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Uso do tempo de estudantes de Licenciatura
em Educação Física. Um estudo piloto
 

 

 

* Docente UFV/MG. Professora de Educação Física

** Docente ESEFJ/SP. Professor de Educação Física

*** Graduanda em Educação Física UFV/MG. Bolsista PIBIC/CNPq

(Brasil)

 

Leonice Aparecida Doimo*

Olival Cardoso do Lago**

Olsyara Maria Cavalcanti***

ladoimo@ufv.br

 

 

 

Resumo

Introdução: A qualidade do uso do tempo, especialmente aquele dedicado aos estudos formais bem como o padrão de utilização do tempo livre durante o período de formação poderá ter impacto significativo no nível de competência e nas oportunidades ocupacionais futuras. Objetivo: descrever o uso do tempo de um grupo de estudantes de nível superior, de um curso particular de licenciatura em educação física, período noturno, com base nas suas atividades diárias, avaliadas entre o acordar e o adormecer. Método: Participaram 42 homens e 48 mulheres, (17 a 33 anos). Utilizou-se uma entrevista estruturada e para decodificar e classificar as atividades utilizou-se a classificação australiana para estudos de uso do tempo, obtendo-se os perfis das atividades distribuídas em nove grupos principais de atividades Foram verificados os contextos físico e social e atividades secundárias (atividades realizadas em paralelo à atividade principal). Considerou-se somente atividades realizadas de segunda à sábado, sendo recordado um dia por pessoa, conforme sorteio prévio. Resultados: a maior parte do dia (média 18h14 min) destinou-se às atividades de trabalho remunerado e educacionais, seguido de atividades de cuidados pessoais e lazer. Conversar foi a atividade secundária preponderante. O contexto físico predominante foi o local de trabalho e o social foi estar com amigos. Fora do ambiente acadêmico, não se relatou atividade alguma relacionada ao aspecto educacional mesmo sob forma de atividade secundária ou durante o tempo livre Conclusão: Grande parte do tempo destinou-se ás atividades de emprego visando a subsistência e o pagamento do curso.. Aumento na porção de tempo dedicado aos estudos só será possível através de alterações nas proporções de tempo destinado ás outras atividades o que, a princípio, parece inviável. Isto poderá ter sérias repercussões na qualidade e competência de um futuro emprego na área da educação física.

Unitermos: Uso do tempo. Estudantes. Atividades diárias.

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 116 - Enero de 2008

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Introdução

    Dados sobre o uso do tempo na execução das atividades diárias podem ser utilizados para responder questões sobre ampla gama de assuntos constituindo-se, portanto, num instrumento de múltiplo uso (FLEMING & SPELLERBERG, 1999; JOYCE & STEWART, 1999).

    O valor dessa informação reside no fato de que tempo é um recurso fundamental e não renovável, sendo igualmente partilhado pois todos possuem as mesmas vinte e quatro horas num dia. Portanto, trata-se de uma unidade internacional de medida que pode ser usada em diferentes culturas para quantificar a duração, seqüência e coordenação de todas as atividades humanas.

Revisão de literatura

    Diariamente pessoas selecionam atividades nas quais investirão tempo e atenção a partir de uma ampla variedade de atividades possíveis. A soma destas escolhas retrata o dia vivenciado, reflexo das prioridades e objetivos imediatos permeados pelo aspecto motivacional. Refletem também a medida de oportunidades e impedimentos de natureza variada que podem incentivar ou cercear a participação em certos tipos de atividades como também influenciar na estruturação do dia. (HORGAS et al., 1998).

    Existem três dimensões para a relação tempo-atividade: 1) a própria atividade (ação ou o comportamento observável); 2) onde é realizada, (local ou espaço físico) e 3) na presença de quem é realizada (contexto social). Desta análise, surge uma tipologia, composta por quatro categorias de tempo: 1) tempo necessário (relacionado aos cuidados pessoais; 2) tempo contratado (atividades de emprego e educação regular), 3) tempo comprometido (atividades obrigatórias como trabalho doméstico, compras, trabalho não remunerado) e 4) tempo livre (STINSON (1999),

