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Comparação entre três diferentes métodos de treinamento
para aprimoramento do salto vertical de jogadoras de voleibol
Comparison between three differents methods of training for improvement of the vertical jump of volleyball players

   
*Centro Universitário do Triangulo - UNITRI - Uberlandia- MG.
**Faculdade de EF da Universidade Federal de Uberlândia - UFU - Uberlândia - MG.
***Centro Universitário do Triangulo - UNITRI - Uberlândia - MG;
Centro Universitário do Planalto de Araxa - UNIARAXA - Araxa- MG.
(Brasil)
 
 
Lucas Ribeiro Rodrigues*  
Fernando Nazário de Rezende**  
Guilherme Goulart Di Agostini**  
Alexandre Gonçalves***
lucasrigues@yahoo.com.br
 

 

 

 

 
Resumo
     O objetivo deste estudo foi analisar a influência do treinamento de força, pliometria e força-pliometria no desenvolvimento do salto vertical em atletas de voleibol. Para isto, 21 atletas das categorias infanto-juvenil e juvenil (idade 17 ± 2 anos, estatura 177 ± 9 cm e peso 67,49 ± 3 kg) feminino da equipe SESI Esportes-MG, formaram três grupos experimentais (grupo força, grupo pliometria e grupo força/pliometria), que durante quatro semanas foram submetidas a três sessões de treinos semanais, realizando um total de 12 sessões de treinamentos. Neste período o grupo força realizou exercício de agachamento no aparelho Smith, composto de três séries de seis repetições com 70% e 80% da contração voluntária máxima. O grupo pliometria realizou exercício pliométrico composto por três séries de 10 saltos, utilizando steps com alturas de 58 cm e 70 cm. E o grupo força/pliometria realizou exercício composto por três séries de seis repetições de exercício de agachamento no aparelho Smith e seis saltos utilizando os steps, consecutivamente. Todas as atletas se submeteram a avaliação de sua impulsão vertical pré e pós treinamento através do teste jump-and-reach. Os resultados obtidos foram submetidos à análise estatística (teste T de Variáveis independentes p>0,05) a qual determinou uma maior evolução do desenvolvimento do salto vertical nas atletas integrantes do grupo força/pliometria em relação ao grupo força e grupo pliometria. Concluiu-se que o treinamento combinado força/pliometria é melhor método para desenvolvimento do salto vertical em atletas de voleibol do que treinamentos isolados de força ou pliometria.
    Unitermos: Voleibol. Força. Pliometria. Treinamento combinado.
 
Abstract
     The main concern of this study is to analyze the strength, plyometric and strength-plyomectric training on the development of vertical jumps in volleyball players. So that, 21 female athletes child-juvenile and juvenile categories (age 17 ± 2 years, height 177 ± 9 cm e weight 67,49 ± 3 kg) of Sesi Esportes-MG team, which constitue three experimental groups (strength group, plyometric group and strength-plyometric group). These groups were submitted to three-week train sections, in total of 12 train sections. During the training, the strength group do crouch using Smith system, three sets of six repetitions with 70% and 80% of the maximum contraction voluntary. The plyometric group does plyometric exercise by three sets of ten jumps, using steps with 58 and 70cm of height. The strength-plyometric do compost exercise by three sets of six repetitions of crouch in the Smith system and six jumps using step, consecutively. All the athletes were submitted to evluation of vertical jump before and after training by "jump and reach" test. The results were verified by T-student test (p<0,05), which determined a major evolution in development of vertical jump in strength-plyometric group. Therefore, the compost training strength-plyometric is the better method to develop the vertical jump in volleyball athletes if compared to isolate strength or plyometric training.
    Keywords: Volleyball. Strength. Plyometric. Combined training.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 118 - Marzo de 2008

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Introdução

    Dentre as principais qualidades físicas a serem desenvolvidas em atletas de voleibol ressalta-se potência de membros inferiores por estar diretamente ligada à capacidade destes atletas em realizar saltos verticais com eficiência. Contudo, dentro do quadro evolutivo surgem dúvidas para saber qual a melhor forma de desenvolver a potencia muscular, visando a melhoria da performance dos jogadores na impulsão vertical (GARRIDO, 1995).

    Em relação ao treinamento de força, também conhecido como treinamento com cargas (FLECK & KRAEMER, 1999), encontramos os estudos de HUNTER & MARSHAL (2001), que avaliaram os efeitos do treinamento de força e flexibilidade no desempenho de salto, em particular os efeitos do treinamento na técnica usada com respeito à quantidade contínua de técnica de salto, em 50 voluntários com uma média de 24 anos. Após 10 semanas de treinamento, os resultados demonstraram que o treinamento de força foi mais efetivo no teste de salto em profundidade do que flexibilidade e força e flexibilidade os outros tipos de treinamento.

