efdeportes.com
A face oculta das violências contra a mulher no contexto esportivo

   
*Especialista em Aprendizagem Motora pela UFSM. Mestre em Desenvolvimento
Humano / Psicologia do esporte pela UFSM. Doutora em Psicologia pela PUCRS.
**Psicóloga PUCRS. Doutora em Psicologia Social (UAM-Espanha). Pesquisadora
do CNPq. Orientadora da tese de doutorado, da qual o presente artigo faz parte.
 
 
Maria Cristina Chimelo Paim*  
Marlene Neves Strey**
crischimelo@bol.com.br
(Brasil)
 

 

 

 

 
Resumo
     Este estudo visa compreender como homens e mulheres atletas percebem a violência, a violência no esporte e a violência de gênero contra a mulher no contexto esportivo. Participaram do estudo vinte atletas de handebol e futsal, na faixa etária entre 18-28 anos. Sendo 11 atletas mulheres e 9 atletas homens. As entrevistas foram analisadas através do referencial da hermenêutica de profundidade de Thompson, com a análise temática de conteúdo. Os resultados apontam que a violência, na visão dos(as) atletas, é um instrumento e não um fim. É uma violência aprendida e reproduzida, fruto das desigualdades apresentadas nas relações sociais. O contexto esportivo ainda oferece um dos últimos redutos de masculinidade tradicional, onde a dominação de gênero é bastante presente. A violência de gênero contra a mulher no esporte é entendida como uma relação marcada pelas relações desiguais entre os gêneros, ou seja, do homem sobre a mulher. Esses modos assimétricos de relações sociais de gênero podem ser re-significados, visto que, são sociais e culturalmente construídos, e não são, as essências de mulheres e homens.
    Unitermos: Violência. Violência no esporte. Violência de gênero contra a mulher.
 
Abstract
     The purpose of this study is to understand how men and women athletes perceive the violence, the violence in the sport and the violence against woman in the sporting context. The study was conducted with twenty handball and soccer athletes, with ages from 18 to 28 years old. There were 11 women and 9 men. The interviews were analyzed based on the Thompson's referential of Depth Hermeneutics and a thematic analysis of the content. Findings show that in the athletes' point of view the violence is an instrument and not a purpose. This violence is learned and reproduced, and it's a result of unequaled social relationships. The sporting context still offers one of the last traditionally masculine environments, where the gender dominance it is very present. Gender-based violence against women is understood as an unequal relation between men and women, based on a power-relation of men over women. These asymmetrical ways of gender-based social relationships can have their meaning reviewed, because they were socially and culturally built, and are not the essence of women and men.
    Keywords: Violence. Violence in the sport. Gender-based violence against woman.

Este artigo integra a tese de doutorado: Violência contra a mulher no esporte sob a perspectiva de gênero. Apoio da agência financiadora CAPES.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 117 - Febrero de 2008

1 / 1

Introdução

    A violência tem-se mostrado presente em diferentes contextos sócio-culturais, ao longo da história da humanidade. Está atrelada à "necessidade" de poder, que é exercido contra o considerado mais fraco; contra a minoria ou, às vezes, contra a maioria, no caso do poder político, esportivo e religioso, transformando-se em alguns casos, em fanatismos e radicalismos.

    Assume-se violência, ancorada nos estudos da Sociologia, da Antropologia, da Política, da História e da Psicologia Social, os quais focalizam a violência como parte das ações de homens e mulheres, portanto, como um fenômeno gerado nos processos sociais, históricos e culturais. Dentre os inúmeros conceitos de violência, elegemos um que achamos fundamental para o entendimento do estudo.

    Violência é uma forma de sociabilidade, na qual se dá a afirmação de poderes, legitimados por uma determinada norma social, o que lhe confere uma forma de controle social. Sendo que sua forma social contemporânea estaria expressa no excesso de poder que impede o reconhecimento do outro, pessoa, classe, gênero ou raça, mediante o uso da força ou da coerção, provocando algum tipo de dano, configurando o oposto das possibilidades da sociedade democrática atual1.

&nbsEstudar a violência, hoje, no Brasil, é de fundamental importância para a compreensão da dinâmica cultural brasileira. Sabe-se que a violência está presente não apenas nas classes de baixa renda, mas encontra-se disseminada em praticamente todos os seguimentos significativos da sociedade. Várias são as formas de violência: a doméstica, a urbana, a comunitária, a institucional, a social, a política, a física, a simbólica, a de gênero, a psicológica, a estrutural, entre outras2. Entretanto, não só a presença evidente e cotidiana desses tipos de violência, abala a sociedade, mas o modo e a intensidade de episódios de violência que parecem emergir de toda parte e em praticamente qualquer contexto social, inclusive no esporte.

    O presente estudo foi motivado pelo crescente aumento das violências no esporte, em especial no futebol. No contexto esportivo, os episódios de violência estão se coisificando, tornando-se cada vez mais freqüentes e permissivos na sociedade contemporânea. Para presenciarmos a cenas de violência, basta assistirmos as transmissões dos campeonatos brasileiros de futebol, nos sábados e domingos. Infelizmente, o tema violência vem ganhando constantes destaques, na mídia esportiva, com episódios lamentáveis de agressões, entre torcedores, com jogadores se agredindo fisicamente dentro de campo, agressões a juízes e comissão técnica, violação e transgressões de regras, presença de preconceitos raciais e de gênero, entre outros. Com a detecção desses fatos, percebe-se que o esporte vem perdendo as suas características originais de socialização, de integração, de companheirismo, de afiliação, de reunião social, e está dando espaço para o individualismo, para o isolamento social, para as violências, entre outros.