    Os diferentes modos como adolescentes e jovens utilizam seu tempo vem merecendo atenção em virtude dos ciclos diários de uso do tempo terem importantes conseqüências no desenvolvimento e no futuro dos mesmos. Sugere-se que nas sociedades ocidentais essa faixa etária possui maior quantidade de tempo não supervisionado ou livre, facilitando o acesso à drogas, violência, práticas sexuais não seguras, excesso de lazer passivo que pouco exige em termos de raciocínio, pouco ou nenhum tempo para o exercício físico podendo levar ao sedentarismo e desenvolvimento precoce de doenças crônicas. Acrescenta-se também possíveis implicações negativas para a performance acadêmica (MANELL et. al, 2003). Este quadro pode ter implicações cruciais no desenvolvimento de jovens e adolescentes ao determinar o bem estar emocional, social e a saúde destes na idade adulta. Neste sentido, a educação, é um processo no qual se faz necessário esforço individual e investimento adequado de tempo no presente para conquistar satisfação futura, representada pela possibilidade de acesso ao mercado de trabalho em circunstancias vantajosas. Dessa forma, uma compreensão do estilo de vida dos alunos, seus padrões de uso do tempo, participação e tipos de lazeres praticados e engajamento em atividades acadêmicas se reveste de importância na medida em que podem auxiliar na tomada de medidas preventivas ou ajustes presentes para um melhor encaminhamento profissional futuro.

    Considerando-se a heterogeneidade dos alunos, o modo como os recursos de ensino são usados para transformar as horas de estudos dos mesmos em determinados fatores de sucesso universitário é de suma importância embora outros fatores intervenientes que fogem ao controle do estudante devam ser levados em consideração como por exemplo seu ambiente socioeconômico e a própria organização universitária.

    Assim, uma compreensão do estilo de vida dos mesmos, seus padrões de uso do tempo, participação e tipos de lazeres praticados e engajamento em atividades acadêmicas se reveste de importância na medida em que podem auxiliar na tomada de medidas preventivas ou ajustes presentes para um melhor encaminhamento profissional futuro.

Objetivo

    Descrever como um grupo de estudantes, de ambos os sexos,. de um curso particular de licenciatura em educação física, primeiro ao quarto ano, período noturno, usam o tempo para realização de suas atividades diárias, avaliadas entre o acordar e o adormecer, levando-se em consideração as atividades principais; atividades secundárias, os contextos físico e social das mesmas e as atividades de lazer.

Método

    Trata-se de um estudo descritivo sobre o uso do tempo por parte de estudantes de licenciatura em educação física.

    Consentiram em participar 90 alunos (42 homens e 48 mulheres), com idades entre 17 a 33 anos, cursando do primeiro ao quarto ano letivo.

    Em reunião prévia, foi exposto o objetivo do estudo bem como os instrumentos de pesquisa, enfatizando-se o caráter totalmente voluntário da participação

Coleta de dados

    Foram aplicados os seguintes instrumentos: formulário de registro de dados pessoais, para melhor caracterização da amostra; Time Diary, conforme proposto pelo Australian Bureau of Statistics (1999), para registro das atividades diárias recordadas. Para a classificação e codificação de todas as atividades diárias mencionadas, utilizou-se a Classificação de Atividade de Uso do Tempo (Time Use Activity Classification), conforme proposto pelo Australian Bureau of Statistics (1999) onde as atividades são organizadas em grupos de comportamentos observáveis mutuamente exclusivos de modo a cobrir todos os aspectos da atividade humana. Foram utilizados apenas os nove grupos de atividades principais da classificação onde todas as atividades mencionadas foram direcionadas para um dentre estes nove grupos (ou categorias), codificados em um dígito. Portanto, ressalta-se que cada grupo principal engloba uma série de atividades relacionadas (atividades secundárias), em níveis mais detalhados e variados, podendo até existir subgrupos de atividades secundárias, codificadas em dois ou mais dígitos.

    Tanto o formulário como o diário para registro de atividades foram deixados com os participantes para o próprio preenchimento. Devido ao volume substancial das informações, o Time Diary foi feito recordando-se apenas um dia da semana por pessoa. Para tanto, foi feito um sorteio randômico para se determinar qual dia da semana caberia a cada participante registrar no respectivo diário.

    Neste estudo, foram consideradas atividades realizadas de segunda a sábado por permitirem um maior leque de atividades. Levantar e deitar-se foram consideradas início e fim do recordatório diário e não são consideradas atividades para efeito de inserção nos grupos de atividades principais.

    Para efeito de validade da classificação utilizada, será considerada a validade lógica, conforme proposto por GOODE & HATT (1973).

Atividades secundárias, contextos físico e social, tipos de trabalho e lazer

    No estudo foram verificadas as atividades secundárias, entendidas como atividades que são realizadas em paralelo às atividades principais.

    Todos os contextos físicos mencionados (locais de realização de atividades) foram distribuídos em quatro categorias, recebendo os seguintes códigos: 1 – na própria casa;; 2 - na escola; 3 - no local de trabalho; 4 - outros

    O contexto social também foi distribuído em quatro categorias, recebendo os seguintes códigos: 1 – sozinho 2 – amigos 3 – familiares 4 – outros.

    Com relação às atividades de trabalho e lazer, a codificação foi feita a partir dos resultados obtidos..