    YOUNG, JENNER e GRIFFITHS (1998), determinaram se o salto contramovimento (LCMJ) poderia ser acentuado, precedido de séries de meio agachamento com carga de 5-RM. Os resultados deste estudo indicaram que o desempenho de força-potência, medido por uma série de LCMJ foi realçado quando precedido por uma série de meio agachamento de 5-RM (repetições máximas).

    O treinamento pliométrico ou ciclo alongamento encurtamento (CAE), é um dos métodos utilizados para o desenvolvimento do salto vertical. Durante as ações musculares no CAE, segundo BARBANTI e URGRINOWITSCH (1998), há a produção de trabalho negativo, no qual parte de sua energia mecânica é absorvida e armazenada na forma de energia potencial elástica nos elementos elástico em série. Quando há a passagem da fase excêntrica para a concêntrica, rapidamente, os músculos podem utilizar esta energia aumentando a geração de força na fase posterior com um menor custo metabólico.

    LUEBBERS, POTTEIGER, HULVER, THYFAULT, CARPER e LOOCKWOOD (2003), determinaram os efeitos de um programa de treinamento pliométrico de quatro e sete semanas seguido por um período de quatro semanas de recuperação, sem nenhum treino, no desempenho de salto vertical e potência anaeróbia. Os resultados da altura do salto vertical mostram que havia uma diminuição significativa em ambos os grupos após o término dos treinamentos. No entanto, após quatro semanas de recuperação ambos os grupos experimentaram um aumento significativo na altura do salto vertical. Em relação à potência anaeróbia, houve aumentos significativos no grupo de sete semanas pós-treino, mas nenhum aumento significativo pós-recuperação. Tendo em ambos os grupos aumentos significativos na potência de saída pré-treino para pós-recuperação.

    KYROLAINEN, AVELA, McBRIDE, KOSKINEN, ANDERSEN, SIPILA, TAKALA e KOMI (2004), investigaram os efeitos do treinamento de potência na eficiência mecânica no salto em homens não treinados. Após 15 semanas de treinos de saltos em profundidade (20-70cm), squat-jump (30-60% da carga máxima), saltos com uma e duas pernas e saltos com obstáculo, foram observadas melhorias significativas na velocidade de decolagem, no consumo máximo de oxigênio, aumentando, assim, a eficiência mecânica no grupo experimental em relação ao grupo controle.

    Já CHIMERA, SWANIK, SWANIK e STRAUB (2004), examinaram os efeitos do treinamento pliométrico nas estratégias de ativação muscular e de desempenho durante atividades de salto. Após seis semanas de treino pliométrico foram notadas interações significativas para as três variáveis eletromiográficas (EMG) dependentes (área, média e pico) e aumentos significativos na velocidade de sprint e no salto vertical.

    O treinamento força/pliometria ou combinado (BENKREIRA & PORTMANN, 1998), também conhecido como "treinamento complexo (EBBEN, 2002), agrupa dois tipos de treinamento: o treinamento de força muscular e o treinamento pliométrico.

    BENKREIRA & PORTMANN (1998), analisaram a contribuição do método de treinamento concêntrico, pliométrico e combinado para o desenvolvimento do salto vertical em jogadores de handebol de alto nível. Os resultados demonstraram diferenças significativas nos resultados do pré e pós-testes dentro dos três métodos. No entanto, os resultados do grupo do treinamento combinado foram melhores em relação aos grupos concêntrico e pliométrico.

    Estudos referentes a este assunto têm procurado esclarecer o melhor método de treinamento para o desenvolvimento da potência dos membros inferiores. Contudo, tais pesquisas encontram-se divergentes quanto à população estudada e procedimentos metodológicos adotados (PUCHE, RÍOS E RÍOS, 2000; HUNTER & MARSHAL, 2001; McBRIDE, McBRIDE, DAVIE e NEWTON, 2002; STONE, O'BRYANT, MCCOY, COGLIANESE, LEHMKUHL e SCHILLING 2003; LUEBBERS, POTTEIGER, HULVER, THYFAULT, CARPER e LOOCKWOOD, 2003; APARÍCIO, GARCÍA, OLIVEIRA e RODRIGUES, 2004)

    Assim, diante da literatura analisada o objetivo do presente estudo é analisar a influência do treinamento de força, pliometria e força-pliometria no desenvolvimento do salto vertical em atletas de voleibol.