    Mas, além dos casos de violência física que presenciamos no contexto esportivo, constatamos outros tipos de violência, que em muitos casos passa desapercebida pela maioria da população, que é a violência psicológica e a violência simbólica. De acordo com a Rede Saúde a violência psicológica é uma ação ou omissão destinada a degradar ou controlar as ações, comportamentos, crenças e decisões de outras pessoas, por meio de intimidação, manipulação, humilhação, isolamento ou qualquer conduta que implique prejuízo à saúde psicológica ou ao desenvolvimento pessoal3. Já a violência simbólica, segundo Bourdieu4 tem o poder de construção da realidade, que tende a estabelecer o sentido imediato do mundo, em particular do mundo social. Neste tipo de violência, encontra-se, por exemplo, a maneira como é explorada a imagem feminina nos meios de comunicação de massa, onde os programas e novelas retratam a imagem feminina com uma conformação inferior e estereotipada. Estes tipos de violência ficam evidenciados, quando focamos a participação da mulher no esporte, pois mesmo com todas as suas conquistas, a sociedade não delega total direito de participação para as mulheres no contexto esportivo, que continua sendo um ambiente masculino, visto o grande número de preconceitos, discriminações, estereótipos, que ainda permeiam a pratica da mulher no esporte.

    Quando esses preconceitos, discriminações, estigmas, afetam direta e individualmente as atletas, ferindo-as psicologicamente, transformando-se em obstáculos e impedimentos para a participação e progressão da mulher em qualquer terreno esportivo, ou seja, violando seus direitos, mais comuns e elementares, estamos diante de um tipo de violência. Nesse caso, de acordo com Saffioti, Werba e Strey5, referimo-nos ao conceito de violência de gênero, que segundo as autoras é todo ato de força física, verbal, psicológica ou intelectual para obrigar outra pessoa a fazer algo que não é de sua vontade, tolhendo a liberdade, incomodando e impedindo a vítima de manifestar seu desejo, sob pena de ser gravemente ameaçada(o) ou até mesmo espancada(o), lesionada(o) ou morta(o). No caso do presente estudo, as vítimas são as mulheres esportistas, mas este tipo de violência pode ser estendido às pessoas que se encontram em desvantagens de poder, como por exemplo: quando o poder, não é exercido apenas por indivíduos do sexo masculino, pois a ordem patriarcal de gênero é tão difundida que é exercida por outros agentes sociais, como uma mulher, por exemplo, podendo afetar a outro homem, outra mulher, uma criança, um idoso.

    A violência de gênero, para Jaeger e Azambuja6, constituí elemento fundamental das relações assimétricas existentes entre homens e mulheres, crianças, adultos e idosos. É o resultado das relações desiguais e injustas entre homens e mulheres, na nossa sociedade, fruto da dominação e da opressão, onde se delega aos homens, o papel de forte, dominador, superior, e às mulheres, o papel de submissa, frágil, inferior. A violência de gênero se faz presente em quase todas as ações humanas como: na política, nas leis, no mercado de trabalho, nas idéias veiculadas na mídia, na família, na escola, na economia, no esporte, etc.,

    Apesar do grande aumento da participação feminina no esporte, no qual as mulheres vêm competindo, em quase todos os níveis e modalidades esportivas, para De Sousa & Altmann; Knijnik & Vasconcellos e Capitanio7, o contexto esportivo ainda hoje, é permeado por valores masculinos do tipo "mais forte; mais alto; mais rápido; mais musculoso, etc.", o que faz muitas vezes, que as mulheres que se envolvem no esporte, sejam vítimas de questionamentos, de controvérsias, de preconceitos, de discriminações, e de estereótipos, oriundos muitas vezes da família das próprias atletas, da mídia, e da sociedade em geral.

    Estudos realizados por Paim & Strey e Paim8, com adolescentes esportistas e não esportistas, corroboram nossa colocação, pois nos mostram que é bastante freqüente a incidência de estereótipos de gênero com relação à participação da mulher no esporte, em especial no futebol. Esses estereótipos aparecem de várias formas, relacionadas ao corpo musculoso das praticantes; à falta de força física para a mulher enfrentar os treinamentos e jogos; que o ambiente futebol é um ambiente para homens, etc.

    Podemos citar também, o caso de discriminação da mulher no contexto esportivo, que ocorreu no jogo entre Corinthians e São Paulo, onde duas mulheres fizeram parte do trio de arbitragem. Após o término da partida, o jogador Argentino Carlitos Tevês, do Corinthians, insatisfeito com as decisões das árbitras, como sempre acontece com os atletas do time perdedor, declarou ser contra a participação de mulheres entre os juízes esportivos9.

    Outro aspecto importante a ser salientado de acordo com Saraiva10 é que, embora as mulheres já tenham conquistado um lugar nas quadras esportivas, ainda em número bem menor que os homens, permanecem excluídas dos cargos e órgãos decisórios, como é o caso da resistência à participação da mulher no Comitê Olímpico Internacional (COI), pois todos os brasileiros que foram ou são membros do comitê são homens. E também as diferenças de salários entre homens e mulheres atletas, a presença reduzida da mulher entre os técnicos e dirigentes de equipes, etc.

    Dessa forma, a partir do que foi relatado, pretende-se com este estudo:

Compreender como homens e mulheres atletas de handebol e futsal, na faixa etária entre 18-28 anos, percebem a violência, a violência no esporte e a violência de gênero contra a mulher no contexto esportivo.


Caminhos percorridos

    Este é um estudo o qual se encontra ancorado na abordagem de pesquisa qualitativa. De acordo com Silva11 a pesquisa qualitativa é particularmente útil para investigar questões ligadas à vida das pessoas e aos significados que as mesmas atribuem ao mundo. Os dados foram coletados através de entrevistas em profundidade, em outubro e novembro de 2005, realizadas com atletas de handebol e futsal, sendo 11 atletas do sexo feminino e 9 atletas do sexo masculino, que praticam o esporte há pelo menos um ano.

