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Escalada: esporte e lazer, subsídios teóricos
Climbing: sport and leisure, subsidies theorists

   
*Licenciado em Educação Física - UFU, com Especialização
em Educação infantil; Coordenador do Grupo de Estudos
e Pesquisas em Atividades de Aventura GEPAA/UFU.
**Licenciada em Educação Física pela FAEFI/UFU.
(Brasil)
 
 
Juliano Nazari*
nazari_juliano@yahoo.com.br  
Ana Clara Gomes**
clara_educa@yahoo.com.br  
Thais Cristina de Oliveira**
thais_educa@yahoo.com.br
 

 

 

 

 
Resumo
     O presente trabalho tem como objetivo contribuir para a sistematização de informações sobre a prática da Escalada, abordando tópicos como: etimologia da palavra; histórico; estrutura; equipamentos; estilos; utilização; e segurança. Mais especificamente, buscamos através deste estudo auxiliar para a elaboração de materiais instrucionais que possam contribuir com os estudos do Grupo de Estudos e Pesquisas em Atividades de Aventura do Núcleo de Estudo em Planejamento e Metodologias do Ensino da Cultura Corporal da Universidade Federal de Uberlândia - GEPAA/NEPECC/UFU.
    Unitermos: Escalada. Atividades de aventura. Materiais instrucionais.
 
Abstract
     This work aims to contribute to the systematization of information on the practice of Climbing, addressing topics such as: etymology of the word; history; structure; equipment; styles; utilization, and security. More specifically through this study auxiliary the development of materials of instruction that can contribute to the study of the Group of Studies and Research in of Adventure Activities of the Nucleus for the Study in of Planning and Methodologies of Teaching of Culture Body, it of the Federal University of Uberlandia - GEPAA / NEPECC / UFU.
    Keywords: Climbing. Adventure's activities. Materials of instruction.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 117 - Febrero de 2008

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Introdução

As atividades de aventura

    As atividades de aventura tem-se difundido recentemente de maneira muito rápida, através da mídia, principalmente entre jovens que procuram por sensações/emoções, de liberdade que remetem ao conflito que existe nessa faixa etária.

"Nas aventuras esportivas a autonomia é buscada pelos praticantes, a transgressão é edificada, mas as limitações impostas pelas intempéries, fora do controle do homem, sempre os fazem retornar a sua pequenez diante do infinito. A ameaça de sanção é permanente, por isso eles calam e calculam cada passo, tomando decisões firmes e acertadas, porque qualquer erro pode ser fatal." (COSTA, 1999:22).

    As atividades de aventura na natureza tendem, por definição, a buscar áreas inóspitas, praticamente intocadas como: picos elevados, vertentes íngremes, cavernas, ambientes submarinos, vales em garganta, matas virgens, corredeiras e cachoeiras. O Brasil, neste sentido, oferece múltiplas possibilidades territoriais, fato reconhecido mundialmente através de sites de agencias internacionais. A variedade de paisagens e o clima ameno se inscrevem no rol de atrativos da natureza brasileira. (JESUS, 2003). Tendo assim inúmeras possibilidades territoriais para a prática de atividades como a escalada, nosso caso em questão.

Apresentação

    A Escalada é um esporte de risco e por isso é necessário capacitação prática e teórica antes da prática. A escala de dificuldades na escalada varia de 0 a 10, sendo que para os iniciantes recomenda-se até o nível três.

    A palavra escalar quer dizer subir a (montanha íngreme), sua prática exige sincronismo e comunicação entre as duplas. A escalada se desenvolve no percurso estabelecido por trechos previamente determinados pelo tamanho da corda e dos grampos. Cada trecho é realizado por um da dupla primeiro enquanto o outro presta assistência, depois invertesse os papéis. Os trechos percorridos são de ponto a ponto, cada pessoa faz o trajeto com o suporte do outro, até que consiga se ancorar na rocha.

