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Atividade física e estilo de vida de
idosos com idade entre 60 a 69 anos
Physical activity and senior's lifestyle age between 60 and 69 years

   
*Acadêmico do Curso de Ed. Física, 8ª fase
das Faculdades Integradas FACVEST.
**Fisioterapeuta Mda. em Ciências do Movimento
Humano-UDESC. Profa das Faculdades Integradas FACVEST.
(Brasil)
 
 
Everton Pileski Pereira* | Jaisson Ricardo Bona*  
Diego Lopes* | Tiago Bastos de Lima*  
Daniela Branco Liposcki**
pylesky@yahoo.com.br
 

 

 

 

 
Resumo
     Objetivo: verificar a relação da prática regular de atividade física (AF) e o estilo de vida dos idosos. Metodologia: pesquisa descritiva transversal, com amostra de 107 idosos, com idades entre 60 e 69 anos, de ambos os sexos, residentes na cidade de Lages, SC. Teve como instrumento de coleta dos dados o Pentáculo do Bem-Estar (NAHAS, 2000). Para análise dos dados foi utilizado o programa informático SPSS, através de estatística descritiva e testes não-paramétricos, Pearson Qui-quadrado, com nível de significância de 5%. Resultados: amostra composta por 107 idosos, sendo 45 do sexo feminino (42,1%) e 62 do masculino (57,9%), com média de idade de 64,25 anos (sd=3,04). Houve relação estatisticamente significativa entre a prática de AF com alguns fatores avaliados: Fator nutrição (p=0,030) quando relacionada à ingestão de alimentos gordurosos; Fator Atividade Física (p=0,032) à realização de exercício de alongamento e força; Fator Comportamento Preventivo (p=0,030) ao conhecimento de P.A. e colesterol; Fator Relacionamento Social (p=0,005) ao reunir-se com amigos como forma de lazer; Fator Controle de Stress (p=0,05) ao destinarem tempo para relaxar diariamente. Conclusão: Este estudo demonstra que os indivíduos que possuem orientações e estão bem informados, estão ativos e visam à prática algum tipo de atividade física, no entanto são mais saudáveis e possuem melhor estilo de vida, quando relacionados aos demais. Verificou-se que são necessários novos estudos nessa área, almejando maiores esclarecimentos sobre os comportamentos avaliados.
    Unitermos: Atividade física. Estilo de vida. Idosos.
 
Abstract
     Objective: To verify in relation to in habitual practies of the senior´s activity physical in their lifestyle. Methodology: Reasearches descriptive transverse with senior sample from 107, ages between 60 and 69 years, of both sexes, residents in Lages, SC. Had as instrument information´s collect "O Pentáculo do Bem-Estar (NAHAS, 2000)". In order to analyze the information it was used the program of computer science SPSS through descriptive statistics and no parametric tests, Pearson Qui-quadrado, by level around 5%. Results sample composed by 107 senior, being 45 female sex (42,1%) and 62 male (57,9%), average of age 64,25 years (sd=3,04). There was significant statistically relation among AF practices with some appraised factors. Nutrition factor (p=0,030) when related the ingestion of fat food; Physical activity factor (p=0,032) accomplishment of lengthening exercises and strength; Behavior preventive factor (p=0,030) knowledge of P.A and cholesterol; Stress control factor (p=0,05) they destine equase time to relax daily. Conclusion: This study demonstrates that own individuals orientations and they are very informed, they are active and they seek practices some type of physical active, however they are healthier and they own better lifestyle when related to the others. It verify that are necessary new studies in that area longing for larger knowledge about the appraised behaviors.
    Keywords: Physical activity. Lifestyle. Senior's.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 118 - Marzo de 2008

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Introdução

Justificativa

    A sociedade está em constante evolução, com isso vários temas despertam preocupações e vão-se modificando a cada momento conforme muda a população, suas necessidades e seus interesses. Segundo Pont Geis (2003), um dos temas que mais preocupam atualmente é o da terceira idade. Em conseqüência, surgem temas de interesse relacionados diretamente com esse grupo social, tais como: o cuidado com o corpo, a melhora da qualidade de vida, a vivência de uma vida saudável e independente.