    Com isso, partimos da hipótese de que o treinamento combinado de força-pliometria é mais eficiente para a melhoria da potência dos membros inferiores no salto vertical de ataque e bloqueio.


Materiais e método

    A amostra foi constituída por 21 atletas de voleibol das categorias infanto-juvenil e juvenil (idade 17 ± 2 anos, estatura 177 ± 9cm e peso 67,49 ± 3kg) feminino do time SESI-Esportes MG, da cidade de Uberlândia, divididas em três grupos: grupo força (GF); grupo pliometria (GP) e grupo força-pliometria (GF-P).

    As variáveis antropométricas medidas, foram o peso corporal e a estatura - obtidos em uma balança Welmy com leituras de 0,1 kg e 0,5 cm respectivamente.


Impulsão vertical

    Os saltos verticais de ataque e bloqueio foram avaliados através do teste Jump-and-reach (Pule e Alcance).

  • Salto de bloqueio: as atletas ficaram de frente para a parede, na posição inicial de bloqueio. Nessa posição inicial de bloqueio de acordo com BIZZOCCHI (2000), é mantida uma posição alta, de frente para a rede, braços estendidos para cima e pernas ligeiramente flexionadas e mantidas na direção dos ombros.
    A partir dessa posição as atletas realizaram uma pequena flexão de coxa e perna simultâneas e posteriormente executaram os saltos (extensão de coxa e perna simultaneamente), elevando braços e antebraços acima da linha do ombro, tentando alcançar o mais alto possível em uma demarcação na parede, com os dedos marcados com pó de giz. Foram realizados três saltos seguidos, sendo aproveitado o de maior alcance.

    Envergadura frontal: de frente para a parede a atletas estenderam os dois braços e a partir dessa posição foi medido seu alcance máximo.
    Para obtenção da altura do salto (HSalto) de bloqueio, utilizou-se a diferença entre o salto de bloqueio (SBloqueio) e a envergadura frontal (EFrontal).


  • Salto de Ataque: neste salto as atletas tiveram um espaço, onde puderam dar no máximo quatro passos, para tomarem impulso. Este deslocamento foi realizado paralelamente a parede, onde após os quatro passos as atletas realizarão os saltos tentando alcançar o mais alto possível em uma marca na parede, com os dedos marcados com pó de giz. Aqui as atletas puderam utilizar os braços para auxiliarem no salto. Segundo BIZZOCCHI (2000), os braços são estendidos e flexionados para frente seguido de movimento de rotação dos ombros, enquanto o tronco e os membros inferiores se estendem buscando transferir o impulso horizontal da corrida para um salto vertical.

    Envergadura lateral: lateralmente para a parede a atletas estenderam o braço próximo à parede e a partir dessa posição foi medido seu alcance máximo.
    Para se obter a altura do salto (HSalto) de ataque, utilizou-se a diferença entre o salto de ataque (SAtaque) e a envergadura lateral (ELateral).


  • Aparelhagem: régua graduada em centímetros, fixada em uma parede a partir de 2,10 metros e pó de giz, o qual foi utilizado para que as atletas fizessem as marcas na parede no salto.


Carga Voluntária Máxima (CVM)

    Para a obtenção da carga voluntária máxima, foi utilizado seis RM (repetições máximas) no aparelho agachamento (Smith). O fundamento é que a incidência de lesão pode ser inferior com um peso que pode ser levantado um máximo de três ou seis vezes comparado com o peso maior, que pode ser levantado durante uma contração de uma-RM (repetição máxima) (HOWLEY & POWERS, 2000).


Programa de treinamento

    Os treinamentos tiveram uma duração de quatro semanas com três sessões de treinamento em dias alternados totalizando 12 sessões de treinamento.

    O trabalho de força foi realizado sendo duas semanas com uma intensidade de 70% (CVM) e duas semanas com uma intensidade de 80% (CVM) no aparelho agachamento Smith, sendo realizadas três séries de seis repetições não máximas com intervalo de cinco minutos entre séries. Nesse trabalho de agachamento foi pedido para que as atletas executassem um movimento de meio agachamento (movimento semelhante ao utilizado para realizar os fundamentos bloqueio e ataque), com velocidade de dois segundos fase excêntrica e dois segundos fase concêntrica.

    As atletas realizaram treinamento pliométrico durante duas semanas, sendo três séries de 10 saltos a uma altura de 58 cm e, duas semanas, três séries de 10 saltos, a uma altura de 70 cm, tendo um intervalo de cinco minutos entre séries.