    Hoje o montanhismo/escalada pode ser definido como prática esportiva de subir montanhas com o propósito de atingir o cume, seja através de caminhadas ou escaladas (COSTA, 2003, apud COSTA, 2004).


Histórico

    Historicamente, freqüentar as montanhas é uma atividade que o homem desempenha desde a pré-história (Gardien, 2001, apud COSTA, 2004). Ao longo dos tempos, a montanha teve na vida do homem em meio à natureza, diferentes representações, como exemplo de instrumento, quer estratégico, geográfico, mítico ou funcional.

    Estas representações foram mais presentes e relevantes na vida daqueles que viviam em regiões de altitude ou próximos a elas, e precisavam deslocar-se pelas montanhas, desvendando os melhores caminhos.

    Na história a Cordilheira dos Alpes é considerada o berço do montanhismo. A primeira escalada a um dos picos alpinos foi no Monte Aiguille, em território francês, por Antoine de Ville, que realizou uma verdadeira escalada sobre rochas. Tal fato ocorreu em 1492 causando enorme furor na época, pois as pessoas acreditavam que as altas montanhas alpinas eram habitadas por dragões e seres alienígenas. Tão intenso era o temor relacionado com a Cordilheira que as próximas conquistas alpinas só aconteceram centenas de anos depois: em 1744 (Monte Titlis), 1770 (Monte Buet) e 1779 (Monte Velan) (NAZARI, 2004).

    Segundo Costa (2004), em 1760 um membro da rica aristocracia de Genebra e naturalista, Horace Bénédict De Saussure, prometeu um prêmio para quem descobrisse o caminho para o Mont-Blanc (ponto mais alto do maciço dos Alpes, com 4.808m). Durante os 25 anos que se seguiram algumas tentativas foram realizadas, mas o êxito só foi alcançado no verão de 1786, por Jacques Balmat e Michel Gabriel Paccard.

    Em 1857, foi fundada a primeira associação de montanhismo, o Clube Alpino de Londres. Os ingleses foram hábeis praticantes e iniciaram o movimento de congregação da categoria. Com a criação do clube, o esporte começou a se organizar e a desenvolver técnicas de segurança. O exemplo inglês foi seguido pelos demais países, e logo apareceram diversas organizações em toda a Europa. Primeiramente na Áustria, em 1862, e, um ano depois, na Suíça e Itália. Em 1874, surgiu o Clube Alpino Francês.

    As primeiras escaladas brasileiras ocorreram durante o período das explorações territoriais do Brasil colônia no século XVII (NAZARI, 2004; COSTA, 2004). Estas foram empreendidas pelos bandeirantes com o intuito de cortar caminho, descobrir terras novas, espreitar carregamentos de ouro, lutar com os indígenas, fazer "tocaias" encomendadas e para ações "bélicas", ainda que sem os atuais equipamentos de segurança.

    Segundo Costa (2004) em 1817 a inglesa Henrietta Carsteirs subiu ao Pão de Açúcar (396m), no Rio de Janeiro e hasteou uma bandeira de seu país no cume desta elevação que marca com grande visibilidade a entrada da Baía de Guanabara. O feito provocou os brios dos alunos da antiga Escola Militar da Praia Vermelha, os quais após cinco horas de subida cravaram a bandeira da coroa portuguesa no mesmo lugar da anterior em sinal de patriotismo. Este é o primeiro registro encontrado no tema montanhismo nacional.

    Algumas décadas depois,

"em 1879 um grupo de paranaenses liderado por Joaquim Olímpio de Miranda conquistou a principal montanha da Serra do Marumbi - PR, com mais de 1.500m. Esta iniciativa produziu a primeira equipe de "montanhistas" reunida no país, tendo como a finalidade principal realizar uma Escalada esportiva em montanha, o que reforça a suposição de que não houve importação da prática esportiva." (COSTA, 2004).

