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O desempenho do Brasil nas modalidades de combate nos Jogos 

Pan-americanos Rio 2007 e as perspectivas para Beijing 2008

Brazil’s performance in combat sports during the Panamerican Games and some perspectives to Beijing 2008

 

*Grupo de Estudos e Pesquisas em Lutas, Artes Marciais e Modalidades de Combate

da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo

**Faculdades Integradas Metropolitanas de Campinas

Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas

(Brasil)

Emerson Franchini*

efranchini@usp.br

Fabrício Boscolo Del Vecchio* **

fabricio_boscolo@uol.com.br

 

 

 

Resumo

          O objetivo do presente texto foi analisar os resultados brasileiros durante os Jogos Pan-americanos e identificar tendências de rendimento nos Jogos Olímpicos de Beijing nas modalidades de combate. Durante o primeiro evento, quase 25% das medalhas conquistadas por atletas brasileiros teve origem em modalidades de combate, sendo que mais da metade dos atletas dessas modalidades conseguiu classificação. Por outro lado, ainda há discrepância de desempenhos: no judô, 93% dos atletas conseguiram classificação, ao passo que na luta olímpica, ocorreu apenas uma conquista dentre 11 possíveis. Quanto à Beijing, reforça-se a idéia de que o nível técnico dos brasileiros é bastante variável em função das diferentes modalidades. Para a melhoria dos resultados existe a necessidade de: (1) dedicação integral dos competidores ao treinamento, com programas permanentes de incentivo fiscal e salarial, sem as incertezas geradas nas situações pós-eventos; (2) aumento da participação em treinamentos conjuntos e competições com os melhores atletas do mundo; (3) manutenção de, pelo menos, uma seleção permanente por modalidade, com assessoria técnica multidisciplinar.

          Unitermos: Artes Marciais. Esporte. Tendências. Classificação.

 

Abstract

          The objective of the present text was to analyze the Brazilian results during the Pan American Games and to identify performance trends to the Beijing Olympic Games for combat sports. During the first event, almost 25% of the total number of medals won by Brazilian athletes came from combat sports, with more than half of the athletes from these sports being able to classify. On the other hand, there is still some performance discrepancy among them: in judo 93% of the athletes obtained classification, but in wrestling there was only one medal won among 11. For Beijing, the same idea of technical level variation for the Brazilian athletes in the different sports is reinforced. For better results it is necessary: (1) full time training dedication from competitors, with permanent tax and salary inducement programs; (2) an increase of participation in both training camps and competitions with the world’s best athletes; (3) maintenance of, at least, one permanent team per sport, with multidisciplinary technical support.

          Keywords: Martial Arts. Sport. Trends. Classification.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 121 - Junio de 2008

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Introdução

    As modalidades de combate constituem parte considerável do programa olímpico atual, totalizando cerca de um quarto do total de medalhas de ouro disputadas em Atenas 20041. Portanto, o sucesso nessas atividades pode representar vantagem no desempenho geral de um país nas disputas internacionais. Desse modo, o objetivo do presente texto é realizar análise dos resultados durante os Jogos Pan-americanos e identificar tendências de rendimento para os Jogos Olímpicos de Beijing nas modalidades de combate.

    Especificamente nos Jogos Pan-americanos Rio 2007, quase um quarto das medalhas conquistadas por atletas brasileiros teve origem em modalidades de combate (Tabela 1), algo muito próximo do percentual (25,7%) que essas modalidades representam do total de medalhas disputadas na competição.

Tabela 1. Conquistas brasileiras em modalidades de combate em relação ao total de medalhas conquistadas pelos brasileiros.

Modalidade

Ouro

Prata

Bronze

Total

Todas

54

40

67

161

Boxe

1

1

6

8

Esgrima

0

0

3

3

Judô

4

6

3

13

Karatê

2

2

3

7

Lutas (livre e greco-romana)

0

1

2

3

Taekwondo

1

2

1

4

Modalidades de combate agrupadas

8 (14,8%)

12 (30%)

18 (26,9%)

38 (23,6%)

    Contudo, é mais correto considerar o total de medalhas em relação ao total de pódios destas modalidades (Tabela 2). Nesse caso, é possível perceber que mais da metade dos atletas conseguiu classificação.

Tabela 2. Atletas brasileiros classificados e total de categorias em disputa nas modalidades de combate dos Jogos Pan-americanos.

