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Representação: controle e subjetivação

 

 Graduado em Educação Física pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS.

Coordenador do GEMC – Grupo de Estudo Movimento Crítico

(Brasil)

Vitor Jatobá

vitorjatoba@gmail.com

 

 

 

Resumo

          Os discursos existentes nas mídias tendem a controlar e a criar padrões no intuito de controlar aspectos físicos e atitudes dos sujeitos sociais, este controle atua na sociedade por intermédio das representações pela mídia apresentada. Impossível não sermos em parte constituintes deste processo de subjetivação, pois somos ao mesmo tempo autores e telespectadores. 

          Unitermos: Representação. Controle. Subjetivação. Mídia. Adolescência.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 118 - Marzo de 2008

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    Ao pensar em representação devemos estar atentos no que está sendo representado e por que meio esta representação está sendo apresentada. Ao olharmos os discursos apresentados a nós por intermédio das representações de corpos, podemos perceber que apesar do discurso não ser material, adquire a “materialidade, pois é justamente na matéria que ele tem efeito e lugar” (NAVARRO-BARBOSA, 2004: 118), afirmo assim, que o discurso uma vez produzido no interior de uma prática que emprega estratégias de manipulação do real, nos condiciona a subjetivação.

    Tendo em vista que nossa identidade não é algo definitiva e acabada, e que “são as práticas de subjetivação que produzem a identidade em um processo de constante mutação” (NAVARRO-BARBOSA, 2004: 121), concordo com Milanez quando o mesmo afirma que “somos o resultado de uma fabricação que se dá no interior do espaço delimitado pelo ser-saber, do ser-poder e do ser-si” (2004: 183). Sendo as definições, segundo o autor, as seguintes:

    O ser-saber é determinado pelas duas formas que assumem o visível e o enunciado num momento marcado; o Ser-poder é determinado nas relações de força, variáveis de acordo com a época; enquanto o Ser-si é determinado pelo processo de subjetivação (2004: 184).

    Um dos grandes problemas atuais relacionados à subjetivação é que a “mídia está desenvolvendo um trabalho de controle sobre as práticas linguageiras e corporais” (PIOVEZANI, 2004: 148), utilizando-se da subjetivação para instigar os sujeitos a praticarem técnicas de si, em busca de uma identidade própria ou do grupo.

    Este processo que é liderada ou difundida pela mídia, segundo Gregolin (apud. MILANEZ: 186), deve ser entendido como um poderoso dispositivo de produção de identidade.

    Em sua maioria, estas produções são destinadas ao público adolescente, que genialmente é descrito pela autora Oliveira (2004: 203) como:

    A adolescência é a fase chamada crise de identidade, marcada por transformações fisiológicas; uma confusão que desencadeará um processo de identificação com pessoas, grupos e ideologias, que se tornarão uma espécie de identidade provisória ou coletiva, até que a crise em questão seja resolvida e uma identidade autônoma seja construída.

    Apesar da descrição definir de uma forma incisiva a crise de identidade adolescente, pergunto-me se após todo este processo de apropriação de características de diversas identidades somada com a constante subjetivação a qual estamos sujeitos, seria possível possuir uma identidade realmente autônoma?

    Concordo com a autora quanto à afirmação de que os adolescentes são os mais influenciados ou influenciáveis dentro deste processo, e que devemos estar muito atentos a esta questão. Mas esta forma de controle/poder está voltada para todas as idades e não somente para os adolescentes.

    O poder a qual me refiro, utilizando as palavras de Navarro-Barbosa (2004: 112), é aquele que:

    Fala de ideologia determinando aquilo que o sujeito pode e deve falar; É a interdição em procedimentos que criam um jogo de fronteiras, limites, supressões que tentam controlar a produção dos discursos na sociedade, por meio desses mecanismos coercitivos, impondo regras para quem deseja entrar em sua ordem.

    Este poder disciplinalizante gera e gere a vida dos corpos e do meio social (PIOVEZANI, 2004), nos impõem as suas vontades sem ao menos demonstrar a sua existência. Nos faz acreditar que é verdade aquilo que nos faz imaginar, tornando-nos meras marionetes a mercê de suas vontades.

    Em momento nenhum aqui penso em dar uma solução para esta questão, acredito que a informação possa diminuir estas interferências, pois acredito ser impossível não termos uma mínima interferência destes processos, pois os meios que se perpetuam é constante, estão em toda parte, nas ruas, nas paredes, em outdoors e em revistas, e até mesmo dentro de nossas casas através da televisão.

    Termino afirmando que a representação não é vista somente como reflexo, mas também como constituinte, fazendo parte da construção do significado, não apenas reproduzindo, mas também o produzindo (PILOTTO, 2000), e todos nós somos sujeitos ativos e passivos destas na criação de novas subjetivações, formas de controle ou representações.

Referências

  • MILANEZ, Nílton. A disciplinaridade dos corpos: o sentido em revistas. In: SARGENTINI, Vanice; 

  • NAVARRO-BARBOSA, Pedro (Org.). Foucault e os domínios da linguagem: Discurso, poder e subjetividade. São Carlos: Claraluz, 2004. P. 183 – 200.

  • NAVARRO-BARBOSA, Pedro Luis. O acontecimento discursivo e a construção da identidade na história. In: SARGENTINI, Vanice;

  •  NAVARRO-BARBOSA, Pedro (Org.). Foucault e os domínios da linguagem: Discurso, poder e subjetividade. São Carlos: Claraluz, 2004. P. 97 – 132.

  • OLIVEIRA, Maria Regina Momesso de. Weblogs: a exposição de subjetividades adolescentes. In: SARGENTINI, Vanice; 

  • NAVARRO-BARBOSA, Pedro (Org.). Foucault e os domínios da linguagem: Discurso, poder e subjetividade. São Carlos: Claraluz, 2004. P. 201 – 216.

  • PILOTTO, Fátima Maria. A pedagogia esportiva da mídia. Porto Alegre: UFRGS, 2000. 80 P.

  • PIOVEZANI, Carlos. Entre vozes, carnes e pedras: a língua, o corpo e a cidade na construção da subjetividade contemporânea. In: SARGENTINI, Vanice; 

  • NAVARRO-BARBOSA, Pedro (Org.). Foucault e os domínios da linguagem: Discurso, poder e subjetividade. São Carlos: Claraluz, 2004. P. 133 – 158.

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