    O berço da escalada no Brasil é a região de Teresópolis (região serrana do Rio de Janeiro). Em 1912 o Pico do Dedo de Deus (1.675 m), situado na Serra dos Órgãos, próximo a Teresópolis foi "conquistado". O grupo de escaladores de Teresópolis era composto pelo: ferreiro José Teixeira Guimarães, o caçador Raul Carneiro e pelos irmãos Acácio, Alexandre e Américo Oliveira, eles contaram com a preciosa colaboração do menino João Rodrigues de Lima, que percorria diariamente a longa subida até a base da escalada, levando comida para o grupo.

    A presença do ferreiro José Teixeira Guimarães foi decisiva no sucesso durante a escalada ao Pico do Dedo de Deus. A habilidade do ferreiro possibilitou a fabricação e a seleção do material técnico empregado (grampos, estribos, hastes, brocas marretas, etc.). A união das competências de cada um dos membros da equipe de Teresópolis viabilizou a grande conquista do montanhismo brasileiro realizado de 3 a 9 de abril de 1912.

    O caminho idealizado por Teixeira, foi nomeado com o nome dele, e ainda hoje é uma importante via de acesso ao cume do imponente penhasco Dedo de Deus.

    O primeiro Clube de Montanhismo do Brasil foi fundado no Rio de Janeiro, em 1° de novembro de 1919. A congregação pioneira recebeu o nome de: Centro Excursionista Brasileiro (CEB) (NAZARI, 2004; COSTA, 2004). O Pico do Dedo de Deus foi escolhido como montanha-símbolo do CEB, e desde então, figura como emblema do CEB. Foi o CEB que iniciou, em 1926, a primeira publicação destinada à divulgação do montanhismo - o Excursionista - depois transformada em boletim interno. Em 1944, criaram a primeira Escola de Guias do Brasil.

"Após a segunda escalada ao Dedo de Deus, em 1931, outras agremiações começaram a surgir, confirmando uma expansão mais consistente e regular do esporte no país. Esta tendência menos oscilante resultou na conquista de montanhas e vias por aprimoramento de técnicas e procedimentos." (COSTA, 2004).

    Atualmente, os cariocas possuem uma tradição maior na prática de escalada, devido a própria geografia da cidade. Teresópolis, Petrópolis, o Pão de Açúcar e outros pontos rochosos (estratégicos devido à boa localização) são locais onde há um maior número de procura para a prática da escalada. Já em São Paulo para praticar a pessoa gasta no mínimo umas 2, 3 horas para chegar até uma montanha.


Regras

    A seguir explicitaremos as regras mais importantes da escalada esportiva, tendo como base o regulamento da FEMESP (2004).

    O Ranking é dividido em quatro categorias: Master Masculino, Intermediário Masculino e Master Feminino e Intermediário Feminino, e constituído por campeonatos de Dificuldade à Vista e Boulder.

    Ao final do ranking, os dois primeiros colocados da categoria Intermediário Masculino, e a primeira colocada da categoria Intermediário Feminino, passam a competir no master no ano seguinte. Já os dois últimos colocados da categoria Master Masculino podem escolher voltar para a categoria Intermediário Masculino.

    Segue abaixo as tabelas de pontuação segundo a FEMESP (2004), para atletas masculinos e femininos:


Regras para o Boulder

    Refere-se a escalada de muros artificiais, de pequenas alturas, os quais não devem ultrapassar três metros do tamanho do atleta. Não é permitido a utilização de nenhum equipamento, a não ser o próprio corpo e o muro, exceto suas extremidades. Esses muros devem ter no mínimo quatro e no máximo doze agarras.

    Existe uma zona de observação onde os atletas ficam observando a competição, e uma zona de isolamento onde esperam o chamado para competir.

    A competição restringe-se a superação de vias propostas pela organização do evento. O atleta só deverá utilizar as agarras contidas em sua via, num período que pode variar de quatro a oito minutos, e será validada com o OK do júri.

