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O trabalho real com a afetividade na Educação
Física escolar: desafios e possibilidades

   
Faculdade de Educação Física do Centro
Universitário Adventista - Campus 3.
(Brasil)
 
 
Roberta Rodrigues de Oliveira Guimarães Seixas
betamarseixas@hotmail.com  
Helena Brandão Viana
hbviana@uol.com.br
 

 

 

 

 
Resumo
     Este trabalho aborda a importância da afetividade, do carinho, do toque em nossa postura profissional como Professores de Educação Física. Apresentamos uma reflexão sobre nossa postura como propagadores ou castradores desta afetividade em nossas aulas. Falamos um pouco, sobre a importância da vivência familiar - pais e filhos - no que se refere ao toque, ao carinho, enfim à afetividade e sua importância na vida familiar. Ao final do trabalho dialogamos, apresentando as barreiras e os benefícios, ao inserir em nossa postura pessoal e profissional a afetividade, o carinho, o toque como parte integrante do processo de educação familiar e, principalmente, escolar.
    Unitermos: Afetividade. Educação Física escolar. Toque.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 116 - Enero de 2008

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Introdução

    Iniciamos nossa apresentação com a síntese das idéias apresentadas na bibliografia escrita por Ashley Montagu (1988). Continuamos o trabalho com uma reflexão sobre nossa postura profissional e pessoal, pois a afetividade não é algo textual e sim uma atitude comportamental consciente. Este trabalho buscou fazer uma reflexão inicial sobre a importância do toque, do carinho na formação moral, social e psicológica do todo ser humano. Busca mostrar que esta externalização de nosso 'eu emocional' tem como meio de expressão e de compensação, o corpo. É o corpo que dá e que recebe estímulos, e este tipo de interação humana é a expressão corporal de nós mesmos, que passa inegavelmente pela postura corporal pais x filhos e pela postura professor x aluno.

    Fizemos as pesquisas, com 250 crianças, com idade variando de 3 a 15 anos, com os quais trabalhamos por um período aproximado de 5 meses. Para a coleta de informações utilizamos um instrumento criado por nós mesmos, a partir de algumas inquietações presentes em nossas aulas.

    Em nossas aulas sempre priorizávamos, estar junto aos alunos, participando das mesmas, brincando, jogando, conversando, e quando, através da confiança e do respeito conseguimos nos tornar mais amigos havia um abraço, um carinho, uma atenção especial para cada um deles. Nossa prioridade, em aula, foi a aproximação através do carinho, do toque, do respeito, da amizade, A importância destes aspectos assumiu um valor relevante após termos colhido os dados, através de nosso questionário o qual mostrou, claramente, a aceitação e apreço dos alunos por estas posturas e atitudes assumidas por nós.

    O questionário foi composto de 6 perguntas:

  1. Cite as coisas que você mais gostou em minhas aulas?

  2. Cite as coisas que você menos gostou em minhas aulas?

  3. Cite as coisas que você mais gostou em mim?

  4. Cite as coisas que você menos gostou em mim?

  5. O que você mais gosta nos Professores?

  6. Para você, quais seriam as características do Professor ideal?

    Com este trabalho podemos perceber a importância de se comprometer com o aluno, a importância de demonstrar amizade real e não hipócrita, para com o aluno, a importância de demonstrar carinho, amor, porém sem esquecer o cerne da educação que é o respeito por nós e pelo próximo, lembrando que seremos no futuro, as escolhas que tomarmos durante nossa vida, como afirma Moreira & Simões (2004).

    A partir de Montagu (1988) pudemos visualizar a importância do toque, do carinho na vida da criança e do adulto, depois pudemos perceber e refletir, juntamente a outros autores a relevância de compreendermos nossa postura como educadores e termos a consciência de que, em nosso ambiente de trabalho, podemos nos tornar castradores ou propagadores do respeito, do carinho, enfim da afetividade.

    Nosso estudo de campo foi importante para isto, pois nele vimos a real comprovação de que a afetividade é algo importante para os alunos e que o comprometimento, colocado por eles sob a forma de "amizade" ou "amiga" é algo muito importante no cultivo do respeito, da admiração e do retorno aos objetivos propostos em aula.

    Concluímos dizendo que o amor, a afetividade, o carinho, a amizade todos passam, em algum momento, pelo toque. Todos precisamos nos sentir aceitos, nos sentir amados. Precisamos compreender, por meio de atos de afeto, que somos amados. Não podemos negar que nossa sociedade privilegia o oferecer, porém o doar-se, o receber, é, de certa forma, bem esquecido, e isto se pensarmos em atitude desinteressada, poderíamos dizer que é quase extinto. Nós influenciamos atitudes, desde pequenos somos influenciadores como afirma Harris (1996). Por isso precisamos, como professores, estar atentos sobre quais são nossas influências e colocar, quem sabe a afetividade, o carinho em nossas aulas.


Referências bibliográficas

  • FREIRE, J.B. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da educação física. São Paulo: Scipione, 1997.

  • FREIRE J. B. & SCAGLIA. A.J. Educação como prática corporal. São Paulo: Scipione, 2003.

  • FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa 27ª. Ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

  • FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17ª.ed .Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

  • GESELL, A. A criança dos 0 aos 5 anos. 5ª. ed. Tradução de Cardigos dos Reis.São Paulo: Martins Fontes, 1999.

  • HARRIS, P. Criança e emoção. Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Martins Fontes, 1996.239p.

  • MONTAGU, A. Tocar: o significado humano da pele. 7ª. ed. Tradução de Maria Sílvia Mourão Netto. São Paulo: Summus, 1988.

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revista digital · Año 12 · N° 116 | Buenos Aires, Enero 2008  
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