    O processo de escolha dos (as) participantes foi por conveniência, ou seja, dentre os(as) vários(as) atletas contatados, foram entrevistadas os(as) atletas que aceitaram o convite para participar desta pesquisa. Os (as) participantes são estudantes e atletas amadores de clubes esportivos de handebol e futsal, da cidade de Santa Maria, no estado do Rio Grande do Sul. A decisão em pesquisar atletas de futsal e handebol, se deve ao fato de termos encontrado na literatura referências ao futebol, ao handebol e as lutas, como sendo as modalidades esportivas que caracterizam a hegemonia masculina no contexto esportivo (De Sousa & Altmann, 1999). Optamos pelo futsal, por termos encontrado grande número de mulheres praticando essa modalidade esportiva, o que não ocorreu com o futebol.

    A maioria dos (as) entrevistados (as) estão cursando ensino superior. Entre os cursos, encontramos Educação Física, Direito, Administração de Empresas e Sistemas de Informação. Cinco dos (as) entrevistados (as), além de jogar e estudar, também trabalha, e dois atletas um homem e uma mulher, apenas trabalham. Esses dois atletas que apenas trabalham, completaram o ensino médio, e almejam cursar uma universidade em breve. A renda familiar varia entre 8 e 12 salários mínimos.

    Antecedendo a realização das entrevistas, foi informado o objetivo da pesquisa, apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e solicitada a leitura e assinatura do mesmo, como forma de consentimento da participação. O sigilo e anonimato foram garantidos de modo a preservar a identidade dos (as) participantes. Para a apresentação das falas dos (as) atletas, foram utilizados nomes fictícios, onde foi feita uma homenagem a atletas brasileiros, de alto rendimento, praticantes de diversas modalidades esportivas em épocas diferenciadas. A pesquisa teve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa-CEP-PUCRS sob o ofício no 913/05.

    As entrevistas foram registradas com gravador digital e após a transcrição das entrevistas, foi feito o levantamento dos temas, e para cada um desses temas foram extraídas as falas correspondentes nos textos. Os temas selecionados foram avaliados e resumidos até formarem núcleos de sentidos, que deram origem a categorias. Realizamos o levantamento e análise de conteúdo das 20 entrevistas realizadas com base em Bauer, Setúbal, Kude e Bardin12, e utilizamos a Hermenêutica de Profundidade de Thompson (2002), como referencial teórico para guiar a análise e interpretação dos resultados.


Como os (as) atletas percebem as violências

    Foram vinte entrevistas em que os (as) participantes pensaram e refletiram sobre um tema bastante problemático na atualidade, ou seja, a violência, com atenção especial à violência no contexto esportivo. Para apresentação dos resultados do estudo as falas foram agrupadas em três grandes categorias: a violência; a violência no esporte; a violência de gênero contra a mulher no esporte.


Categoria: Violência

Eu acho que a violência está crescendo cada vez mais, é impossível ter apenas um órgão encarregado de frear a violência no país. Penso que só diminuirá quando a população se conscientizar de que a violência é um sentimento, uma ação que não vai levar a nação a lugar nenhum, e essa consciência deve começar na família (Hortência, 18 anos, atleta de handebol).

Ta difícil, por exemplo, de um prefeito colocar em ordem uma cidade, as pessoas não colaboram. A violência está em todos os lugares. É preciso uma grande conscientização da população, e também diminuírem as diferenças sociais (Leila, 20 anos, atleta de futsal).

Os jovens, que se envolvem com a violência, são por causa da influência dos amigos, é pelo uso de drogas. Lembra do caso dos meninos que incendiaram um mendigo em Brasília? Pois é, eles agem na empolgação, e muitos acabam cometendo uma brutalidade dessas (Pelé, 25 anos, atleta de handebol).

Eu acho, ridículo isso na sociedade. Olha só o caso desses países do oriente, vivem em guerra, se matam diariamente. Os atentados em Londres, à morte de pessoas que não sabem nem porque estão morrendo (Dunga, 21 anos, atleta de handebol).

Não deveria existir violência de espécie alguma. Eu acho que com conversa se resolve tudo. Mas às vezes o sangue sobe, e as pessoas ficam irracionais, não se controlam, e ai da nisso que a gente vê todos os dias (Tostão, 20 anos, atleta de futsal).

Para mim a violência, só é reproduzida por pessoas que vivenciaram atos de violência, é só o exemplo que elas têm, na família, na escola, é isso que eles têm é assim que elas aprenderam (Ronaldo, 26 anos, atleta de futsal).

    Nas falas acima, foi possível perceber que a preocupação dos (as) participantes com o aumento da violência em nosso país é bastante acentuada. O tema violência despertou-lhes um sentimento de impotência, por não poderem tomar uma atitude que acabe de vez com esses episódios, o que em alguns casos dificultou aos participantes a livre expressão sobre o tema.

    Com uma análise mais detalhada, percebemos que os (as) participantes da pesquisa consideram que a violência é um instrumento e não um fim. É uma violência aprendida e reproduzida, fruto das desigualdades das relações sociais. Tem como base à persuasão, a influência, o não reconhecimento do outro, a negação da dignidade humana, a ausência de compaixão. Percebe-se também, que há a representação de violência como ausência de algum componente como o amor, a espiritualidade, a consciência crítica. Dessa forma, o aumento da violência se deve à interação desses aspectos que contribuem na sua sinergia, para estimular o aparecimento desses episódios.

    Para entendermos e discutirmos os sentimentos dos (as) atletas com relação à violência se faz necessário refletirmos a seu respeito. A violência é uma realidade tão antiga quanto à humanidade. Está atrelada à "necessidade" de poder, que é exercido contra o considerado mais fraco; contra a minoria ou, às vezes, contra a maioria, no caso do poder político, esportivo e religioso, transformando-se em fanatismos e radicalismos. Entender a essência do fenômeno violência, sua natureza, suas origens, a fim de preveni-la, eliminá-la da convivência social, é preocupação que acompanha o ser humano há muitos séculos.

