspectos da vida humana. Seu papel está associado à experimentação de emoções fortes de curta duração sem que com isto possa desencadear reações emotivas violentas. Ao final, estas tensões produziriam um autocontrole que se constituí como um dos elementos responsáveis pela limitação de atos violentos na esfera pública e privada na sociedade moderna ocidental. Daí resulta uma característica importante do processo civilizatório, a restrição ao uso da violência em espaços públicos.

    Uma das hipóteses possíveis para a permanência dos jovens em casa poderia estar associada a uma reserva de energia para atividades a serem realizadas à noite. A diferença apontada entre crianças e jovens poderia receber um forte impacto das relações de gênero. Tanto nas crianças como nos jovens são as meninas que estão associadas à permanência em casa durante o sábado à tarde. E são as meninas jovens que acabam por alcançar a maior diferença em relação aos meninos, talvez porque a elas também sejam endereçadas outras obrigações. Para as crianças, o percentual de atividade realizada dentro de casa das infantes foi de 22,4%, enquanto que para aquelas do grupo jovem foi 33,7%.

    Neste ponto de nossa discussão cabe que nos reportemos ao estudo do Perfil do Jovem Brasileiro realizado pelo Instituto da Cidadania sob a responsabilidade de Helena Wendel Abramo e Pedro Paulo Branco (2005). Nesta pesquisa, dois aspectos nos chamaram a atenção e nos permitiram que, quando cruzados com as informações de nossos dados em que as meninas mais velhas permanecem muito mais em casa, quando comparadas com as meninas mais jovens ou com os garotos, independente da faixa etária, nos fornecessem pistas para pensarmos hipóteses de que os dados não se esclarecem por si só.

    Na pesquisa Perfil do Jovem Brasileiro, os jovens - meninos e meninas - quando perguntados quais atividades costumam fazer nos finais de semana, as opções de assistir televisão e ajudar nas tarefas de casa ficaram entre as mais destacadas. Em uma outra questão sobre a freqüência com que os jovens - meninos e meninas - costumavam realizar tarefas domésticas em casa, constatamos com bastante nitidez, a divisão por gênero das tarefas domésticas, como uma obrigação muito mais feminina do que masculina.

    No interior das famílias, emergem diferentes mecanismos de sujeição que buscam estabelecer as formas adequadas de comportamento das jovens. Muitas dessas maneiras operam para que as jovens compreendam que determinadas tarefas domésticas passem a ser valorizadas como aprendizados para com o futuro. Para que elas possam ser solicitadas com maior agilidade é preciso que reservem um tempo maior dentro de casa fazendo uma atividade que melhor lhes oportunize prazer, como assistir à televisão.

    Chama a atenção que a aprendizagem de determinadas práticas cotidianas acontece em virtude das relações de poder, ou seja, predomina a visão adulta e culturalmente construída. Isso, provavelmente, deve-se ao fato de que determinadas atividades domésticas permanecem nas famílias como de domínio mais das mulheres do que dos homens. Encarregar-se do cotidiano escolar dos filhos, das roupas, da higiene e da alimentação, por tradição, são atividades quase exclusivamente femininas.

    Uma outra interpretação possível sobre a maior permanência das mulheres jovens em casa no sábado à tarde pode ter razões em função de um trabalho que deve ser feito com esmero sobre si mesmas. Aqui cabe lembrar uma importante formulação de Foucault (2002). No que se refere à noção de poder, em que o autor discorre acerca de sua positividade. Aqui, o poder não é somente força para submeter ou dominar, ou seja, poder repressivo, mas funciona como uma teia produtiva, permeando todo o tecido social ao formar discursos, produzir saberes e induzir ao prazer. Nesse sentido, a presença das jovens em casa pode indicar a necessidade de que essas utilizem parte de seu tempo livre com uma série de cuidados com seu corpo se preparando para as atividades noturnas. Assim, organizar o vestuário, preparar o cabelo ou fazer as unhas para uma balada ou para o namoro tornam-se práticas sociais importantes.

    Encontramos no sábado à noite um equilíbrio entre os dois grupos nas atividades realizadas dentro e fora de casa. Há uma redução do volume de atividades realizadas dentro de casa, em comparação com à tarde: 54,9%, para as crianças, e 57,0% para os jovens. Para as crianças, esta realidade se propaga igualmente entre os meninos e meninas. Parece existir aí uma preocupação dos familiares quanto à permanência delas fora de casa. Nos jovens, houve uma diferença entre as meninas e meninos. São as meninas que sofrem mais pressão para ficarem em casa. Ao menino é dado o direito de experimentar sociabilidades noturnas. A noite parece conter um enigma capaz de acobertar determinados comportamentos que fundam um dos aspectos da identidade juvenil: a realização das atividades proibidas.

    Durante o domingo pela manhã, são as crianças que apresentam uma maior vitalidade para experimentação de atividades lúdicas fora de casa. São eles que ocupam, de uma maneira prioritária, os espaços de lazer. Neste período, o estudo identificou haver uma associação (p= 0,000), entre ser jovem e ficar em casa. Podemos supor que as crianças experimentam neste período uma maior possibilidade de excitação, ainda que isso possa ser alcançado pela menor concorrência com os jovens de maior faixa etária na ocupação dos espaços formais de lazer.