Modalidade

Atletas classificados

Total de categorias

Boxe

8

11

Esgrima

3

10

Judô

13

14

Karatê

7

9

Luta (livre)

1

11

Luta (greco-romana)

2

7

Taekwondo

4

8

Total

38

70

    É importante considerar que em algumas modalidades, o percentual de conquistas é muito elevado (como o judô, com 93% dos atletas conseguindo classificação), ao passo que em outras a necessidade maior desenvolvimento é nítida. Também é relevante notar que a modalidade de luta com menor percentual de atletas classificados (luta olímpica, com uma conquista em 11 possíveis), faz parte do programa olímpico moderno desde seu início em Atenas (1896), portanto bastante tradicional. Destaca-se que ela pode ser considerada como modalidade de baixo custo, por necessitar de pouco aparato tecnológico. Sua prática é viabilizada a partir da disponibilidade da área de luta para a iniciação, sendo possível adaptar o piso do judô para esta finalidade. Assim, programas bem estruturados de capacitação técnica, iniciação esportiva e maior incentivo aos atletas destas modalidades podem aumentar ainda mais o desempenho dos brasileiros em competições internacionais, principalmente nos Jogos Olímpicos, competição em que o desempenho nacional ainda não é tão elevado.

Nível técnico e perspectivas para Beijing 2008

    O nível técnico dos brasileiros é bastante variável em função das diferentes modalidades, pois existem algumas nas quais as principais potências mundiais pertencem ao nosso continente (caso do judô feminino e do boxe, modalidades em que Cuba se constitui como grande potência mundial), ao passo que, em outras, o nível é bem menor do que o olímpico, pois as forças mundiais são de outros continentes (caso da esgrima, por exemplo, cujos principais destaques são França, Itália, Hungria e Rússia)2.

    Desse modo, existem algumas considerações prévias aos Jogos Olímpicos de Beijing, em agosto próximo, que podem ser feitas por modalidade:

Boxe

    Ainda que baixa, há possibilidade de medalha, especialmente ao se considerar que os atletas brasileiros enfrentaram potências olímpicas na modalidade, como Cuba (vencedora de cinco categorias, dentre as 11 disputadas nos Jogos Olímpicos de Atenas, e maior vencedora da competição, com 32 títulos)3 e por isso não tiveram desempenho melhor. Junto a isto: i) durante os Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro, alguns atletas de Cuba desertaram da delegação e poderão não participar dos Jogos Olímpicos, e; ii) com a saída do presidente Fidel Castro, é possível que a atenção às diferentes modalidades seja diminuída, favorecendo outras nações. Neste mês de abril, o Brasil garantiu a participação em seis das 11 categorias de peso; no entanto, vale lembrar que o atleta da categoria até 64 kg está com importante lesão na mão, o que pode dificultar seu desempenho na competição em agosto4.

Esgrima

    Mesmo com disputas em três armas diferentes, espada, sabre e florete, além dos embates coletivos, a conquista de medalha nos próximos Jogos Olímpicos é pouco provável, em decorrência do reduzido número de praticantes e de atletas que consigam se dedicar exclusivamente à modalidade no Brasil. Somam-se a isso dois aspectos.

    O primeiro diz respeito à conduta técnica de seletiva adotada pela Confederação Brasileira da modalidade, ao propor avaliação cardiorrespiratória, destacadamente o teste de potência aeróbia, para identificação dos praticantes que representaram o país nos Jogos Pan-americanos. A Confederação Brasileira de Esgrima, em junho de 2003 lançou nota sobre o processo seletivo dos competidores que iriam participar dos XIV Jogos Pan-americanos. Na oportunidade, consideraram-se o ranking nacional, indicadores técnicos e os indicadores de capacidade física. Nestes últimos, destacam-se o teste de Cooper, sendo que homens deveriam cumprir 3000 metros e mulheres, 2600 metros5. Embora o componente aeróbio esteja presente na competição de esgrima6, ele não é determinante para o êxito na modalidade, que se manifesta em uma pista de 14 metros e tem sido questionada inclusive pelos próprios atletas, os quais a boicotam e têm deixado de participar de competições, tanto por desclassificações, lesões ou opção7. Ainda, o esgrimista brasileiro melhor ranqueado, Roberto Lazzarini, ficou fora dos Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro por não obter o índice supracitado. Isto se deu mesmo contando com parecer médico, e ação judicial7, a qual foi derrubada por desembargador da Terceira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro8. Por outro lado, investigação comparando esgrimistas e pentatletas brasileiros observou que os primeiros não têm rendimentos inferiores apenas no componente aeróbio, mas também no teste de 50 metros9, o que demonstra que os aspectos físicos não parecem ser o principal componente da modalidade.