    De acordo com Pont Geis (2003), a velhice é uma etapa da vida onde o indivíduo deve estar preparado para vivê-la da melhor maneira possível. O ser humano nasce, cresce, amadurece e envelhece. Deve-se aceitar todo o processo e adaptar-se física e psicologicamente a cada uma de suas etapas. À medida que o mesmo torna-se adulto, essa evolução é mais lenta, ou, ao menos, mais latente. De uma fase em diante chega o momento da involução, inicia-se assim o envelhecimento e logo os cabelos brancos, rugas, flacidez manifestam-se. Os órgãos sinalizam cansaço, aparecem dores articulares e musculares, problemas respiratórios e circulatórios. Coincidentemente estes sinais aparecem próximos aos 65 anos de idade ou juntamente com a aposentadoria. Apesar de cada organismo envelhecer de forma diferenciada, ou seja, mais lenta ou rápida, caracteriza-se uma involução e suas causas são um mistério. Trabalhos já realizados demonstram que cada indivíduo involui de forma diferente e é influenciado pelo meio onde vive.

    Segundo Simão (2004), o envelhecimento acarreta uma série de alterações fisiológicas que, progressivamente, diminuem a capacidade funcional dos indivíduos. A manutenção ou melhoria desta capacidade é muito importante, pois permite maior independência do idoso na execução das atividades da vida diária (AVDS). Outra conseqüência do processo de envelhecimento é o declínio gradual da capacidade de desempenho muscular, provocando a redução da aptidão funcional e do desempenho físico, pois a força está associada à quantidade de atividades cotidianas. Níveis moderados de força são necessários para a realização de atividades profissionais e de lazer. A manutenção da força também envolve aspectos preventivos referentes à instabilidade articular, diminuição de riscos de quedas, osteoporose e manutenção da potência aeróbia.

    Segundo Gonçalves (2004), atualmente, a população mundial, sobretudo nos países desenvolvidos, tem apresentado um aumento na expectativa de vida. Dados coletados pelo IBGE (2003 apud GONÇALVES, 2004), relatam que, no Brasil, essa prospecção ao longo dos anos evoluiu da seguinte forma: em 1950 a expectativa de vida era de 43,3 anos; em 1980 aumentou para 60,1 anos e, em 1999, subiu para 68, 4 anos, fenômeno este que vem sendo observado desde o século XIX.

    Conforme dados do IBGE (2000), estima-se que no Brasil passará de 4% (41.236.315) de idosos em 1940, para 14,7% (210.615.883) em 2020, ou seja, em 80 anos triplicará esse grupo etário.

    Segundo Nascimento e Silva (1998), as implicações às necessidades básicas dos idosos, devido ao significativo aumento de sua população, tornaram-se motivo de grande preocupação das autoridades responsáveis pelas políticas públicas de ação específica sobre os idosos, para a promoção de seu bem-estar.

    Alimentação e prática de atividade física regular são aliados essenciais para se ter um envelhecimento saudável e bem sucedido. Se o indivíduo realizar atividade física desde a sua infância, vai ter um estilo de vida ativo e saudável, sendo que na velhice vai ter essas influências visando uma melhor qualidade, autonomia e independência (MAZO, 2004).

    É de grande interesse da comunidade científica, a realização de estudos inerentes ao processo de envelhecimento. Pois, de acordo com Kauffman (2001) a compreensão emergente da fisiopatologia do envelhecimento, ajudará nos esforços dos profissionais da área da gerontologia para manter a independência das pessoas idosas.


Objetivos

  • Avaliar o estilo de vida de idosos com idades entre 60 e 69 anos, residentes na cidade de Lages, SC.

  • Verificar se há relação entre a prática de atividade física (AF), com as demais variáveis avaliadas; nutrição, comportamento preventivo, relacionamento social, controle do stress, com idosos na faixa etária entre 60-69 anos residentes na cidade de Lages, SC.


Metodologia

    Pesquisa descritiva transversal, com amostra total de 107 idosos, com idades entre 60 e 69 anos, de ambos os sexos. A amostra foi coletada aleatoriamente, na cidade de Lages - SC, e teve como instrumento de coleta dos dados o Pentáculo do Bem-Estar (NAHAS, 2000): questionário composto por 15 questões, envolvendo nutrição, atividade física (AF), comportamento preventivo, relacionamento social e controle de stress; onde o idoso teve as seguintes opções de resposta: (0) nunca; (1) às vezes; (2) quase sempre; (3) sempre.

    Para análise dos dados foi utilizado o programa informático SPSS, através de estatística descritiva e testes não-paramétricos, Pearson Qui-quadrado, com nível de significância de 5%.