    Os jovens, principalmente os do sexo masculino, parecem ocupar-se por mais tempo das atividades noturnas. No domingo pela manhã, eles estão cansados e permanecem mais tempo em casa descansando. Quando decompomos estes grupos por gênero, podemos perceber que as meninas, para ambos, estão associadas à experimentação de atividades dentro de casa. Isto significa que são as meninas que mais têm restrições para realizarem atividades longe do universo residencial, familiar. Diferente dos meninos, a permanência das meninas em casa parece estar associada às atividades relacionadas à rotina doméstica. São as jovens que identificam como a atividade mais importante àquela desenvolvida dentro de casa. Elas alcançaram o índice de 67,9% e as crianças, 57,9%. Parece-nos, em relação a este último dado, que as meninas mais novas participam mais ativamente das atividades de lazer juntamente com os meninos da mesma faixa etária.

    No domingo à tarde o bairro apresenta uma realidade interetária muito forte. Os dois grupos alcançam por volta de 80% do índice de permanência em atividades fora de casa. Este parece ser um período interessante para se conhecer o grau de interlocução estabelecido entre estes dois grupos no convívio do lazer. Mas, encontramos nos dois grupos uma diferença significativa, em termos de acesso a modalidades de lazer fora de casa entre meninos e meninas, como a prática do esporte. Apesar de existir um grande envolvimento de meninos e meninas em atividades fora de casa, sua distribuição não é equilibrada em alguns espaços como a praça.

    No domingo à noite, há uma forte retração das crianças na participação de atividades no âmbito do lazer fora de casa. Os dados sugerem pensar que este grupo esteja mais suscetível às cobranças familiares, no que diz respeito aos estudos, justificando uma maior necessidade de descanso. Do ponto de vista do gênero, não encontramos associação, para os níveis estatísticos estabelecidos, entre os comportamentos.

    Como pudemos perceber no gráfico 2, há uma maior distinção entre os comportamentos no que diz respeito às atividades fora e dentro de casa, principalmente entre as meninas e os meninos. Trata-se de uma questão de gênero, uma vez que o que está em jogo é uma espécie de modelagem de comportamento a partir de uma certa expectativa do comportamento de meninos e meninas. Neste sentido, as jovens são mais vigiadas onde, por exemplo, um futuro promissor depende de uma medida exata, do sonho de estar no lugar certo, na hora certa, de fazer a coisa certa, de ser uma menina direita; de estar, enfim, de algum modo, em alguma situação, em algum tipo de norma.


Participação em lazer público x privado

    O lazer público e o lazer privado são dimensões importantes e que se completam na execução das atividades de lazer. O lazer público se caracteriza por atividades realizadas em espaços públicos, sejam eles formais, como as praças, ou não formais, como as ruas do bairro. Nos dois casos, estes espaços são locais privilegiados à experimentação da sociabilidade comunitária já apontada por outros trabalhos Pais (1990) e Franch (2002). O lazer privado impõe certa restrição ao acesso, no caso de exigir mediação financeira como a ida ao cinema, à praia, visitar um parente que mora distante ou ficar em casa.

    A inexistência da possibilidade de ocupar-se em passatempos que exijam uma condição financeira, faz do lazer público a única oportunidade disponível. Dos indivíduos pesquisados, 96,3% das crianças e 96,7% dos jovens optam pelo lazer público ao sábado à tarde, como pode ser observado no gráfico 3. Este dado poderia ser animador, pois o direito ao espaço público de relação é o maior tributo para o viver na cidade. Mas, ao se apresentar como única possibilidade, este indicador apenas ilustra o grau de exclusão que vive esta comunidade.

    No sábado à noite permanece um alto índice de atividades realizadas em espaços públicos, 90,8% para as crianças e 94,8 para os jovens. No cruzamento destas variáveis com lazer público e privado, o estudo encontrou uma diferença significativa entre os dois grupos. São os jovens que participam de uma maneira mais intensa em atividades no âmbito público. A decomposição deste dado, para identificar como ele se apresenta quando acrescentamos a variável gênero, não apresentou diferença significativa. O resultado aponta para a experimentação do espaço público à noite como um comportamento que está muito sensível à participação do jovem do que das crianças.

    No domingo pela manhã, não encontramos associação, para os níveis estatísticos estabelecidos, quando cruzamos crianças e jovens, nem quando incluímos a categoria gênero. Uma parte significativa das atividades realizada pelas crianças fora de casa é em companhia dos pais, como visitar parentes, que são caracterizadas como privadas. Este fenômeno se estende até o domingo à tarde. Porém nos dois turnos, as atividades realizadas no espaço público são as que mais envolvem os sujeitos da pesquisa.