    A origem etimológica da palavra violência vem do latim, vis, que significa força, vigor, potência, violência, emprego de força física, mas também quantidade, abundância, essência ou caráter essencial de uma coisa13. De acordo com Chauí14, violência significa todo ato de força contra a natureza de algum ser; de força contra a espontaneidade, à vontade e a liberdade de alguém; de violação da natureza de alguém ou de alguma coisa valorizada positivamente por uma sociedade; de transgressão contra aquelas coisas e ações que determinada sociedade define como justas e como um direito. É, portanto, um ato de brutalidade, e abuso físico e ou psíquico contra alguém e caracteriza relações sociais calcadas pela opressão, intimidação, pelo medo, pelo terror. Após esse entendimento percebemos que a percepção de violência apresentada pelos (as) atletas corrobora com os estudos de Minayo, Dos Santos e Martucelli15 que não consideram a violência parte da natureza humana, e sim, um complexo e dinâmico fenômeno socialmente construído, um fenômeno psicológico, histórico, político e cultural, bastante complexo16.

    Também percebemos através das falas dos (as) atletas, que existem sim alternativas para resolvermos os desencontros causados pela violência. Para os (as) participantes, é através do diálogo, controle das emoções, agindo com cautela, com paciência e muito amor que pode haver superação da violência. Embora demonstrem estar preocupados (as) com o aumento da violência, ficou evidenciado que é praticamente impossível, apenas com a ação da polícia, frear o aumento desses episódios. A diminuição da violência não depende apenas do poder público, mas também, de uma boa base familiar e uma boa educação, pois as pessoas tendem a reproduzir o que vivenciaram. Se forem vítimas da violência na sua infância, por exemplo, as pessoas ficam mais suscetíveis para a reproduzirem em seus relacionamentos.

    A violência exposta na mídia, através de sua programação, por exemplo, pode não ser um fator único para explicar atos individuais de violência, mas pode em alguns casos ser um fator bastante influenciador de comportamentos violentos a nível social. Uma explicação para esses fatos é que os seres humanos, expostos diariamente a programas que abordem algum tipo de violência, como esses tipos citados pelos (as) atletas entre outros casos, inclusive no esporte, é de que de acordo com Edgar (2006)17 as pessoas (telespectadores), começam a perceber o mundo como um lugar extremamente perigoso, muito mais do que realmente ele é; ou em outro extremo, as pessoas apreendem que os comportamentos violentos são muitas vezes aceitáveis e tolerados pela sociedade, o que em alguns casos, por exemplo, em pessoas onde haja falta de consciência ou compreensão adequada dos fatos assistidos, pode estimular a reprodução desses comportamentos violentos internalizados.


Categoria: Violência no esporte

É um absurdo existir violência no esporte. Hoje de meio dia ouvi uma reportagem, onde dizia que combate da violência nos estádios deveria ficar a cargo dos clubes. Como um clube, só com ajuda da polícia civil vai conseguir garantir a segurança de 40 mil pessoas? (Hortência, 18 anos, atleta de handebol).

Eu acho que deve ter uma punição bem severa contra aqueles que cometam atos violentos e maldosos no esporte. Em especial para as torcidas organizadas, saiu fora da linha, devem ganhar punição. E a pior punição para eles, é não poder assistir o seu time (Ana Paula, 24 anos, atleta de handebol).

É preciso resgatar os sentimentos que fazem parte do esporte, como a cooperação, a solidariedade, a reunião. Eu sei que quando envolve muito dinheiro, como no futebol, a coisa complica um pouco (Jaqueline, 28 anos, atleta de futsal).

Infelizmente temos assistido constantemente cenas de violência nos estádios, principalmente de futebol. Violência nas torcidas organizadas. O escândalo do juiz de futebol, no Brasileiro. Também tem os casos de racismo no futebol, isso é violência, né? (Maradona, 21 anos, atleta de handebol).

O futebol é o esporte do povo, as pessoas que assistem aos jogos, são pessoas humildes, pessoas sofridas, estressadas, com as más condições de vida, que quando vão aos estádios, às vezes fazendo um sacrifício financeiro tremendo, estão com suas emoções bastante abaladas, e acabam extravasando na torcida (Rivelino, 22 anos, atleta de futsal)

No esporte tem o espírito de superação do adversário, a "briga" pela posse de bola, esses aspectos do futebol, às vezes gera alguma confusão, quando entra a maldade de determinados jogadores, em um determinado lance. Mas é um esporte muito bonito e apaixonante (Zeti, 19 anos, atleta de futsal).

    A vivência e prática na área da Educação Física e dos esportes permitiu compreender mais claramente as idéias, temores e indignações dos (as) atletas frente os freqüentes episódios de violência no esporte. Os (as) participantes enfatizaram que não se pode confundir violência com emoção esportiva.

    Para os (as) atletas a violência no esporte se apresenta de várias formas: a violência verbal, quando há ofensas entre os jogadores, equipe técnica, juízes e torcida. A violência física, que para os (as) atletas, é sempre maldosa e intencional e pode se apresentar de várias maneiras, com a presença de socos, pontapés, entre os jogadores e também nas torcidas organizadas. Os lances normais de contato físico entre os jogadores denominados de agressão esportiva, ou melhor, "garra esportiva", foi encarada pelos atletas como uma conseqüência normal do esporte. A violência psicológica, o racismo, apareceu para um entrevistado, sob a forma de interrogação, e também as atitudes resultantes do estresse que a maioria da população vem enfrentando atualmente.

    Para Corsi & Peyrú18, agressividade é uma característica de todos os seres vivos, já violência é um produto humano. A agressividade permite às pessoas vencerem dificuldades, e ajuda a enfrentarem a vida. É, por exemplo, o que denominamos no esporte, "garra esportiva" aquele espírito de luta que impulsiona os (as) atletas à busca da vitória. A cultura assume um papel essencial na transformação dos potenciais agressivos nesse produto final chamado violência, que segundo os autores, sempre resulta da interação entre natureza e cultura. Com relação ao contexto esportivo ela pode se manifestar de todos os modos já mencionados acima, como por exemplo: a violência entre jogadores, a violência encontrada nas torcidas organizadas, os casos de racismo no esporte, os estereótipos vinculados às mulheres esportistas, entre outros.