Resultados e discussão

    Amostra composta por 107 idosos, sendo 45 do sexo feminino (42,1%) e 62 do masculino (57,9%), com média de idade de 64,25 anos (sd=3,04).

    Quando analisados os componentes que compõem o Pentáculo do Bem-Estar (NAHAS, 2000), observou-se a freqüência dos seguintes resultados, que estão distribuídos na tabela a seguir:

    Quando relacionada à atividade física ao fator "nutrição", verificou-se que os indivíduos do sexo masculino ingerem maior quantidade de frutas e verduras diárias. Apesar de não haver relação estatisticamente significativa entre a prática de atividade física regular e a ingestão de pelo menos cinco porções de frutas e verduras diariamente, p=0,439.

    Verificou-se também, que os indivíduos do sexo feminino ingerem maior quantidade de alimentos que contenham gorduras. Porém, quando relacionada à prática de atividade física, encontrou-se um nível de significância p=0,030, sendo que 100% das mulheres que "sempre" praticam AF, "sempre" ou "quase sempre" evitam alimentos gordurosos, e 79% dos homens também evitam.

    E quando questionados quanto ao número de refeições, os indivíduos do sexo feminino alimentam-se melhor, fazendo quatro ou cinco refeições variadas ao dia incluído café da manhã completo. Apesar de não haver relação estatisticamente significativa, p=0,307, entre à prática de atividade física, o número de refeições e o sexo.

    Com relação aos resultados encontrados por Tavares (1997), quanto à ingestão dos diversos grupos alimentares, não foi identificado nenhum dado significativo de ingestão deficiente, já que a grande maioria ingere alimentos de todos os grupos sete vezes por semana. Tal resultado se confirma com o baixo percentual encontrado de pessoas com baixo peso (IMC < 18,5 kg/m2): apenas 1%, bem abaixo dos resultados encontrados na Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN), realizada em 1989 com a população brasileira, que foram 7,8% para homens e 8,4% para mulheres.

    Para Nogués (1995), os idosos apresentam condições peculiares que condicionam o seu estado nutricional. Alguns desses condicionantes são devidos às alterações fisiológicas próprias do envelhecimento, enquanto outros são influenciados pelas enfermidades presentes e por fatores relacionados com a situação socioeconômica e familiar.

    Em estudos realizados por Podrabsky (1995), o estado de ânimo do idoso para ingerir o alimento é, muitas vezes, modificado por atitudes simples, como posicionar-se confortavelmente à mesa em companhia de outras pessoas. Os levantamentos que comparam participantes idosos de Programa de Alimentação com não participantes mostraram que o fornecimento de energia, e a ingestão de proteína, vitaminas e minerais pelo primeiro grupo foi aumentado. Segundo Nogués (1995), isso indica que a integração realmente tem conotação social muito importante na alimentação do idoso e influencia na aceitação ou na recusa do alimento.

    Já outros autores Nogués (1995); Watkin (1982); Wenck et al. (1983); Quintero-Molina (1993), referem-se que na velhice ocorrem mudanças progressivas no organismo, o que conduz a efetivas reduções nas funções fisiológicas. As mudanças fisiológicas que interferem no estado nutricional são: diminuição do metabolismo basal, redistribuição da massa corporal, alterações no funcionamento digestivo, alterações na percepção sensorial e diminuição da sensibilidade à sede. Com exceção das duas primeiras, todas as outras podem interferir, diretamente, no consumo alimentar.

    Quando analisado o fator "atividade física", verificou-se que não houve relação estatisticamente significativa entre sexo, idade e a prática de AF, p=0,230. Mas, observou-se uma maior porcentagem de praticantes no sexo masculino.

    Houve relação estatisticamente significativa, p=0,032 entre a prática dos exercícios que envolvam força e alongamento muscular. Sendo que, 68,8% das mulheres que "sempre" praticam AF, "sempre" ou "quase sempre" realizam exercícios que envolvam força e alongamento muscular, e 50% dos homens que "sempre" praticam AF "nunca" ou "às vezes" realizam exercícios que envolvam força e alongamento muscular.

    Quanto à caminhar ou pedalar como forma de transporte, não houve relação significativa (p=0,253), mas observou-se que 60,5% dos homens que "sempre' praticam AF, "sempre" no dia a dia caminham ou pedalam como forma de transporte e, preferencialmente utilizam escada ao invés de elevador".