    No domingo à noite há um predomínio dos jovens em atividades em espaços públicos. A diferença entre os dois grupos foi significativa (p = 0,041). Este comportamento não apresentou associação, para os níveis estatísticos estabelecidos, quando incluímos a variável gênero. As crianças estão, em sua maioria, em atividades privadas, onde se destaca ficar em casa assistindo TV. O tipo de cuidado que as famílias dão às crianças é diferente daquela que é dada aos jovens.

    O alto índice de permanência em espaços públicos, sejam eles formais ou não formais, sintetiza o espírito comunitário desta comunidade. Sua luta pela construção de um espaço de moradia não pode prescindir de estratégias discursivas e não discursivas para a garantia do convívio comunitário como uma ferramenta para o fortalecimento de seus laços. Porém, os dados também acusam o grau de isolamento que suas crianças e jovens vivem no que diz respeito ao uso da cidade.


Atividades miméticas x contexto mimético

    O despertar emocional é central no lazer e possui função desrotinizante. Ele permite a experimentação de uma excitação não violenta que é co-responsável na estruturação do comportamento civilizado. Estas emoções, conforme Elias & Dunning (1992), podem ser vividas ou experimentadas de duas formas: em atividades miméticas ou em contextos miméticos. Nas atividades miméticas as emoções são vividas, experimentadas enquanto partícipe da atividade a ser realizada, como por exemplo, as jogadoras de uma partida de futebol. No contexto mimético ela é transposta sem que o participante vivencie os riscos produzidos por elas, mantendo certa distância do evento, como expectador, Dunning (2003).

    Neste trabalho nós identificamos cinco variações de atividades miméticas. Dentre as opções apresentadas pelos participantes do estudo nós podemos identificar como principais a prática do esporte e da dança. No entanto, alongando por associação o princípio da motilidade, incluímos ir ao parque de diversão, praticar escoterismo e jogar videogame. De contexto mimético encontramos ir ao cinema, assistir TV, dentre as principais opções apresentadas.

    Essas sensações físicas e emoções vividas, através das atividades miméticas oportunizadas pelo lazer, cumprem uma função importante na formação de nosso padrão civilizatório, Elias & Dunning (1992) e Dunning (2003). Sentimentos produzem elementos contraditórios, como medo e prazer, vividos e experimentados no lazer. Conforme o autor, estas atividades cumpririam importante função diante da fome emocional a que nos encontramos, imersos em atividades rotinizantes.

"(...) na maioria das sociedades civilizadas do mundo contemporâneo, a rotinização da vida social procedeu a um grau tal que a vida, para muitas pessoas, tornou-se emocionalmente sem graça, e que algumas pessoas, especialmente as mais pobres nos grupos etários mais velhos, onde a aposentadoria leva a graus de desligamento e retiro social, sofrem fome de lazer." (Dunning, 2003, p.28).

    Como as identidades pessoais e sociais assumem um papel importante no lazer esportivo e sendo ele uma das principais atividades de lazer realizada no bairro torna-se relevante descobrir se há uma distinção entre os dois grupos etários analisados neste estudo.

    Em três cenários, por nós selecionados, sábado à tarde, domingo pela manhã e a tarde são os não jovens que experimentam atividades miméticas de forma prioritária. As diferenças foram significativas quando comparados com os jovens, conforme tabela 1. Acreditamos que esta experimentação atua de forma positiva na formação dos controles emocionais diante da vida pública. Neste caso o lazer ocupa um espaço formador na vida das crianças.

    Apesar de ser uma comunidade com muitas carências, as relações de poder no convívio e utilização dos espaços públicos de lazer não apontam para um esgotamento da vida comunitária. Portanto, sua valorização e estímulo acabam contribuindo para a construção de um cenário diferente daquele que nos são sugeridos pelos parcos espaços de lazer formal e pelas condições de vida de uma parcela significativa desta comunidade.


Conclusão

    O estudo não identificou associação, para os níveis de significância estabelecidos, nos seguintes cenários: lazer dentro e fora de casa e público e privado. Para o lazer mimético e em contexto mimético encontramos associação, para os níveis estatísticos estabelecidos, nos três cenários levantados: sábado à tarde, domingo pela manhã e à tarde. Este dado coloca as crianças como sujeitos cujo discurso da experimentação de atividades emotivas tem um papel fundamental em sua formação. Apesar de os jovens viverem em uma região de exclusão, seu convívio comunitário não o faz refratário de experiências miméticas em espaços públicos. As relações de poder entre os diferentes grupos da comunidade apontam para a experimentação de atividades miméticas como algo típico do público infantil.

    A juventude e a infância não são metanarrativas que devem orientar nosso olhar a partir de categorias universais, pois o estudo identificou diferentes formas de vivenciá-los. Porém, é possível destacar que as experiências vividas pelas meninas são diferentes daquelas experimentadas pelos meninos. Neste sentido, não há como pensarmos as juventudes e as infâncias longe de outros arranjos sociais e históricos que tornam esta operação contingencial e imbricada a outros elementos.


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revista digital · Año 13 · N° 121 | Buenos Aires, Junio 2008  
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