    A regra ainda contempla situações como: incidente técnico; classificação após a rodada; desclassificação; reclamações;


Regras para a Dificuldade à vista

    A modalidade Dificuldade à vista difere-se do Boulder no seguinte aspecto, cada atleta pode usar o material técnico e equipamento que quiser: cadeirinha, sapatilha, magnésio, desde que considerados apropriados pela organização, e uma corda fornecida pela organização do evento.

    Na competição deve-se tentar alcançar as agarras e costurar todas as proteções, terminando quando a ultima proteção for costurada.

    Na regra existem ainda outros temas contemplados: zona de observação; zona de isolamento; incidente técnico; classificação após as fases; quota; índice técnico; faltas; desclassificação; reclamações.

    O regulamento retrata também a questão disciplinar de atletas e oficiais de equipe.


Graduação de vias de escalada

    A graduação conferida para a escalada em livre se refere à condição de ser guiada à vista (sem conhecimento prévio da via) e sem a utilização de pontos de apoio artificiais (grampos, móveis, etc...) para progressão ou mesmo para descanso (a continuidade numa escalada faz parte da graduação).

    A notação para a graduação é dada basicamente por 2 números separados por vírgulas, onde o primeiro refere-se à graduação geral da escalada e o segundo ao lance mais difícil da via. A estes dois números são agregados informação sobre os lances em artificial, caso estas ocorram. Sistematizamos a seguir, a graduação dada usualmente ás vias, para a escalada em livre , onde o sinal "+" pode ser entendido como a abreviação "sup" (de superior), como era de uso anteriormente.


Equipamentos

    Separamos aqui alguns dos equipamento utilizados para a prática da escalada (NAZARI, 2004):

    Croquis: Os croquis são uma espécie de "mapa da mina". Neles estão contidas informações muito importantes sobre as condições geográficas, pontos de ancoragem, descansos, platôs, enfim, é imprescindível estudar os croquis antes de iniciar a subida da montanha. Os croquis podem ser comprados em lojas especializadas em montanhismo.

    Para escalada em rocha de proteção fixa:

    Corda Dinâmica: Cordas dinâmicas são cordas especiais feitas principalmente para suportar a queda de um escalador de forma mais suave. Sua construção lhe permite um certo grau de elongação que a faz funcionar como um amortecedor que diminui a força de impacto resultante sobre o corpo do escalador, sobre as ancoragens e por último sobre o segurador, evitando que este queime as mãos ao tentar freiar a queda do guia.

    Cadeirinha (Baudrier): É um item básico e essencial numa escalada. Trata-se de um suporte para o corpo do escalador, que é composto de um cinturão e de duas alças para as pernas, todos interligados para melhorar a sustentação do corpo. É onde o escalador amarra a corda de escalada, fixa o aparelho de rappel e segurança e também a solteira. São feitas de fitas de nylon reforçadas e seu desenho varia de acordo com a aplicação e o fabricante.

    Capacete: Os capacetes de escalada são feitos para proteger a cabeça do escalador do impacto de qualquer coisa que caia de cima, em geral pedras, ou caso este venha a sofrer uma queda e bater com a cabeça na parede.

    Sapatilha: Calçados de rocha são feitos para aumentar o apoio dos pés sobre pequenas saliências da rocha. Isto é possível graças ao desenho desses calçados(sempre bastante justos aos pés) o que aumenta a sua precisão no contato com a rocha, e principalmente ao seu solado, de borracha super aderente.

    Mosquetões: O mosquetão é um item básico, que possui inúmeras aplicações numa escalada. Funciona como elemento de ligação, ou elo, entre vários sistemas, dependendo da aplicação. Também são utilizados como passadores de corda (costuras) durante uma escalada guiada. Existem vários modelos, de acordo com sua utilização. Podemos enumerar alguns;

    Mosquetão D com trava: é o modelo mais simples, é basicamente utilizado para fazer ligações. A trava impede que se abra de forma inadvertida, evitando um possível acidente.

    Mosquetão Pera: também conhecido como mosquetão de base, possui este nome por causa de seu formato com uma base larga e arredondada. Em geral seu gatilho possui trava e é utilizado como mosquetão de base em paradas durante uma escalada ou em conjunto com freios do tipo tubo ou plaqueta.