    Já o segundo, é o fato de os atletas de países do continente americano terem conquistado apenas duas medalhas nos últimos Jogos Olímpicos, isto é, os países de maior tradição na esgrima e com melhores resultados nos últimos Jogos (França, Itália, Hungria, Rússia e Suiça) são europeus.

Judô

    A modalidade tem reais condições de obtenção de medalha nos próximos Jogos Olímpicos, e até a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) espera mais de três pódios, superando Los Ângeles, em 198410, por diversos aspectos: 

  1. os brasileiros têm conseguido medalha nos últimos seis Jogos Olímpicos, indicando tradição na competição; 

  2. em Atenas, 16% do total de medalhas foram ganhas por países do continente americano, apontando que as disputas nos Jogos Pan-americanos podem ser consideradas como bom indicativo do nível internacional, especialmente se levarmos em conta que o judô brasileiro chegou a 10 finais, dentre 14 possíveis, na competição recém encerrada; 

  3. vários atletas conseguem se dedicar integralmente à modalidade e têm conseguido resultados expressivos em etapas da Copa do Mundo, mais recentemente uma das atletas obteve pódio (terceiro lugar) e outra, com apenas 16 anos, sagrou-se campeã da etapa húngara; 

  4. a equipe feminina tem contado com apoio científico da rede CENESP (especificamente da UFMG), o que pode ter contribuído para a melhoria do resultado e, talvez, auxiliar na melhor preparação visando à conquista da primeira medalha olímpica pelas judocas brasileiras.

    Outro aspecto positivo no processo de preparação é que as equipes foram definidas com cerca de cinco meses de antecedência ao evento principal, diferentemente do que ocorreu em 2007, quando a equipe foi definida apenas dois meses antes dos Jogos Pan-americanos;

Karatê

    A modalidade não consta na disputa dos Jogos Olímpicos. Contudo, merece destaque o fato da modalidade ter realizado seu melhor resultado na história dos Jogos Pan-americanos. Em parte, isso se deve à melhor estruturação da comissão técnica (contando com equipe multidisciplinar assessorando os atletas) e à realização de testes para acompanhamento da evolução da condição física do(a)s atletas na rede CENESP-EEFE-USP;

Luta

    É pouco provável a conquista de uma medalha olímpica na luta, pois além de países de grande expressão na modalidade no continente americano (Cuba e Estados Unidos) é preciso considerar o predomínio dos países do ex-bloco socialista (das 18 medalhas de ouro em disputa em Atenas, 11 foram conquistadas por países que pertenciam a esse bloco, das quais 10 por países da ex-URSS) e a ascensão dos países orientais (Japão, China e Coréia do Sul) no quadro de medalhas, especialmente após a inclusão das disputas femininas. Além disso, o discurso de vários atletas brasileiros da luta foi direcionado a pedidos por melhores condições de treinamento, o que indica que a melhoria do desempenho pode ser obtida em médio prazo, desde que essas reivindicações sejam atendidas. A esse respeito, a conquista de patrocínio da Caixa Econômica Federal pode ser o início desse processo. Adicionalmente, houve a conquista de vaga inédita de uma atleta para os Jogos Olímpicos, com Rosângela Conceição, que derrotou atletas de países com razoável expressão na luta12. Por outro lado, o atleta mais experiente da luta, Antoine Jaoude, o único brasileiro representando a modalidade nos Jogos Olímpicos de Atenas, não conseguiu vaga para Beijing13,14.

Taekwondo

    É possível que os atletas brasileiros conquistem medalha nesta modalidade, desde que os pedidos de melhores condições de treinamento feitos pelo único brasileiro campeão na modalidade nos Jogos Pan-americanos (Diogo Silva) sejam considerados pela Confederação Brasileira de Taekwondo, pelo Comitê Olímpico Brasileiro ou pela iniciativa privada15. A possibilidade de conquista de medalha nos Jogos Olímpicos é aumentada pelo fato do Brasil contar com uma campeã mundial e pelo fato de que os países do continente americano terem conquistado 25% das medalhas disputadas em Atenas, indicando que a competição continental pode ser um bom parâmetro do nível olímpico dos atletas brasileiros. Em evento internacional recente, o Aberto da Espanha, três brasileiros obtiveram excelentes resultados: foram conseguidas duas medalhas de bronze e uma de prata, e agora farão estágio de 20 dias na Coréia do Sul.