    Nenhuma atividade realizada ou atividades não recordadas receberam o código “ 00”, conforme mencionado na classificação.

Tratamento estatístico

    A análise foi direcionada para a obtenção do panorama semanal geral de uso do tempo, independente do dia da semana, ano escolar ou gênero. Foi utilizada a análise descritiva para verificar a distribuição dos nove grupos principais de atividades. Os resultados foram expressos em valores absolutos (horas e minutos) e respectivas porcentagens. Os dados foram discutidos em termos de tendências observadas. Os cálculos foram obtidos através da utilização do programa estatístico S-Plus ( S – PLUS, 1998).

Resultados e discussão

    As principais características da amostra apontam idades variando de 18 a 33 anos para o sexo masculino (média 25,3 ± 7,2 anos) e 17 a 28 anos para o sexo feminino (média 22,7 ± 5,3 anos). Dentre os respondentes, 79 sujeitos mencionaram trabalhar durante o dia, sendo maior a proporção entre os homens em relação ás mulheres. Somente 10 deles mencionaram já trabalhar na área de educação física, em sua maioria em academias recebendo, em média, três salários mínimos por mês. Os demais exerciam funções diversificadas como vendas, secretárias, balconistas, salvas-vidas e frentistas, por exemplo. A grande maioria (87%) mencionou o curso como sendo a primeira opção de escolha. Todos os alunos reportaram serem oriundos das escolas públicas e quase todos de cursos noturnos. Isto impõe uma desvantagem maior, quando somado ao aspecto social, em relação á disputa num curso superior numa instituição pública. Portanto, parece que aos mesmos não existem opções senão aquela de cursar o nível superior em instituição particular á noite e trabalhar durante o dia para custeá-lo. Com certeza, tal situação tem influência direta na qualidade destes futuros profissionais, na medida em que não há tempo adequado para estudo, além das aulas formais ou seja, não há como aprofundar conhecimentos e competências de modo a formar um profissional que faça frente ás exigências do mercado.

    Para o grupo como um todo, o dia somou 95.820 minutos. Em média, para cada aluno, o dia foi de 1064 minutos (18h14 min). Com relação à distribuição percentual do mesmo entre os nove grupos de atividades principais, obteve-se a seguinte configuração, conforme Figura 1: 1 – atividades de cuidados pessoais: 15%; 2 – atividades relacionadas a trabalho: 28%; 3 – atividades educacionais: 29% ; 4 – atividades domésticas: 2% ; 5 – atividades de cuidados (crianças): 1%; 6 - aquisição de bens e serviços: 0%; 7 - trabalho voluntário e atividades de cuidado (adulto): 0%; 8 - interação social e comunitária: 0%; 9 - recreação e lazer (esportes): 9%. Atividades não recordadas somaram 16%

Figura 1. Distribuição percentual da média de duração do dia entre os grupos de atividades principais

    Atividades relacionadas ao trabalho e á educação consumiram mais da metade do dia efetivo (06h20 min e 06h10 min em média, respectivamente), sendo quenestes dois grupos de atividades está incluído o tempo gasto para ida e vinda do trabalho e ida e vinda do local de estudo. Vale ressaltar que vários alunos não residem na mesma cidade onde estudam. Dessa forma, o tempo gasto com a locomoção adicionado ao horário formal de aulas, faz com que este grupo de atividade praticamente se iguale ao grupo de atividades relacionadas ao trabalho. A terceira alocação de tempo ficou por conta do grupo de cuidados pessoais (03h12 min, distribuídos em atividades como higiene, alimentação e sono, por exemplo).

    Em quarto lugar, o grupo representado pelas atividades de lazer foi exíguo, consumindo somente 9% do dia efetivo (02h15 min). Destes, 5% foi destinado assistir televisão e somente 3% foi destinado á prática de alguma atividade física por parte dos alunos. Portanto, nenhum aluno mencionou como atividade principal, leitura de livros ou revistas, de cunho acadêmico ou não. 

    Das atividades secundárias reportadas (atividades que são realizadas em paralelo às atividades principais), destaca-se que a maior parte do tempo (41%) foi alocado em conversas e somente 8% destinado à leitura, sendo 7% específica da área e 1% com leitura de revistas e gibis. Assim, as leituras reportadas foram mencionadas como sendo feitas durante o período de trabalho, indicando que a pouca dedicação dada às mesmas acontecem nas lacunas existentes durante o mesmo.