    Mosquetão com gatilho curvo: são mosquetões especiais sem trava com uma finalidade bastante específica: servirem como passadores da corda do escalador que esta guiando uma cordada. Seu gatilho é curvado para facilitar o trabalho de clipagem (passar a corca para dentro do mosquetão) do guia. São utilizados em costuras que são um conjunto de mosquetão de gatilho curvo para passar a corda, alça de fita e mosquetão de gatilho reto para fixar numa ancoragem da rocha.

    Ascenders: Dipositivo usado para se fazer a ascensão através de uma corda durante uma escalada de conquista ou BigWall, onde seu uso é mais comum. Também podem ser utilizados em sistemas de içamento de equipamento ou em operações de resgate em abismos.

    Freio ATC: São dispositivos que possuem em geral duas funções básicas: como aparelho de segurança, onde o segurador (segundo escalador) controla a quantidade de corda entre ele e o guia da cordada e pode facilmente frear uma queda do guia com um simples movimento, e também como aparelho de rappel (nem todos os modelos). Existem vários modelos que funcionam de formas distintas, mas todos possuem a mesma finalidade básica que é travar uma queda.

    Friends e Camalots: Seu nome oficial é SLCD (Spring Loaded Caming Device) dispositivo de expansão por pressão de mola. É um dispositivo bastante engenhoso útil na montagem de ancoragens móveis em sistemas de fendas, normalmente encontradas em rochas.

    Martelete Perfurador 11225 da BOSCH: Normalmente se costuma utilizar talhadeiras manuais para se fazer perfuração na rocha, seja para colocação de ancoragens fixas, os chamados grampos de rocha, ou para fazer buracos para sustentação dos ganchos para rocha. Este é um trabalho demorado e bastante desgastante que consome maior parte do tempo e da energia de um escalador durante uma conquista.

    Daisy Chain: Trata-se de uma alça de fita costurada com pequenas alças de suporte. É um acessório bastante versátil durante uma escalada, pois pode ser utilizado para organização de equipamentos em suas alças, mas seu principal uso é como alça solteira em conjunto com os estribos, pois permite ajuste mais simples a medida que o escalador progrida através dos estribos.

    Estribos: São verdadeiras escadas com degraus alternados que servem basicamente para serem fixadas em algum dispositivo de apoio na rocha (grampos, clifs, nuts, friends etc) e para a ascenção do escalador.

    Nuts: São pequenas cunhas metálicas, presas em alças de cabo de aço ou em alças de cordeletes feitos de material mais resistente como o Kevlar, que funcionam como dispositivos de ancoragem móvel em rocha.

    Pitons: Também conhecidos como grampos de fendas, são cunhas metálicas com alça para fixação de mosquetão ou fita. Estes dispositivos de ancoragem são amplamente utilizados em escaladas de progressão artificial.

    Cheville: Os cheviles são pequenos cilindros chumbadores, com rosca interna e com uma base dentada, que servem basicamente para perfuração da rocha e para fixação de proteções fixas.

    Cliffs: ganchos metálicos que servem para apoio sobre saliências da rocha ou sobre pequenos buracos perfurados com talhadeiras. Existem vários tamanhos e modelos, dependendo do uso que se faz. São amplamente utilizados em escaladas onde há necessidade de progressão em artificial.

    Haul Bag: É uma grande bolsa super reforçada, própria para suportar o contato com a rocha abrasiva. Com seu desenho cilíndrico, é utilizada no içamento de todo o equipamento e víveres dos escaladores durante uma conquista.

    Marreta: São marretas com desenho especial que servem para ajudar na colocação ou extração de grampos de fendas, os pitons, ou na perfuração da rocha com talhadeiras. Possuem um cabo para que fiquem penduradas e não se percam em uma eventual queda.