    As autoras Berger e McInman (1983), realizaram alguns estudos que mostram que idosos praticantes de atividade física têm características de personalidade mais positivas do que idosos não praticantes. As pessoas que sempre fizeram atividade física mostram-se mais confiantes e emocionalmente mais seguras. Para estas autoras, idosos fisicamente ativos tendem a ter melhor saúde e mais facilidade para lidar com situações de estresse e tensão e atitudes mais positivas para o trabalho, reforçando a correlação forte que existe entre satisfação na vida e atividade física. As autoras apontam que estudos sobre a relação entre atividade física e satisfação de vida mostram que os sentimentos positivos de auto-estima e auto-imagem são prevalecentes em tal relação.

    Em estudos realizados por Franchi (2005), a prática de atividade física também promove a melhora da composição corporal, a diminuição de dores articulares, o aumento da densidade mineral óssea, a melhora da utilização de glicose, a melhora do perfil lipídico, o aumento da capacidade aeróbia, a melhora de força e de flexibilidade, a diminuição da resistência vascular. E, como benefícios psicossociais encontram-se o alívio da depressão, o aumento da auto-confiança, a melhora da auto-estima.

    Em estudos realizados por Matsudo (2000), referentes aos efeitos do envelhecimento e sua relação com a aptidão física, verifica-se que à medida que aumenta a idade cronológica às pessoas se tornam menos ativas, suas capacidades físicas diminuem e, com as alterações psicológicas que acompanham a idade (sentimento de velhice, estresse, depressão), existe ainda diminuição maior da atividade física que conseqüentemente, facilita a aparição de doenças crônicas, que, contribuem para deteriorar o processo de envelhecimento. Mais que a doença crônica é o desuso das funções fisiológicas que pode criar mais problemas. De acordo com Kuroda e Israell (1988), a maioria dos efeitos do envelhecimento, acontece por imobilidade e má adaptação e não por causa de doenças crônicas.

    Quando relacionada a atividade física ao fator "comportamento preventivo", verificou-se que 94,1% das mulheres e 44% dos homens, que "quase sempre" praticam AF, "sempre" controlam a pressão arterial e níveis de colesterol, havendo relação estaticamente significativa (p=0,030).

    Verificou-se também, que os indivíduos do sexo feminino, tendem a não fumar ou ingerir álcool, ou seja, se previnem contra o tabagismo e o alcoolismo e se encontram melhor que os indivíduos do sexo masculino, porém não houve relação estatisticamente significativa com a prática de atividade física (p=0,127).

    Quanto ao uso do cinto de segurança, indivíduos do sexo feminino, sempre utilizam cinto de segurança, respeitam as normas de transito, nunca ingerindo álcool se vão dirigir, ou seja, possuem uma melhor educação e respeitam as normas trânsito que se deve seguir, se previnem mais do que os indivíduos do sexo masculino. Mas, não houve relação estatisticamente significativa com a prática de atividade física (p=0,133).

    Segundo Ciampa, (1984), o homem está interligado ao meio em que se insere tanto como produto quanto como produtor da sua história e também da história da sua sociedade. Os homens são os personagens de uma história que eles mesmos criam fazendo-os autores e personagens ao mesmo tempo. O ser humano não sobrevive por si mesmo, nem se constrói como tal.

    Para Bonin, (1998), constitui-se mediante uma "rede de inter-relações em movimento", tendo presente que o sujeito é ativo, orienta-se no mundo e é capaz de tomar decisões. O indivíduo histórico-social é também um ser biológico, constitui-se através da "rede de inter-relações sociais". Nesse sentido, é necessário entender o idoso integrado a um setor social e capaz de participar ativamente de sua comunidade. Em decorrência, as questões da velhice assumem dimensões que são reveladas nos aspectos demográficos, sociais e econômicos.

    O comportamento preventivo deve ser habitualmente praticado, com intuito de manter-se longe ou fora do alcance de várias doenças, possuir um nível de estilo de vida assegurado e conseqüentemente retardando o aspecto do envelhecimento.

    Quando relacionada à atividade física ao fator "relacionamento social", verificou-se que não houve relação significativa entre a prática de atividade física e o cultivo das amizades e satisfação com os relacionamentos (p=0,04), mas observou-se uma tendência de quem "sempre" pratica AF, procurar cultivar amigos e estar satisfeito com seus relacionamentos.

    Houve relação significativa entre a pratica de atividade física e no lazer incluir reuniões com amigos (p=0,005), sendo que 66,7% das mulheres que somente "às vezes" praticam AF, "nunca" no lazer incluem reuniões com amigos, atividades esportivas em grupo, participação em associações.