    Um fator que estimula a violência no contexto esportivo é a forma como o esporte, o futebol em particular, aqui no Brasil e em muitos países, vem sendo tratado na atualidade, ou seja, como uma valiosa mercadoria, um comércio, que envolve bilhões de dólares. Entender, os sentimentos que envolvem o futebol, não é tarefa simples. O futebol é o esporte mais popular do Brasil. Seus torcedores sentem-se tão próximos de seus ídolos e de seu clube, que esse envolvimento vai gerando, a partir daí, um sentimento de posse e pertença, muitas vezes perigoso e violento, que pode acabar em comportamentos insensatos (dentro e fora dos estádios) quando, por exemplo, seu time está decidindo um campeonato importante. O envolvimento dos torcedores com o futebol, não acaba com o término dos 90 minutos. Vai muito mais além, em todos os dias da semana, onde os torcedores assumem vários papéis, ou seja, são juízes, técnicos, comentaristas esportivos. Muitos torcedores vivenciam como seus e tentam resolver os problemas apresentados pelo seu time.

    Para tentarmos compreender os sentimentos tão intensos gerados no brasileiro, pelo futebol, recorremos a Toledo e Damo19. Em seus estudos colocam que os torcedores vão aos jogos para torcer, empurrar o time ou, em certas circunstâncias, para protestar. Os torcedores, de modo geral, têm uma atitude ativa, participando intensamente do espetáculo. Veríssimo20 argumenta que nenhum torcedor diria que se "entretém" com seu time, que vai ver um jogo, como quem vai a um concerto. Vai para dilacerar ou ser dilacerado, vai para a guerra, mesmo que seja quase sempre uma guerra metafórica. O futebol para ser atrativo, tem de ser uma séria e quase trágica competição, em busca do coração do inimigo e da glória eterna, mesmo que no ano seguinte, todos voltem a ter zero ponto.

    Os (as) atletas que entrevistamos buscam alternativas para o enfrentamento da violência no esporte. Faz parte dessas alternativas o resgate de sentimentos nobres gerados pelo esporte, ou seja, a cooperação, a solidariedade, o respeito, o companheirismo. Este espírito esportivo, que, já fez parar guerras, por exemplo, têm que prevalecer.

    Com relação à violência que extrapola o recinto da competição e se espalha pelas arquibancadas e até mesmo fora dos estádios, os (as) atletas entendem que esta é, infelizmente, uma realidade muito presente no esporte, e que é através de punições severas para os(as) atletas que cometerem atos de violência dentro do jogo e, também, punições para as torcidas organizadas, que se caminhará para o controle da corrupção e da transgressão das regras, o que poderá diminuir a violência no esporte.

    Uma solução polêmica para tentar acabar com a violência nos estádios, conforme Kfouri21 é cobrar o ingresso caro, cada vez mais caro, tornando o futebol, um esporte para a elite. O autor coloca que não são os pobres os responsáveis pela violência, mas são as condições de vida que lhes é oferecida que proporciona o aparecimento dessas violências. E que a solução está na diminuição das diferenças sociais do país. Em estudo realizado por Pimenta22, três aspectos convergem para justificar a violência entre as torcidas: a juventude, cada vez mais esvaziada de consciência social e coletiva; o modelo de sociedade de consumo assumido no Brasil, a qual valoriza o individual e o banal; e o prazer gerado pela prática da violência.


Categoria 3: Violência de gênero contra a mulher no esporte

O preconceito é um tipo de violência? Escuto as pessoas dizendo, essa menina vai jogar futebol, isso é esporte para homens? Esse preconceito, não vejo tanto em pessoas do meio esportivo (Fofão, 23 anos, atleta de handebol).

É, mais fácil, os pais darem autorização para os meninos saírem jogar em outra cidade, do que para as meninas (Ana Paula, 24 anos, atleta de handebol).

Na visão do homem brasileiro, o futebol é um esporte para macho, e que as mulheres se mantenham, longe dele (Janete, 21 anos atleta de futsal).

No futebol a mulher sofre preconceito e muito. Não existe campeonato nacional, não há transmissões de campeonatos. Quando tem, é em canais fechados, como a NET, e ainda de campeonatos estrangeiros (Hortência, 18 anos, atleta de handebol).

O que incomoda é a questão da mulher dirigente esportiva. Como foi ressaltado nas olimpíadas de Atenas, onde a organização geral dos jogos ficou a cargo de uma a mulher. A mídia ressaltou tanto, que até parecia, que as mulheres nunca fizeram nada, que não temos competência para isso (Pretinha, 24 anos, atleta de handebol).

As pessoas tratam, nós, as mulheres que praticam futsal, de uma forma estranha. Já ouvi comentários que o futebol é um esporte para homens, que não é ambiente para as mulheres (Jaqueline, 28 anos, atleta de futsal).

No mundo esportivo, para uma mulher ser respeitada, leva muito mais tempo do que um homem. É preciso que esta seja muito competente, seu desempenho esportivo tem que ser 100%. (Sandra, 23 anos, atleta de futsal).

Acho que essa falta de incentivo para as mulheres praticarem futebol, é puro preconceito, a sociedade ainda não esqueceu do antigo papel que a mulher tinha na sociedade, o de dona de casa e mãe, e só isso (Falcão, 20 anos, atleta de handebol).

Os homens ganham mais, que as mulheres. Por exemplo: a seleção feminina de futebol, não tem condições de treino, seu salário é muito baixo, talvez seja porque seu corpo renda menos que o do homem, a mulher é mais frágil fisicamente que o homem, não sei? (Ronaldo, 26 anos, atleta de futsal).

    Falar sobre violência de gênero contra a mulher no esporte, não foi tarefa fácil para os (as) participantes. Houve muitas interrogações por parte dos (as) atletas no entendimento do que se tratava de violência contra a mulher no contexto esportivo. Antes de falarem sobre o assunto, havia um silêncio profundo e confundido. Primeiramente, porque nem sempre os (as) atletas percebem que os preconceitos e discriminações são um tipo de violência. E também, porque no contexto esportivo, os (as) atletas convivem com pessoas que percebem o ambiente esportivo de maneiras diferenciadas das outras pessoas. Também percebemos que foi mais fácil para as atletas de futsal, perceberem atitudes discriminatórias e estereotipadas da mulher no esporte. Talvez, seja pelo fato, de serem elas as maiores vítimas dessas discriminações.