    Pecker: Trata-se de um minipiton para fendas realmente muito finas e rasas (com pouca profundidade) que normalmente não suportaria um piton normal, mesmo os mais finos. Seu fabricante é a Black Diamond.

    Polia: As polias são muito utilizadas em escaladas para facilitar o trabalho de içagem de equipamento ou dos haull bags. Também podem ser úteis em operações de resgate ou para transporte em tirolesas, dependendo do modelo. Existem vários tamanhos e modelos, de acordo com o uso.

    RURP: Trata-se de um minipiton para fendas realmente muito finas e rasas (com pouca profundidade) que normalmente não suportaria um piton normal, mesmo os mais finos. Vem com uma pequena alça para ajudar em sua fixação. É fabricado pela Black Diamond.

    Talhadeira: Dispositivo composto de um punho de aço, revestido de espuma ou borracha, e um adaptador para brocas de aço, que podem variar de espessura de acordo com a necessidade. É utilizado para fazer perfuração da rocha, para confecção de buracos de cliff ou colocação de grampos. As brocas mais utilizadas são as de ¼ e ½ polegadas.


Nós e amarras

    Mesmo concernentes que o conhecimento sobre nós e amarrações, não implicam em autonomia para uma escalada segura, acreditamos que faz-se necessário a sistematização de informações a respeito dos mesmos. Dessa forma elaboramos o seguinte quadro com os principais nós utilizados, de acordo com a União dos Escoteiros do Brasil da região do Rio Grande do Sul (2000):


Estilos de escalada

    Escalada em rocha tradicional (figura 1): Segundo DAFLON (1998a), grandes paredes e o objetivo de atingir o cume da montanha pelas mais variadas faces. Envolve um contato mais intimo com a natureza já que, muitas vezes, a montanha esta isolada de tudo, exigindo longas caminhadas de aproximação e deixando o escalador exposto as variações climáticas. Muito exigente fisicamente e psicologicamente por durar longas horas e nem sempre ter proteções próximas e/ou fixas.


Figura 1. Escalada em rocha, Araxá-MG, Brasil.

    Segundo CÔRTES (2000), a escalada tradicional consiste em trabalhar as vias em livre com proteções em lugares naturais na rocha, seja qual for o tamanho da via ou sua dificuldade. Proteções fixas nesse estilo somente se for de baixo para cima sem artifícios (como cliffs) para evolução, a não ser para colocá-las.

    Escalada Esportiva: são geralmente em falésias (blocos de pedra menores) ou em rochas. A característica principal é ser de via curta. A intenção da escalada não é chegar no cume (topo) e sim a técnica e a habilidade física necessária. Exige muita força e é geralmente a escolha de quem faz Indoor nas academias. Porque a exigência é a força para permanecer "colado" na parede. Vias curtas: são pequenos trechos, em geral com 1 via, isto é, um comprimento de corda.

    Escalada esportiva é uma das varias modalidades do montanhismo ou alpinismo moderno (BECKER, 2000a).

    Big Wall (Alta montanha): o percurso é longo, o objetivo e atingir o cume das montanhas do planeta, precisa de vários dias para chegar ao cume e ele é a meta. É necessário transportar comida e outros equipamentos para pernoitar na rocha.

    Bouldering (Boulder): é uma prática moderna, a pessoa faz um trabalho de poucos movimentos, mas de muita força em pequenos blocos de pedras. A pessoa tenta "construir ventosas para não cair da rocha". Ao contrário de outras modalidades que são de "ascensão" (a intenção é subir ao cume) no Bouldering tanto quanto na modalidade esportiva a força é a base e cume não importa.

    Escalada Indoor (exemplo: nas academias de ginástica): são paredes artificiais de alvenaria para a pessoa exercitar-se na escalada que simula uma pratica na montanha. Perde a essência da escalada que é o contato direto com a natureza. Além disso, a "ascensão" é sempre igual não tem variação de adrenalina (figura 2).


Figura 2. Escalada Indoor.

    Escalada Solo: sem cordas, Baudrier ou qualquer outro equipamento de segurança, este é um estilo para poucos pois, um erro, pode ser fatal.