Wushu

    A proposta inicial era de inserção na qualidade de modalidade de exibição durante estes Jogos Olímpicos de Beijing. As disputas de luta (sanshou) contavam com o favoritismo elevado do país-sede; por outro lado, a atleta brasileira Ariana Ortega recentemente obteve primeiro lugar no Campeonato Mundial da modalidade. Frente à distribuição elevada de medalhas para as lutas e às indicações do presidente da Associação Chinesa de Wushu, que a modalidade precisa ter melhor padronização e maior popularidade e considerando que o próprio presidente do COI, Jacques Rogge, é oposto à inserção de novas modalidades no programa olímpico, a modalidade não foi incluída como planejado inicialmente16.

Considerações finais

    Em oposição às baixas expectativas de medalhas, o descompasso se deve, basicamente, ao aumento do nível competitivo. Alguns fatores podem contribuir para a melhoria do desempenho dos atletas brasileiros: 

  1. possibilidade de dedicação integral ao treinamento, com programas permanentes de incentivo fiscal e salarial, sem as incertezas geradas nas situações pós-eventos; 

  2. aumento do intercâmbio com atletas das principais potências das modalidades por meio de treinamentos conjuntos e participação em competições internacionais, como as etapas européias da Copa do Mundo de Judô; 

  3. estruturação de, pelo menos, uma seleção permanente por modalidade, com assessoria de equipe técnica de caráter multidisciplinar.

Referências

  • Franchini E. As modalidades de combate nos Jogos Olímpicos. In: Moragas M, DaCosta LP, organizadores. Universidade e Estudos Olímpicos. Barcelona: Centre d'Estudis Olímpics, Servei de Publicacions, 2007. p. 716-724.

  • COI - Comitê Olímpico Internacional. Disponível em http://www.olympic.org, [2007 dez 22].

  • FOLHA DE SÃO PAULO. Favoritos: Só dois cubanos tentam vaga. São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2008a. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk2504200820.htm, [2008 abr 25].

  • FOLHA DE SÃO PAULO. Seis brasileiros subirão ao ringue nos Jogos de Pequim. São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2008b. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk0105200809.htm, [2008 mai 01].

  • CBE - Confederação Brasileira de Esgrima. Nota oficial 03/2003 - XIV JOGOS PAN-AMERICANOS. Disponível em http://www.cbe.com.br, [2008 abr 28].

  • Dantas EHM. Aspectos de um treinamento para esgrima. Rev Educ Fís 1979; 107(2):57-64.

  • UOL. Confederação de Esgrima impõe corrida como eliminatória no Pan. Reportagem de 18/05/2007. Disponível em http://esporte.uol.com.br/pan/2007/ultnot/2007/05/18/ult4671u2.jhtm, [2008 abr 25].

  • JURISTAS. Justiça confirma validade de teste físico. Reportagem de 09/07/07. Disponível em http://www.juristas.com.br/n_32139~p_125~justica+confirma+validade+de+teste+fesico, [2008 abr 25].

  • Lima ESC, Canépelle DL, Campos FKD, Loureiro FS, Nogueira VA, Ferreria RN, et al. Estudo comparativo dos aspectos morfofisiológicos entre pentatletas modernos e esgrimistas de espada de alto rendimento. Rev Educ Fís 2006, 135(1): 13-21.

  • FOLHA DE SÃO PAULO. Recorde: CBJ espera mais de 3 pódios em Pequim. São Paulo, domingo, 20 de abril de 2008c. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk2004200841.htm,[2008 abr 20].

  • CBJ. Proposta de calendário. Disponível em http://www.cbj.com.br/docs_oficiais/PROPOSTA%20CALENDARIO%202008-03%20dez%2007.doc, [2008 abr 28].

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  • ASIAONE. Olympics: Kung fu out in Beijing Games cold. Reportagem de 17/01/2008. Disponível em http://www.asiaone.com/News/Latest%2BNews/Sports/Story/A1Story20080117-45409, [2008 abr 28].

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