    Os participantes e as participantes acabaram por descrever diversas formas de violência contra a mulher no esporte profissional. A mulher levaria uma série de desvantagens, quando comparadas aos homens. O salário das atletas é menor; é muito pequeno o número de mulheres envolvidas em cargos administrativos no esporte; o número de campeonatos femininos, em nível municipal, estadual, nacional e internacional é muito menor; o envolvimento da mídia é menor, entre outras diferenças com a situação masculina. Apareceram, também, como percepções de violência, a falta de apoio familiar para as meninas praticarem algum tipo de esporte e as discriminações e preconceitos de todos os tipos, como por exemplo, em relação ao tamanho do corpo da mulher esportista e uma suposta perda de feminilidade, o que acabaria afastando as mulheres do esporte, em especial do futebol.

    Os (as) participantes concordam que as mulheres estão conquistando espaços no mundo esportivo, mas ainda está longe a sua equivalência ao status masculino. Parece que, somente quando acabarem os preconceitos e as discriminações que afastam a grande maioria das mulheres da prática esportiva, é que começará esta equivalência com os homens, e que, para isso acontecer, as mulheres têm que se envolver cada vez mais com cargos esportivos de projeção internacional, como ocorreu com a direção geral das olimpíadas de Atenas. Precisamos de mais mulheres assumindo cargos administrativos. É preciso que haja políticas públicas que incentivem a participação desde cedo das mulheres nos esportes. É preciso que as mulheres sejam respeitadas no mundo esportivo. É preciso que a mídia divulgue campeonatos esportivos femininos e que o governo e as empresas financiem o esporte feminino. Se houver as mesmas condições de prática que os homens, com certeza as mulheres apresentarão resultados equivalentes aos homens.

    A análise das falas permitiu apreciar uma diferenciação entre a percepção de homens e mulheres, no que se refere às diferenças salariais. Os atletas homens entrevistados consideram que essa equivalência salarial, principalmente no futebol, vai demorar, pois há um longo caminho a ser percorrido pelas mulheres, no que diz respeito ao desempenho esportivo, visto que o corpo da mulher rende menos, fisicamente, do que o corpo do homem. Foi salientada, também, a questão do reconhecimento, pois as mulheres bonitas ainda levam vantagem sobre as mais feias, que precisam demonstrar constantemente seu desempenho. O discurso dos atletas revelou uma tendência à naturalização das diferenças de gênero, que consideramos como um resultado da conformação de consciências estereotipadas que ocorre no processo de socialização dos seres humanos, reflexo da nossa sociedade patriarcal, onde as relações sociais, entre homens e mulheres, são permeadas pelas desigualdades entre os sexos, ficando subtendido, em princípio, uma maior permissão aos homens, principalmente no terreno esportivo.

    No esporte, esses papéis se acentuam, pois desde cedo a sociedade define, ou dita esportes específicos, que devem fazer parte do universo masculino e do feminino. Por exemplo, esportes que apresentam características tais como: garra, agressividade, combate, liderança, espírito guerreiro, como é o caso do futebol e/ou futsal, são esportes "permitidos" aos homens e "negados" às mulheres. Já para as mulheres, a sociedade permite a prática de esportes, que ressaltem sua feminilidade, como é o caso das ginásticas, das danças.

    Na visão de Saraiva23, vivemos em uma sociedade desigual no campo da Educação Física e do esporte, pois o homem, ainda possui o papel de dominador, e é educado para o esforço. Isso acaba levando à outras diferenças, tais como as diferenças salariais entre atletas homens e mulheres; a falta de incentivos familiares e da sociedade às meninas para a prática de esportes; a quase inexistência de mulheres em cargos de chefia no esporte; a grande incidência e distribuição de anedotas e piadas estigmatizantes sobre as mulheres no esporte.

    Encontramos também, apoio nos estudos de Giovani e Melo & Giovane24, onde comprovaram a aplicação de estereótipos por parte de grupos que não apresentam envolvimento no ou com o esporte, reiterando a fala dos (as) entrevistados (as), que a falta de conhecimento e vivência no esporte, propiciam a objetivação de uma imagem distorcida, preconceituosa e estereotipada da mulher atleta. Ao contrário da percepção dos indivíduos que apresentam envolvimento com o esporte, que não as julgam utilizando os mesmos critérios. No entanto, como vimos acima, a realidade apresentada pelos próprios atletas do sexo masculino, entrevistados em nosso estudo, revela a tendência à naturalização das questões de gênero e, em conseqüência, da possibilidade de violência de gênero encoberta dentro da comunidade esportiva.


Considerações finais

    A proposta dessa pesquisa foi uma tentativa de compreender como as mulheres e homens atletas percebem a violência, a violência no esporte e a violência de gênero contra a mulher no esporte.

    Em todo material coletado e analisado para essa pesquisa, confirmou-se que:

    A violência na visão dos (as) atletas é um instrumento e não um fim. É uma violência aprendida e reproduzida, fruto das desigualdades apresentadas nas relações sociais. Estamos, portanto, diante de um fenômeno complexo, que se manifesta, com maior intensidade, no momento em que os seres humanos encontram-se desprovidos das suas necessidades básicas e essenciais, como a falta de amor, a falta de base emocional, a falta de condições financeiras, a falta de diálogo, a falta de alimentação, a falta de educação, condições essas indispensáveis para termos um desenvolvimento humano digno e aceitável.

    É preciso resgatar os sentimentos nobres gerados pelo esporte, ou seja, resgatar a cooperação, a solidariedade, o respeito, o companheirismo, através da promoção de debates, palestras, conferências, ou seja, espaços para se promover o empoderamento e atitudes de enfrentamento da violência no esporte e oferecer novas possibilidades de vivências no esporte.