    Escalada Artificial: Quando não há possibilidades para a escalada em livre, o escalador emprega meios não naturais para sua progressão. Existem inúmeras técnicas e artifícios que permitem, com o auxilio de todo e qualquer equipamento (cordas, grampos, móveis) ganhar altura.

    Escalada em gelo: Segundo DAFLON (1998a), os paredões de gelo ou cascatas congeladas, com inclinação até negativa, são perfeitas para a escalada em gelo. Não estão, necessariamente, em ambiente de alta montanha, mas, em compensação, são muito técnicas.


Segurança

    Corroboramos com Brage (s/d), ao apresentarmos as seguintes dicas necessárias na prática da escalada em diferentes localidades:

  • Ter um mapa e uma bússola e saiber como usá-los.

  • Planejar sua rota, e consultar seu mapa e roteiro frequentemente durante a viagem.

  • Viajar com um companheiro. Você pode precisar em alguma emergência.

  • Estar em boas condições. Planejar tempo e energia de sobra para terreno acidentado, ou difícil. Ajuste o seu ritmo de forma a sentir-se bem, e não mal. A fadiga leva a exaustão; e a exaustão leva à exposição ou acidentes.

  • Montar o acampamento antes do escurecer. Viajar apenas durante o dia.

  • Pensar antes de beber água, pois sua pureza, nos mapas e nas trilhas, não pode ser garantida. Um riacho ou uma fonte podem parecer claros e puros mas podem estar contaminados com micro-organismos que podem deixá-lo doente. Esteja seguro. Ferva ou trate toda a água de beber. O tratamento é particularmente importante quando for utilizada água, após uma tempestade. Geralmente água pode ser encontrada próximo a todos os pontos de acampamento.

  • Evitar a desidratação. Beba antes de você sentir sêde. Um adulto necessita 3 ou 4 litros de água por dia enquanto está caminhando.

  • Estar alerta para os sintomas da hipotermia. A hipotermia ocorre quando a temperatura do centro do corpo chega abaixo do normal por excesso de exposição ao frio ou à umidade. Ela pode ocorrer em temperaturas bem acima de zero. O tratamento se inicia abrigando a vítima do vento e da chuva e rapidamente secando-a e aquecendo-a.

  • Ter sabedoria com o tempo. Conhecer os sinais de aproximação de tempestades ou das mudanças das condições de tempo. Estar preparado para quedas rápidas da temperatura em grandes altitudes, mesmo no verão.

  • Evitar cumes, lugares expostos, árvores isoladas, riachos, lagos, e rochas durante tempestades elétricas. Encontre abrigo em uma área com floresta densa em lugares mais baixos. Remova mochilas com estruturas metálicas.

  • Acampar longe de árvores com galhos grandes, e mortos, especialmente durante ventanias.

  • Manter o acampamento limpo. Comida jogada fora e lixo atrai animais. Saiba como identificar insetos que picam, cobras venenosas, e plantas venenosas.

  • Conhecer os primeiros socorros para acidentes e males súbitos.

  • Deixar um plano de viagem com os amigos ou a família de forma que alguém saiba onde você está e quem deverá ser contatado em caso de emergência.

  • Protejer os recursos da floresta. Comunique incêndios, vandalismos e crimes ecológicos.


O impacto na natureza/ambiental

    Segundo Brage (s/d) para que possamos minimizar os impactos na natureza é necessário:

  • Viajar em silêncio.

  • Ficar na trilha principal, mesmo se molhada.

  • Nunca cortar caminhos em zig-zags da trilha.

  • Ver e fotografar; nunca pegar ou colher.

  • Evitar áreas populares.

  • Nunca jogar fora nada, incluindo pontas de cigarro e papéis de bala.

  • Caminhar levemente; não levantar poeira ou pedras e não pisar na vegetação.