    Apesar de não haver uma relação estatisticamente significativa entre a prática de atividade física e ser útil na comunidade (p=0,08), observou-se que 60,5% dos homens e 12,5% das mulheres que "sempre" praticam AF, "sempre" procuram ser ativo na comunidade, sentindo-se útil no ambiente social.

    Segundo Cagigal (1981), uma pessoa que realiza atividade física em grupo e se perceba integrada ao mesmo dificilmente se sentira só. O homem é incontestavelmente um ser social, pois é feito para a relação com outros homens. Dois antropólogos tão distintos como M. Mead e Lévi - Strauss concordam em certas grandes constantes humanas nas relações entre as pessoas: a necessidade de companhia, de compaixão, a capacidade de compreensão, a importância de tolerar, a necessidade e o desejo de comunicar, a constituição de vida comunitária.

    Em estudos realizados por Dumazedier (1973), lazer é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou, ainda, para desenvolver sua informação ou sua formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora, após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais.

    Segundo estudos realizados por Neri (1993), avaliar a qualidade de vida do idoso implica a adoção de múltiplos critérios de natureza biológica, psicológica e socioestrutural, pois vários elementos são apontados como determinantes ou indicadores de bem-estar na velhice: longevidade, saúde biológica, saúde mental, satisfação, controle cognitivo, competência social, produtividade, atividade, eficácia cognitiva, status social, renda, continuidade de papéis familiares, ocupacionais e continuidade de relações informais com amigos.

    Quando relacionada à atividade física ao fator "controle de stress", verificou-se que 88,2% das mulheres e 55,6% dos homens que "quase sempre" praticam AF, "sempre" reservam ao menos cinco minutos diariamente para relaxar, possuindo relação estatisticamente significativa (p=0,05%). E constatou-se que não houve uma relação significativa entre a prática de AF e manter uma discussão sem se alterar mesmo quando contrariado (a) (p=0,909).

    Quanto ao equilíbrio entre o tempo dedicado ao trabalho e o dedicado ao lazer, houve uma tendência de os indivíduos do sexo masculino apresentarem respostas mais favoráveis do que em relação ao feminino, apesar de não haver uma relação estatisticamente significativa entre esse comportamento com a prática de atividade física (p=0,472).

    Estudo demonstrado por Gazalle (2004), apontam que tanto os sintomas depressivos isoladamente quanto a média desses sintomas encontrados na amostra de idosos foram altos, devido à ausência de disposição para a prática de AF, outros por tabagismo, morte de familiar entre outros.

    Já em estudos realizados por Meyerowitz e col., (1998); Modood e col., (1997); Williams & Collins, (1995), demonstram que a saúde dos grupos minoritários é geralmente pobre, com riscos acrescidos em relação à diabetes, doenças cardiovasculares, obesidade e depressão.Identificaram-se vários fatores associados: práticas sociais de racismo e discriminação; estatuto socioeconômico baixo; etnocentrismo dos serviços de saúde; diferentes comportamentos protetores da saúde, dependentes da cultura e da diferentes normas sociais e expectativas; diferenças na rapidez de reconhecimento de sintomas e no desencadeamento dos comportamentos de procura de cuidados de saúde; diferenças na acessibilidade aos serviços de saúde; níveis elevados de stress; menor controle pessoal sobre os acontecimentos.


Conclusão

    Percebeu-se que por meio deste estudo, quando relacionada à prática de atividade física ao estilo de vida dos idosos, somente houve significância nas questões (B) quando relacionada à ingestão de alimentos gordurosos; (E) se realizam exercício de alongamento e força; (G) ao conhecimento de P.A. e colesterol; (K) reunião com amigos como forma de lazer; (M) e se destinam tempo para relaxar diariamente. Verificou-se também que os indivíduos que estão ativos possuem uma melhora significativa em seu estilo de vida, mesmo em desequilibro com os outros itens relacionados ao estudo, pois os mesmos têm grande importância quando relacionados ao estilo de vida. Contudo nota-se que, para os idosos possuírem uma qualidade de vida e uma longevidade contínua, os mesmo devem receber orientação, seja, de um educador físico, nutricionista, fisioterapeuta e/ou médico. Verificou-se que são necessários novos estudos, abrangendo essa população para se ter maiores esclarecimentos sobre os comportamentos avaliados.


Anexos


Referências

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