    A violência de gênero contra a mulher no contexto esportivo revelou crenças e mitos, sobre a participação das mulheres nos esportes, que reforçam as relações de dominação entre os gêneros, tais como: menina não joga futebol, isso é esporte para homens, futebol é um esporte para macho, a mulher no esporte profissional ganha menos, e bem menos, do que o homem, o corpo da mulher é mais frágil fisicamente, do que o corpo do homem, entre outros. Embora, já existam novas possibilidades e alternativas para a eqüidade nas relações.

    Uma alternativa para que as relações de gênero, no cenário esportivo se tornem mais justas, somente acontecerá quando, as instituições de ensino, e em especial os professores e professoras de Educação Física se conscientizem de que não existem atividades físicas masculinas, ou femininas, e sim atividades físicas, que proporcionam as crianças e adolescentes, a vivência rica de movimentos corporais.

    Há ainda, um grande caminho a ser percorrido com relação à luta para a equivalência dos gêneros no esporte. Se o contexto esportivo, ainda é marcado pelas desigualdades, que são sociais e culturalmente construídas, isto é, não são a essência dos seres humanos, elas podem ser desconstruídas e resignificadas. E para isso acontecer é preciso um esforço coletivo envolvendo as instituições, a educação, as mídias, a sociedade em geral, num trabalho coletivo para a desnaturalização dos estereótipos de gênero e as normas sexistas presentes no contexto esportivo, que limitam o pleno desenvolvimento e potencialidades motoras, sociais, cognitivas entre outras do ser humano "mulher".


Notas

  1. José DOS SANTOS et al , 1998.

  2. Jorge CORSI, 1991; Marlene STREY, 2001 e STREY, 2004.

  3. REDE SAÚDE, 2001.

  4. BORDIEU, Pierre, 1996.

  5. Heleieth SAFFIOTI, 2001 ; Graciela WERBA, 2004 & STREY, 2004.

  6. Fernanda JAEGER, 2004; Mariana AZAMBUJA 2004.

  7. Eustáquia DE SOUSA & Helena ALTMANN, 1999; Jorge KNIJNIK & Esdras VASCONCELLOS 2003; Ana CAPITANIO, 2003.

  8. Maria PAIM & STREY, 2004; PAIM, 2004a, PAIM, 2004b.

  9. Luiza ELUF, 2005.

  10. Maria SARAIVA, 2005

  11. Sheila SILVA, 2004.

  12. Martin BAUER, 2003; Aglair SETÚBAL, 1999; Vera KUDE, 1997; Lourence BARDIN, 1991.

  13. Yves MICHAUD, 1989.

  14. Marilene CHAUI, 1998

  15. Maria MINAYO, 1998; José DOS SANTOS at. al, 1998; Danilo MARTUCELLI, 1999.

  16. WERBA, 2004.

  17. Patricia EDGAR, 2006

  18. CORSI & Graciela PEYRÚ, 2003.

  19. Cláudio TOLEDO, 1996; Arlei DAMO, 2001.

  20. Luiz VER´RSSIMO, 1996.

  21. Juca KFOURI, 1996.

  22. Carlos PIMENTA, 2000.

  23. SARAIVA, 2005.

  24. Adriana GIOVANI, 2002; Gislene MELO & GIOVANI, 2004.


Referências bibliográficas

  • AZAMBUJA, Mariana. P. R. "Violência doméstica contra crianças: uma questão de gênero?". In: STREY, Marlene N; AZAMBUJA, Mariana P. R; JAEGER, Fernanda P. (Orgs.) Violência, gênero e políticas públicas. 1 ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004, p. 259-289.

  • BARDIN, Lourence. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1991.

  • BAUER, Martin. W. "Análise de Conteúdo Clássica". In: Pesquisa Qualitativa com Texto, Imagem e Som: um manual prático. BAUER, Martin; GASKELL, George (Orgs.) Trad. Pedrinho A. Guareschi. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 189-217.

  • CAPITANIO, Ana M. "Contexto social esportivo: fonte de stress para a mulher?" Revista Lecturas Educación Física y Deportes. www.efdeportes.com/ Buenos Aires. Año 10, n. 78, noviembre de 2004.

  • CECCHETTO, Fátima R. Violência e estilos de masculinidade. 1 ed. Rio de Janeiro: Editora da FGV, 2004.

  • CHAUI, Marilene. "Ética e violência". Teoria & Debate. São Paulo. Fundação Perseu Abramo, n. 39, p 32-41. out/nov/dez, 1998.

  • CORSI, Jorge Violência Familiar: una mirada interdisciplinaria sobre un grave problema social. 1 ed. Buenos Aires: Paidos, 1997.

  • CORSI, Jorge & PEYRÚ, Graciela. "Las Violencias Sociales". In: CORSI, Jorge; PEYRÚ, Graciela (Orgs) Violencias Sociales: estudios sobre violencia. 1 ed. Barcelona-España: Ariel, 2003, p. 15-79.

  • DAMO, Arlei S. "Futebol e Estética". São Paulo em Perspectiva, 15 (3), p.82-91, 2001.

  • DOS SANTOS, Jose V. T. et al. "A palavra e o gesto emparedados: a violencia na escola". In: Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre (Org) Violência não está com nada. Porto Alegre, Secretaria Municipal de Educação, 1998.

  • DE SOUSA, Eustáquia S. & ALTERMAN, Helena "Meninos e Meninas: Expectativas corporais e implicações na Educação Física Escolar". Cadernos Cedes. Ano XIX, N.48, 1999.

  • EDGAR, Patrícia. "Violência na TV: o bom e o mau para nossas crianças". www. Midiativa.TV. Acessado em 20 de agosto de 2006.

  • ELUF, Luiza. N. "Juíza em Campo: Futebol não pode discriminar a atuação das mulheres". Revista Consultor Jurídico, Setembro de 2005, www.Conjur.com.br.

  • GIOVANI, Adriana "Estereótipos sexuais aplicados a nadadoras". Revista Brasileira Ciência e Movimento, 10 (2), p. 27-32, 2002.