Considerações gerais

    Acreditamos que apesar da escassez de produções científicas a respeito da temática, foi possível sistematizar de maneira sucinta a Atividade de Aventura denominada Escalada, porém verificamos que faz-se necessário a realização de novas pesquisas acerca do assunto, para contribuir com a reflexão e discussão sobre novos conhecimentos referentes a este contexto.

    Conclui-se que a escalada é uma das Atividades de Aventura mais antigas. Durante sua evolução foram construindo diversos equipamentos que auxiliaram na superação de desafios impostos pela natureza, dando ao homem a falsa sensação/ilusão de dominá-la. Atualmente tal prática esta sendo muito difundida entre os jovens por meio de paredões instalados em academias e parques, com intuito de fornecer lazer às pessoas.

    Percebemos que esse lazer não esta ao alcance de todos os cidadãos, pois a própria sociedade excludente em que vivemos acaba por negar esse direito, quando não proporciona condições mínimas de sobrevivência para a população menos favorecida. Verificamos que as Atividades de Aventura no âmbito do lazer se restringem geralmente as classes com recursos financeiros, pois os próprios equipamentos e o suporte necessário a pratica da escalada, tem custos onerosos, longe da realidade da maioria da população.

    Nesse sentido acreditamos que o acesso da população a prática da escalada, é um tema que pode ser abordado em futuras pesquisas.


Referências bibliograficas

  • BECKER, Helmut. Escalada Esportiva. Revista Fator 2, Rio de Janeiro - RJ, Nº 10, p. 9, nov. 2000a.

  • BECKER, Helmut. Trabalhando uma Via. Revista Fator 2, Rio de Janeiro - RJ, Nº 12, p. 11, fev. 2000b.

  • BRAGE, J. A. P. Dicas de Montanhismo. s/d. CEU - Centro Excursionista Universitário. Disponível em: http://www.geocities.com/yosemite/1151/dicas.html acesso em 9 de agosto de 2006.

  • CÔRTES, Ralf. Escalada Tradicional. Revista Fator 2, Rio de Janeiro - RJ, Nº 10, p. 9, nov. 2000.

  • COSTA, V. L. de M. Esporte de aventura e risco na montanha: uma trajetória de jogo como limites e incertezas. Rio de Janeiro: UGF, 1999. 214p.

  • COSTA, C. de S. C. Formação profissional no esporte escalada. Rio de Janeiro: UGF, 2004. 133p.

  • DAFLON, Flavio. Qual é o Seu Estilo? Revista Fator 2, Rio de Janeiro - RJ, Nº 1, p. 6, jan.1998a.

  • DAFLON, Flavio; ADRIANE, Cintia. Qual é o Seu Estilo? Parte II. Revista Fator 2, Rio de Janeiro - RJ, Nº 2., p. 6, fev. 1998.

  • FEMESP. Regras do Ranking Paulista de Escalada Esportiva - 2004. Disponível em: http://www.femesp.org/regulamentos.php Acesso em: 1 de junho de 2006.

  • JESUS, G. M. de. A Leviana Territorialidade dos Esportes de Aventura: Um desafio à gestão do ecoturismo. In: MARINHO, A. (org.); BRUHNS, H. T. (org.). Turismo, Lazer e Natureza. Barueri, SP: Manole, 2003.

  • MARINHO, A. Da busca pela natureza aos ambientes artificiais: reflexões sobre a escalada esportiva. Campinas: Unicamp, 2001. 138p.

  • MELO, R. S. de; COSTA, V. L. M. A sacralização das vias na Urca: O lazer de montanhistas. 2003. In: http://www.rioradical.com.br/canal/pdf/arquivo%20site.pdf. acesso em: 1 de junho de 2006.

  • NAZARI, J. Escalada. Uberlândia - MG: Adventure ECO-SportS, 2004. 15 p. Apostila.

  • UEB/RS - União dos Escoteiros do Brasil/Região do Rio Grande do Sul. Nós e Amarras. Coleção Tafara Camp. Porto Alegre: Tafara, 2000.

Outros artigos em Portugués

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