    A maioria do tempo efetivo dos estudantes foi alocado para o cumprimento de atividades de caráter obrigatório e muito pouco espaço para ser dedicado às atividades de lazer ou atividades discrecionárias, as quais são escolhidas pela própria pessoa e caracterizadas por envolver afeto, conhecimento, prazer e interesse e também por sofrerem influência de inúmeros fatores como idade, cognição e nível Sócio-econômico É durante o lazer que a pessoa pode dedicar tempo ao seu desenvolvimento pessoal, em inúmeras atividades de aprendizado e de prática de alguma atividade. Neste estudo, a quase totalidade do pouco tempo dedicado ao lazer foi direcionado à realização de lazer passivo, provavelmente em virtude do cansaço imposto para a realização das atividades de trabalho e estudo. Mesmo apresentando pouco tempo para atividades de livre escolha, um uso mais ativo para o lazer como atividades de leitura também não foi observado. Estima-se que, atualmente, mais de 10% do tempo diário de uma pessoa seja utilizado assistindo televisão, o que totaliza mais de duas horas e meia por dia (KROEHNERT, 1999). Embora a maioria do tempo seja direcionada para atividades de trabalho e de manutenção, torna-se importante incutir nas pessoas, sobretudo nos jovens, a necessidade de saber utilizar com sabedoria todo o tempo disponível como forma de trabalhar em prol dos seus objetivos de longo prazo. O que se verifica é uma facilidade em se valorizar coisas tangíveis como uma casa ou carro. Porém, por ser invisível, não se considera o tempo importante. Contudo, saber administrá-lo é saber controlar eventos relevantes por meio da maximização do mesmo e dos talentos individuais necessários para se atingir objetivos a médio e longo prazo, de acordo com um sistema de valores. Esta conscientização no presente é quem determinará o grau de sucesso ou insucesso futuro, em todos os aspectos com todas as suas inter-relações possíveis.

    Para a grande maioria da amostra deste estudo, partindo do pressuposto de que cada pessoa tem o mesmo tempo total disponível em cada dia, o aumento na porção de tempo livre só se dará através de alterações nas proporções de tempo destinado ás atividades obrigatórias e de sobrevivência, o que, a princípio, parece inviável. Assim, tal impossibilidade, aliada à forma inadequada de utilização do tempo de lazer, torna mais clara a desvantagem dos mesmos em termos de almejar uma boa formação acadêmica, acrescentando-se, ainda, a dificuldade de realização de estágios que tanto enriquecem a formação profissional. Por outro lado, deve-se acrescentar a dificuldade do próprio professor que trabalha com alunos nestas circunstâncias, em termos de selecionar os conteúdos mais importantes em detrimentos de outros, o que exigir de competências e de que forma avaliar o progresso desses alunos no decorrer do período letivo.

Conclusões

    O grupo consumiu grande parte do tempo em atividades de emprego onde a maioria dos respondentes exerciam atividade remunerada objetivando principalmente a subsistência e o pagamento do curso. O tempo dedicado ao lazer foi exíguo com nenhuma atividade reportada com vistas ao aprimoramento profissional, dentre elas leitura de livros ou revistas, acadêmicos ou não. Aumentos na porção de tempo dedicado ás atividades educacionais só será possível através de alterações nas proporções de tempo destinado ás outras atividades, em princípio, impossível. Assim, torna-se importante atentar para uma maior valorização de todo o tempo disponível no presente, na medida em que será a qualidade desta utilização quem ditará a obtenção dos objetivos e o sucesso profissional no futuro.

Referências bibliográficas

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  • Good, W. J& Hatt, P. M. Métodos em pesquisa social. 4º ed..São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1973.

  • Fleming, R. & Spellerberg, A . Using time use data: a history of time use surveys and uses of time use data. Wellington, New Zealand: Statistics New Zealand; 1999 (Catalogue nº 04.021.0098)

  • Horgas, A . L.; Wilms, H.U. & Baltes, M.M. Daily life in very old age: everyday activities as expression of successful living. The  Gerontologist, 1998, 38 (5): 556-68.

  • Joyce, M. & Stewart, J. What can we learn from time-use data? Montly Labor Review, August 1999, 3-6.

  • Kroehnert, G. Domando o tempo. Como devorar um elefante? São Paulo: Manole, 1999.

  • Manell, R. ; Zuzaneck, J. & Crouse, D. Gender and age differences in the across-the-day distribution of adolescent time use on school and weekend days in  Canada.  The 25 th IATUR Conference on Time Use Research  - Brussels, 17-19 September 2003. Disponível em: http:// www.vub.ac.be/TOR/iatur/abstracts/viewpaper.php?id=69 [Maio 2004]

  • Stinson, L. L. Measuring how people spend their time: a time-use survey design. Monthly Labor Review, August 1999, 12-19.

  • S – Plus 4 Guide to Statistics. Data Analysis Products Division, Mathsoft, Seattle, 1998.

 

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