  • JAEGER, Fernanda P. "Infância e Relações de Gênero" In: STREY, Marlene N; AZAMBUJA, Mariana P. R; JAEGER, Fernanda P. (Orgs.) Violência, gênero e políticas públicas. 1 ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004, p. 291-315.

  • KFOURI, Juca "Sonhar de olhos abertos". In: LERNER, L.(Org.) Violência no esporte. São Paulo, Secretaria da Justiça e da defesa da cidadania. Imesp. 1996, p. 61-64.

  • KNIJNIK, Jorge D. & SIMÕES, A. C. "Ser é ser percebido:uma radiografia da imagem corporal das atletas de handebol de alto nível no Brasil". Rev. Paulista de Educação Física. São Paulo, 14(2): 196-213, Jul-Dez. 2000.

  • KNIJNIK, Jorge D. & VASCONCELLOS, Esdras G. "Sem impedimento: o coração aberto das mulheres que calçam chuteiras no Brasil". In: COZAC, J. R. (Org.) Com a Cabeça na Ponta da Chuteira- Ensaios sobre Psicologia do Esporte. São Paulo: Ceppe, 2003.

  • KNIJNIK, Jorge D. & VASCONCELLOS, Esdras G. "Mulheres na área no país do futebol perigo de gol". In: SIMÕES, A (Org.) Mulher e Futebol: mitos e verdades. São Paulo: Manole, 2003, p. 165-175.

  • KUDE, Vera M. M. "Como se faz análise de dados na pesquisa qualitativa em Psicologia". Revista PSICO. Porto Alegre, v. 28, n,.2, p. 183-202, jul/dez, 1997.

  • KUNZ, Eleonor "O esporte enquanto fator determinante da Educação Física". Revista Contexto & Educação. Ijuí: Ed. Unijuí, ano 4, n. 15, 1989, p. 63-73.

  • MARTUCELLI, Danilo "Reflexões sobre violência na condição moderna". Tempo Social. Revista de Sociologia da USP. n. 11(1): p 5-41, 1999.

  • MELO, Gislene F. & GIOVANE, Adriana. "Estereótipos de Gênero aplicado a Mulheres Atletas". Revista Psicologia: Teoria e Pesquisa. Vol, 20, n, 3, pp 251-256, Set-Dez. 2004.

  • MICHAUD, Yves. A Violência. Tradução de L. Garcia. São Paulo: Ática, 1989

  • MINAYO, Maria C. de S. O Desafio do Conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo-Rio de Janeiro: Hucitec-Abrasco, 1998.

  • PAIM, Maria C. C. "Visões esterotipadas sobre a mulher no esporte". Revista Lecturas Educación Física y Deportes. www.efdeportes.com/ Buenos Aires. Año 9, n. 75, agosto de 2004.

  • PAIM, Maria C. C & STREY, Marlene N. "Percepção de corpo da mulher que joga futebol". Revista Lecturas Educación Física y Deportes. www.efdeportes.com/ Buenos Aires. Año 10 n. 89 Junio de 2005.

  • PAIM, Maria C. C. " Esterótipos de gênero no futebol". In: JORNADA DE ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE, 2005, Cachoeira do Sul. Anais...Cachoeira do Sul: ULBRA, 2005, p. 26.

  • PIMENTA, Carlos A M. "Violência entre Torcidas Organizadas de Futebol". São Paulo em Perspectiva, 14 (2), p.122-128, 2000.

  • SAFIOTTI, Heleiieth L. B "Contribuições Feministas para o Estudo da Violência de Gênero". Cadernos Pagu (16), p.115-136, 2001.

  • SARAIVA, Maria C. Co-Educação Física e Esportes: Quando a diferença é mito. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 2 ed, 2005.

  • SETÚBAL Aglair A. "Análise de Conteúdo: suas implicações nos estudos da comunicações". In: MARTINELLI, Maria L (Org.). Pesquisa Qualitativa: um instigante desafio. 1 ed. São Paulo: Veras, 1999, p. 59-86.

  • SILVA, Sheila A . P. dos Santos. "A Pesquisa Qualitativa em Educação Física". CDD. 20 ed.001.42.
    Disponível http:/www.efmuzambinho.org.br/refelnet/revusp/edições/1996/uspv10n1/8sheil.htm. Acessado em 18/11/04.

  • SHINABARGAR, Nancy. "Sexismo e Esporte. Uma Crítica feminista". In: COLEMAN, J. A et al. Sociologia da Religião. Petrópolis: vozes, 1989.

  • STREY, Marlene N. "Violência e Gênero: um casamento que tem tudo para dar certo". In: GROSSI, Patrícia; WERBA, Graziela C. (Orgs.) Violências e Gênero: coisas que a gente não gostaria de saber. 1 ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001.

  • STREY, Marlene N. "Violência de gênero: uma questão complexa e interminável". In: STREY, Marlene N; AZAMBUJA, Mariana P. R; JAEGER, Fernanda P. (Orgs.) Violência, gênero e políticas públicas. 1 ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004, p 13-44.

  • TAMBURRINI, Claúdio T. "O Retorno da Amazonas". Revista Lecturas Educación Física y Deportes. www.efdeportes.com/ Buenos Aires. Año 4 n. 13. Buenos Aires, 1999.

  • TOLEDO, Luiz H. "Torcidas Organizadas de Futebol". São Paulo. Autores Associados, ANPOCS, 1996.

  • VERÍSSIMO, Luiz F."Um Dilema". Jornal do Brasil. 30/11/1996.

  • WERBA, Graziela C. O Tudo e o Nada: Mulheres e Representações Sociais da Violência contra a Mulher. 2004. Tese (Doutorado em Psicologia) Programa de Pós-graduação em Psicologia. Faculdade de Psicologia da PUCRS. Porto Alegre.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Google
Web EFDeportes.com

revista digital · Año 12 · N° 117 | Buenos Aires, Febrero 2008  
© 1997-2008 Derechos reservados