    Já o treinamento de força-pliometria, foi executado realizando-se três séries de seis repetições no aparelho agachamento Smith seguido de seis saltos ao final de cada série de força. Esse treinamento foi realizado, sendo duas semanas a uma intensidade de 70% (CVM) no aparelho agachamento combinado com 6 saltos a uma altura de 58 cm e, duas semanas a uma intensidade de 80% (CVM) no aparelho agachamento combinado com seis saltos a uma altura de 70 cm, tendo um intervalo de cinco minutos entre séries.


Resultados

    Como demonstrado nas Tabelas 1, 2 e 3, e nas Figuras 1 e 2, pode-se notar que houve aumentos na altura do salto de ataque e bloqueio para os grupos de força, pliometria e combinado força-pliometria (pré e pós-treinamento).

    Já na Tabela nº 4, a qual apresenta as diferenças entre os grupos, utilizando o Teste T para variáveis independentes (p<0,05), podemos notar que a altura do salto de ataque e bloqueio foi significativamente diferente para o grupo que realizou o treinamento combinado força-pliometria em relação aos grupos que realizaram força e pliometria isoladamente. Para os grupos que realizaram os treinos de força e de pliometria, não foram encontradas diferenças significativas para a altura do salto de ataque e bloqueio.



Discussão

    Para este estudo nós partimos da hipótese de que o treinamento combinado de força-potência é mais eficiente para a melhoria da potência dos membros inferiores no salto vertical de ataque e bloqueio.

    Assim, o achado mais importante neste estudo é que depois de quatro semanas de prática de treinamentos específicos as jogadoras alcançaram um alto desempenho no salto vertical, após realização do treinamento combinado força-pliometria, no que diz respeito ao salto de ataque e bloqueio.

    Os estudos de LYTTLE, OSTEOWSKI & WILSON (1996), BENKREIRA & PORTMANN (1998); PUCHE, RÍOS & RÍOS (2000) e EBBEN (2002), demonstraram que o treinamento combinado força-pliometria é mais eficaz do que os demais métodos de treinamentos, indo de encontro com os resultados encontrados nesta pesquisa. No entanto, em nosso estudo, a realização de um treinamento de força-pliometria durante um período de quatro semanas com a utilização de séries com menor número de repetições (três séries de seis repetições) e cargas mais altas (70 a 80% CVM), desencadeou uma resposta mais rápida de potência em relação aos estudos supracitados os quais analisaram um treinamento utilizando séries com 10 repetições com 50 a 80% da CVM. Esse fato pode ser explicado até certo ponto, pelo princípio do recrutamento de unidades motoras, pois, provavelmente, a utilização de cargas mais elevadas levou a uma maior coordenação intramuscular.

    Por outro lado McBRIDE, McBRIDE, DAVIE e NEWTON (2002), não encontraram diferenças significativas em relação ao treinamento de força e treinamento pliométrico no que tange a melhoria do salto vertical dos atletas analisados. O que vai de encontro com os resultados da nossa pesquisa, onde houve aumentos na altura do salto vertical de ataque e bloqueio intra grupo (nos estudos de YOUNG, JENNER e GRIFFITHS (1998); HUNTER e MARSHAL (2001), aumentos no salto vertical com treinamento de força; e nos estudos de MORAES (2003); CHIMERA, SWANIK, SWANIK e STRAUB (2004), aumentos no salto vertical com treinamento de pliometria), no entanto, estes não foram significativos quando comparados entre grupos. Contudo, deve-se ressaltar que neste estudo os pesquisadores avaliaram um teste de CVM no mesmo momento que avaliaram o salto vertical de suas atletas o que provavelmente poderá ter interferido em seus resultados devido ao desgaste imposto sobre a musculatura por um teste de CVM.

    Nos estudos de KYROLAINEN, AVELA, MCBRIDE, KOSKINEN, ANDERSEN, SIPILA, TAKALA E KOMI (2004), que teve como objetivo investigar os efeitos do treinamento de potência na eficiência mecânica do salto. Os resultados encontrados, após 15 semanas de treinamento, foram aumentos no desempenho dos indivíduos submetidos ao treino de potência, determinado pelo aumento na velocidade de decolagem (2.56 para 2.77m.s-1); também houve uma diminuição do consumo máximo de oxigênio (33.0 para 23.7ml.kg-1.min-1) que correspondeu em mudanças no dispêndio de energia 660 para 502J. kg-1.min-1), aumentando, assim, a eficiência mecânica de 37.2 (8.4%) para 47.4 (8.2%). No entanto, somente mudanças insignificantes nos testes padrões na atividade dos músculos dos membros inferiores, foram observados na condição do salto máximo. No que diz respeito à eficiência no salto vertical, podemos dizer que no nosso estudo o treinamento pliométrico também não teve aumentos significativos, porém, ao longo do período de treinamento este método de treino auxiliou no aperfeiçoamento da coordenação de saltos, pois, este simulou, durante sua realização, saltos utilizados pela atletas para a realização do fundamento bloqueio.

    Na pesquisa de MALISOUX, FRANCAUX, NIELENS, E THEISEN (2006), o exercício do CAE: um paradigma eficaz do treinamento para realçar a potência de saída de únicas fibras musculares, os autores compararam, na discussão do estudo, as adaptações do treinamento do CAE com as adaptações musculares do treinamento resistido, do estudo de WIDRICK , STELZER , SHOEPE E GARNER (2002). Os primeiros autores colocam que os aumento da potência da fibra no treinamento resistido foi devido exclusivamente à hipertrofia da fibra e às forças absolutas realçadas de 40 e 35% para os tipos de fibras I e II; já o treinamento do CAE diferencia-se do treino resistido pela melhoria na velocidade de encurtamento nas fibras tipo I, IIa e IIa/IIx. Isto nos mostra o porque da maior eficiência do treinamento combinado força-pliometria, pois, ele une aumentos do volume da fibra (hipertrofia) e da força absoluta, em conseqüência do treino de força; e, aumentos na velocidade de encurtamento das fibras, em conseqüência do treino do CAE.

    Um outro fator que explica a menor eficiência do treino de força e pliometria isoladamente, é que segundo WIDRICK , STELZER , SHOEPE E GARNER (2002), o primeiro está associado com aumentos no tipo de fibra IIa, acoplada com diminuição no tipo de fibra IIx; já o treinamento do CAE induz somente a pequenas mudanças no tipo de fibra IIa (+7%) e IIx (-5%).


Aplicação prática

    Vários métodos de treinamento vêm sendo utilizados e desenvolvidos na tentativa de maximizar o salto vertical, sendo que, têm sido bem relatados.

    Encontramos estudos referentes ao treinamento de Força (YOUNG, JENNER e GRIFFITHS (1998); HUNTER e MARSHAL, 2001); estudos referentes ao treinamento de Pliometria (MORAES 2003; LUEBBERS, POTTEIGER, HULVER, THYFAULT, CARPER e LOOCKWOOD, 2003; CHIMERA, SWANIK, SWANIK e STRAUB, 2004; dentre outros); e estudos referentes ao treinamento Combinado força-pliometria (BENKREIRA & PORTMANN, 1998; dentre outros).

    Como já foi dito anteriormente, o treinamento de força, de acordo com WIDRICK , STELZER , SHOEPE E GARNER (2002), está associado com aumentos no tipo de fibras IIa e diminuição no tipo de fibra IIx; e o treinamento do CAE induz pequenas mudanças nos tipos de fibras IIa e IIx. Com isso, levando em consideração as características da modalidade voleibol (movimentos explosivos), estes métodos de treinamento não são aconselhados de serem utilizados durante o período pré-competitivo (PP-C) em conseqüência de suas adaptações musculares, levando a movimentos mais lentos.

    Já o treinamento combinado força-pliometria, o qual pode ser explicado pela teoria da potenciação pós-ativação (PPA), "que é o aumento da força tetânica de baixa freqüência e contração muscular após uma atividade contrátil condicionante" (SALE, 2002). Sendo o efeito da potenciação aumento da taxa de desenvolvimento da força, que corresponde ao percentual da força máxima (Fmáx) que pode ser gerada em um intervalo de tempo breve (TRICOLI, 2000) e que determina o desempenho de habilidades atléticas como saltos, chutes e arremessos. Assim, o treinamento combinado força-potência deve ser aplicado no período de treinamento pré-competitivo (PP-C) para maximizar a força e velocidade dos movimentos atléticos (salto de ataque e bloqueio).


Conclusão

    Os resultados encontrados nesse estudo sugerem que a partir da observação das variáveis estudadas, pode-se concluir que, nas condições descritas pelo estudo, o treinamento combinado força-pliometria, ofereceu maior contribuição para a melhoria da potência dos membros inferiores no salto vertical de ataque e bloqueio do que os treinamentos de força e pliometria isoladamente.


Referências

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